Motivo Plausível?

De Kauane Ayodele

Existem dois tipos de pessoas: as que perdoam e as que não perdoam. Eu posso falar por mim o lado em que estou, mas não posso falar por você. Você acha que tudo acontece por um motivo? Você acha que tudo tem um motivo plausível? Acha que sempre sabemos o que pode acontecer? Respondendo essas perguntas, saberá que lado escolher.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 2 de out. de 2020

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Kauane Ayodele

Alguns leitores podem ser sensíveis ao conteúdo do livro.

A história contém palavrões e descrição de violência extrema detalhada Não indicado para menores de 18 anos.

Atenciosamente, Kauane Ayodele.

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Motivo Plausível?

NEM SEMPRE AS LÁGRIMAS SÃO DE TRISTEZA.

MOTIVO

PLAUSÍVEL?

Kauane Ayodele

Kauane Ayodele

Copyright © 2020 Kauane Ayodele

Todos os direitos reservados.

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Motivo Plausível?

Sumário

PREFÁCIO ........................................................................................... 5

2012 ...................................................................................................... 7

2013 .................................................................................................... 24

2014/2015 .......................................................................................... 64

2016 .................................................................................................... 78

2018 .................................................................................................... 86

2019 .................................................................................................... 97

2020 .................................................................................................. 106

AGRADECIMENTOS ..................................................................... 143

Kauane Ayodele

PREFÁCIO

Seres humanos são inconsequentes. Por mais que tentem e se esforcem muito para não ser, continuam sendo. Um nome e uma foto podem mudar o futuro de alguém ou destruí-lo a ponto de não existir mais.

Nem todas as vítimas vivem para se vingar de crimes co-metidos contra elas, na maioria das vezes tudo se resolve com o passar do tempo. Isso não significa que todas superam, mas também não significa que essas pessoas se tornem más. Nem tudo se resume a esperar pelo momento certo de dar o troco, às vezes é só uma questão de ter paciência até tudo se encontrar em seu devido lugar.

Para mim o nome disso é destino, tem gente que não gosta dessa palavra porque significa que seu caminho já está traçado e você não tem total controle sobre o que faz ou deixa de fazer com sua vida, mas a verdade é que tem coisas que realmente são inevitáveis, como lidar com as consequências de seus atos. Nem sempre você terá de lidar com elas da mesma forma que lidou com o que as antecedeu, a sua cobrança pode vir em forma de 5

Motivo Plausível?

vida e relações com outras pessoas ou de forma pessoal, tortu-rando a si mesmo por algo passado.

Para ficar mais claro, saiba que seu destino existe, está tra-

çado e não há nada nem ninguém que possa interferir nisso. As coisas acontecem porque tem que acontecer, acidentes não existem. Se você não tivesse passado pelo que passou, você seria a pessoa que é hoje? Seus objetivos seriam os mesmos? Não que seu passado triste seja algo justificável, mas foi necessário. Tendo em vista o solo que está pisando hoje, teria sido algo alcançável?

Essa história só explicita que as coisas podem mudar literalmente de um dia para o outro na sua vida e você tem a opção aceitar conviver com isso ou não. Ainda que extremamente importante, o foco não é passado e sim o presente. As pessoas mudam, amadurecem, tomam decisões (que nem sempre concorda-mos) e cada detalhe desse livro deixa isso nítido. Não que isso signifique que será uma leitura fácil emocionalmente, mas tudo bem, a riqueza de detalhes deixa tudo muito claro e a claridade as vezes machuca a vista.

Kauane Ayodele

2012

Bom... tudo começou quando eu tinha 17 anos, estava prestes a me formar no ensino médio. Era uma aluna como todas as outras do colégio, com gostos e vontades comuns de menina adolescente e vontades. Eu namorava com o Alec há 3 anos. Primeiro amor, você sabe como é... e meu relacionamento era... comum também. Alec era lindo, pelo menos ao meu ver: não muito alto, retinto, olhos puxados, nariz e boca com traços negroides, dentes perfeitamente alinhados, cabelo crespo sempre com o corte em dia, o corte que ele fazia na época era o twister, sempre achei lindo esse corte em cabelo crespo, enfim... nosso relacionamento não era perfeito, mas eu estava feliz com ele, então tudo ok.

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Em novembro fiz a prova para o vestibular, afinal, já ia me formar no colégio, né? Alec foi me buscar na hora que saí da 7

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escola em que fiz a prova. Ele decidiu não prestar vestibular para a faculdade porque preferia um curso técnico gratuito que tinha perto de casa. Depois que chegamos na casa dele, ele foi direto tomar banho e eu peguei o celular dele para jogar. Sempre fazia isso, pois meu celular era péssimo. Nunca fui curiosa com o que tinha salvo ali e depois de três anos juntos não tem muito o que um esconder do outro, né? Embora ele já tenha pisado na bola algumas vezes. Mas nesse dia em específico, resolvi ler as mensagens do celular dele, bem difícil achar algo suspeito tendo em vista que só tinham contatos de homens na agenda. Mas estranhei uma mensagem de tá suave para conversar comigo ou tá com ela?. Ah, meu bem, convenhamos, um amigo não mandaria um

tá suave para conversar comigo ou tá com ela?, no mínimo já apareceria no portão assobiando. Resolvi clicar na conversa e o nome era ítalo, estranho que há 3 anos estou com o Alec e nunca ouvi falar desse tal Ítalo. Resolvi subir a conversa e nem foi necessário subir muito, já que no meio do caminho li as mensagens do Alec dizendo que queria voltar para ‘aquelas ideia com o Ítalo e o Ítalo respondendo que não seria certo porque o Alec estava comigo e isso seria uma mancada do caralho e que queria fazer as coisas do jeito certo.

Alec saiu do banho, eu com o celular na mão, muito calma,

Kauane Ayodele

o perguntei quem era ítalo. Ele disse que era um amigo de muito tempo e eu até tentei engolir essa, mas não consegui. Já tinha fechado o olho para muita coisa naquele namoro e estava cansada.

Ou Alec estava no armário e continuava comigo para manter a postura ou estava com outra mulher. De qualquer forma, era trai-

ção, então, foda-se a sexualidade. Falei a ele que estava cansada de tudo aquilo porque aquela já não era a primeira vez que pegava mensagem estranha, disse que não queria mais ficar com ele e fui embora. Não estava triste, estava brava. Ele disse que ia me acom-panhar até minha casa, mas eu preferi que não fizesse e simplesmente saí. Falei que se ele me seguisse o inferno ia subir na Terra para ele.

Chegando em casa, meus pais perguntaram o porquê da minha revolta e disse que não namorava mais o Alec porque não dávamos mais certo. Eles não botaram fé e perguntaram novamente, então falei que terminamos porque eu pretendia fazer faculdade em outro Estado e um namoro a distância não daria certo.

E que eu, na verdade estava triste e não brava como pensaram (jura, né?).

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Você deve estar se perguntado o que toda essa história tem a ver com o ocorrido e pensando que isso é só mais um romance onde uma mulher acaba triste, morta ou num conto de fadas. Mas não é. Peço que, por favor, não interrompa a leitura. Tenho muita coisa para contar. Coisa que daria um livro. Se me interromper, vou ficar muito puta e essa palhaçada não vai ter fim. Na verdade, vai ficar sem pé nem cabeça para você. Enfim, você quem sabe.

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Kauane Ayodele

No dia seguinte, depois de todo aquele drama, acordei e tinham para lá de umas 30 chamadas do Alec. Eu não ouvi chamar, porque não só odeio toques do celular, como odeio quando vibra, então sempre desativo tudo — parando para pensar aqui...

até hoje não faço a mínima ideia de qual era o toque daquele