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Jesus, O Homem E Servo Na Perspectiva Dos Sinópticos
Jesus, O Homem E Servo Na Perspectiva Dos Sinópticos
Jesus, O Homem E Servo Na Perspectiva Dos Sinópticos
E-book492 páginas6 horas

Jesus, O Homem E Servo Na Perspectiva Dos Sinópticos

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Sobre este e-book

Foi um desafio sair da superfície e mergulhar de corpo, alma e espírito, em todos os momentos registrados pelos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas. Entender a visão pessoal de cada um desses evangelistas à luz de suas fontes é interessante porque podemos ver a grandeza de Deus em capacitar seus escolhidos, a fim de que uma história contada particularmente, e em tempos distintos, se tornasse ao final uma só história que é capaz de mudar a vida de pessoas, famílias e nações. Em “JESUS, o homem e servo na perspectiva dos sinópticos” propomos uma análise de cada contexto, desde a genealogia, nascimento, batismo, até o início do ministério lá pela Galileia, quando Jesus chama pessoas para serem seus discípulos e pescadores de homens, cada uma com sua distinta história de vida, culminado na sua morte e ressurreição. A Galileia foi o campo com maior atuação de Jesus, mas Jerusalém foi escolhida para ser o palco final do seu ministério na terra, onde ocorreram a prisão, condenação, crucificação e sua ressurreição gloriosa. Todas essas cenas finais foram comandadas por uma liderança religiosa, representada pelo sumo sacerdote, que não foi capaz de crer no que disseram Moisés, os Salmos e os Profetas sobre Jesus, o Messias de Deus. Por sua incredulidade, essa liderança não aceitava seus ensinos e suas denúncias acerca dos pecados cometidos, a exemplo da capacidade de se preocupar em limpar copos e pratos, mas incapaz de praticar a justiça, a misericórdia e a fé. Porém, como Deus planejou a salvação do mundo, não deixou que tudo acabasse numa sepultura, mas cumpriu a sua promessa e fez ressuscitar gloriosamente o seu amado Filho, garantindo que muitos pudessem testemunhar o fato. O ponto alto da mensagem pregada até hoje no mundo é a morte e ressurreição de Jesus. Portanto, este livro não é simplesmente o conto da vida de Jesus, mas uma visão abrangente de que mesmo sendo o Filho de Deus, viveu a sua humanidade com o objetivo de ser servo aprovado por Deus. Jesus não teve dificuldade de nos ensinar com precisão o que é negar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir na obediência que o Filho deve ao seu Pai. Que saber mais? O livro “JESUS, o homem e servo na perspectiva dos sinópticos” irá revelar o que você jamais ousou pensar ou imaginar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de fev. de 2023
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    Jesus, O Homem E Servo Na Perspectiva Dos Sinópticos - Carlos Rocha

    MINHA GRATIDÃO...

    A Deus, pois Ele inspirou e iluminou, além de me conceder paciência e perseverança para leituras e pesquisas.

    À minha amada esposa, Nadja, que em muitos momentos tive que deixá-la, para me debruçar nos livros.

    Aos queridos pastores que aceitaram o desafio analisarem todo o conteúdo, contribuindo com suas observações, para o enriquecimento de toda a obra.

    Às minhas filhas, Francynne e Amanda, aos genros Mateus, pastor, e Danilo, pois, com suas opiniões aqui e ali, contribuíram na forma de fazer esta obra.

    Às igrejas que pastorei nesses quase trinta e dois anos de ministério, e particularmente, aquela na qual sou hoje o pastor há mais de dezessete anos, porque sua necessidade de ser pastoreada pela Palavra e na Palavra, me desafiou a descobrir novas pérolas nesse grande tesouro: a Bíblia.

    APRESENTAÇÃO

    Caro leitor, eis aqui uma obra de cunho teológico-pastoral, a qual nasceu de uma leitura devocional dos Evangelhos, mas com um foco maior nos Sinópticos — termo usado para referir-se aos três primeiros evangelhos do Novo Testamento: Mateus, Marcos e Lucas, os quais apresentam grandes semelhanças quanto aos fatos narrados. E é deles que foi extraído um entendimento mais amplo acerca dos ensinos de Jesus à luz da visão de cada um dos evangelistas, tendo como referencial o Evangelho de Mateus. Eles registraram a obra do seu ministério entre os homens segundo a visão que tinham do Filho de Deus, e o interesse pessoal de alcançar em sua plenitude o destinatário final.

    Foi utilizada apenas a Bíblia PESHITTA, que quer dizer versão simples ou terra comum, a qual é uma versão brasileira da versão espanhola, que contém a tradução dos antigos manuscritos aramaicos, e com apoio de algumas fontes já conhecidas, a fim de compreendermos melhor algumas expressões e fatos detectados, utilizando-se da metodologia de comparação entre textos e textos que marcaram a vida de Jesus e dos seus discípulos, os quais nos servem de fundamentos à fé cristã. E para tornar o mais original possível, vamos preservar a grafia de nomes de pessoas, cidades e outros termos, conforme expresso na versão da Bíblia utilizada.

    O nosso desejo é que, assim como todo esse estudo e pesquisa trouxeram ao seu autor mais luz ao conhecimento para um melhor ensino, proclamação e aplicação da mensagem do Evangelho de Jesus, o Cristo, em tempos que a Bíblia já deixou de ser regra de fé e prática para muitos cristãos, onde diversos púlpitos passaram a ser puros, e simplesmente, ponto de autoajuda, e alguns pregadores tornaram-se hábeis e sagazes vendedores de prosperidade, o caro leitor possa ser motivado a conhecer mais e mais o texto sagrado, além de querer experienciar as emoções vividas por todos os que se envolveram diretamente ou não com Jesus, principalmente, seus discípulos.

    Ah! Uma coisa muito importante que o caro leitor precisa saber antes de começar sua jornada de conhecimento: essa obra não é o fim, mas apenas um meio para se alcançar o que está proposto, segundo Jesus: E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. (Jo 8.32).

    O Autor

    POSSO DIZER...

    JESUS, o homem e servo na perspectiva dos sinópticos, é fruto de muito esforço e pesquisa do Pr. Carlos Rocha, que à luz de seus estudos devocionais e de toda a sua vivência pastoral de mais de trinta e dois anos, traz para os leitores um texto cativante e de fácil leitura sobre a obra e o ministério de Jesus, conforme relatado nos evangelhos.

    — Nilton Melo, pastor da Primeira Igreja Batista no Augusto Franco, Aracaju, Sergipe

    JESUS, o homem e servo na perspectiva dos sinópticos, é recomendado para todos os públicos que se interessem em conhecer mais profundamente a palavra de Deus. Tem como característica peculiar a clareza de ideias em pontos complexos em relação ao entendimento do ministério de Jesus entre nós. Relaciona os fatos históricos sagrados com maestria, trazendo a lume um conhecimento diferenciado em relação à palavra de Deus.

    — Marcos Henrique, pastor da Igreja BatistaMissionária, Barreiras, Bahia

    JESUS, o homem e servo na perspectiva dos sinópticos, traz a possibilidade de o leitor responder alguns questionamentos sobre a temática do porquê os evangelistas tratarem assuntos idênticos, mas cada um na sua independência sem deixarem de lado a interdependência aos fatos, permitindo ao autor dessa obra compor uma obra que agrega valores e traz luz ao nosso entendimento cristão acerca de Jesus, o Deus homem e servo.

    — Darlison Nascimento, pastor da Igreja Batista em Aruana, Aracaju, Sergipe

    O livro JESUS, o homem e servo na perspectiva dos sinópticos trata de uma temática interessante e hodierna, com uma linguagem informal e acessível a qualquer tipo de leitor. Sendo também uma ferramenta para estudantes de teologia, estudiosos da Bíblia, professores da escola bíblica, seminaristas, missionários e pastores. Revela uma boa percepção de Jesus e do seu ministério messiânico nos evangelhos, particularmente, nos sinópticos.

    — Gilton Aquino, pastor da Igreja Batista em Orlando Dantas, Aracaju, Sergipe

    A obra JESUS, o homem e servo na perspectiva dos sinópticos é de acesso geral, bem reflexiva e também devocional. Os temas seguem uma coerência e o conteúdo contido em cada um deles traz ao leitor a sede de querer ler um pouco mais, e todos que venham lê-la serão edificados e abençoados.

    — Pr. Maurílio Mendes, pastor da IB Restauração, Aracaju, Sergipe

    Os Evangelhos são o coração das Escrituras. Entendê-los nos farão conhecer a vontade de Deus, na pessoa de Cristo e nos seus ensinos. Essa obra nos ajudará a trilhar nas pegadas do nosso mestre, Jesus Cristo.

    — Pr. Hermevaldo Macedo, pastor da Igreja Batista, Ibicaraí, Bahia

    A obra traz uma boa apresentação teológica, doutrinária e esclarecedora dos evangelhos com pontos que elevam o conhecimento e, consequentemente, maior aproximação da pessoa de Cristo, sua vida, missão, ministério, ensinos, e o que está reservado na eternidade para todo o que crê e a aguarda.

    — Valter Pereira, missionário na Igreja Batista Memorial, Feira Nova, Sergipe

    Esta obra intitulada Jesus: o homem e servo na perspectiva dos sinópticos, nos traz uma maior e melhor compreensão da história do ministério do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, levando em consideração que cada evangelho trata do mesmo assunto, porém, deixando transparecer a particularidade em suas narrações dos ensinos, milagres, e a visão do povo acerca de Jesus. E com essa comparação a que se propõe a referida obra, conclui-se que é apenas um Evangelho, e com isso podemos dizer que é uma belíssima obra.

    — Pr. Mauricélio Ferro, pastor da Igreja Batista Moriá, em Piabeta, Nossa Senhora do Socorro, Sergipe

    Em um mundo globalizado e competitivo, num processo acelerado do desenvolvimento tecnológico, mas fragilizado como sociedade diante de milhares de crenças religiosas, onde o secularismo tem a cada dia tomado o espaço na vida das pessoas, é que o pastor Carlos Rocha, mediante profundo estudo, buscando uma interpretação do ministério de Jesus, propõe neste livro JESUS, o homem e servo na perspectiva dos sinópticos, estabelecer e implementar de forma clara uma melhor compreensão da visão com a qual os sinópticos apresentam a vida pública de Jesus.

    Esta obra, além de destacar com muita propriedade o conteúdo dos evangelhos sinópticos, nos traz de forma simplista a visão dos evangelistas acerca de Jesus, o Cristo, quanto à obra da salvação da humanidade, o qual causou profunda revolução nos discípulos, líderes religiosos e no povo ao longo dos três anos de ministério entre nós.

    — Pr. Marivaldo Queiroz - Missionário em Portugal.

    PREFÁCIO

    Felizmente, dentro da literatura evangélica nacional, Deus levanta mais um dos seus servos ao qual confiou o dom de transmitir de forma escrita a sua mensagem, e presenteia àqueles que amam a Bíblia com uma obra de inestimável valor.

    Estou empolgado com o Pastor Carlos Rocha e com seu inusitado livro. Se você o ler com cuidado, do mesmo modo como li o manuscrito, simplesmente não conseguirá parar. O livro irá provocá-lo, fazê-lo ler as Escrituras outra vez e prestar mais atenção do que você jamais prestou acerca dos Evangelhos sinópticos.

    Este livro não deve ser lido como se fora um romance, pois é inteligível conquanto se proponha ser apenas um guia para estudos mais profundos. O que há de mais valioso, sem dúvida, é o despertamento que leva o leitor a um ardente desejo de penetrar cada vez mais na esfera do estudo da palavra de Deus.

    Você observará alguns detalhes, seja você leitor da Bíblia Sagrada, que provavelmente, nunca observou. O livro JESUS, o homem e servo na perspectiva dos sinópticos contém um pouco de tudo o que o estudante da Bíblia precisa saber. Nos seus 25 capítulos, aborda temas de interesse geral em relação aos evangelhos sinópticos.

    Foi utilizada a Bíblia PESHITTA, que quer dizer verso simples ou terra comum, em português é a tradução dos antigos manuscritos aramaicos. Podemos afirmar que a palavra de Deus que ficou registrada para a posteridade no texto da Peshitta é profunda em sua simplicidade e simples em sua profundidade.

    O Senhor Jesus Cristo tinha como língua materna o aramaico. Era o seu meio de comunicação cotidiano; era a língua de uso diário em Israel naquela época e, portanto, o idioma de uso comum para o Senhor, seus discípulos e o povo.

    O idioma hebraico estava reservado para o culto entre a classe sacerdotal judia; o grego se utilizava para a política e o comércio internacional romano da época. Mas o aramaico foi o idioma no qual Jesus Cristo deu sua mensagem de salvação para os judeus e para os gentios.

    Mas sua língua de uso cotidiano foi, sem dúvida, o aramaico e foi neste idioma em que ele pregou originalmente seu evangelho. E para tornar este livro o mais original possível, foi preservado a grafia de nomes de pessoas, cidades e outros termos, conforme expresso na versão utilizada.

    Faço essas referências pessoais para mostrar a você que ele escreve de maneira tão sucinta e clara, e que suas palavras penetram tanto no seu espírito como na sua mente, causando um impacto capaz de tocar até o âmago do seu ser. Se você já ler a Bíblia há algum tempo, poderá também usar este livro para descobrir novos segredos que talvez não conheça.

    Além de grande utilidade para os pastores, seminaristas e obreiros de um modo geral, o livro torna-se uma excelente fonte de consulta, graças à sua versatilidade e ao registro sério e meticuloso dos assuntos que giram em torno dos evangelhos.

    Com o passar dos anos, comecei a perceber, um problema fundamental na vida cristã. Um problema que podemos resumir facilmente: esquecemo-nos todos do que dizem os evangelhos. Sabemos que eles são sobre Jesus, mas o que, exatamente, falam a seu respeito?

    A questão não é apenas se podemos aprender a ler melhor os evangelhos, em consonância com o que os autores originais intencionavam, mas se podemos descobrir nesse processo uma nova visão sobre a missão de Deus no mundo, por meio de Jesus e dos seus seguidores.

    A palavra de Deus deve tornar-se sua comida e bebida. Enquanto viver, é necessário passar um bom tempo em estudo diligente da Bíblia. Deve encher-se da palavra de Deus até que ela lhe domine o coração e a alma. Quem quer que pregue e ensine a fé cristã deve ter melhor conhecimento da Bíblia do que de qualquer outro livro, pois ela é ao mesmo tempo uma fonte de vida espiritual e a ferramenta mais importante para a edificação da igreja de Jesus Cristo.

    O Pastor Carlos Rocha procurou apresentar o material de forma concisa, salientando algumas informações e dados dentro dos sinópticos. Feito num estilo simples e estratégico, este livro torna-se de fácil leitura e ajuda no entendimento dos evangelhos.

    É meu desejo e minha oração que este livro seja uma grande bênção para o leitor, estimulando-o a buscar conhecimento mais profundo nas Sagradas Escrituras e proporcionando-lhe substancioso alimento espiritual para sua vida.

    A mensagem da palavra de Deus é a resposta completa à necessidade total do homem. Ela traz boas-novas de perdão, fé, paz, propósito e céu. Na Bíblia o homem descobre aquilo em que deve crer e a direção que deve tomar. Uma das maiores necessidades do cristão em nossos dias é familiarizar-se com a Bíblia pelo estudo e pela meditação diária.

    — José Raimundo dos Reis, pastor da Segunda Igreja Batista em Lagarto, Sergipe, e Presidente da OPBB-SE.

    OS SINÓPTICOS E SUA MENSAGEM

    Pela ordem tradicional, temos como o primeiro dos sinópticos, o Evangelho de Mateus, que segundo alguns estudiosos, fora escrito em sua língua original, ou seja, o aramaico, mas o mesmo não foi devidamente conservado, é tanto que os historiadores Papias, Ireneu, Clemente, Eusébio e Orígenes, não deixaram de fazer inúmeras referências a ele. O que temos em mãos hoje foi composto na língua grega e utilizado pela Igreja.

    Mateus, significa dom ou presente de Deus. É reconhecido por muitos como o autor do Evangelho que leva o seu nome. É o mesmo Levi, cobrador de impostos, conhecido como publicano, que cerca do ano 65 d.C., ou talvez, 80 d.C., dirigiu-se aos destinatários judeus, mas sem esquecer dos gentios ao mencionar a presença de pessoas gentias, Raabe e Rute, na genealogia de Jesus, pois sua mensagem central é: Jesus Cristo é o Messias prometido pela lei e profetas.

    Também é notável as várias discussões em relação de qual foi o primeiro Evangelho a ser escrito, se Mateus ou Marcos, reconhecendo que em Marcos há muitos pormenores não presentes em Mateus. Mas independentemente de quem foi escrito primeiro, é notória a presença de 15 parábolas e 20 milagres de Jesus. E em relação à morte do Senhor na cruz, não deixa de dar o devido destaque à ressurreição de Jesus como a vitória e a conquista sobre a morte. Mateus, fecha o Evangelho fazendo o registro da comissão de Jesus aos seus discípulos, mas com a promessa de sua presença permanente em todo o tempo até o seu fim: Eis que eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo (Mt 28.20).

    O Evangelho de Marcos foi, provavelmente, escrito por volta do ano 60 d.C. Segundo a tradição, Marcos, que quer dizer martelo grande é seu autor, mas não existe consenso entre eles de que esse Marcos é o mesmo jovem chamado João Marcos, parente de Barnabé, que o acompanhou na primeira viagem missionária junto com Paulo para a cidade de Antioquia, mas que desistiu da viagem logo no início. Esse mal-estar foi a causa da separação de Paulo e Barnabé na segunda viagem, onde Barnabé foi com Marcos para Chipre, e Paulo escolheu Silas e partiu [...] pela Síria e Cilícia (At 15.36-41). E se foi realmente esse João Marcos o autor desse Evangelho, sabe-se ainda que nasceu em Jerusalém, e sua mãe se chamava Mariam, e que congregava em sua casa a igreja primitiva da cidade.

    Muitos são concordes em apontar os testemunhos de Cefas como base para Marcos escrever o Evangelho, que tem sua mensagem voltada para os gentios, onde detalha muitas tradições dos judeus para facilitar o entendimento daqueles que tinham fala grega. Procura mostrar que, diante dos sofrimentos causados pelas perseguições ao povo de Deus, o sofrimento de Jesus, o Senhor, é o melhor exemplo a seguir, quando apresenta a sua humanidade na misericórdia, compaixão, tristeza, indignação. Não cansa Marcos de utilizar o título Filho do Homem, todavia, sem deixar de presentear seus leitores com Jesus, o Filho de Deus, tão presente nos 20 milagres acontecidos de Jesus pela Galileia, Cafarnaum, Jerusalém, dentre outras localidades, registrados no Evangelho.

    Enquanto Mateus encerrou seu Evangelho com a promessa da presença constante de Jesus até o fim dos tempos, Marcos, após detalhar o comissionamento feito aos seus discípulos de irem por todo o mundo, opta em encerrar seus escritos com este registro: E depois de ter falado nosso Senhor Jesus com eles, ascendeu ao Céu, e assentou-se à destra de Deus (Mc 16.19).

    O Evangelho de Lucas é reconhecidamente o Evangelho mais extenso e detalhado dos quatro Evangelhos, pois nele a obra salvífica de Jesus, o trabalho do Espírito Santo, a oração perseverante, o amor ao próximo e o valor do discipulado, são temas bem desenvolvidos em todo o Evangelho. Não há dúvidas de que o seu autor foi o amado médico Lucas, que quer dizer iluminado ou luminoso. Era de origem gentia, isto é, não era judeu, talvez nascido em Antioquia, o qual se valeu de fontes orais e escritas, além de ser companheiro de Paulo em suas viagens, onde deve ter obtido muitas informações para compor todo o documento. Também manteve bom relacionamento com outros servos conhecidos da Igreja, os quais o serviram de fontes confiáveis, e tem o ano de 63 d.C., para o seu registro, onde seus destinatários são gentios e judeus que tinham o anseio de conhecer a nova onda denominada cristianismo, a qual trazia uma nova doutrina bem diferente da pregada pela religião de Israel, ao mesmo tempo em que passavam por provações diante da situação social, política, econômica e religiosa da região, governada pelo império romano.

    Lucas, segundo alguns, foi a voz de defesa da fé entre as autoridades romanas, a fim de provar que o cristianismo não era uma ameaça à estabilidade política do império e nem um movimento para provocar distúrbios na região, como muitos supunham influenciados pela liderança religiosa em evidência. E vai terminar esse Evangelho apresentando a promessa  do  Espírito Santo a ser enviado à Igreja, para que ela possa cumprir a sua missão de proclamar o arrependimento de pecados em todo o mundo, começando por Jerusalém, porque: vós sois testemunhas destas coisas (Lc 24.48), dizendo-os: E eu enviarei sobre vós a promessa de meu Pai (Lc 24.49), no entanto, não deixa, como Marcos, de destacar a ascensão de Jesus ao céu, dando-lhes uma bênção: E aconteceu que enquanto os bendizia, apartando-se deles e ascendeu ao Céu (Lc 24.51).

    CAPÍTULO 1

    DA GENEALOGIA À INFÂNCIA DE JESUS

    TEXTOS EM FOCO

    Mateus 1.1-2.23 / Lucas 1.26-56; 2.1-52; 3.23-28

    M

    ateus começa o seu Evangelho apresentando toda a descendência de Jesus, a fim de confirmar que Ele era descendente de Abraão e Davi, conforme disse Deus pelos profetas. E um exemplo é o do profeta Natã, que em resposta ao desejo de Davi de construir um templo para Deus, recebeu a mensagem com promessa de que dele sairia um descendente que teria o trono do seu reino estabelecido (2Sm 7.12-16) confirmado pelo salmista (Sl 89.3-4; 132.11), e pelo profeta Isaías (Is 9.6-7; 11.1). 

    Todos esses testemunhos de que Jesus era aquele de quem falaram os profetas, são anunciados no momento em que o anjo diz a Mariam que ela conceberá o Salvador (Lc 1.32); pelo profeta Zacarias, pai de João Batista, por ocasião da apresentação de Jesus no templo (Lc 1.68-70); e, durante o ministério dEle por dois cegos, os quais o reconheceram como Filho de Davi (Mt 9.27).

    Ainda é registrada por Mateus a quantidade de gerações, num total de 42, divididas em três seções encabeçadas por Abraão, Davi e o cativeiro na Babilônia, onde todas elas contaram 14 gerações de uma para outra (Mt 1.17), num período de dois mil anos. E para melhor compreensão da genealogia, temos a seguinte divisão nesse período: de Abraão a Davi, o rei de Israel, chamado de primeiro grupo, foram mil anos. De Davi ao exílio na Babilônia, é o segundo grupo, que forma o período de 400 anos. E do exílio até Cristo, o terceiro grupo, temos aí mais 600 anos, com 13 gerações, onde a geração de número 14 inclui Mariam. No entanto, Lucas não abre o seu Evangelho com a citação da genealogia de Jesus, e não segue a mesma ordem de Mateus, mas a inverte, iniciando com a informação sobre a idade de Jesus que era considerado filho de José (Lc 3.23), indo até Adão que provinha de Deus (Lc 3.38), sem se preocupar em contar as gerações.

    Percebe-se, entretanto, que ambas as narrativas da genealogia de Jesus, parte de José, considerado o pai, de acordo com a lei, e não de Mariam. O número 14 não é representativo de um total exato, porque os nomes apresentados nas gerações não somam a quantidade devida, mas simbólico, pois por algum propósito pessoal e desconhecido, muitos nomes foram omitidos, e é sabido que era comum entre os judeus o uso de números fictícios. Em Mateus são apenas 27 nomes depois de Davi, e traça a ascendência dando nota apenas à linhagem real, Davi e Salomão, mas preocupa-se com o cumprimento da herança e as esperanças de toda a nação de Israel. E é observado que a composição de cada período de 14 gerações, estão ligadas aos períodos da história de Israel: monarquia, cativeiro e o Messias. Lucas, por sua vez, faz referência a uma lista de 56 nomes até Abraão, onde aponta a preocupação da relação de Jesus com toda a humanidade.

    Os primeiros momentos

    Ao tratar dos primeiros momentos de Jesus, é visto que Mateus não se prende a muitos detalhes. Ele menciona que Mariam estava noiva de José quando descobriu que estava grávida do Espírito Santo, e José, ao tomar conhecimento da gravidez de sua noiva, para não a comprometer mais do que já estava, planejou repudiá-la em segredo (Mt 1.19), conforme prescrevia a lei (Dt 22.20-24; 24.1-4). Mas antes que viesse a realizar o que estava pensando, um anjo de Yahweh aparece em sonhos para trazer-lhe entendimento do que estava acontecendo com Mariam, sua noiva, e afirma que tudo isso era para se cumprir a palavra do profeta (Mt 1.20-23; Is 7.14). Ao acordar do seu sono, foi obediente à recomendação do anjo, casando-se com Mariam sem manter nenhuma intimidade com ela, antes do seu Filho primogênito nascer, o qual recebe o nome de Jesus (Mt 1.25).

    E esta expressão Filho primogênito é para mostrar sua proeminência tanto na família de Mariam e José, e bem muito mais na família do céu, mas por outro lado apresenta Jesus com uma história de origem terrena assim como qualquer outra pessoa, pormenores que vão facilitar a pregação e a aceitação de Jesus como o Messias, o prometido de Deus, tanto anunciado pelos profetas de seu povo Israel. Lucas traz uma riqueza de detalhes, a começar dizendo que num determinado tempo - sexto mês - o anjo Gabriel foi enviado a um lugar conhecido - a uma cidade da Galileia chamada Nazaret - para falar diretamente com Mariam, a noiva de José, da casa de Davi, e faz a saudação especial: Bendita és tu entre as mulheres (Lc 1.26-28), saudação que fez Elisabete, a que estava grávida de João Batista, e se encontrava cheia do Espírito de Santidade (Lc 1.41-42), quando Mariam chegou à sua casa. O anjo a acalma, dizendo: encontraste graça perante Deus, razão pela qual irá conceber dará à luz um Filho, e este menino receberá o nome de Jesus" (Lc 1.30-31).

    Na continuação de sua missão, o anjo Gabriel afirma que o menino será Filho do Altíssimo e o trono de Davi será entregue a Ele e seu reino não terá fim (Lc 1.31-32). Mariam ao ouvir o que ouviu, logo quer saber como ela vai explicar a José, aos familiares, e ao povo da cidade, toda essa situação, pois uma moça grávida sem casar já era um problema sério, e mais sério seria se ela, compromissada com um homem, ficasse grávida de outro. Prontamente, o anjo acalmou mais uma vez o seu coração, dizendo: O Espírito de Santidade virá, e o poder do Altíssimo repousará sobre ti (Lc 1.35), mas anuncia também que Elisabete, conhecida como estéril, está no sexto mês de gravidez, ressaltando a Mariam, para ajudá-la a compreender melhor a notícia de sua gravidez sobrenatural, pois nada é difícil para Deus (Lc 1.37). Diante de tudo que ouviu, ela se rendeu a Deus (Lc 1.38). No entanto, Lucas não menciona toda a situação que envolveu José quando tomou conhecimento da gravidez de Mariam, como Mateus. Para ele, José não era tão importante, pois o ponto em que estava concentrado era apresentar Jesus, o Filho de Deus, e o comportamento de Mariam diante dessa inusitada e especial condição de ser mãe do Salvador do mundo.

    É possível que a motivação para Lucas narrar com tantos detalhes sobre os primeiros anos de Jesus seja o seu objetivo de alcançar gentios e judeus que tinham o anseio de conhecer a nova doutrina apregoada por toda a região por Jesus, a qual era bem diferente da doutrina da lei pregada pela religião de Israel, ao mesmo tempo em que seus destinatários passavam por provações face a situação social, política, econômica e religiosa da região, governada pelo império romano. Entretanto, Lucas identifica um dos seus destinatários como um tal Teófilo, provavelmente um romano, religioso, mas não bem informado.

    Uma novidade surpreendente

    No tempo em que Mariam cuidava da sua gestação, outros fatos importantes aconteciam para contribuírem com o cumprimento da palavra de Deus como, por exemplo: os preparativos para o nascimento de seu filho Jesus.

    É destacado por Lucas o anúncio do nascimento de João Batista no tempo em que Herodes era rei da Judeia. Zacarias, do ministério da casa de Abias, e Elisabete, uma das filhas de Arão, ambos já eram avançados em idade e eram justos diante de Deus, e não tinham filho, sendo ela estéril (Lc 1.5-7). O referido anúncio foi feito por anjo de Yahweh que apareceu no turno em que Zacarias estava ministrando. E, segundo o anjo, ele estava ali porque Deus ouviu as suas orações e, como foi feito com Jesus, o anjo já disse qual deveria ser o nome do menino: João, mas ele seria especial quanto ao seu modo de vida, pois iria observar a prescrição dada para aquele que fosse nazireu de Deus (Nm 6.3; Jz 13.4) - não beberá vinho e nem licor -, e o mais especial que viria a  marcar a sua vida: e será cheio do Espírito de Santidade ainda desde o ventre de sua mãe (Lc 1.15). Contudo, sua missão não seria nada fácil, pois iria preparar a nação para a chegada do Messias tão anunciado pelos profetas e aguardado por todo o Israel, pregando a necessidade de arrependimento e conversão dos pecados (Lc 1.16-17). Zacarias teve a infelicidade de mostrar sua incredulidade à promessa de Deus ao querer saber como seriam as coisas, mas recebeu uma repreensão do anjo que o levou a ficar mudo até o nascimento de seu filho João, e sua mudez foi notória entre todos que o conheciam, e o povo, por sua vez, entendeu que Zacarias tivera uma visão (Lc 1.18-22).

    Quando Elisabete se encontrava com seis meses de gravidez, Mariam foi visitá-la, e ao saudá-la, segundo testemunho de Elisabete, a criança saltou de júbilo em seu ventre (Lc 1.41,44), e deu resposta à saudação recebida aos gritos: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto que está no seu ventre (Lc 1.42). Ouvindo tais palavras de Elisabete, Mariam canta a Deus em gratidão por tudo que foi revelado a ela. E ficou com Elisabete mais três meses, e depois retornou à sua casa (Lc 1.46-56).

    O nascimento de João se deu após três meses do retorno de Mariam e foi levado o menino para ser apresentado por seu pai Zacarias, ocasião em que ele voltou a falar quando confirmou o que havia escrito: João é o seu nome (Lc 1.63), quando era comum o pai colocar o nome de algum membro da família (Lc 1.61). Lucas faz destaque para o nascimento de João, que entre os vizinhos e parentes, houve muita alegria com a gravidez de Elisabete (Lc 1.58), e após o nascimento sobreveio temor sobre todos os seus vizinhos, sendo o assunto principal por toda a região montanhosa da Judeia (Lc 1.65). Aqueles que ouviam essa notícia, ficavam a perguntar: quem, pois, será este menino?, e era testemunhado por todos que a mão de Yahweh, estava com ele (Lc 1.66).

    Zacarias observou o que mandava a lei e marcou a apresentação de João com o anúncio da profecia, pois foi cheio do espírito de Santidade (Lc 1.67), ao falar sobre Jesus, entendido como o poder de Salvação na casa de Davi seu servo (Lc 1.69), e em seguida dirige suas palavras ao seu filho, João, confirmando-o como profeta do Altíssimo com a missão de ir adiante da presença do Senhor para preparar o seu caminho (Lc 1.76-79). E para encerrar essa seção sobre João, Lucas destaca que ele crescia, e se fortalecia em espírito, e andou pelo deserto até o dia de aparição pública a Israel (Lc 1.80).

    O maior acontecimento da história

    Um outro evento ocorrido, notado por Lucas, é como Deus conduz a história a fim de cumprir sua palavra. Neste caso, um edito do imperador romano, Augusto César, para se fazer um censo de toda a nação de Israel que estava sob o seu domínio (Lc 2.1). O censo se deu quando Quirino era governador da Síria (Lc 2.2), onde todos eram obrigados a se registrar na sua cidade de origem. E como José era de Belém, por ser da casa e da família de Davi (Lc 2.4), ele subiu com sua esposa Mariam para fazer a inscrição no tempo próximo em que ela estava para dar à luz a seu filho primogênito, que ao nascer foi enrolado numas roupinhas e colocado numa manjedoura, por uma razão humanamente absurda, fora do bom senso: porque não havia lugar onde eles se alojassem (Lc 2.7).

    Nesse tempo, Mateus, sim, Lucas, não, anota a presença da chegada dos magos do oriente a Jerusalém, no tempo de Herodes, querendo saber Onde está o rei dos judeus que nasceu? , à luz da sua estrela no oriente (Mt 2.1). Ouvindo isso, Herodes ficou perturbado e todos quantos tomaram conhecimento do que os magos vieram fazer em Jerusalém, contudo, nenhum dos religiosos sabia responder à pergunta dos magos. Mas desejaram saber o lugar, foi quando os magos responderam citando as palavras do profeta Miqueias: E tu Belém da Judéia, de maneira alguma és inferior, pois de ti sairá um rei que governará o meu povo Israel (Mq 5.2; Mt 2.6). Herodes ouviu a profecia e os ordenou a voltarem e confirmarem o lugar exato com o falso pretexto de querer adorá-lo (Mt 2.7-8). Os magos foram e chegaram ao lugar que a estrela indicou e lá estava o menino Jesus (Mt 2.9). Ficaram alegres ao verem a estrela parada sobre aquele lugar, e ao entrarem na casa contemplaram o menino nos braços de sua mãe, e numa atitude de adoração, prostrando-se o reverenciaram, ofertando seus tesouros ouro, mirra e incenso (Mt 2.11).

    Depois daquele momento especial, foram avisados por sonhos a não irem para Herodes, conforme o combinado anteriormente, e retornaram ao seu país por outro caminho (Mt 2.12). Entretanto, Lucas cita a aparição de um anjo a um grupo de pastores que estavam no campo guardando seus rebanhos, e a aparição se deu durante as vigílias da noite, a qual provocou um grande temor (Lc 2.8-9). E esse anjo fez o anúncio do nascimento do Salvador, o Senhor, o Cristo em Belém, a cidade de Davi (Lc 2.11). E para tornar o anúncio algo inesquecível, aparece um grande coral de anjos dando Glória a Deus e abençoando a terra com

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