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Ainda É Noite
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E-book206 páginas3 horas

Ainda É Noite

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Sobre este e-book

Após conhecer a saga de Judas em busca de suas moedas, na segunda parte da série O Legado do Ódio, o leitor conhece as complicações geradas pelo plano do traidor. Os portadores das moedas estão dispostos a manter seus poderes intactos, à medida que um novo inimigo surge com a mesma sede por poder. Judas se encontrará em uma situação difícil, e os portadores são presos em uma noite terrível onde terão que enfrentar seus maiores medos e desafios, se desejarem viver. Será que vale mesmo a pena alimentar energias tão negativas? Quais as consequências que aguardam aqueles que mantém o ódio em seu coração? A trama se intensifica, à medida que o leitor é apresentado a mais detalhes da vida de cada um dos envolvidos na trama sobre mágoa, vingança e ressentimento.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento15 de jun. de 2021
Ainda É Noite

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    Ainda É Noite - Roney Mackay Padilhas

    1

    SÉRIE O LEGADO DO ÓDIO

    LIVRO 2

    AINDA É NOITE

    Roney Mackay Padilhas

    2019

    2

    ÍNDICE

    Prólogo

    Capítulo XX – Aliança e Rivalidade

    Capítulo XXI – Sangue em Matiross

    Capítulo XXII – Perguntas Inquietantes

    Capítulo XXIII – Fugitivos Noturnos

    Capítulo XXIV – Das Peças se Movendo

    Capítulo XXV – Uma Visita Inesperada

    Capítulo XXVI – A Noite Escura

    Capítulo XXVII – A Arena Noturna

    Capítulo XXVIII – Encurralados

    Capítulo XXIX – Fantasmas do Passado

    Capítulo XXX – Julgamento

    Capítulo XXXI – Dúvida e Fé

    Capítulo XXXII – Corporação e Coroa

    Capítulo XXXIII – Nascido da Escuridão

    Capítulo XXXIV – Nascido do Sangue

    Capítulo XXXV – Retorno à Mansão

    Capítulo XXXVI – Sombras Convergentes

    3

    Prólogo

    Em Itzak, principalmente nos tempos mais antigos, as pessoas sempre se mantiveram muito ligadas à magia. Poderes concedidos pelos deuses, ou concedidos através de amuletos e ingredientes naturais, foram amplamente difundidos e ensinados geração a geração entre as pessoas. Feiticeiros, magos, clérigos, e muitas classes de guerreiros e sacerdotes se valeram de sua conexão com a magia pra realizar diversos feitos, como transportar objetos pesados, construir estradas e pirâmides, derrotar inimigos, curar companheiros. Mas nenhuma destas classes de pessoas fantásticas usou a magia tão de perto como as bruxas.

    A tradição diz que as primeiras bruxas foram mulheres escolhidas por sua devoção à deusa Saifir, a portadora da chave para a revelação de todos os segredos do universo. Dizem ainda, que inicialmente a deusa escolheu sua sacerdotisa mais fiel para conceder a ela uma porção concentrada de todo o seu poder. Porém a carga da magia fora de mais para o corpo e a mente humana da jovem, que após poucos dias perdeu a sanidade e se tornou um ser asqueroso e enlouquecido. A primeira bruxa da história havia sido consumida por seus próprios poderes, e após matar incontáveis pessoas por onde passava, partiu para uma vida de exílio nas cavernas das Montanhas de Mármore. Mas Saifir era uma deusa paciente e otimista, e não desistiria assim tão fácil. Havia um grupo de irmãs sétuplas em uma fazenda; apesar da gravidez de risco, a mãe conseguira sobreviver e criar as sete filhas com saúde; mas, dezoito anos depois, 4

    as meninas viviam cativas em um porão da fazenda, proibidas pelos próprios pais de verem a luz do dia, devido a seus poderes psíquicos manifestados desde o nascimento. Os pobres pais fazendeiros não conseguiam entender, e consideravam os fenômenos que circulavam as filhas como algo maligno.

    As irmãs chamaram a atenção da deusa, que viu ali uma possível oportunidade para ensinar seus segredos, dessa vez com maior chance de sucesso. Assim, dividiu seus poderes em sete partes: conhecimento, cura, empatia, poder, natureza, ciência e mistério; e apareceu para as sete irmãs idênticas sob a forma de uma chuva de estrelas, dentro do porão escuro. A luz da deusa tocou as irmãs, trazendo para cada uma delas, um aspecto do poder de Saifir. As irmãs, agora com poderes, receberam cada uma delas uma cor, refratando a luz das estrelas que caíram sobre elas: branco, azul, vermelho, amarelo, verde, púrpura e preto. Nasciam assim, as sete primeiras bruxas. Dali em diante, as meninas libertaram-se de seu cativeiro, e viajaram o mundo por décadas, utilizando seus poderes como bem entendiam, assistidas de perto pela deusa da magia. As meninas tornaram-se mulheres, e envelheceram. Mas cada uma delas foi escolhendo uma sucessora, para que herdasse seu poder. E logo as bruxas tornaram-se famosas em toda Itzak, respeitadas, admiradas e até temidas por alguns.

    Em certa ocasião, numa luta entre dois poderosos reinos por terras férteis na Beldávia, foram três das sete bruxas que intercederam pelas pobres criaturas que viviam na região, sendo massacradas e sofrendo com a guerra da qual não tinham nenhum partido, garantindo liberdade para os habitantes da região, que se tornou independente. Foram as bruxas também, responsáveis 5

    por destruir planos malignos de seguidores dos falsos deuses, salvando vidas e garantindo o equilíbrio do mundo. Mas nem sempre foi assim. As mulheres também são falhas, e algumas delas após receber seus poderes, tornaram-se egoístas e ousaram usar seus dons para o benefício próprio, prejudicando outras pessoas. Uma bruxa sombria, muito conhecida por governar com mãos de ferro sobre um reino antes pacífico, foi Madame Sandra. A bruxa negra elaborou um plano que levou ao assassinato do rei e da rainha que governavam o reino de Hanavan, na era Itzak Clássica. Tomando o trono para si, ela ordenou que seus exércitos começassem a destruir as terras dos reinos vizinhos, mergulhando o reino em um mundo de trevas. Ela tinha por objetivo conseguir mais poder, de forma que conseguisse derrotar as seis outras bruxas da época.

    De fato, Madame Sandra quase o conseguiu, se não fosse a interferência dos poderosos seres conhecidos como os atemporais. Estes últimos eram pessoas comuns no passado, mas que, de alguma forma, alcançaram um estado de espírito conhecido como eternidade. Além de tornarem-se imortais, aqueles que alcançavam a eternidade tinham seus poderes ampliados a níveis insuportáveis para um corpo humano comum. Um fenômeno raro, despertado em pouquíssimas pessoas ao longo da história. Dois dos atemporais, Amark, o xamã, e Heliah, o fantasma, uniram forças para impedir que Madame Sandra matasse as outras bruxas e obtivesse ainda mais poder. Libertando o reino da tirania de trevas da impostora.

    6

    Hoje, em nossos dias, as bruxas ainda continuam a transferir seus poderes para mulheres ao redor do globo. Mas elas vivem discretas, anônimas, continuando a tradição ensinada ao longo das eras, que se originou nas sete irmãs gêmeas naquela fazenda. Uma delas é Madame Sora. Ela tinha uma vida tranquila na capital de Eladrion, ajudando as pessoas com seu poder de conhecimento, iluminando mentes perdidas, tantas quantas podia. Mas era uma vida solitária. Ela tinha alguns criados, sim, mas nenhuma família. Com a chegada de Judas a Itzak, ela tinha percebido que buscar iluminar a escuridão dentro do traidor fazia parte de sua missão, mas seria uma tarefa difícil, tendo que manter sua imparcialidade diante dos acontecimentos do mundo, respeitando o direito de escolha que todos os filhos dos homens tinham, inclusive o próprio Judas.

    7

    Capítulo XX- Aliança e Rivalidade As sirenes das unidades médicas ganharam as ruas da capital de Eladrion após o clima tenso da batalha no Templo das Pérolas. As ruas estavam cheias de poças d’água resultantes da última chuva, e as faixas luminosas acesas no chão da esquina (que indicavam trânsito livre para os pedestres) tiveram que ser ignoradas pelas unidades devido à gravidade dos ferimentos dos pacientes. Harda estava em uma das unidades.

    A presidente da corporação ATSEB havia perdido muito sangue, e foi levada para o hospital da Coroa a pedido de Nara e com a autorização do príncipe Heiron. O monarca estava em outra das unidades médicas, mas passava bem: a pancada na cabeça o desacordou por alguns minutos, mas não causou nenhum outro dano. Tudo que precisou receber foi uma medicação analgésica e uma faixa que usaria para proteger a cabeça enquanto se recuperava naturalmente.

    Já era fim de tarde quando os médicos encerraram todos os exames de Harda, que combinavam medicina científica e mágica. Tecnologias desenvolvidas dentro de sua própria corporação, e que hoje estavam por auxiliar no suporte vital à presidente. Os quatro médicos vieram à sala de espera para informar os resultados, onde encontraram um grupo de pessoas apreensivas por notícias. No ambiente claro e amplo, livre de muitas mobílias além de algumas poltronas brancas assimétricas que flutuavam sem tocar o chão, e uma luminária disforme formada por um emaranhado de fios 8

    luminosos no alto ao centro da sala, estavam: Nara, a guarda-costas; o príncipe, ainda com a bandagem na cabeça, mas já liberado pelos médicos pouco tempo antes; e o tutor de Harda, Nasper. Este último era um homem sério, gordo e careca, vestido de um terno visivelmente caro e usando próteses oculares na forma de lentes vítreas arredondadas. A líder da equipe clínica que avaliou o quadro de Harda foi quem deu as notícias:

    -A senhorita Harda ficará em coma induzido por algum tempo, até que seu corpo se recupere dos traumas. Seus órgãos internos foram expostos a uma pressão muito alta, e os danos poderiam ter sido maiores se a tivessem trazido alguns minutos mais tarde. Nossa equipe já conteve a hemorragia, e fizemos duas transfusões seguidas para que ela tenha forças para a recuperação. Não há indícios de danos mentais ou místicos.

    Nasper, o tutor, cerrou os lábios, e tomou fôlego antes de falar:

    -Doutora, existe previsão para o fim do coma?

    -Neste caso é difícil dizer. Podem ser horas, dias, ou até meses. Tudo o que podem fazer, é esperar na fé dos deuses que a jovem se recuperará.

    Nara sentiu um aperto no coração. Sentia que deveria ter feito algo para proteger Harda, já que ela mesma a havia ferido antes de Mila a atacar e causar tais danos tão graves. Por isso, a guerreira sentia-se em dívida com a presidente. O príncipe agradeceu aos médicos numa conversa privada, e a equipe voltou para o corredor do hospital, desaparecendo em seguida por uma das portas de vidro luminoso. Nasper, o tutor de Harda, foi falar com Heiron: 9

    -Vossa alteza, em nome de minha presidente e de minha corporação, preciso agradecer pelo suporte prestado.

    -Por favor, não precisa se incomodar. A jovem foi ferida durante um confronto em minha defesa, é o mínimo que a coroa poderia ofertar. Inclusive é bem possível que vocês da corporação tenham até mais dinheiro que a própria Coroa! – Riu o príncipe, esforçando-se para quebrar o clima tenso da sala – Mas estamos juntos nessa.

    -Nossos presidentes anteriores, os pais de Harda, sempre foram muito simpáticos à sua majestade, o rei. Creio que este sentimento há de durar pelas próximas gerações.

    -Eu aprecio sua cordialidade, senhor. A coroa reconhece a importância da corporação ATSEB para o crescimento da nação e de toda Itzak. Agora, se me der sua licença, preciso resolver outros assuntos. .

    -Pois não. – Nasper curvou-se levemente em reverência ao príncipe, que, seguido de Nara, seguiu para um dos elevadores do saguão. Os dois então desceram ao térreo, e voltaram para o veículo oficial, que integrava o comboio reforçado, onde Carlton, o avatar, os aguardava. Carlton incrivelmente não apresentava nenhum sinal de batalha, nenhum ferimento. Sua expressão mantinha-se serena, e ele olhava através da janela do veículo quando o príncipe se uniu a ele no banco traseiro, e a guarda-costas posicionou-se no assento ao lado do motorista à frente.

    10

    -Parece que finalmente vamos ter nossa reunião, sua divindade. –

    Disse o príncipe, ajeitando o traje enquanto o motorista acionava os motores. –

    Mas peço que aceite o meu convite e venha ao castelo, onde poderá ter acomodação e tratamentos dignos de sua natureza.

    -Obrigado, príncipe. O ataque de hoje foi apenas uma amostra do que está por vir. Pessoas completamente despreparadas, e pior, mal-intencionadas, estão tendo acesso a uma magia negra de origem assombrosa. Toda Itzak corre perigo.

    O avatar falava num tom sério, e Nara e Heiron se entreolharam através do espelho retrovisor.

    -Mas em que posso eu, um humilde príncipe humano, ajudar o próprio avatar? Não creio que vossa santidade tenha atravessado o tempo para encontrar-se exclusivamente comigo.

    -Como eu já disse anteriormente, meus poderes estão muito limitados.

    A contínua queda na fé das pessoas nos deuses, e a minha viagem no tempo me afetam negativamente. Eu sou um corpo estranho no organismo que é este momento da história. E vossa influência, sobretudo a do rei, poderão nos ajudar a encontrar reforços. Por isso, quero falar com seu pai também.

    -Sinto muito dizer que meu pai está numa viagem diplomática, e retorna na semana seguinte, sua divindade. Mas podemos fazer uma conversa por vídeo.

    -Prefiro pessoalmente, se não se importar, sua alteza.

    11

    -Absolutamente. Se sua divindade prefere assim, podemos adiantar o retorno de meu pai. Um assunto de tamanha relevância não pode esperar uma semana. Enquanto isso, eu peço que fique no templo que temos anexo ao palácio. Vou ordenar para que providenciem tudo que vossa divindade necessita. Lá, terá privacidade e alguns servos, para que não lhe falte nada.

    -Obrigado, mas vou recusar a ajuda dos vossos servos, alteza; é melhor manter minha presença neste tempo em segredo. Não quero criar nenhum alarde diante de situação tão delicada.

    -Perfeitamente. – Heiron concordou. O príncipe olhou pela janela do veículo, observando a cidade lá fora, quando de repente por uma fração de segundo ele viu na multidão um homem sombrio parado, olhando fixamente para ele e sorrindo de maneira macabra. Assustado, ele olhou com mais atenção, mas o homem desapareceu. Heiron coçou os olhos, certo de que estava vendo coisas. Talvez precisasse de um atendimento médico mais apropriado.

    Há algumas quadras e arranha-céus dali, Judas e seu fiel servo reptiliano Agnel seguiam para o prédio que ficava no centro da cidade. A torre encurvada e iluminada em neon tinha boa parte de sua estrutura destinada a apartamentos residenciais (principalmente de famílias ricas), e outras unidades alugadas, onde funcionavam pequenos comércios, escritórios e clínicas. Houko, o jovem feiticeiro de Matiross, olhava da janela, observando os primeiros letreiros do fim da tarde enquanto se acendiam, indicando que as ruas logo dariam lugar à vida noturna da cidade grande. Ele estava fascinado com 12

    tamanha luminosidade, já que nunca estivera na capital antes. Aliás, nunca havia deixado a região afastada de Matiross. Um holograma em especial chamou a atenção do feiticeiro, dada a sua semelhança com uma cena real.

    Entre os vídeos que retratavam belas mulheres iluminadas em comerciais de cosméticos, roupas e produtos para os cabelos, um holograma mostrava um réptil serpenteante voando acompanhado de um homem montado sobre um ser composto apenas de sombras, como um anúncio de um filme; e o holograma se aproximava cada vez mais da janela do laboratório de computadores de Jophin, e Houko semicerrou os olhos, forçando as vistas para focar melhor nos detalhes:

    -Hum. . Jophin, estes hologramas costumam chegar tão perto mesmo?

    A programadora desviou sua atenção do grande monitor olhou pela vidraça já desconfiada, ajeitando os óculos bem a tempo de perceber que não se tratava de um holograma. Ela saltou da cadeira para empurrar o feiticeiro, frações de segundos antes de Agnel e Judas romperem a vidraça e entrarem no laboratório com um barulho estrondoso, espalhando estilhaços de vidro por toda parte. Houko e Jophin caíram, e o feiticeiro conjurou um escudo de energia para protegê-los dos pedaços de vidro, enquanto Lenorion, que estava no outro canto da sala, sacou rapidamente suas duas espadas e assumiu uma posição de ataque contra os dois demônios. Judas saltou das costas de sua montaria sombria, e apoiou-se no chão lustrado, com a ajuda da sua bengala metálica num pouso suave coordenado com magia de levitação, e Agnel serpenteou em volta do mestre, em uma postura defensiva em resposta a Lenorion. Houko e 13

    Jophin ficaram com os rostos muito próximos, e, tímida, a mulher levantou-se rapidamente ajustando os óculos, e perguntou revoltada:

    -Quem são vocês? Ou melhor, o que são vocês?

    -Minha jovem, por favor, tenha um pouco mais de respeito com seus

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