Mulher Nordestina em São Paulo: Identidade-Metamorfose-Emancipação
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Mulher Nordestina em São Paulo - Paula Coatti Ferreira
PARTE 1
A INVISIBILIDADE DESVELADA
O verbo desvelar possui um histórico curioso na língua portuguesa. Até o século XV, seu significado era o de agir com empenho e dedicação ou mesmo privar-se de sono por dedicar-se muito a algo ou alguém. A partir do século XVIII, amplia-se para fazer conhecer, trazer à tona algo oculto, retirar o véu (HOUAISS, 2015). Curiosamente (e ironicamente!) a partir do mesmo século XVIII no Brasil, grupos sociais detentores do poder político-econômico empenharam-se em construir uma política de identidade que trouxesse à tona a diferenciação natural
entre as populações das regiões geográficas do país, categorizando-as e locando-as em as atrasadas e ignorantes
ao Norte e as civilizadas e capazes
ao Sul. No século XIX, esses grupos deixaram mais claro ainda a natureza miserável e inferior
, especificamente do Nordeste, compadecendo-se
de seus habitantes e acolhendo-os caridosamente
como migrantes em outras terras.
No Brasil, parece-me comum a diferença que existe entre o uso que se faz das palavras no cotidiano para seus reais significados no dicionário. Considerando-se a construção intersubjetiva indivíduo-sociedade mediada pela linguagem pode-se brincar muito com a imaginação. Mas, nesta obra, uso o termo desvelar com a pretensão de conciliar o léxico ao cotidiano no empenho de trazer à tona o subjetivo e o intersubjetivo dos aspectos sobre o desenvolvimento da política de identidade dominante no Brasil e da dinâmica de identidade de um indivíduo que represente a categoria daqueles que mais sofrem com tal política, a fim de proporcionar reflexões sobre as possibilidades de autonomia e do desenvolvimento do sentido emancipatório, para a vivência efetiva da democracia no país, e, concomitantemente, da cidadania.
Na obra Cidadania no Brasil: o longo caminho, José Murilo de Carvalho (2007) apresenta detalhadamente como o processo histórico do desenvolvimento político-econômico brasileiro é marcado pela implantação sucessiva das etapas do capitalismo — mercantilismo, liberalismo e monopolismo — de forma a proporcionar também o estabelecimento peculiar dos direitos civis, políticos e sociais subordinados a ele, em função dos devidos interesses dos projetos de poder com base, sobretudo, no tipo de colonização por exploração e sucessão posterior de ditaduras civil (Vargas) e militar, bem como dos interesses de nações estrangeiras¹⁰.
Do ponto de vista étnico cultural, já se tinha no marco acadêmico de Darcy Ribeiro, por exemplo, compilado posteriormente na obra O Povo Brasileiro (2006), o reconhecimento do desenvolvimento da população a partir da fusão das matrizes indígena, africana e europeia (lusitana), por exploração e subalternização, mediante submissão violenta ao regime de escravidão das duas primeiras à terceira. A imposição religiosa do cristianismo-católico-apostólico-romano foi uma das principais ferramentas de coersão e naturalização do processo de sincretismo e de miscigenação. O desenvolvimento populacional também ocorreu em função das demandas do processo capitalista e de suas consequências, e com o passar do tempo, incorporou outras etnias imigrantes.
Em suma, a colonização brasileira iniciou-se na etapa mundial de transição do capitalismo mercantil para o liberal, a fim de servir economicamente, assim, pode-se dizer que se estabeleceu um tipo de Estado de Nascimento diferenciado pela etnia, mantido e justificado pela escravidão. Da passagem da etapa mundial do capitalismo liberal para o monopolista, foi interessante favorecer o surgimento dos direitos civis e políticos, mesmo que manipulados, como também colaborar direta ou indiretamente com o advento das repúblicas no Brasil. Já as ditaduras civil e militar que se seguiram no país e propiciaram o surgimento dos direitos sociais acompanhavam o capitalismo monopolista tecnocrata e sua