Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Salvos pela graça
Salvos pela graça
Salvos pela graça
E-book464 páginas7 horas

Salvos pela graça

Nota: 5 de 5 estrelas

5/5

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

O entendimento Reformado das Escrituras começa com o reconhecimento da soberania de Deus em todas as coisas, incluindo nossa salvação.

Um dos ensinamentos centrais da Bíblia, repetidamente ecoado, como o tema de uma sinfonia, é o de que somos salvos inteiramente pela graça, por meio da poderosa obra do Espírito de Deus, sobre a base da obra todo-suficiente de nosso Salvador, Jesus Cristo.

Ao mesmo tempo, entretanto, a Escritura ensina que Deus nos salva, não como marionetes, mas como pessoas, e que devemos, então, ser ativos em nossa salvação. A Bíblia, de uma maneira misteriosamente profunda, combina a soberania de Deus com nossa responsabilidade no processo da salvação. Mas nós somente podemos amá-lo porque ele nos amou primeiro.

A ele, portanto, seja todo o louvor.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de fev. de 2023
ISBN9786559891856
Salvos pela graça

Relacionado a Salvos pela graça

Ebooks relacionados

Cristianismo para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Salvos pela graça

Nota: 5 de 5 estrelas
5/5

1 avaliação1 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

  • Nota: 5 de 5 estrelas
    5/5
    Recomendo a leitura desse livro! O autor é bem didático em expor todos os textos bíblicos que devem a visão reformada e contrapor os argumentos dos críticos. Embora não concorde com alguns poucos pontos de vista dele, a leitura decerto será edificante.

Pré-visualização do livro

Salvos pela graça - Anthony A. Hoekema

Folha de rosto

Salvos pela graça, Anthony Hoekema © 1997, Editora Cultura Cristã. Este livro foi anteriormente publicado nos EUA com o título Saved By Grace © 1989 Wm. Eerdmans Publishing Co. Traduzido com permissão.

1ª edição 1997

2ª edição 2002

3ª edição 2011

4ª edição 2018

H6937s

Hoekema, Anthony A.

Salvos pela graça / Anthony A. Hoekema; traduzido por Wadislau Gomes. _ São Paulo: Cultura Cristã, 2018.

Tradução Saved by Grace

Recurso eletrônico (ePub)

ISBN 978-65-5989-185-6

1. Estudo doutrinário 2. Soteriologia 3. Vida Cristã

I. Título

CDU 248

A posição doutrinária da Igreja Presbiteriana do Brasil é expressa em seus símbolos de fé, que apresentam o modo Reformado e Presbiteriano de compreender a Escritura. São esses símbolos a Confissão de Fé de Westminster e seus catecismos, o Maior e o Breve. Como Editora oficial de uma denominação confessional, cuidamos para que as obras publicadas espelhem sempre essa posição. Existe a possibilidade, porém, de autores, às vezes, mencionarem ou mesmo defenderem aspectos que refletem a sua própria opinião, sem que o fato de sua publicação por esta Editora represente endosso integral, pela denominação e pela Editora, de todos os pontos de vista apresentados. A posição da denominação sobre pontos específicos porventura em debate poderá ser encontrada nos mencionados símbolos de fé.

Logotipo ABDRLogotipo Cultura cristã

EDITORA CULTURA CRISTÃ

R. Miguel Teles Jr., 394 – Cambuci – São Paulo – SP – 01540-040

Fones 0800-0141963 / (11) 3207-7099 – Whatsapp (11) 97133-5653

www.editoraculturacrista.com.br - cep@cep.org.br

Superintendente: Clodoaldo Waldemar Furlan

Editor: Cláudio Antônio Batista Marra

Em memória de meus queridos pais,

Peter e Jessie Hoekema,

que foram os primeiros a me ensinar o significado

de ser salvo pela graça.

Sumário

Capa

Folha de rosto

Créditos

Dedicatória

Abreviaturas

Introdução: In memoriam

Prefácio

Capítulo 1. Orientação

Capítulo 2. A questão da Ordem da Salvação

Capítulo 3. O papel do Espírito Santo

Capítulo 4. União com Cristo

Capítulo 5. O chamado do Evangelho

Capítulo 6. Vocação eficaz

Capítulo 7. Regeneração

Capítulo 8. Conversão

Capítulo 9. Arrependimento

Capítulo 10. Fé

Capítulo 11. Justificação

Capítulo 12. Santificação

Capítulo 13. A perseverança do verdadeiro crente

Bibliografia

Notas

Abreviaturas

Introdução: In memoriam

SALVOS PELA GRAÇA É O SÉTIMO LIVRO DE ANTHONY HOEKEMA e o último de três estudos expositivos sobre tópicos centrais da teologia reformada. O presente exame da doutrina da salvação completa uma série que compreende livros sobre escatologia (The Bible and the Future, 1979) [A Bíblia e o futuro] e antropologia teológica (Created in God’s Image, 1986 [Criados à imagem de Deus].

Tony completou o manuscrito deste estudo um pouco antes do seu 75º aniversário. Seria seu último aniversário e seu último livro. Alguns meses depois, em 17 de outubro de 1988, ele morreu de um ataque cardíaco sofrido dois dias antes. Assim, sua vida de estudos e ensino chegou ao fim, e sua experiência com o amor redentor de Jesus Cristo entrou em novo estágio.

O autor dedicou este livro à memória de seus pais, um alfaiate da Frísia, e uma mãe firme, mas amorosa, que compartilhou da alegria do filho quanto ao seu chamado ministerial, mas morreu antes que seu primeiro livro fosse publicado (The Four Major Cults, 1963) [As quatro maiores seitas]. Nossa tristeza pela sua perda é moderada pela gratidão pelos seus 44 anos de ministério na igreja por meio da pregação, do ensino e da escrita e, ao ver que este livro estava sendo preparado para publicação, acrescentamos uma rededicação à sua memória.

Anthony Andrew Hoekema nasceu em Drachten, Holanda, em 1913 e mudou-se dos Países Baixos para os Estados Unidos, junto com seus pais e dois irmãos, em 1923. Tony estudou no Baxter Christian School, graduou-se pelo Grand Rapids Christian High School e recebeu seu título de bacharel no Calvin College, em 1936 – caminho que foi seguido, também, trinta anos depois, por seus quatro filhos. Recebeu o grau de Mestre em Psicologia, na Michigan University, em 1937, e o grau de Mestre em Teologia, no Calvin Theological Seminary, em 1944. Prosseguiu seus estudos, tendo recebido o grau de Doutor em Teologia no Princeton Seminary, em 1953. Após sua ordenação ao sagrado ministério, em 1944, serviu como pastor em três igrejas cristãs reformadas: Twelfth Street, em Grand Rapids, Bethel, em Paterson, Nova Jersey, e Alger Park, em Grand Rapids.

Em 1956, Tony foi chamado a continuar seu ministério por meio do ensino, primeiro no Calvin College e, depois, de 1958 até sua aposentadoria em 1978, no Calvin Seminary, onde manteve a cadeira de Professor de Teologia Sistemática. Ele é lembrado por seus alunos e membros de igrejas – assim temos sido frequentemente avivados em nossa lembrança nos meses após sua morte – por sua clareza de mente, sua precisão de expressão, seu caloroso interesse pessoal por todos aqueles cuja vida tocou a sua própria vida, bem como por sua fraqueza por piadinhas horríveis. Todas essas características, exceto a última, esperamos, são evidentes nos seus escritos.

Quando da morte de Tony, este estudo estava já na fase de produção, faltando apenas completar algumas tarefas editoriais: a leitura das provas e o acréscimo dos índices. Não foi uma obrigação, mas um privilégio dar essa modesta contribuição para completar a obra erudita e pastoral de Tony.

Não sabemos das alegrias que ele goza agora na presença de nosso Salvador, mas esperamos e rogamos que sua luta para articular o ensino bíblico no que diz respeito à salvação aprofunde o entendimento de outros quanto às riquezas do dom da graça que recebemos mediante o amor ilimitado de Deus.

18 de Fevereiro de 1989

RUTH BRINK HOEKEMA

DAVID A. HOEKEMA

Prefácio

ESTE É O TERCEIRO DE UMA SÉRIE DE ESTUDOS DOUTRINÁRIOS. O primeiro, The Bible and the Future [A Bíblia e o futuro], foi uma apresentação da escatologia cristã ou doutrina das últimas coisas. O segundo, Created in God’s Image [Criados à imagem de Deus], trata da antropologia cristã ou doutrina cristã do homem.

Este livro diz respeito ao que os teólogos chamam de soteriologia ou doutrina cristã da salvação. Tenho tentado tirar as respostas às minhas questões nessa área principalmente a partir da Bíblia. Minha posição teológica é a do cristianismo evangélico interpretado de uma perspectiva reformada ou calvinista.

O entendimento reformado das Escrituras começa com o reconhecimento da soberania de Deus em todas as coisas, incluindo nossa salvação. Um dos ensinamentos centrais da Bíblia, repetidamente ecoado, como o tema de uma sinfonia, é o de que somos salvos inteiramente pela graça, por meio da poderosa obra do Espírito de Deus, sobre a base da obra todo-suficiente de nosso Salvador, Jesus Cristo.

Ao mesmo tempo, entretanto, a Escritura ensina que Deus nos salva, não como marionetes, mas como pessoas, e que devemos, então, ser ativos em nossa salvação. A Bíblia, de uma maneira misteriosamente profunda, combina a soberania de Deus com nossa responsabilidade no processo da salvação. Mas nós somente podemos amá-lo porque ele nos amou primeiro. A ele, portanto, seja todo o louvor.

Gostaria também de agradecer aos meus muitos alunos do Calvin Theological Seminary pelas perguntas, pelos desafios e pelos comentários feitos em classe, que me ajudaram a aprofundar meu discernimento a respeito desse aspecto do ensino das Escrituras.

Sou grato pelo uso que pude fazer dos excelentes recursos da biblioteca do Calvin Theological Seminary, bem como pelo privilégio de poder usar uma das salas da biblioteca depois de minha aposentadoria. De maneira especial, meus agradecimentos ao bibliotecário, Peter De Klerk, pela sua prestimosidade excepcional.

O corpo editorial da Eerdmans Publishing Company forneceu-me o tipo de conselho especialista que é caro ao coração de um autor. Quero agradecer especialmente a Jon Pott e Milton Essenburg.

Devo à minha esposa, Ruth, a maior gratidão do que consigo expressar, por seu interesse e estímulo, suas várias sugestões e por sua ajuda quanto à bibliografia. Sem ela, este livro teria ficado sem brilho.

Acima de tudo, devo agradecer e louvar o Deus de toda graça, que me deu força para escrever. Ao longo deste estudo, senti-me esmagado novamente pela grandeza incompreensível de sua misericórdia para com pecadores como nós. Esperamos ansiosamente em antecipação pela perfeição final da obra que ele começou em nós, quando o veremos face a face para contar a história, salvos pela graça.

Grand Rapids, Michigan

ANTHONY A. HOEKEMA

Capítulo 1

Orientação

PELA SUA TOTAL OBEDIÊNCIA AO PAI E PELO SEU SOFRIMENTO, morte e ressurreição, nosso Senhor Jesus Cristo conquistou-nos a salvação do pecado e de todas as suas consequências. Mas essa obra salvífica de Cristo não tem nenhum valor para nós até que tenha sido aplicada ao nosso coração e à nossa vida pelo Espírito Santo. O estudo da aplicação da obra da redenção ao povo de Deus é chamado soteriologia – termo derivado de duas palavras gregas, soteria e logos –, que significa a doutrina da salvação.

A soteriologia não foi sempre entendida da mesma forma. Charles Hodge, por exemplo, define-a incluindo o plano da salvação (predestinação e aliança da graça), a pessoa e a obra de Cristo e a aplicação dessa obra pelo Espírito Santo para a salvação do crente. [ 01 ] William G. T. Shedd tem uma visão um tanto mais estreita; para ele, a soteriologia inclui a obra de Cristo (excluindo a sua pessoa) e a aplicação da salvação pelo Espírito. [ 02 ] Nesta obra, entretanto, a soteriologia ou doutrina da salvação, como é mais comumente chamada, deve ser entendida incluindo o estudo da aplicação das bênçãos da salvação ao povo de Deus, e sua restauração ao favor de Deus e à vida de comunhão com ele em Cristo. Fica subentendido que essa aplicação é obra do Espírito Santo ainda que tenha que ser apropriada pela fé.

O ponto de vista teológico representado neste livro é o do cristianismo evangélico a partir de uma perspectiva reformada ou calvinista. A soteriologia reformada tem muito em comum com outras soteriologias evangélicas, mas possui certas ênfases distintas. Entre essas ênfases estão as seguintes:

(1) O fator decisivo para a determinação de quem será salvo do pecado não é uma decisão dos seres humanos envolvidos, mas a graça soberana de Deus – ainda que a decisão humana tenha papel significativo no processo.

(2) A aplicação da salvação ao povo de Deus tem suas raízes no decreto eterno de Deus, segundo o qual ele escolheu seu povo para a vida eterna, não com base em qualquer mérito da parte desse povo, mas somente pelo próprio prazer de Deus.

(3) Embora todos que escutam a mensagem do evangelho sejam convidados a aceitar Cristo e sua salvação, e são honestamente conclamados a tal aceitação, a graça salvadora de Deus, no sentido mais estrito da palavra, não é universal, mas particular, sendo concedida só aos eleitos de Deus (aqueles que foram escolhidos por Deus em Cristo para a salvação).

(4) A graça salvadora de Deus é, assim, eficaz e impossível de ser perdida. Isso não quer dizer que, deixados por si mesmos, os crentes não possam desviar-se de Deus, mas, pelo contrário, significa que a vontade de Deus não permite que seus escolhidos percam a salvação. A segurança espiritual dos crentes, portanto, depende, principalmente, não de que eles se segurem em Deus, mas de que Deus os segure.

(5) Embora a aplicação da salvação ao povo de Deus envolva, nos aspectos mais distintos da regeneração, no seu sentido mais restrito, vontade humana e obras, ainda assim a aplicação é, principalmente, obra do Espírito Santo.

Essas ênfases distintas formam a soteriologia reformada. Embora realce a soberania da graça de Deus na aplicação da salvação, a teologia reformada não nega a responsabilidade humana no processo de salvação.

Num estudo anterior tentei desenvolver um aspecto desse pensamento em um capítulo intitulado O homem como pessoa criada. [ 03 ] Ressaltei ali que o ser humano é ao mesmo tempo uma criatura totalmente dependente de um Deus soberano, e uma pessoa que toma decisões responsáveis. Essa combinação de total dependência e liberdade de decisão constitui o mistério central do homem. [ 04 ] Como essa visão do homem afeta nosso entendimento do processo de salvação? Embora Deus tenha de regenerar os seres humanos e dar-lhes nova vida espiritual, os crentes têm uma responsabilidade no processo de sua salvação: no exercício de sua fé, na sua santificação e em sua perseverança.

Desde que os seres humanos estão por natureza mortos nos pecados, Deus tem de vivificá-los; a regeneração, num sentido restrito, [ 05 ] tem de ser obra exclusiva de Deus. Mas nos aspectos do processo da salvação, que são distintos da regeneração, tanto Deus quanto os crentes são envolvidos – podemos falar de salvação nesse sentido como sendo tanto obra de Deus quanto tarefa nossa. Algumas vezes estes aspectos – arrependimento, fé, santificação, perseverança, e outros – são descritos como obras de Deus nas quais os crentes cooperam. O problema com essa colocação, entretanto, é que ela parece implicar que cada um, Deus e nós, faz uma parte da obra. Seria melhor dizer que nesse aspecto de nossa salvação (distinto da regeneração), Deus trabalha e nós trabalhamos. Nossa santificação, por exemplo, é, ao mesmo tempo, cem por cento obra de Deus e cem por cento nosso trabalho. Paulo nos oferece uma expressão clássica a essa misteriosa cooperação do trabalho e Deus e do nosso trabalho, em Filipenses 2.12-13: Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes (...) desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. [ 06 ]

O Conceito de Paradoxo

Podemos dizer que aqui estamos lidando com o que é comumente chamado de paradoxo – isto é, a combinação de dois pensamentos que parecem contradizer-se. Não nos parece possível harmonizar em nossa mente estes dois aspectos da verdade bíblica: que de um lado somente Deus deve nos santificar, mas que, de outro lado, nós precisamos operar nossa santificação pelo aperfeiçoamento de nossa santidade. Nem parece possível harmonizar estes dois pensamentos aparentemente contraditórios: que Deus é totalmente soberano sobre nossa vida, dirigindo-nos segundo sua vontade, mas é requerido que tomemos nossa própria decisão, sendo totalmente responsabilizados por ela.

Precisamos crer, contudo, que os dois lados desse conjunto de pensamentos, aparentemente contraditórios, são verdadeiros, pois a Bíblia ensina ambos. Por exemplo, a Bíblia ensina claramente a soberania de Deus: Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei nas mãos do Senhor; este, segundo o seu querer, o inclina (Pv 21.1); Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade (Ef 1.11); Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro [a referência é feita a seres humanos] fazer um vaso para honra e outro, para desonra? (Rm 9.21). Mas a Bíblia também ensina claramente a responsabilidade humana: Por isso quem crê no Filho, tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus (Jo 3.36); Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um segundo as suas obras (Mt. 16.27); E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras (Ap 22.12).

Em pelo menos duas passagens, esses dois aspectos da verdade bíblica se encontram: Lucas 22.22 (Porque o Filho do Homem, na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo traído!); e Atos 2.23 (sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos). Deus certamente decretou a morte de Cristo; ainda assim, aquele que traiu a Jesus e os que o mataram são responsabilizados pelas suas obras iníquas.

Se desejamos entender as Escrituras, precisamos aceitar o conceito de paradoxo, crendo que aquilo que não conseguimos entender com nossa mente finita se harmoniza, de alguma forma, na mente de Deus.

A necessidade de aceitar verdades paradoxais é reconhecida por muitos teólogos reformados. João Calvino é um deles. Calvino, conforme diz Edward Dowey, estava disposto a combinar doutrinas claras em si mesmas, mas logicamente incompatíveis uma com a outra, já que ambas estão na Bíblia. [ 07 ]

Calvino, pois, estava plenamente convencido de que havia um alto grau de clareza e compreensividade nos temas individuais da Bíblia, mas era, também, tão submisso ante o mistério divino, que preferia criar uma teologia que continha muitas inconsistências lógicas, em vez de optar por um todo racionalmente coerente (...) Clareza de temas individuais, incompreensividade das suas inter-relações – essa é a marca registrada da teologia de Calvino. [ 08 ]

James Packer, teólogo anglicano reformado, tem algumas coisas úteis a dizer a respeito dessa questão:

A soberania de Deus e a responsabilidade humana são-nos ensinadas lado a lado na mesma Bíblia; algumas vezes, na verdade, no mesmo texto. Ambas são-nos garantias pela mesma autoridade divina; ambas, portanto, são verdadeiras. Segue-se que elas precisam ser mantidas juntas e não lançadas uma contra a outra. O homem é um agente moral responsável, ainda que seja também divinamente controlado; o homem é divinamente controlado, ainda que seja, também, um agente moral responsável. A soberania de Deus é uma realidade assim como a responsabilidade humana o é também. [ 09 ]

Depois de advertir do perigo de enfatizar um aspecto enquanto se nega o outro, Packer prossegue dizendo:

A antinomia que enfrentamos agora [entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana] é apenas uma dentre muitas que a Bíblia contém. Podemos estar certos de que tudo encontra conciliação na mente e no conselho de Deus, e podemos esperar que no céu nós as entenderemos também. Mas, enquanto isso, será prudente de nossa parte dar ênfase equilibrada tanto num como noutro caso de verdades aparentemente conflitantes, mantendo-as juntas na mesma relação em que a Bíblia as coloca, e reconhecendo que aí há um mistério que não podemos esperar que seja resolvido neste mundo. [ 10 ]

Num ensaio magistral sobre o assunto, Vernon Grounds colocou a questão da seguinte maneira: No cristianismo, a meu ver, o paradoxo não é uma concessão: é uma categoria indispensável, é pura necessidade – uma necessidade lógica! – para que nossa fé seja inabalavelmente bíblica. [ 11 ] Ele termina seu artigo dizendo: Asseveremos ‘verdades aparentemente opostas’ lembrando, como uma espécie de critério, que provavelmente estamos sendo leais à Bíblia enquanto sentimos em nossa mente a tração das tensões lógicas. Que nós, sem hesitação como evangélicos, postulemos paradoxos. [ 12 ]

O surpreendente aforismo de G. K. Chesterton expressa esse ponto de uma forma brilhante: O cristianismo sobrepujou a dificuldade de combinar oposições ferozes acatando os opostos e mantendo-os ferozes. [ 13 ]

Precisamos, assim, afirmar ambas as verdades: a soberania de Deus e a responsabilidade humana; tanto a vontade de Deus quanto nossa participação ativa no processo de salvação. Só faremos justiça ao ensino bíblico se mantivermos posição firme nos dois lados do paradoxo. Uma vez que Deus é o Criador e nós somos suas criaturas, Deus deve ter prioridade. Daí, precisamos manter que o fator decisivo no processo de nossa salvação é a graça soberana de Deus.

Inter-relações

Algo mais deve ser dito sobre as relações entre a soteriologia e os outros aspectos da teologia cristã. É óbvio que a soteriologia está intimamente ligada à doutrina de Deus, pois lida com o modo como Deus nos salva dos nossos pecados. Um entendimento inadequado de Deus resulta numa compreensão inadequada da soteriologia. A ênfase unilateral e exclusiva na soberania de Deus dá a ideia de que Deus salva seu povo da maneira como os computadores controlam os robôs. A ênfase exclusiva na responsabilidade humana, por outro lado, produz um Deus totalmente dependente das decisões humana, de modo que ele espera que as pessoas sejam bastante boas para aceitar o convite para a salvação, mas sem controle algum sobre suas vontades. Essas duas formas de ver a soteriologia, entretanto, não são bíblicas.

A soteriologia também se relaciona intimamente com a antropologia teológica, ou doutrina cristã do homem. Nosso entendimento da pessoa humana é decisivo para que compreendamos como se dá a salvação. Sugerir que os seres humanos nasçam em estado de neutralidade moral e espiritual e que não precisam ser regenerados, mas devem ser apenas adequadamente treinados e cercados por bons exemplos, resulta na teologia pelagiana. Ensinar que a natureza humana depois da Queda é apenas parcialmente depravada, e que os seres humanos não estão mortos no pecado, mas apenas doentes, precisando, assim, dar o primeiro passo na regeneração, e que talvez possam ainda perder a salvação após tê-la recebido, pressupõe uma soteriologia semipelagiana. Se, entretanto, cremos que a natureza humana após a Queda é total ou difusamente caída (de modo que os seres humanos estão, por natureza, mortos no pecado), e que, portanto, as pessoas precisam ser regeneradas, ou precisam receber nova vida espiritual, pelo ato gracioso que vem unicamente da obra de Deus, e que a salvação, assim outorgada por Deus, não pode ser perdida, nós nos comprometemos com a soteriologia reformada ou calvinista. [ 14 ]

A soteriologia tem também um relacionamento próximo com a cristologia, ou a doutrina da pessoa e da obra de Cristo. Somente quando aceita a completa divindade de Cristo pode alguém entender a doutrina da salvação no sentido bíblico; Atanásio, em oposição a Ário, que negava a divindade de Cristo, colocou essa questão em termos incisivos: Jesus, a quem tenho conhecido como meu Redentor, não pode ser menos do que Deus. Somente aceitando a genuína humanidade de Cristo pode alguém crer que Jesus é o nosso Salvador do pecado, já que, conforme diz o Catecismo de Heidelberg (talvez a mais conhecida confissão de fé reformada): A justiça de Deus requer que a mesma natureza humana que pecou deve pagar pelo seu pecado..... [ 15 ] Além do mais, é essencial que se entenda o sacrifício expiatório de Cristo para compreender a doutrina da justificação; e entender que a contínua intercessão de Cristo pelo seu povo é indispensável para se compreender a doutrina da perseverança dos santos.

A soteriologia também se relaciona com a doutrina do Espírito Santo. O Espírito Santo inspirou os escritores da Bíblia e ilumina nosso coração à medida que a lemos, habilitando-nos a entender as Escrituras. O Espírito regenera-nos, santifica-nos e capacita-nos a perseverar na fé. Em outras palavras, o processo todo tratado pela soteriologia é a descrição da obra do Espírito Santo, da forma como ele aplica à nossa vida a salvação que Cristo adquiriu para nós.

Há também uma relação estreita entre soteriologia e escatologia (a doutrina das últimas coisas). Primeiro precisamos distinguir entre a escatologia inaugurada e a futura. Por escatologia inaugurada entendemos o presente gozo de bênçãos escatológicas. Desde que a vinda de Cristo à terra inaugurou os últimos dias, podemos dizer que as bênçãos da salvação que recebemos por meio de Cristo são aspectos escatológicos que usufruímos ainda nesta vida. O derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes – fruto da obra completa de Cristo – foi a entrada do futuro dentro do presente. [ 16 ] Recebendo o Espírito Santo, os crentes se tornam participantes de um novo modo de existência associado com a era futura. O Espírito é a primícia (Rm 8.23) e o depósito ou caução (2Co 5.5; Ef 1.14) de bênçãos futuras, o selo de garantia de que somos propriedade de Deus (2Co 1.22) e a garantia de nossa filiação (Rm 8.15-16), a completa riqueza daquilo que não será revelado até que Cristo venha outra vez (Rm 8.23). Nesse sentido, a soteriologia é um aspecto da escatologia.

Por escatologia futura queremos dizer a discussão de eventos escatológicos que ainda estão por vir. De diversas formas, as bênçãos soteriológicas que recebemos nesta vida são uma amostra de bênçãos maiores para as quais olhamos no porvir. O fato de termos sido levantados com Cristo agora (Ef 2.6; Cl 3.1), por exemplo, antecipa e garante nossa ressurreição no último dia. Nossa justificação pela fé, na presente vida, antecipa e garante nossa final e definitiva justificação ante o trono do juízo de Cristo. O processo de nossa santificação neste lado do túmulo aguarda ansiosamente pela sua perfeição gloriosa na nova terra.

Por meio de tudo isso entendemos que nossa salvação, nesta vida, é marcada por uma real tensão entre o e o ainda não. O crente já é um participante da nova existência associada com um novo tempo, mas não se encontra ainda em seu estado final. Conquanto agora precisemos lutar continuamente contra o pecado, sabemos que a luta findará. Mesmo que sejamos agora genuinamente novas pessoas em Cristo, um dia seremos totalmente novos. Sabemos que Deus começou uma boa obra em nós, e estamos confiantes de que um dia ele levará esse trabalho à sua plenitude. Ainda que sejamos cidadãos do reino de Deus, esperamos ansiosa e animadamente pela fase final desse reino no porvir, quando a terra se encherá do conhecimento de Deus como as águas cobrem o mar. [ 17 ]

Capítulo 2

A questão da Ordem da Salvação

SE A SOTERIOLOGIA É ENTENDIDA COMO A DOUTRINA DA SALVAÇÃO, a questão que devemos levantar primeiro é se existe uma ordem definida na aplicação das bênçãos da salvação ao povo de Deus. Sobre essa questão tem havido muita discussão na história da teologia. Em 1737, Jacob Carpov, teólogo luterano, cunhou a expressão ordo salutis (literalmente, ordem da salvação) para descrever o que agora estamos discutindo. [ 01 ] Muitos teólogos, tanto católicos-romanos quanto protestantes, têm sugerido diversas ordens de salvação, antes e depois do tempo de Carpov.

Louis Berkhof descreve a ordo salutis como

... o processo pelo qual a obra da salvação, realizada em Cristo, é subjetivamente realizada no coração e na vida de pecadores. Ela tem por objetivo descrever em ordem lógica, e em suas inter-relações, os diversos movimentos do Espírito Santo na aplicação da obra da redenção. [ 02 ]

Deve ser notado que o Professor Berkhof descreve a ordem como lógica e não cronológica, assim como fala das inter-relações entre as diversas atividades do Espírito no processo de salvação.

Três abordagens diferentes

Agora seguimos adiante para observar três recentes abordagens sobre a questão da ordem da salvação. Num extremo está a posição de John Murray, que acredita que podemos delinear, a partir da Escritura, uma ordem de salvação definida. Em seu livro Redemption – Accomplished and Applied [Redenção consumada e aplicada] ele declara: Existem boas e conclusivas razões para se crer que os diversos atos da aplicação da redenção (...) acontecem numa certa ordem, e que esta ordem é estabelecida pela indicação, sabedoria e graça divinas. [ 03 ] Murray deduz de Romanos 8.30 a seguinte ordem: vocação, justificação e glorificação. [ 04 ] Depois, ele encontra base para colocar a fé e a esperança antes da justificação, e a regeneração antes da fé. [ 05 ] Considerações lógicas baseadas em ensinos da Escritura levam-no a acrescentar a adoção, a santificação e a perseverança depois da justificação. Ele entende, portanto, que a ordem bíblica seja esta: vocação, regeneração, fé e arrependimento, justificação, adoção, santificação, perseverança e glorificação. [ 06 ]

Uma posição intermediária na questão da ordem da salvação é a de Louis Berkhof. Em sua Systematic Theology [Teologia Sistemática] ele afirma que a Bíblia não fornece explicitamente uma ordem com esse arranjo:

Quando falamos em ordo salutis, não nos esqueçamos de que a graça de Deus aplicada ao pecador é um processo unitário, e que ela simplesmente enfatiza o fato de que diversos movimentos se distinguem no processo, que a obra de aplicação da redenção segue numa ordem definida e racional e que Deus não concede a plenitude da salvação ao pecador num único ato (...). Pode ser levantada a questão sobre se a Bíblia, em algum lugar, indica uma ordo salutis definida. A resposta é que conquanto ela não nos forneça explicitamente uma ordem de salvação completa, ela oferece base suficiente para a elaboração de uma ordem. [ 07 ]

Depois de indicar que a Bíblia frequentemente dá aos termos usados na teologia sistemática significados mais amplos do que aqueles aos quais estamos acostumados, e depois de revisar os ensinos da Escritura de diversas maneiras, nas quais diferentes aspectos da obra da redenção são relacionados uns aos outros, ele prossegue sugerindo a seguinte ordem da salvação: vocação, regeneração, conversão (incluindo arrependimento e fé), justificação, santificação, perseverança e glorificação. [ 08 ]

No extremo oposto à posição de Murray está a de G. C. Berkouwer. Ele não gosta do conceito de ordo salutis ou ordem de salvação. Esse autor observa que a preocupação teológica com esse tópico tem frequentemente levado a uma preocupação maior com os diversos passos da salvação do que com as próprias riquezas da salvação. [ 09 ] Ele prossegue insistindo que ninguém pode deduzir da Escritura uma ordem da salvação específica, e que em Romanos 8.30, por exemplo, o propósito de Paulo não é ensinar-nos uma sequência definida de passos no processo de salvação. [ 10 ] Mais ainda, ele afirma que a fé nunca deve ser vista como simplesmente um ponto distinto no caminho da salvação; a fé deve ser vista permeando toda a vida cristã. [ 11 ] Por essas e outras razões, portanto, Berkouwer se recusa a formar uma ordo salutis, preferindo falar de caminho da salvação em vez de uma ordem de salvação. [ 12 ]

Dificuldades

Quais são algumas das dificuldades que nos confrontam à medida que tentamos elaborar uma ordem de salvação?

(1) Os termos empregados na construção de uma ordo salutis não são usados pelos escritores da Bíblia da mesma forma que são usados na teologia sistemática. Por exemplo, a palavra palingenesia (regeneração) é usada duas vezes no Novo Testamento. Só em Tito 3.5 o termo (traduzido como regeneração na KJV e na RSV, mas com novo nascimento na NIV) significa o que geralmente entendemos pela palavra, isto é, nova vida espiritual produzida em nós pelo Espírito Santo. Em outra passagem, Mateus 19.28, a palavra (traduzida como regeneração na KJV, novo mundo na RSV, e renovação de todas as coisas na NIV) sugere a nova ordem de coisas que deverão acontecer no retorno de Cristo. Herman Bavinck, de fato, põe o dedo nessa dificuldade quando diz:

Regeneração, fé, conversão, renovação, e coisas como essas, frequentemente [ na Bíblia] não indicam sucessivos passos no caminho da salvação, mas resumem em uma única palavra toda a mudança que ocorre no homem. [ 13 ]

(2) A ordem na qual os diversos passos no processo de salvação são ditos para ocorrer não é sempre a mesma na Bíblia. Por exemplo, ainda que comumente a santificação seja apresentada como um passo que se segue à justificação (ver as ordens sugeridas por Murray e Berkhof), em 1Coríntios 6.11 a santificação é mencionada antes da justificação: ... mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus e no Espírito do nosso Deus.

(3) Mesmo Romanos 8.30, frequentemente usado como base para se elaborar um segmento da ordo salutatis, não tem o propósito final de prover passos para a ordem da salvação. O propósito dos versos 29 e 30 é dar uma razão para a declaração feita no verso 28: Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Os versos 29 e 30 expandem o significado da frase: aqueles que são chamados segundo o seu propósito, mostrando que esse povo foi previamente conhecido, predestinado, chamado, justificado e glorificado. Mas a ordem na qual essas facetas de sua redenção são mencionadas é coisa secundária em relação ao propósito de Paulo. O propósito dele é expor com palavras sonoras a bênção segura e permanente do povo de Deus.

(4) A fé não deve ser vista como apenas um dos passos na ordem da salvação; precisa ser exercida continuamente ao longo da vida do crente. Ela é tão necessária na santificação e na perseverança quanto na justificação.

(5) Justificação e santificação não são estágios sucessivos na vida cristã, mas, sim, simultâneos. É impossível receber a Cristo para justificação e não recebê-lo ao mesmo tempo para santificação, como Paulo ensina em 1Coríntios 1.30: Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção....

(6) As ordens sugeridas por Murray e Berkhof não são completas. O amor não é mencionado em nenhuma delas, nem é citada a esperança, embora o amor e a esperança sejam tão essenciais no processo da salvação como a fé.

Devemos falar de uma ordem de salvação?

Devemos continuar falando de uma ordem de salvação? Antes de enfrentarmos essa questão, devemos considerar a relação entre a regeneração e os outros aspectos da soteriologia. Por regeneração entendemos o trabalho do Espírito Santo por meio do qual ele inicialmente nos leva a uma viva união com Cristo e transforma nosso coração de forma que nós, que estávamos espiritualmente mortos, nos tornamos espiritualmente vivos. Fica óbvio que a regeneração, assim definida, necessariamente precede a conversão (incluindo a fé e o arrependimento), a justificação, a santificação e a perseverança, uma vez que estas experiências pressupõem a existência de vida espiritual. Nesse sentido, podemos falar de um tipo de ordem no processo de salvação: a regeneração precisa vir primeiro.

Mesmo essa prioridade da regeneração não pode ser entendida como indicando uma ordem cronológica ou temporal. A relação entre a regeneração e, digamos, a fé é como a que existe entre apertar o comutador da energia e inundar o quarto de luz – as duas ações são simultâneas. Igualmente, quando uma pessoa recebe nova vida espiritual, começa a crer imediatamente. [ 14 ] Talvez a melhor maneira de colocar isso seja afirmar que a regeneração tem prioridade causal sobre os outros aspectos do processo de salvação: a fé, o arrependimento, a santificação, etc.

Como, então, devemos pensar a respeito dos diversos aspectos do processo de salvação? Devemos falar sobre uma ordem de salvação que envolve uma série de passos sucessivos? É verdade, por exemplo, que a justificação é posterior à conversão, que a santificação segue a justificação, e que a perseverança vem depois da santificação? Obviamente, não é assim. A conversão inclui fé e arrependimento, e só se é justificado pela fé e quando se exerce fé, e não algum tempo depois que se tenha chegado à fé. Demonstramos aqui que a justificação e a santificação são simultâneas. Além disso, não começamos a perseverar em fé só após termos sido crentes por algum tempo.

Lembremos a observação de Louis Berkhof de que a obra da aplicação da graça de Deus na pessoa é um processo unitário. [ 15 ] Na primeira edição de sua Dogmatics [Dogmática], Herman Bavinck disse que todos os benefícios da salvação são dados ao eleito de uma só vez. [

Está gostando da amostra?
Página 1 de 1