CONTOS DO PÓS-ABOLIÇÃO - Astolfo Marques
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Sobre este e-book
Fruto da geração de ex-escravos nascida sobre a égide da Lei do Ventre Livre (1871) e as transformações que levaram ao fim do trabalho servil e a capitulação da monarquia, Astolfo Marques conquistou grande expressão pública na sua época e foi um dos fundadores da Academia Maranhense de Letras. Contos do Pós-Abolição reúne contos que retratam intensamente as reverberações do fim da escravatura em uma região vitimada pela pobreza e brutalidade, como foi o Maranhão. Com suas estórias do pós-abolição, Astolfo Marques denuncia um Brasil que flerta, em discurso e ação, com uma república urbana e importada, mas que abriga as marcas e consequências de um passado que ainda se faz presente.
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CONTOS DO PÓS-ABOLIÇÃO - Astolfo Marques - Astolfo Marques
Astolfo Marques
CONTOS
DO
PÓS-ABOLIÇÃO
1a edição
Coleção Raízes
img1.jpgIsbn: 9786558940968
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Prefácio
Prezado Leitor
Raul Astolfo Marques (1876 – 1918) foi um grande contista, folhetinista, ensaísta, jornalista e tradutor maranhense. O escritor foi testemunha de um importante momento histórico no Brasil que foi a abolição da escravatura; seu texto é impregnado da matéria viva de uma República jovem e da derrocada de sonhos no período Pós-Abolição.
Fruto da geração de ex-escravos nascida sobre a égide da Lei do Ventre Livre (1871) e as transformações que levaram ao fim do trabalho servil e a capitulação da monarquia, Astolfo Marques conquistou grande expressão pública no Maranhão da República Velha e se encontra entre os fundadores da Academia Maranhense de Letras.
Contos do Pós-Abolição reúne 10 contos que retratam com muita clareza as reverberações do fim da escravatura em uma região especialmente vitimada pela pobreza e brutalidade, como foi o Maranhão. Em seu retrato pulsante da vida anônima, Astolfo Marques já denunciava um Brasil que flerta, em discurso e ação, com uma república urbana e importada, mas que abriga em sua cartografia humana as marcas e as consequências de um passado que, mesmo nos dias de hoje, ainda se faz presente.
Uma excelente leitura
LeBooks Editora
Sumário
APRESENTAÇÃO
Sobre o autor
Sobre a obra
CONTOS DO PÓS-ABOLIÇÃO
O PRESÉPIO DO NICOLAU
O TRAJE DE JUDAS
A PROMESSA
EM PAZ
O SOCIALISTA
MENINO DEUS PERFEITO
O NATAL DO RUFINO
O SUPLÍCIO DE INÁCIA
EUSÉBIA
PASTORES GORADOS
Conheça a Coleção Raízes da LeBooks Editora:
APRESENTAÇÃO
Sobre o autor
img2.jpgRaul Astolfo Marques nasceu em São Luís do Maranhão, no dia 11 de Abril de 1876 e faleceu na mesma cidade, aos 20 de maio de 1918. Contista, folhetinista, ensaísta, jornalista e tradutor, iniciou sua vida profissional como contínuo da Biblioteca Pública do Maranhão. Autodidata, fundou, juntamente com Antônio Lobo, a Oficina dos Novos, cujo patrono e inspirador fora Gonçalves Dias e que acabaria por fornecer, em seguida, muitos membros à Academia Maranhense de Letras.
Entre eles, figurou Astolfo Marques, instituindo a cadeira de nº 10 e ocupando o cargo de secretário geral. Esteve à frente da Secretaria da Instrução Pública e do Liceu Maranhense, além de ter trabalhado como redator do Diário Oficial e Diretor da Imprensa Oficial. Colaborou, ainda, através de contos e artigos, com outros periódicos, tais como Pacotilha, A Imprensa, O Jornal, A Avenida, Os novos (boletim oficial da Academia dos Novos), e Diário do Maranhão, além das revistas Ateneida (fundada em conjunto com Domingos Barbosa e Antônio Lobo) e Revista do Norte.
A produção intelectual conhecida do autor envolve estudos bibliográficos, traduções, contos, crônicas, estudos folclóricos, um romance, afora sua extensa colaboração para os principais jornais e revistas de São Luís como O Diário do Maranhão, A Pacotilha, Diário Oficial, O Jornal, Boletim dos Novos, A Revista do Norte e Revista da Associação Comercial.
Fruto da geração de ex-escravos nascida sobre a égide da Lei do Ventre Livre (1871) e as transformações que levaram ao fim do trabalho servil e a capitulação da monarquia, o escritor conquistou grande expressão pública no Maranhão da República Velha e se encontra entre os fundadores da Academia Maranhense de Letras.
Sobre a obra
Contos do Pós-Abolição reúne 10 contos que retratam com muita clareza as reverberações do fim da escravatura em uma região especialmente vitimada pela pobreza brutalidade, como foi o Maranhão. Publicada majoritariamente na imprensa nacional, a ficção de Astolfo chegou a ser entendida pela crítica de seus dias como um mero espelho irrefletido dos tempos. Nada mais enganoso.
Astolfo Marques fez literatura a partir da matéria viva de uma República jovem e da derrocada dos sonhos Pós-Abolição ao escrever na virada do século 19, na periferia do Brasil, uma literatura sobre um povo que ansiava pela liberdade e encontrava ainda um Brasil desigual e hierárquico. Como um homem negro e livre de um tempo em que libertos e escravizados conviviam em todo o país, Astolfo escreveu histórias capazes de flagrar aquele momento com todas as suas contradições e complexidades.
Em seu retrato pulsante da vida anônima, Astolfo Marques denuncia um Brasil que flerta, em discurso e ação, com uma república urbana e importada, mas que abriga em sua cartografia humana as marcas e as consequências de um passado que, mesmo nos dias de hoje, ainda se faz presente.
Publicações de Astolfo Marques
A vida Maranhense. São Luís: Tipografia Frias, 1905. (contos).
De São Luís a Teresina. São Luís: Edição do autor, 1906. (narrativa de viagem).
Natal (quadros). São Luís: Tipografia Teixeira, 1908. São Luís: AML
EDUEMA, 2008. (contos).
O Dr. Luís Domingues. São Luís: Edição do autor, 1910. (biografia).
A nova aurora. São Luís: Tipografia Teixeira, 1913. (novela).
CONTOS DO PÓS-ABOLIÇÃO
O PRESÉPIO DO NICOLAU
Fazia já vinte e cinco anos que o Nicolau se esmerava em preparar com todo esplendor e requinte o seu presépio.
Todos os anos, era aproximar-se o Natal, e já um novo melhoramento se lhe deparava a introduzir na abobadada gruta, onde, entre montanhas de tabatinga, incrustadas de cascas de mariscos, pseudo pedrarias, e o matagal em que a flora se manifestava com enorme variedade na lapinha, se salientava a minúscula imagem do Deus Menino, duma beleza artística admirável.
Naquele ano, o Nicolau celebrava o jubileu do seu presépio, e o brilhantismo de que ele queria revesti-lo ecoava já retumbante pela cidade. Se nos anos anteriores, imaginava, quase toda a população são-luisense acudia com fervor a visitar o belo presépio, sendo todos unânimes em dar-lhe a primazia pelo esplendor, quanto mais no ano jubilar, em que antecipadamente estava tudo preparado para fulgurar pomposamente!
Semanas antes do Natal, era já de ver a atividade do homem posta em prática, no preparo, com galhardia, do Babilônia, que era como ele denominava o presépio.
O velho Cunha fora chamado para pintar um novo céu. O mestre Antônio, carpina, encarregara-se de, com os seus discípulos, organizar um novo balcão, tecendo-o engenhosamente com ramos de murta e musgo.
Da quinta Itamaraca vieram manguinhas verdes, araçás, jambos vermelhos, cachos de pitomba, araticuns e outras frutas, tudo para fazer parte da floresta do Babilônia. Para substituir a esteira, que anualmente se estendia pelo chão da sala, fora alugado um rico tapete na casa do Areias.
A própria imagem do Deus Menino fora caprichosamente reencarnada.
E uma senhora, comadre do Nicolau, ofertara à imagem um valioso cordão de oiro.
Além dos festejos do costume, nesse ano o presepista contava mais com outros, notadamente as visitas dos pastores do Monteiro e do mestre Avelino, nos dias de Natal e de Ano Bom, e dos reis da Perpétua e da Sempre-Viva, no dia de Reis.
Os padrinhos do Babilônia, que eram pessoas abastadas, dessas que nunca fazem feio, além da joia, uma respeitável soma que deram para a missa em louvor do Deus Menino, autorizaram a casa do Antônio Dedinho a vender ao Nicolau, por conta deles, o que este precisasse