Lágrimas de Carne
4.5/5
()
Sobre este e-book
As obrigações de uma carpideira vão além de prantear os mortos. É preciso purificar pecados, libertar mágoas, guiar a alma até a beira do mundo — um trabalho proscrito e desgastante. Para contornar isso, uma carpideira manipula seus filhos adotivos: Suindara, a quase-mulher quase-coruja; e Carcará, o quase-homem quase-falcão — gêmeos de forças opostas, tanto em aparência quanto em princípios. Mais eis que surge uma alma que a garganta carniceira de Carcará simplesmente não consegue digerir — e a relação conturbada entre mãe e filhos é colocada à prova quando a minúscula cidade agreste de Serrita vivencia uma febre do ouro.
Leia mais títulos de Fernanda Castro
Da necessidade de relâmpagos: antologia do I festival Relampeio Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCartas a um Cirurgião Dentista Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Autores relacionados
Relacionado a Lágrimas de Carne
Ebooks relacionados
As crônicas da Unifenda Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBem Mal Me Quer Nota: 5 de 5 estrelas5/5As Artes Mágicas do Ignoto Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO despertar do sonhador (Vol. 3 O Sonhador) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLugares Imperdíveis Para Conhecer Pessoas e Lançar Feitiços Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPara o inferno Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSenciente nível 5 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTe vejo no próximo mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHomem de papel Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntregas expressas da Kiki Nota: 0 de 5 estrelas0 notasIndígenas de férias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLacrymosa: O mal não resiste a uma porta destrancada Nota: 0 de 5 estrelas0 notasExorcismos, amores e uma dose de blues Nota: 5 de 5 estrelas5/5Carmilla: A Vampira de Karnstein Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Clube Mary Shelley Nota: 0 de 5 estrelas0 notasArlequim Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNoturno: o lado oculto da alma Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO filho da feiticeira Nota: 2 de 5 estrelas2/5O último homem Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO homem que não transbordava Nota: 4 de 5 estrelas4/5Cidades afundam em dias normais Nota: 5 de 5 estrelas5/5O cozer das pedras, o roer dos ossos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Dois mortos e a morte e outras histórias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Mago Revolucionário Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTipo uma história de amor Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLobo de rua Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs águas-vivas não sabem de si Nota: 4 de 5 estrelas4/5A Comissão chapeleira Nota: 5 de 5 estrelas5/5A ilha e o espelho Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBox O Fantasma da Ópera Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Arte para você
Enviesados Nota: 5 de 5 estrelas5/59 Estudos Rítmicos Para Piano Nota: 5 de 5 estrelas5/5Montagem De Terreiro De Candomblé Nota: 5 de 5 estrelas5/5O outro nome de Aslam: a simbologia bíblica nas Crônicas de Nárnia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOrixás: Histórias dos nossos ancestrais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Apostila De Harmonia E Improvisação - Nível 1 - Juninho Abrão Nota: 0 de 5 estrelas0 notasCurso De Violão Completo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLeitura E Estruturação Musical Nota: 5 de 5 estrelas5/5As Sete Deusas Gregas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória da Literatura Brasileira: Das Origens ao Romantismo Nota: 3 de 5 estrelas3/5História Da Arte Em 200 Obras Nota: 5 de 5 estrelas5/5A história do cinema para quem tem pressa: Dos Irmãos Lumière ao Século 21 em 200 Páginas! Nota: 4 de 5 estrelas4/5Os Melhores Contos de Isaac Asimov Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Código Da Vinci - Dan Brown Nota: 0 de 5 estrelas0 notasVAN GOGH e Suas Pinturas Famosas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Mediunidade Na Umbanda Nota: 3 de 5 estrelas3/5O Dom da Mediunidade: Um sentido novo para a vida humana, um novo sentido para a humanidade Nota: 0 de 5 estrelas0 notasHistória Da Música Nota: 5 de 5 estrelas5/5Numerologia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Violão Para Iniciantes Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica Nota: 5 de 5 estrelas5/5Educação Sonora E Musicalização Na Aprendizagem Infantil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasUm jogo chamado música: Escuta, experiência, criação, educação Nota: 4 de 5 estrelas4/5Partituras Para Violino Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMagia Do Caos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pequena história da arte Nota: 4 de 5 estrelas4/5A CIDADE ANTIGA - Coulanges Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos Pornôs, Poesias Eróticas E Pensamentos. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDo Zero Aos Acordes, Escalas E Campos Harmônicos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSimetria nos estudos para violão de Villa-Lobos Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Avaliações de Lágrimas de Carne
5 avaliações0 avaliação
Pré-visualização do livro
Lágrimas de Carne - Fernanda Castro
FERNANDA CASTRO
1ª EDIÇÃO
2020
Logo da editora Dame BlancheCopyright © 2020, Dame Blanche, Fernanda Castro
CAPA
Dante Luiz
PREPARAÇÃO
Sol Coelho
DIAGRAMAÇÃO
André Caniato
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Castro, Fernanda
Lágrimas de carne [livro eletrônico] / Fernanda Castro. -- 1. ed. -- São Paulo : Editora Dame Blanche, 2020.
378 Kb; ePub.
ISBN 978-65-87759-09-8
1. Ficção brasileira I. Título.
CDD-B869.3
20-44322
Índices para catálogo sistemático:
1. Ficção : Literatura brasileira B869.3
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3192
Todos os direitos reservados
Para minha irmã Gabriela, que me contou todas as melhores histórias antes de dormir, incluindo uma excelente fanfic dos Super Patos.
SUMÁRIO
Lágrimas de carne
Agradecimentos
Sobre Fernanda Castro
Desde que as primeiras pepitas foram encontradas, meio por acaso nas encostas do morro, os habitantes de Serrita têm apenas um interesse: ouro. Com ele, a promessa de riqueza e de uma vida melhor. O que uma vida melhor
significa varia muito entre os garimpeiros, mas talvez eles desejem apenas uma vida sob rédeas, uma vida livre da dor e das surpresas desagradáveis do destino. Infelizmente, para eles, a vida insiste em seguir seu próprio ritmo. E assim também o faz a morte.
***
Ninguém nota quando Suindara pousa nos galhos do ipê, fazendo com que um punhado das flores brancas como fantasmas caia flutuando até o chão. Sejamos justos, as pessoas não notariam mesmo que ela aterrissasse diante delas, metade coruja e metade mulher, suas asas douradas esticando-se nas articulações sem fazer o menor ruído. O rosto dos moradores reunidos na praça está voltado para o funeral, ainda que suas mentes permaneçam em outro lugar. Em morros de pedrinhas cintilantes, provavelmente.
Suindara se inclina sobre os galhos, tentando espiar através das janelas empoeiradas da velha capela. Pelo vidro sujo, consegue ver os humanos reunidos, as velas e as imagens dos santos no altar. Reconhece o grupo de garimpeiros, todos de pé e encostados contra a parede. Homens que até ontem ordenhavam cabras e erguiam cercas, agora usando botas e coletes, seus dedos esfolados pelo contato com o mercúrio que usam para lavar a terra. Vê também o padre em sua batina preta, e mulheres de feições tristes logo atrás. Finalmente, Suindara identifica também o caixão com o homem morto descansando lá dentro. Ao lado do cadáver, parcialmente coberta pelo véu de renda com roseiras bordadas, está Mãe.
Para a quase mulher que é também quase coruja, o trabalho de Mãe é uma forma de arte. Mãe sempre sabe escolher as palavras certas para os momentos certos; conforta viúvas e órfãos, e sua voz sempre soa gentil quando ela canta suas orações. Suindara fica sempre tão enfeitiçada, tentando absorver cada porção daquele trabalho divino, que acaba deixando passar os olhares de lado, as críticas sussurradas, as crianças que são afastadas pelo ombro para que fiquem um passinho mais distantes da mulher de preto. Mãe costuma dizer que ser uma carpideira é percorrer uma trilha de dualidade. Fala que as pessoas só querem uma carpideira por perto quando alguém morre, quando precisam que ela segure suas mãos e garanta que tudo ficará