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Por Que Sou Devoto De Maria?!
Por Que Sou Devoto De Maria?!
Por Que Sou Devoto De Maria?!
E-book746 páginas4 horas

Por Que Sou Devoto De Maria?!

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Sobre este e-book

Não pretendo com estas breves linhas traçar um perfil histórico da Virgem Maria, muito menos uma visão teológica ou voltada para a Mariologia, muito embora o texto possa, involuntariamente, enveredar por tais caminhos. Não é de história ou doutrina que eu quero falar aqui. Meu objetivo é compartilhar aprendizagem e deixar um testemunho a todos os cristãos, inclusive aos não católicos, acerca da devoção a Maria Santíssima, seu significado, sua importância. E assim desnudar a razão pela qual há tanta oposição, e tanto ódio lançado contra tão sublime ser humano.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de jan. de 2020
Por Que Sou Devoto De Maria?!

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    Por Que Sou Devoto De Maria?! - Marcos Da Boit Suzin

    AGRADECIMENTO

    Agradeço primeiramente a Deus, pela vocação e pelos dons que me concedeu pela efusão do Espírito Santo para escrever esta pequena obra. De igual modo, agradeço à nossa Santíssima Mãe que muito se esmerou em mostrar-me o quão amorosa é, e o quanto somos preciosos aos seus olhos de Mãe. Também agradeço à minha família, aos participantes do Grupo de Oração Água Viva e ao clero de nossa Diocese, e, de modo especial, ao Padre Evaldo Petry, um grande incentivador.

    POR QUE SOU DEVOTO DE MARIA?!...

    Querido (a) leitor (a):

    Não pretendo com estas breves linhas traçar um perfil histórico da Virgem Maria, muito menos uma visão teológica ou voltada para a Mariologia, muito embora o texto possa, involuntariamente, enveredar por tais caminhos. Não é de história ou doutrina que eu quero falar aqui. Meu objetivo é compartilhar aprendizagem e deixar um testemunho a todos os cristãos, inclusive aos não católicos, acerca da devoção a Maria Santíssima, seu significado, sua importância. E assim desnudar a razão pela qual há tanta oposição, e tanto ódio lançado contra tão sublime ser humano.

    ...Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequenos. Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. (Mateus 11, 25-26)

    I- MARIA NA BÍBLIA¹

    Antes de iniciar este estudo, observo que, se analisássemos apenas superficialmente a Sagrada Escritura, poderíamos supor que a Bíblia não fala muito de Maria, limitando-se ao suficiente para que ela seja conhecida, amada e honrada por todas as gerações, conforme a própria Mãe do Senhor predisse no Magnificat (Lucas 1, 46-55).

    Vou demonstrar a você, caríssimo (a) leitor (a), que a Bíblia está repleta de Maria, assim como Maria está repleta da Palavra, Palavra Viva do Deus Eterno e único, do qual a Santíssima Senhora foi e é morada e sacrário vivo.

    Para melhor compreender as citações do Antigo Testamento, peço que você imagine o Espírito Santo como um jovem apaixonado que, para alegrar sua amada Maria, tenha deixado várias mensagens e dedicatórias escondidas pelo caminho, por onde passaria a História e sua amadíssima Esposa, mensagens estas que somente a destinatária, o próprio Espírito e as pessoas pelo Paráclito inspiradas poderiam compreender.

    Pois bem, mãos à obra!

    Assim disse Eclesiastes, filho de Davi, rei de Jerusalém:

    O que foi será: o que acontece é o que há de acontecer. Não há nada de novo debaixo do céu. Se é encontrada alguma coisa da qual se diz: ‘Veja: isto é novo’, ela já existia nos tempos passados...²

    E o salmista exultou: semelhante ao orvalho, eu te gerei antes da aurora (salmo 109, 3).

    Percebe-se que o Senhor, nosso Deus, é o Senhor de tudo, inclusive do tempo. Isso significa dizer que para Deus não existe passado, presente e futuro, em razão de que o Senhor vive numa constante eternidade. Por esta razão, para a boa compreensão das citações abaixo, é preciso libertar-se da ordem cronológica ou histórica dos fatos, sabendo que a Deus coisa alguma é impossível e tudo que existiu e aconteceu ao longo da história, Deus o concebeu desde sempre, para a glória do seu Nome e para a redenção de seus filhos.

    No início do Livro do Gênesis, a Palavra nos revela que Deus criou tudo e que "o Espírito de Deus pairava sobre as águas"³. E Deus criou tudo o que existe, dizendo Faça-se a luz! (Gen. 1,3), Faça-se um firmamento entre as águas, e separe ele umas das outras (Gen. 1,6), Produza a terra plantas... (Gen. 1,11), Façam-se luzeiros no firmamento (Gen. 1,14), Pululem as águas de uma multidão de seres vivos... (Gen. 1,14) e Produza a terra seres vivos segundo a sua espécie (Gen. 1-24); ao que se concebe 8 (oito) obras da criação, resumidamente: Dia e noite, céu, terra, plantas, sol e lua (luz), peixes e aves, animais terrestres e seres humanos⁴.

    Você pôde perceber que toda a criação que precedeu ao ser humano foi criada pelo efeito performativo e fecundo da Palavra de Deus, pela pronúncia (48 vezes no Antigo Testamento) do verbo hebraico bârah (בָּרָא), porque, conforme Salmo 32 (Heb 33), 9: ele disse e tudo foi feito, ele ordenou e tudo existiu. Entretanto, deve ser salientada a utilização do imperativo no singular. Em outras palavras, tudo o que foi criado antes do ser humano foi fruto apenas da Palavra de Deus, pois Deus fez tudo sozinho.

    Entretanto, quando observamos na Palavra a criação do ser humano, podemos notar que o imperativo passa para o plural, nos seguintes termos: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.

    Muitos se questionaram ao longo da história sobre o que significaria este façamos.

    Alguns diziam que a Santíssima Trindade se reuniu para criar o ser humano, mas este é um entendimento contestado, pois a Santíssima Trindade é a união perfeita de Deus no amor, o que significa dizer que a Trindade é una, nunca se separa e não precisa se reunir porque já é uma unidade perfeita.

    Então podemos nos perguntar:

    Quem Deus chamou para a criação do ser humano à Sua imagem e semelhança?

    Ora, sabemos bem que a Imagem e semelhança de Deus é Cristo Jesus, como bem nos ensinou o Apóstolo na Carta aos Colossenses, capítulo 1, versículo 15, porque Jesus correspondeu plenamente à vontade do Pai, dando a vida pelo bem da Criação, ou seja, pela salvação da humanidade⁵.

    Então, se o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus é Cristo, unicamente Ele, quem Deus Pai chamou para com Ele, pela ação fecunda do Espírito Santo, realizar esta obra extraordinária, a maior de todas as maravilhas e realizações de Deus?

    Quem Deus chamou para a concepção do Cristo redentor do mundo?

    Não consigo imaginar outro nome que não seja o da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, eis que: Saí da boca do Altíssimo; nasci antes de toda criatura (Eclo 24,5).

    E isso significa que Deus, o Senhor de tudo e também do tempo, falando à alma de Maria muito antes de ela nascer, fez o chamado para a maternidade divina, vocação que, na plenitude dos tempos, foi levada a efeito na anunciação do Arcanjo Gabriel (Lucas 1, 26-37), e, com o sim(Fiat) de Maria e a ação fecundante do Espírito Santo, permitiu que a Palavra de Deus se fizesse carne (ser humano) e habitasse entre nós (João 1, 14).

    Portanto, Deus quis servir-se de Maria para gerar nela, por obra do Espírito Santo, o Cristo Senhor, imagem e semelhança de Deus, que haveria de redimir o ser humano perdido e manchado pelo pecado original decorrente da desobediência dos nossos primeiros pais.

    Este entendimento encontra apoio no CIC – Catecismo da Igreja Católica, conforme transcrição abaixo:

    "484. A Anunciação de Maria inaugura a ‘plenitude dos tempos’ (Gl 4,4), isto é, o cumprimento das promessas e das preparações. Maria é convidada a receber aquele em quem habitará ‘corporalmente a plenitude da divindade’ (Cl 2,9). A resposta divina à sua pergunta ‘Como isso se fará, se não conheço homem algum?’ (Lc 1,34) é dada pelo poder do Espírito: ‘O Espírito Santo virá sobre ti’ (Lc 1,35).

    A missão do Espírito Santo está sempre conjugada e ordenada à do Filho. O Espírito Santo é enviado para santificar o seio da Virgem Maria e fecundá-la divinamente. Ele que é ‘o Senhor que dá a Vida’, fazendo com que ela conceba o Filho Eterno do Pai em uma humanidade proveniente da sua.

    Ao ser concebido como homem no seio da Virgem Maria, o Filho Único do Pai é ‘Cristo’, isto é, o ungido pelo Espírito Santo desde o início de sua existência humana, ainda que sua manifestação só se realize progressivamente: aos pastores [Lc 2,8-20], aos magos [Mt 2, 1-12], a João Batista [Jo 1, 31-34], aos discípulos [Jo 2, 11]. Toda vida de Jesus Cristo manifestará, portanto, ‘como Deus o ungiu com o Espírito e com poder’ (At 10,38).

    II. ... Nascido da Virgem Maria

    O que a fé católica crê acerca de Maria funda-se no que ela cré acerca de Cristo, mas o que a fé ensina sobre Maria ilumina, por sua vez, sua fé em Cristo.

    A PREDESTINAÇÃO DE MARIA

    ‘Deus enviou seu Filho’ (Gl, 4,4), mas, para ‘formar-lhe um corpo’ [LG 56], quis a livre cooperação de uma criatura. Por isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe de seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré na Galileia, ‘uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi, e o nome da virgem era Maria’ (Lc 1, 26-27).

    Quis o Pai das misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser Mãe de seu Filho, para que, assim como a uma mulher [Eva] contribuiu para a morte, uma mulher [Maria] também contribuísse para a vida."⁶ (grifos acrescidos)

    Portanto, Deus quis a partir de Maria assumir a forma humana, encarnar-se, fazendo-se humano em tudo, à exceção evidentemente do pecado. Em Maria, Deus também resgatou a figura de Eva, mulher em cujos ombros recaiu a culpa da queda da humanidade primitiva. Com a cooperação de Maria, Deus fez-se humano, resgatou nossa espécie e realizou seus mais grandiosos desígnios.

    Voltando ao Livro do Gênesis⁷, agora já cientes da grandiosa importância de Maria Santíssima como partícipe da obra de Cristo Redentor na salvação da humanidade, observamos que a Palavra narra a queda do ser humano primitivo, que foi vitimado pela Serpente, o mais astuto de todos os animais dos campos⁸, símbolo facilmente associado ao mal. Desde então, houve forte antagonismo entre a Mulher e a Serpente, em razão da sentença que estabeleceu: "Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar"⁹.

    No Livro do Profeta Isaías, Capítulo 7, versículos 13-15, tem-se a seguinte narrativa:

    "Isaías respondeu: ‘Ouvi casa de Davi: Não vos basta fatigar a paciência dos homens? Pretendeis cansar também o meu Deus? Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem¹⁰ conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ‘Deus Conosco’¹¹. Ele será nutrido com manteiga e mel até que saiba rejeitar o mal e escolher o bem...." (grifos acrescidos)

    Em Miquéias¹² 5, 1-2, assim foi profetizado:

    "Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias do longínquo passado. Por isso, (Deus) os deixará, até o tempo em que der à luz aquela que há de dar à luz. Então o resto de seus irmãos voltará para junto dos filhos de Israel." (grifos acrescidos)

    No Livro dos Provérbios, capítulo 8, versículos 22 e seguintes – lembrando que Maria é a sede da sabedoria -, podemos ler:

    "O Senhor me criou, como primícias de suas obras, desde o princípio, antes do começo da terra. Desde a eternidade fui formada, antes de suas obras dos tempos antigos. Ainda não havia abismo quando fui concebida, e ainda as fontes das águas não tinham brotado. Antes que assentados fossem os montes, antes dos outeiros, fui dada à luz; e os primeiros elementos da poeira do mundo. Quando ele preparava os céus, ali estava eu, quando traçou o horizonte na superfície do abismo, quando firmou as nuvens no alto, quando dominou as fontes do abismo, quando impôs regras ao mar, para que as águas não transpusessem os limites, quando assentou os fundamentos da terra, junto a ele estava eu como artífice, brincando todo o tempo diante dele, brincando sobre o globo de sua terra, achando as minhas delícias juntos aos filhos dos homens.

    E agora, meus filhos, escutai-me: felizes aqueles que guardam os meus caminhos. Ouvi minha instrução para serdes sábios, não a rejeiteis. Feliz o homem que me ouve, e que vela todos os dias à minha porta e guarda os umbrais de minha casa! Pois quem me acha encontra a vida e alcança o favor do Senhor. Mas quem me ofende, prejudica-se a si mesmo; quem me odeia, ama a morte." (grifos acrescidos)

    Considere bem, querido (a) leitor (a), Maria como sede da sabedoria e Mãe da sabedoria encarnada, Jesus Cristo, aí você bem compreenderá a transcrição acima e também a que segue:

    "Escuta, meu filho, recebe um sábio conselho, não rejeites minha advertência. Mete os teus pés nos seus grilhões, e teu pescoço em suas correntes. Abaixa teu ombro para carregá-la, não sejas impaciente em suportar seus liames. Vem a ela com todo o teu coração. Guarda seus caminhos com todas as tuas forças. Segue-lhe os passos e ela se dará a conhecer; quando a tiveres abraçado não a deixes. Pois acharás finalmente nela o teu repouso. E ela transformar-se-á para ti um motivo de alegria. Seus grilhões ser-te-ão uma proteção, um firme apoio; suas correntes te serão um adorno glorioso, pois nela há uma beleza que dá vida, e seus liames são ligaduras que curam. Com ela te revestirás como de uma vestimenta de glória, e a porás sobre ti como uma coroa de júbilo."¹³ (Eclesiástico 6, 25-32)

    E tudo isso por quê: "A sabedoria [Deus] construiu para si uma casa [Maria]¹⁴. O Altíssimo santificou o seu abrigo [Maria]... Deus a ajudará pela manhã ao nascer do sol [Jesus Cristo]¹⁵. E nós, como resposta ao amor de Deus, amamos a habitação de vossa casa, e o tabernáculo onde reside a vossa glória"¹⁶.

    No início do Evangelho de São Mateus, mais precisamente nos versículos 18-25 do capítulo 1, faz-se expressa referência a que tudo o que em Maria se realizou é obra do Espírito Santo, ou seja, do Espírito de Deus.

    Então vamos conferir:

    "Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: ‘José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados’. Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta: ‘Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel (Isaias 7,14), que significa: Deus conosco’." (grifos acrescidos)

    O Evangelho de São Marcos, que foi o primeiro a ser escrito, o que ocorreu por volta do ano 64 d.C., não aborda esse momento da concepção de Jesus, uma vez que seu objetivo era apresentar Jesus Cristo a partir do batismo recebido de João Batista. Marcos, que se chamava João Marcos e era natural de Jerusalém, foi convertido a partir das pregações de São Pedro, a quem acompanhou até seus últimos dias em Roma. Marcos escreveu seu evangelho a partir das experiências que teve na companhia de Jesus e dos apóstolos, bem como das histórias que ouviu de Pedro, mas, ao contrário de Mateus, nunca tentou provar as revelações e profecias. O objetivo de Marcos sempre foi narrar os fatos da vida de Jesus, razão pela qual se restringe a fazer uma abordagem inicial de João Batista e após, ainda no capítulo 1, narrar a o batismo de Jesus no Rio Jordão, já no início de sua vida pública aos trinta anos. Marcos objetivou provar que Jesus é o Filho de Deus, fazendo isso a partir da narrativa das obras de Jesus. Na verdade, salvo melhor análise, Marcos se refere à Maria apenas uma vez, porém o suficiente para dizer tudo, que Maria é a Mãe de Jesus¹⁷.

    O Evangelho de João tem um aspecto diferente das narrativas de Mateus, Marcos e Lucas (sinóticos). São João, que provavelmente era o mais jovem dos apóstolos, escreveu seu evangelho mais como uma meditação do que propriamente uma narrativa. Isso tanto é verdade que já no primeiro capítulo João se esmera em demonstrar que Jesus é a Palavra de Deus que se fez ser humano e habitou entre nós.

    Vamos ver o capítulo primeiro do Evangelho de São João:

    "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito. Nele havia vida, e a vida era luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. [O verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus. E o verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio da graça e da verdade. (...) Todos nós recebemos de sua plenitude graça sobre graça. Pois a lei foi dada a Moisés, a graça e a verdade vieram de Jesus Cristo..." (Evangelho de São João 1, 1-18)(grifos acrescidos)

    Portanto se Jesus é a Palavra de Deus (Verbo), e a Palavra se fez carne, ou seja, ser humano, e habitou entre nós, pergunto:

    Onde isso aconteceu?

    Analisando os textos bíblicos já mencionados, observamos que a Palavra de Deus, por obra do Espírito Santo, se fez ser humano no corpo da predestinada Virgem Maria.

    Logo a carne, os ossos, o sangue e demais ingredientes – por assim dizer - de Jesus foram extraídos do corpo de Maria onde inegavelmente se formou o Corpo de Cristo. Assim, Jesus e Maria são, induvidosamente, corpo do mesmo corpo¹⁸, sangue do mesmo sangue, com todos os detalhes e semelhanças físicas, estéticas e psicológicas que normalmente caracterizam mães e filhos.

    Você já imaginou o quanto Jesus poderia ser fisicamente parecido com Maria? Na cor dos olhos, do cabelo, no formato do rosto? Você imaginou o quanto eles eram parecidos no jeito de falar, na forma de se expressar, e o quanto Jesus herdou dos atributos físicos, morais e intelectuais de Maria?

    Mas isto tudo eu já falei sem mesmo referir-me ao Evangelho de São Lucas, meu preferido para tratar desse assunto.

    Lucas¹⁹ era um médico e historiador grego natural de Antioquia²⁰. Seu evangelho é tido como uma continuação do Livro dos Atos dos Apóstolos. No Evangelho narra-se o caminho de Jesus e nos Atos o caminho da Igreja.

    E se o Evangelho de Lucas mostra o caminho de Jesus, obviamente mostra onde esse caminho começou, em Maria. Com efeito, por obra de Deus mediante ação fecunda do Espírito Santo, Jesus foi concebido no seio imaculado da Virgem Maria, para nela ser ocultado e para dela receber todo o necessário para a sua formação humana e para o seu crescimento físico e intelectual.

    De um modo impressionante e detalhista, Lucas narra os momentos iniciais da concepção e do nascimento de Jesus, de maneira a não deixar dúvidas dos grandes feitos que Deus operou no mundo a partir de Maria.

    Vamos, então, transcrever um pequeno trecho:

    "No sexto mês, o anjo Gabriel foi envidado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. Entrando, o anjo disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo’. Perturbou-se ela com essas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. O anjo disse-lhe: ‘Não temas, Maria, pois encontraste graça²¹ diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim²². Maria perguntou ao anjo: ‘Como ser fará isso, pois eu não conheço homem?’ Respondeu-lhe o anjo: ‘O Espírito Santo descerá sobre ti e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus’..." (Evangelho de São Lucas, capítulo 1, versículos 26 e seguintes) (grifos acrescidos)

    Nesse primeiro momento já observamos a saudação angélica, Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo. Não é difícil perceber de onde a Igreja tirou as palavras iniciais da oração Ave-Maria, bem como as razões da fé mariana do incomparável Dom Bosco, que certa vez exultou: E tudo começou com uma Ave Maria²³.

    Nesse mesmo momento da anunciação do anjo, Gabriel revela que:

    "...Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que era tida como estéril porque a Deus nenhuma coisa é impossível. Então disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a sua palavra. E o anjo afastou-se dela." (Idem anterior, versículos 36-38) (grifos acrescidos)

    Importante acerca da transcrição acima é fazer a remissão ao Salmo 115 (Heb 116), lembrando o que disse o salmista: Senhor, eu sou vosso servo; vosso servo, filho de vossa serva: quebrastes os meus grilhões²⁴. Aqui nota-se uma clara referência ao Messias e a estreita união deste com Maria, dizendo filho de vossa serva, ou seja, filho da Serva do Senhor. Os grilhões quebrados remetem à ressurreição, pois: "Os laços da morte me envolviam, a rede da habitação dos mortos me apanhou de improviso; estava abismado na aflição e na ansiedade."²⁵

    Prosseguindo, observamos que diante do conhecimento de que sua parenta Isabel, aquela tida como estéril, estava grávida, e que já estava no sexto mês, Maria, solidária e prestativa, pôs-se em direção às montanhas, onde Isabel residia. Possivelmente tenha feito o trecho todo a pé, caminhando por uma região pedregosa e difícil até chegar à residência de Zacarias, esposo de Isabel.

    Quando da entrada de Maria na casa de Zacarias²⁶, o evangelista Lucas narra outro momento impressionante:

    "Naqueles dias, Maria levantou-se e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá²⁷. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem a honra de vir a mim a mãe do meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!" (versículos 39-45) (grifos acrescidos)

    Aqui também se percebe mais um fragmento utilizado para a formação da oração Ave Maria, bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre, Jesus.

    O conhecimento de que Jesus é fruto do ventre de Maria, também nos remete à compreensão da expressão árvore da vida, que fica no meio do jardim (do Paraíso, conforme Gênesis 2,9). Mais adiante, no capítulo 3,22 do Gênesis, está escrito que aquele que come do fruto da árvore da vida (referência à Eucaristia) tem a vida eterna. Diante da indignidade da humanidade decaída pela desobediência de Adão e Eva, o acesso á árvore da vida e, consequentemente ao fruto, foi proibido e restringido até que se realizasse a profecia de Miquéias (Miquéias 5, 1-2, conforme transcrição acima), com a vinda do novo Adão²⁸, Jesus Cristo Nosso Senhor. Após o anúncio do Evangelho, das perseguições e dificuldades do caminho, podemos encontrar na Sagrada Escritura: Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor darei de comer (do fruto) da árvore da vida, que se acha no paraíso de Deus. (Apocalipse 2, 7), especificando que: "No meio da avenida e às duas margens do rio, achava-se uma árvore da vida, que produz doze frutos²⁹, dando cada mês um fruto, servindo as

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