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Lágrimas de Carne
Lágrimas de Carne
Lágrimas de Carne
E-book48 páginas54 minutos

Lágrimas de Carne

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Sobre este e-book

VENCEDOR DO PRÊMIO ODISSEIA DE LITERATURA FANTÁSTICA 2021 - CATEGORIA "NARRATIVA CURTA DE FANTASIA"
As obrigações de uma carpideira vão além de prantear os mortos. É preciso purificar pecados, libertar mágoas, guiar a alma até a beira do mundo — um trabalho proscrito e desgastante. Para contornar isso, uma carpideira manipula seus filhos adotivos: Suindara, a quase-mulher quase-coruja; e Carcará, o quase-homem quase-falcão — gêmeos de forças opostas, tanto em aparência quanto em princípios. Mais eis que surge uma alma que a garganta carniceira de Carcará simplesmente não consegue digerir — e a relação conturbada entre mãe e filhos é colocada à prova quando a minúscula cidade agreste de Serrita vivencia uma febre do ouro.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de out. de 2020
ISBN9786587759098
Lágrimas de Carne

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    Lágrimas de Carne - Fernanda Castro

    Lágrimas de carne, de Fernanda CastroLágrimas de carne

    FERNANDA CASTRO

    1ª EDI­ÇÃO

    2020

    Logo da editora Dame Blanche

    Copyright © 2020, Dame Blanche, Fernanda Castro

    CAPA

    Dante Luiz

    PREPARAÇÃO

    Sol Coelho

    DIAGRAMAÇÃO

    André Caniato

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Castro, Fernanda

    Lágrimas de carne [livro eletrônico] / Fernanda Castro. -- 1. ed. -- São Paulo : Editora Dame Blanche, 2020.

    378 Kb; ePub.

    ISBN 978-65-87759-09-8

    1. Ficção brasileira I. Título.

    CDD-B869.3

    20-44322

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Ficção : Literatura brasileira B869.3

    Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3192

    Todos os direitos reservados

    Para minha irmã Gabriela, que me contou todas as melhores histórias antes de dormir, incluindo uma excelente fanfic dos Super Patos.

    SUMÁRIO

    Lágrimas de carne

    Agradecimentos

    Sobre Fernanda Castro

    Desde que as primeiras pepitas foram encontradas, meio por acaso nas encostas do morro, os habitantes de Serrita têm apenas um interesse: ouro. Com ele, a promessa de riqueza e de uma vida melhor. O que uma vida melhor significa varia muito entre os garimpeiros, mas talvez eles desejem apenas uma vida sob rédeas, uma vida livre da dor e das surpresas desagradáveis do destino. Infelizmente, para eles, a vida insiste em seguir seu próprio ritmo. E assim também o faz a morte.

    ***

    Ninguém nota quando Suindara pousa nos galhos do ipê, fazendo com que um punhado das flores brancas como fantasmas caia flutuando até o chão. Sejamos justos, as pessoas não notariam mesmo que ela aterrissasse diante delas, metade coruja e metade mulher, suas asas douradas esticando-se nas articulações sem fazer o menor ruído. O rosto dos moradores reunidos na praça está voltado para o funeral, ainda que suas mentes permaneçam em outro lugar. Em morros de pedrinhas cintilantes, provavelmente.

    Suindara se inclina sobre os galhos, tentando espiar através das janelas empoeiradas da velha capela. Pelo vidro sujo, consegue ver os humanos reunidos, as velas e as imagens dos santos no altar. Reconhece o grupo de garimpeiros, todos de pé e encostados contra a parede. Homens que até ontem ordenhavam cabras e erguiam cercas, agora usando botas e coletes, seus dedos esfolados pelo contato com o mercúrio que usam para lavar a terra. Vê também o padre em sua batina preta, e mulheres de feições tristes logo atrás. Finalmente, Suindara identifica também o caixão com o homem morto descansando lá dentro. Ao lado do cadáver, parcialmente coberta pelo véu de renda com roseiras bordadas, está Mãe.

    Para a quase mulher que é também quase coruja, o trabalho de Mãe é uma forma de arte. Mãe sempre sabe escolher as palavras certas para os momentos certos; conforta viúvas e órfãos, e sua voz sempre soa gentil quando ela canta suas orações. Suindara fica sempre tão enfeitiçada, tentando absorver cada porção daquele trabalho divino, que acaba deixando passar os olhares de lado, as críticas sussurradas, as crianças que são afastadas pelo ombro para que fiquem um passinho mais distantes da mulher de preto. Mãe costuma dizer que ser uma carpideira é percorrer uma trilha de dualidade. Fala que as pessoas só querem uma carpideira por perto quando alguém morre, quando precisam que ela segure suas mãos e garanta que tudo ficará

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