Tratado sobre Tempestades e outros fenômenos extraordinários
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Sobre este e-book
Quando a oportunidade para se graduar como Alquimista Extraordinária antes do esperado aparece, Morena e Aleksey a agarram sem pensar duas vezes. É o que sempre quiseram, o título que lhes dará o poder que precisam para se impor na Corte e serem respeitados… ou temidos.
Mas Aleksey ainda não se recuperou totalmente do tiro que levou do próprio tio e não há garantia nenhuma de que ele será capaz de chegar até o final da prova, principalmente ao perceber uma presença desagradável nas arquibancadas. Morena começa a prova disposta a fazer o que for necessário para ter o poder que precisa — mas nada vem de graça, o preço a pagar pelo que se quer pode ser caro demais.
Assistindo ao drama das arquibancadas, Ivan percebe que não pode aceitar que manipulem as pessoas que ele ama daquele jeito, que não pode perder a oportunidade de fazer com que aquela seja a última vez que algo daquele tipo acontece, mesmo que lhe custe algo que ama muito.
O que a magia dá, a magia tira, é o que dizem as babushki enquanto contam histórias ao redor da fogueira. Ivan, Morena e Aleksey estão prestes a descobrir o quão verdadeiro é esse ditado.
Tratado sobre Tempestades e outros fenômenos extraordinários é o primeiro volume de uma trilogia de romantasia centrada em um trisal, e mistura de ação, magia e muitos sentimentos. Essa edição inclui o extra Notas sobre Felicidade e outras coisas efêmeras, que se passa no dia de Reis logo antes da prova.
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Tratado sobre Tempestades e outros fenômenos extraordinários - Isabelle Morais
Capítulo Um
Ivan sempre achara tudo relacionado às Entropias exagerado: do princípio científico ao treinamento, incluindo o corpo docente e parte do corpo discente. Era algum tipo de castigo divino que não só sua esposa fosse uma, mas também seu melhor amigo — se é que podia chamar Aleksey de melhor amigo. Os dois eram o único motivo para ele se sujeitar a se sentar naquela arquibancada de madeira precária, enrolado em sua capa mais pesada, sofrendo no vento cortante que parecia gelar até os ossos. No resto do mundo, podia ser primavera, mas na Azote era sempre inverno, e o espetáculo ridículo que as Entropias chamavam de prova de titulação precisava ser ao ar livre.
Não era a primeira prova a que assistia: quando Aleksey e Morena se graduaram como Alquimistas, dois anos antes, ele havia aturado quase seis horas enquanto os cinco alunos aspirantes ao título atravessavam um labirinto absurdo e desnecessário, sendo obrigados a usar cada um dos cinco elementos para resolver problemas de lógica. Fora ainda pior do que o presente. As provas normalmente aconteciam no meio do ano, no auge do inverno, na semana que era mais noite do que dia. O frio já era o início dos testes: uma Entropia que não consegue se manter aquecida sem o auxílio de roupas não merece o título de Alquimista, quiçá o de Alquimista Extraordinária. Se os alunos e professores que decidiam assistir à prova não conseguiam se esquentar sozinhos, o problema era inteiramente deles. Ivan sempre detestara a ideia, mas quase morrer congelado para assistir a uma provinha não era nada comparado ao que ele poderia fazer por quem amava.
Nada disso o impediu de agradecer a todas as santas e acender velas dedicadas a todos os seus ancestrais quando Morena lhe contou que, dessa vez, haveria uma prova extra durante a primavera, perto do encerramento do ano letivo. Isso resolveria vários problemas de uma vez: Morena e Aleksey se graduariam quase um ano antes do tempo certo, ele não seria obrigado a passar tanto frio, e daria motivos para os outros nobres os respeitarem. Perfeito.
Agora, já não parecia uma ideia tão boa. Ivan sentia a ponta dos seus dedos formigando e, pela primeira vez, estava tão ansioso quanto as pessoas que enchiam as arquibancadas, tão curioso quanto elas para saber o que aconteceria na prova. Os minutos pareciam se arrastar e a ansiedade se acumulava em sua garganta, os milhares de cenários que havia imaginado com Aleksey se misturando em sua cabeça.
Era sempre um mistério o que os professores inventariam como teste. A prova de graduação de Alquimista Extraordinária nunca se repetia, mas sempre acontecia no mesmo anfiteatro: era uma construção quase tão antiga quanto o kremlin que abrigava a Azote, a escola das Alquimistas, com uma arena circular enorme que podia ser transformada em qualquer extravagância que quisessem. As arquibancadas se estendiam pela parte leste da arena e Ivan colocou seus óculos, franzindo a testa no esforço de tentar distinguir algo na névoa que escondia o espaço à frente. Voltou o olhar para a base da arquibancada, onde as quatro Entropias que tentariam o título se aglomeravam. Aleksey, o único que estava sentado. Ivan observou enquanto o rapaz passava uma mão na coxa esquerda, num gesto quase automático, e sentiu seu coração se apertar.
Será que tinha feito os cálculos corretamente? Se tivesse costurado um ponto fora do lugar, Aleksey podia não aguentar sequer começar a prova.
Levou um susto quando Tamara sentou-se ao seu lado sem aviso, se jogando na arquibancada. Sua cunhada acenou para os amigos que estavam sentados mais acima nos assentos e esfregou as mãos uma na outra, assoprando para esquentá-las, enquanto esticava suas pernas compridas o máximo que podia no espaço estreito entre os bancos.
— Sabe o que seria ótimo? — falou ela, sem nem se dar ao trabalho de cumprimentar Ivan. — Se a prova deles fosse manter todos nós aquecidos enquanto assistimos.
— Você acha que eles iriam gastar a preciosa energia que poderiam utilizar para convocar tempestades com algo tão mundano? — respondeu ele em tom sarcástico. Tirou um par de luvas do bolso e entregou a Tamara. — Aqui, trouxe para você. Costurei um feitiço térmico nelas.
— Eu já te disse que você é meu cunhado favorito?! — Tamara exclamou enquanto vestia as luvas.
— Eu sou seu único cunhado, lisitsa — respondeu, com um desenho de sorriso no rosto.
— Não se apegue aos detalhes, Vanya. — Tamara deu de ombros, apoiando os cotovelos no joelho e se inclinando para a frente. — O que você acha que vai ter dessa vez? A do meio do ano foi completamente bizarra, eu não sei como ninguém nunca morreu num negócio desses.
Ivan se sentiu enjoado e olhou para a arena novamente, apreensivo. Ele nunca havia pensado que alguém poderia morrer antes, mas agora parecia extremamente plausível e cada vez mais provável.
— Você já veio assistir a alguma aula deles? — Ivan voltou os olhos para a arena, mexendo em sua aliança, tentando distrair seus pensamentos. — As provas não são tão diferentes assim, e em geral testam a resistência ou a habilidade. Como eles trabalham com magia bruta, as duas coisas são importantíssimas e os professores tentam levar todos ao mais próximo do limite para ver até onde os alunos conseguem ir sem perder o controle.
— Parece muito esperto colocar a escola quase toda para assistir algo que tenta levar a especialização mais volátil ao limite –– zombou Tamara, esfregando as mãos mais uma vez e levando às bochechas.
Ivan compartilhava da opinião da cunhada, principalmente depois das horas que passou estudando as atas de exames anteriores com Aleksey, buscando padrões nas provas e calculando probabilidades. Tudo parecia extremamente desnecessário. Parou de mexer em seus anéis e tirou o relógio do bolso pela milésima vez, incapaz de se livrar do nervosismo. Ainda faltavam cerca de trinta minutos para o início da prova e ele xingou baixinho. Não havia sido tão inteligente assim chegar mais cedo para pegar o lugar mais próximo possível da arena, porque agora Ivan tinha certeza de que iria morrer do coração.
— Eu preciso fumar — disse, se levantando de forma brusca enquanto buscava seu isqueiro dentro de um dos bolsos. — Você guarda meu lugar?
— Não sei, não, você sabe que não sei dizer não para meninas bonitas — comentou Tamara e Ivan revirou os olhos de forma dramática. — O quê? É verdade. Mas posso pensar no seu caso se você me arrumar qualquer outra coisa que me impeça de congelar quando voltar.
— Mais uma? Eu já te trouxe as luvas. Você não era abusada assim, sua irmã está sendo uma péssima influência para você — brincou Ivan, mas tirou o próprio cachecol, estendendo para a garota.
— Talvez a culpa seja sua, que faz tudo o que a gente quer. — Tamara pegou o cachecol com um sorriso, enrolando-o ao redor da cabeça para cobrir suas orelhas. Com um gesto de mão, disse: — Vai logo, senão vai perder o começo.
Apesar do fluxo de alunos subindo a arquibancada, todos abriram caminho com facilidade uma das vantagens de estudar para ganhar o título de Extraordinário era que, ao precisar lecionar para os alunos mais novos, não havia diferença alguma entre ele e os professores titulares na cabecinha deles. Terminou o cigarro às pressas e voltou para seu lugar se encolhendo com o vento cortante. Tamara estava no mesmo lugar, escondida embaixo do capuz de sua capa, com o cachecol enrolado na cabeça. Ivan abriu sua capa e ela se aninhou contra ele, numa tentativa de esquentá-los melhor.
— Quem você acha que vai passar? — a menina perguntou, depois de algum tempo em silêncio.
— Morena e Aleksey, com certeza. Hadassa e Nara? Duvido. — Ivan voltou os olhos para a frente, onde os quatro alunos haviam se posicionado na beirada da arena.
Faltava pouco agora.
— Você só diz isso porque é sua esposa e seu amigo — Tamara provocou, e ele quase riu.
— Eu estudo com todos eles há dez anos. — Ivan nem precisava se defender. — Eu acho que a essa altura eu já tenho uma boa avaliação da capacidade de cada um dos meus colegas.
— Você tem um caderninho? Me diz que tem. Eu imagino você anotando. — Ela posicionou os braços como se estivesse escrevendo no ar, movimentando as mãos de forma dramática. — Irina Irinovna, fraco domínio da arte, péssima no desenho de círculos alquímicos, não consegue resolver uma equação nem sob tortura. Nota: dez de cem.
— Uau, você realmente odeia Irina Irinovna. Ela é tão incompetente assim? — ele se divertiu.
— Você conhece o tipo. — Tamara gesticulou vagamente. –– Não tem um pingo de aptidão mágica, tem um lugar garantido no exército se tiver a especialização certa, e ainda se acha no direito de torcer o nariz pra gente que pode dar uma surra nela com magia de olho fechado.
— Gente tipo você.
–– Ah, eu ainda estou em um nível aceitável na escala imaginária dela. A pobre da Kisa que sofre, coitada. Irina vive inventando história sobre ela para a Guarda Platina.
Ivan suspirou, cansado. Argon era um país muito peculiar. Ao mesmo tempo em que havia sido construído com a invasão e anexação de inúmeras regiões como Mièdz, a região natal de Morena e Tamara, e o lugar onde Ivan e a mãe moravam agora, ainda dominava esta obsessão por superioridade entre a nobreza antiga, como se precisassem humilhar os outros para manter algum tipo de poder em um Império que se expandia. Era algo que o irritava profundamente. No entanto, depois de vinte e dois anos de vida, Ivan havia concluído que se não fosse hipócrita, não seria argoni. A Azote estava lotada de nobres de famílias cada vez menos relevantes que sequer tinham talento o suficiente para virarem alquimistas e mal conseguiam passar do treinamento básico, mas que se agarravam a qualquer vestígio imaginário de poder e privilégio que ainda pudesse existir.
Enquanto isso, Khristina, a amiga de Tamara que nascera numa vila minúscula no oeste de Argon, era filha de uma padeira, sem uma gota de sangue nobre nas veias, e uma das mais hábeis do ano de Tamara. E ainda assim, algo na família de Irina Irinovna e na linhagem ridícula da qual ela viera a convencera de que era tão melhor do que Kisa que poderia inventar histórias sobre ela para a guarnição do exército que sempre vigiava a Azote.
Ivan não tinha paciência para nada disso. Não suportava quando começavam a falar sobre como Argon era um Grande Império e uma Grande Mãe, que acolhia a todos, quando se gabavam de todos os frutos das conquistas, mas prefeririam que o povo que vinha com o território desaparecesse magicamente. Era evidente no desprezo que tinham por todos eles – por Morena e Tamara e seus pais estrangeiros; por Ivan e a mãe, só porque ela ousou quebrar a linhagem imaculada da família e fugir para se casar com um homem xiani. Era um horror que pessoas da nobreza se parecessem com o povo que governavam. Mas a nobreza antiga se esquecia de que Argon só era Grande graças às pessoas que tanto menosprezavam. Esqueciam que todo esse poder fora construído com a ajuda de Alquimistas, e retribuíam o favor colocando-os sob a vigilância do exército. Eles não queriam ou conseguiam se graduar como Alquimistas ao mesmo tempo em que se recusavam a aceitar que não nobres aprendessem magia, mesmo depois de tanto tempo da queda da proibição. Queriam tudo só para eles, sempre. Era ridículo, ridículo, ridículo.
Contudo, antes de conseguir articular todos os seus sentimentos para Tamara, alguém se sentou ao seu lado, sem pedir licença nem nada. A cunhada franziu a testa, e se escondeu para não ser vista, deixando-o confuso. Quando olhou para o lado, Ivan quase gargalhou quando percebeu quem era. É claro. Era óbvio que ele pensar sobre linhagens e essas besteiras automaticamente invocaria ninguém menos do que Yakov Yulievich, o tio babaca de Aleksey. Ele era como um demônio, um espírito maligno que perseguia seu sobrinho e só aparecia nos momentos mais inconvenientes. Era evidente que estaria ali para ver a prova.
— Ivan Irinin — ele o cumprimentou com um aceno de cabeça, cruzando as pernas e olhando para a arena.
— Yakov Yulievich — Ivan retribuiu, ficando tenso e pedindo internamente que Aleksey não tentasse encontrá-lo na arquibancada. Ele não precisava de mais um fator de estresse. — Estou surpreso em vê-lo por aqui.
— Eu não podia perder a chance de ver meu sobrinho se humilhar publicamente. — Yakov deu um sorriso maldoso. — E eu já estava por perto.
— Você não pode ter tanta certeza de que ele vai se humilhar — falou Tamara, franzindo a testa numa expressão quase feroz, e desobedecendo completamente a regra que ele e Morena haviam lhe imposto de aconteça o que acontecer, não deixe o tio de Aleksey saber que você existe.
— Ah, vejo que temos companhia — respondeu Yakov com tranquilidade, se inclinando na direção de Ivan e Tamara como um gato preguiçoso. — Meu bem, você é nova demais para saber dessas coisas. Aleksey não sairá desta arena com o título de Alquimista Extraordinária.
— Bem, você também não tem o título — retrucou Tamara e Ivan levou uma mão ao braço dela. Ela o encarou, praticamente implorando para ele deixá-la continuar.
— Não vale a pena — ele sussurrou para ela enquanto Yakov ria.
— Um homem sábio conhece o seu limite. Meu sobrinho não é um homem sábio — respondeu Yakov por fim. — O que é bom para mim, claro, porque é fonte inesgotável de entretenimento.
— Bem, não podemos saber de nada antes do teste — Ivan procurou apaziguar, seu coração ficando ainda mais apertado ao pensar em Aleksey.
Yakov ali mudava tudo: Aleksey não tinha escolha a não ser vencer a prova. Ivan havia passado duas madrugadas inteiras costurando o feitiço analgésico nas calças térmicas que eles usariam embaixo do uniforme durante a avaliação, para tentar aliviar a dor que Aleksey sentia desde que seu tio atirou em sua perna, no ano anterior. Ainda se lembrava de como Aleksey estava quando ele e Morena praticamente invadiram a casa de inverno dos Barabash para tirá-lo de lá, das noites que ele passara sentindo dor e da humilhação que sofrera. Ivan gastara todo o seu tempo e toda a sua habilidade nas últimas noites para ajudar Aleksey a passar por