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Comentário Biblico Swindoll - Tiago e 1,2 Pedro
Comentário Biblico Swindoll - Tiago e 1,2 Pedro
Comentário Biblico Swindoll - Tiago e 1,2 Pedro
E-book571 páginas11 horas

Comentário Biblico Swindoll - Tiago e 1,2 Pedro

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Sobre este e-book

Tiago e Pedro escreveram suas cartas a cristãos que haviam se dispersado pelo mundo romano do primeiro século. Judeus e gentios estavam igualmente feridos e desanimados, lutando para perseverar em meio às dificuldades, manter a prática das boas obras, promover a paz nas igrejas e viver com paciência na expectativa da volta de Jesus.

Tiago escreveu a cristãos judeus que estavam lutando para andar pelo caminho trilhado por Jesus. Sua carta é uma enfática exortação à fé autêntica — a fé que produz obras genuínas.

Os primeiros leitores de Pedro também precisavam urgentemente de ânimo. Em sua primeira carta, o autor apresenta uma mensagem de esperança para aqueles que, apesar de escolhidos por Deus, estavam vivendo como exilados.

Várias vezes o apóstolo lhes traz à lembrança o fundamento da esperança que eles nutriam — o próprio Cristo. A segunda carta de Pedro, por sua vez, assemelha-se a um testamento, uma declaração de última vontade feita a crentes de todas as gerações — uma série de lembretes urgentes que advertem contra as falsas doutrinas e contra a transigência moral nos últimos dias.

Nesta fantástica série de comentários bíblicos, Charles R. Swindoll — um dos mais influentes pregadores e comentaristas da atualidade — revela ensinamentos atemporais e lições práticas para o cristão do século 21.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de nov. de 2021
ISBN9786586048490
Comentário Biblico Swindoll - Tiago e 1,2 Pedro

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    Comentário Biblico Swindoll - Tiago e 1,2 Pedro - Charles R. Swindoll

    PERCEPÇÕES SOBRE TIAGO

    Os cristãos judeus do primeiro século esforçavam-se para perseverar no meio das dificuldades, para se manter na prática de boas obras, promover a paz nas igrejas e viver com paciência na expectativa da volta do Senhor. Eles sabiam que Jesus é o Caminho para a vida, mas precisavam de um guia que os ajudasse a trilhar esse Caminho ao longo da vida. Nós também! No meio das lutas da vida diária, todos nós podemos nos valer de uma dose do cristianismo ativo de Tiago.

    A diáspora judaica no primeiro século

    TIAGO

    INTRODUÇÃO

    Vivemos em um mundo onde a política impera. Neste mundo, a imagem pública de uma pessoa muitas vezes fala mais alto que a realidade particular. De modo geral, quem você conhece tem precedência sobre o que você conhece. Apelar para nomes de pessoas influentes muitas vezes traz mais resultados do que talentos ou competência. Essas afirmações cínicas não se aplicam apenas à esfera política, onde o que dita as regras é o toma lá dá cá. Infelizmente, esse velho sistema tende a corromper também a maior parte dos segmentos sociais como o mundo dos negócios, a vida acadêmica, o universo do entretenimento e, claro, até mesmo a igreja.

    É por isso que as palavras iniciais do livro de Tiago são tão inspiradoras. À semelhança de uma brisa que atravessa um quarto embolorado, a natureza despretensiosa dessas poucas palavras iniciais afasta a arrogância, o ego e a soberba. Escritas por um homem que poderia tirar vantagem do Nome que está acima de todos os nomes, essas palavras de saudação simples e diretas dão o tom de uma carta que, transmitindo uma mensagem radical de autenticidade e humildade, toma de assalto nossas tendências humanas naturais ao pecado e ao egoísmo.

    A IDENTIFICAÇÃO DE TIAGO

    A carta nos coloca diante de um problema já em sua primeira palavra, Tiago. Qual Tiago a escreveu? A forma como ele se apresenta, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo (1.1), não nos leva muito longe. Ao contrário dos primeiros destinatários da carta, precisamos fazer uma pesquisa para descobrir qual Tiago foi o autor dessas palavras.

    Se corrermos os olhos pelo Novo Testamento, encontraremos quatro ou — dependendo de como fizermos a contagem — cinco homens com esse nome (veja o quadro Cinco indivíduos chamados Tiago). Não é muito difícil eliminar dois desses nomes. Tiago, pai de Judas, aparece no Novo Testamento apenas em Lucas 6.16. E Tiago, filho de Alfeu, provavelmente também chamado Tiago, o Menor, embora fosse um dos Doze, desaparece do relato bíblico depois da experiência no cenáculo no dia de Pentecostes (At 1.13). Esses dois podem tranquilamente ser descartados como candidatos a autor da carta.

    Ficamos então com Tiago, filho de Zebedeu e irmão do apóstolo João (número 2), e Tiago, meio-irmão de Jesus (número 4). O primeiro Tiago, o Filho do Trovão, teve um papel de destaque na liderança da jovem igreja como integrante do trio mais próximo de Jesus (Pedro, Tiago e João), mas foi o primeiro dos Doze a sofrer o martírio no reinado de Herodes Agripa I. Isso aconteceu por volta do ano 44 d.C., durante uma perseguição que acabou dispersando mais ainda os cristãos judeus por todo o mundo romano (At 12.2). Logo depois dessa perseguição, Tiago, meio-irmão de Jesus (número 4), assume a liderança da igreja perseguida em Jerusalém (At 12.17; 15.13; 21.18). Esse Tiago, criado com Jesus na casa de José e Maria, é quem provavelmente escreveu a carta que leva seu nome.

    CINCO INDIVÍDUOS CHAMADOS TIAGO

    Nas páginas do Novo Testamento aparecem quatro (talvez cinco) pessoas chamadas Tiago.

    TERMOS-CHAVE EM TIAGO

    Essa identificação do autor com o meio-irmão de Jesus remonta aos primeiros séculos da história do cristianismo. Essa é a opinião da maioria dos estudiosos do Novo Testamento que seguem uma linha mais conservadora. O tom e o conteúdo da carta se enquadram naquilo que poderíamos esperar de um líder bem conhecido da primeira igreja formada por cristãos judeus.

    UMA RECAPITULAÇÃO DA VIDA DE TIAGO

    Agora que já identificamos o autor do livro como Tiago, irmão de Jesus, o que sabemos sobre ele que poderá nos ajudar na leitura de sua carta? A seguir, vamos pintar um retrato pertinente da vida de Tiago.

    Ninguém que ocupe a posição de segundo filho em uma família consegue sequer imaginar como para Tiago deve ter sido difícil sofrer da síndrome do segundo filho, sendo irmão mais novo de alguém que nunca pecava. Mas era exatamente essa a situação de Tiago. Será que você consegue pelo menos imaginar algo assim? Jesus sempre atendia de imediato ao chamado de sua mãe. Ele sempre lavava bem as mãos antes de comer. Sempre cumpria suas tarefas domésticas com rapidez e boa vontade. Sempre obedecia. E ali estava Tiago, nascido com uma natureza pecaminosa como todos nós, vivendo à sombra de um irmão mais velho que era o próprio Deus encarnado. Longe de ser perfeito, Tiago era um irmão mais novo que desde o início era portador de um problema congênito.

    Imagino que Tiago tenha ficado feliz quando Jesus finalmente saiu da casa dos pais. Mas, tempos depois, seu irmão mais velho voltou para a cidade onde havia sido criado, alegando ser o cumprimento das promessas messiânicas há muito esperadas (Lc 4.16-21). O que você acha que Tiago pensou de seu irmão mais velho? Não precisamos ficar na dúvida. João 7.5 diz: Pois nem seus irmãos criam nele. E Marcos 3.21 registra que seus familiares saíram para impedi-lo, pois diziam: ‘Ele está fora de si’.

    Assim, ao longo dos Evangelhos encontramos Tiago em um estado de incredulidade e ceticismo com relação a seu irmão mais velho. No entanto, aconteceu uma mudança. Em 1Coríntios 15.7, o apóstolo Paulo nos apresenta um breve relato de um fato do qual jamais teríamos conhecimento se não fosse por esse texto — o Jesus ressurreto aparece a Tiago. Acho que não devemos ficar fazendo suposições sobre a natureza dessa visita, mas suponho que ela tenha sido diferente do encontro indispensável que Paulo teve com Jesus na estrada de Damasco — aquele cujo esplendor o deixou cego (At 9.1-9).

    Pelo contrário, imagino Jesus colocando o braço sobre os ombros de Tiago, sussurrando-lhe palavras de amor e ânimo — palavras que durante toda a sua vida ele tinha desejado ouvir.

    Não importa o que tenha acontecido, a verdade é que, depois da ascensão do Senhor, quando os discípulos de Jesus se reuniram no cenáculo, Tiago estava entre eles (At 1.14). Ele viveu a experiência do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes (At 2) e o consequente crescimento da igreja de Jerusalém no meio da perseguição (At 3—9). Com certeza, Tiago tinha um papel ativo na igreja de Jerusalém quando Estêvão foi preso e depois martirizado por sua fé (At 6.8—8.2). Tiago devia saber que um jovem e zeloso estudante da lei, conhecido como Saulo de Tarso, havia apoiado a morte brutal de Estêvão e assolava a igreja; entrando pelas casas, arrastava homens e mulheres e os colocava na prisão (At 8.3).

    Logo após sua conversão na estrada de Damasco (At 9.1-18; 32 d.C.), Saulo de Tarso, agora Paulo, o apóstolo, voltou para Jerusalém para se reunir com os líderes da igreja que ele havia perseguido com tanta crueldade (35 d.C.). Atos 9.26-28 nos traz o registro dessa visita:

    Ao chegar em Jerusalém, Saulo procurou juntar-se aos discípulos; mas todos tinham medo dele e não acreditavam que ele fosse um discípulo. Então Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos e lhes contou como no caminho ele vira o Senhor e que este lhe falara, e como em Damasco pregara corajosamente em nome de Jesus. Assim, ele passou a andar com eles livremente em Jerusalém, pregando com coragem em nome do Senhor.

    A igreja de Jerusalém aceitou o testemunho de Barnabé e recebeu Saulo como membro da comunidade de cristãos, até mesmo o acolhendo na comunhão dos apóstolos. Digno de menção é o fato de que, naquela reunião, Saulo foi falar com Tiago (Gl 1.19). Talvez Tiago tenha se lembrado de que havia se recusado a aceitar Jesus como o Messias, embora tivesse convivido com ele durante toda a sua vida. À semelhança de Saulo de Tarso, Tiago também havia finalmente mudado de opinião. Por meio da atuação de sua graça, Deus lhe havia tocado o coração, levando-o a olhar para seu irmão Jesus de uma perspectiva inteiramente nova. Assim, depois de dez ou quinze anos, Tiago escreveu o primeiro livro do Novo Testamento, o breve e prático manual da vida cristã que conhecemos como carta de Tiago.

    Por volta de 49 d.C., houve na igreja um desentendimento que ameaçava destruir a unidade entre judeus e gentios. Atos 15.1 nos diz: Certos homens que desceram da Judeia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes, segundo o costume instituído por Moisés, não podeis ser salvos. Naturalmente, esse acréscimo da circuncisão ao evangelho preocupou Paulo e Barnabé, que estavam pregando uma mensagem de salvação simplesmente pela graça através da fé e sem a participação das obras (Gl 2.15-21). Desejosos de resolver a questão, Paulo e Barnabé foram imediatamente para Jerusalém com o intuito de consultar os apóstolos e presbíteros, incluindo Pedro e Tiago.

    Depois que Paulo apresentou a defesa de seu pensamento aos líderes em Jerusalém, Pedro tomou a palavra e lembrou ao concílio que Deus havia salvado os gentios exclusivamente pela fé quando pregou o evangelho a Cornélio e sua família (At 15.7-11; veja 10.1—11.18). Depois que Paulo e Barnabé haviam contado a história de seu ministério miraculoso entre os gentios (At 15.12), Tiago levantou-se e deu apoio a Pedro e Paulo:

    "Irmãos, ouvi-me. Simão relatou como primeiramente Deus foi ao encontro dos gentios para formar dentre eles um povo dedicado ao seu Nome. E com isso concordam as palavras dos profetas; como está escrito:

    DEPOIS DISSO VOLTAREI E RECONSTRUIREI A TENDA DE DAVI, QUE ESTÁ CAÍDA; RECONSTRUIREI AS SUAS RUÍNAS E TORNAREI A LEVANTÁ-LA; PARA QUE O RESTANTE DOS HOMENS BUSQUE O SENHOR, SIM, TODOS OS GENTIOS, SOBRE OS QUAIS SE INVOCA O MEU NOME, DIZ O SENHOR QUE FAZ ESSAS COISAS, CONHECIDAS DESDE A ANTIGUIDADE.

    Por isso, penso que não se deve perturbar os que dentre os gentios se convertem a Deus, mas escrever a eles que se abstenham das contaminações dos ídolos, da imoralidade, da carne de animais sufocados e do sangue. Porque, desde tempos antigos, em cada cidade, Moisés tem homens que o preguem, e é lido a cada sábado nas sinagogas" (At 15.13-21).

    As palavras sábias e convincentes de Tiago estabeleceram a base sobre a qual o concílio de Jerusalém decidiu confirmar o evangelho da salvação somente pela graça e através da fé conforme pregado por Paulo. Concordando com Paulo e Barnabé, os apóstolos e presbíteros de Jerusalém rejeitaram com firmeza o acréscimo das obras ao evangelho — e por isso somos muito gratos! No entanto, com o objetivo de manter a unidade entre cristãos judeus e gentios, o concílio de Jerusalém pediu aos convertidos gentios que evitassem práticas que os judeus consideravam ofensivas (At 15.28-29; 21.25). Em suma, Tiago queria se certificar de que a fé genuína fosse autenticada por obras que honrassem a Deus.

    Tiago reaparece no livro de Atos cerca de dez anos depois (c. 58 d.C.). Pouco antes de ser preso e enviado a Roma, Paulo voltou a Jerusalém depois de sua terceira viagem missionária e encontrou-se com Tiago, que nessa época era claramente o líder dos cristãos judeus na cidade (At 21.15-19). Procurando livrar Paulo das acusações de que ele induzia os judeus a abandonarem seus costumes quando se convertiam a Cristo, Tiago e os outros presbíteros em Jerusalém incentivaram Paulo a participar de um ritual de purificação no templo (At 21.23-24). Esse relato nos mostra que Tiago, um judeu que vivia em Jerusalém e era líder dos cristãos judeus, continuava a guardar a Lei como testemunho para outros judeus. A última coisa que ele queria é que a fé verdadeira em Jesus como o Messias fosse difamada sob a alegação de terem ele e seus colegas voltado as costas para a Lei de Moisés. A Lei não era absolutamente um meio de salvação, mas para Tiago e muitos cristãos judeus ela era um meio de testemunhar aos judeus que não criam, ou seja, o testemunho de que a fé lhes dava capacidade de praticar boas obras.

    Historiadores antigos nos informam que Tiago continuou morando e ensinando em Jerusalém, de modo que muitos judeus e outros que visitavam a cidade foram por ele convencidos de que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. Tido em alta estima por causa de sua espiritualidade, ele passava tanto tempo orando de joelhos no templo que recebeu o apelido joelhos de camelo. Até mesmo seus adversários, os escribas e fariseus, não viam nele falta alguma — com exceção, é claro, de sua fé equivocada em Jesus como o Messias.

    Mas a fé autêntica de Tiago acabou levando-o à morte. Sua fé verdadeira em Cristo — comprovada por suas boas obras, fortalecida pelo sofrimento e amadurecida pela sabedoria concedida por Deus — atraiu a ira da elite religiosa cada vez mais dominada por inveja e fanatismo. Os atos e palavras de Tiago levaram milhares de judeus a Cristo, mas as forças anticristãs de Jerusalém acabaram se cansando dele. Eusébio, antigo historiador da igreja, narra os acontecimentos que levaram ao embate final entre Tiago e seus adversários:

    Mas depois que Paulo, em consequência de sua apelação a César, havia sido enviado a Roma por Festo, os judeus, frustrados por não conseguir pegá-lo nas armadilhas que haviam armado para ele, voltaram-se contra Tiago, o irmão do Senhor. […] Levado para o meio deles, exigiram-lhe que renunciasse à fé em Cristo na presença de todo o povo. Mas, contrariando a opinião de todos, em alto e bom som, e com mais coragem do que esperavam, ele falou perante toda a multidão e confessou que nosso Salvador e Senhor Jesus é o Filho de Deus. Mas eles não suportavam mais ouvir o testemunho do homem que, em razão da excelência de sua virtude ascética e da piedade que revelou em sua vida, era estimado por todos como o mais justo dos homens, e consequentemente o mataram.²

    Josefo relata que Tiago foi apedrejado, mas Eusébio registra que ele foi lançado do pináculo do templo e depois surrado até a morte com um bastão.³ Quaisquer que sejam os detalhes de sua execução violenta e injusta em 62 d.C., Tiago, irmão de Jesus, foi submetido ao martírio por causa de sua fé.

    DADOS PRELIMINARES DA CARTA DE TIAGO

    Por causa de sua linhagem, de seu cargo, parentesco e legado, Tiago poderia muito bem ter começado assim sua carta:

    Tiago, da tribo da Judá, da casa de Davi, da linhagem real dos reis de Judá…

    ou

    Tiago, o mais velho dos irmãos de Jesus, Filho do Deus encarnado…

    ou

    Tiago, pastor da Primeira Igreja Cristã do mundo…

    ou

    Tiago, companheiro de Pedro, Tiago, João, Paulo e dos outros apóstolos…

    Sim, ele poderia ter mencionado todos esses nomes, apelado para sua posição e impressionado seus leitores com títulos que fazem bem ao ego. Mas, conforme veremos à medida que lermos sua carta, esse tipo de orgulho é uma das coisas contra as quais ele luta. Esse pode ser o estilo do nosso mundo em que o eu vem em primeiro lugar, mas com Tiago não era assim. Em vez disso, ele começa sua epístola dizendo simplesmente: Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo (1.1). Tiago era um servo (doulos [1401]), um empregado ou escravo — posição não valorizada na cultura de classes do mundo romano. O fato de ser escravo de Deus e submisso a Jesus Cristo, porém, não era visto por Tiago como um peso ou maldição, mas como uma honra gloriosa.

    Depois de se apresentar, Tiago dirige-se a seus leitores, conforme o costume nas cartas daquela época. A quem a carta foi escrita? Às doze tribos da Dispersão (1.1).

    A maioria das doze tribos históricas de Israel havia perdido sua identidade séculos antes nos cativeiros da Assíria e da Babilônia, mas a expressão doze tribos de Israel continuava a ser usada como figura de linguagem relativa aos filhos de Israel espalhados por todo o mundo. O termo Dispersão reforça a ideia de que Tiago estava se dirigindo principalmente a cristãos judeus, muitos dos quais ele provavelmente havia conhecido em Jerusalém antes que fossem dispersos em consequência da perseguição à igreja perpetrada pelas autoridades judaicas que não criam em Jesus. Ao longo da carta, ele diversas vezes refere-se a seus leitores como irmãos, indicando que estava se dirigindo a pessoas que criam em Jesus, não simplesmente a todos os judeus dispersos pelo mundo romano.

    Portanto, Tiago era um cristão judeu escrevendo a outros cristãos judeus no primeiro século, que se encontravam dispersos, ou seja, na Dispersão (diaspora (1290)], espalhados como sementes lançadas em um campo. Quando Tiago escreveu a carta, as comunidades de judeus já haviam se estabelecido por todo o mundo romano em consequência de diversos movimentos de exílio da Terra Santa. Além disso, por volta dessa época, o imperador romano Cláudio perseguiu os judeus de Roma e os expulsou da cidade. Os empreendimentos comerciais dos judeus foram boicotados. Os filhos de judeus eram zombados nas escolas e delas eram expulsos. Os tempos eram difíceis, e a vida era impiedosa. Assim, os cristãos judeus, como estes a quem Tiago escreve sua carta, pareciam estar vivendo uma dupla Diáspora. Estavam debaixo não somente da ira romana pelo fato de serem judeus, mas muitos haviam sido expulsos das comunidades judaicas por causa de sua fé no Messias! Mais do que quaisquer outros, os cristãos judeus viviam sem raízes e saíam da Judeia em busca de um novo lar. Muitos se encontravam em um limbo social e religioso.

    Eu creio no poder que o sofrimento tem para purificar e amadurecer, mas também acredito que o sofrimento extremo e inexorável pode confundir e destruir. Muitos desses cristãos judeus estavam começando a se cansar, sentindo-se tentados a renegar suas raízes judaicas ou a desistir da fé em Cristo. Muitos diziam crer na verdade de Deus no que diz respeito ao Senhor Jesus, mas, em face das pressões a que estavam sendo submetidos, eles começavam a viver uma mentira.

    Nesse contexto de sofrimento, confusão e desistência, não nos surpreende que Tiago estivesse escrevendo uma carta com sérias exortações. Lembremo-nos de que essa carta não era um tratado teológico, nem uma defesa do evangelho no tocante à pessoa e obra de Cristo, nem uma narrativa da história cristã. A carta parte da premissa de que seus leitores já conheciam todas essas coisas. O fato é que Tiago está redigindo uma carta que trata da fé autêntica vivida em um mundo hostil.

    Este é o tema principal do livro de Tiago: a verdadeira fé produz obras genuínas. Em outras palavras, aquele que de fato encontrou o caminho anda por esse caminho. Se você diz: Eu aceitei Jesus Cristo, ele é meu Senhor e Salvador, Tiago responde: Então dê prova dessa verdade através de sua vida. Que seus atos externos sejam reflexo de sua realidade interna. Justifique sua fé perante os outros através da prática de boas obras. Quando nos damos conta desse tema preponderante, muitos trechos e versículos difíceis da carta ficam mais claros.

    Na primeira grande divisão, incluindo todo o capítulo 1, Tiago diz a seus leitores que a verdadeira fé produz uma estabilidade genuína. Quando a fé verdadeira é colocada sob pressão, ela não é esmagada, mas persevera. Tiago sustenta essa alegação com três exemplos. Primeiro, ele mostra que as provas e tribulações da vida não destroem a fé, mas lhe dão profundidade e a fazem crescer (1.1-12). Segundo, ele nos lembra de que somos capazes de enfrentar as tentações por meio da fé genuína (1.13-18). Terceiro, ele explica que os verdadeiros cristãos respondem de forma positiva à Palavra de Deus e mudam de vida para se adequar à verdade dessa Palavra (1.19-27).

    A segunda grande divisão começa em 2.1 e vai até 3.12. Nesse trecho, Tiago afirma que a verdadeira fé produz um amor genuíno. A verdadeira fé não falha, mesmo quando debaixo da pressão de várias circunstâncias, desafios sociais e lutas pessoais. É uma fé que não vacila, mas gera respostas que priorizam os outros. A verdadeira fé levanta-se contra o preconceito (2.1-13), justifica-se através da obediência e das obras (2.14-26) e refreia a língua agressiva (3.1-12). A fé genuína não gera indivíduos ingênuos, passivos e titubeantes, mas fortes ações de amor audaz e estável.

    Na terceira divisão, Tiago declara que a verdadeira fé produz uma humildade genuína (3.13-5.6). Ele estabelece um contraste entre a ambição deste mundo e a sabedoria celestial; a primeira traz como resultado inveja e conflitos, mas a outra gera justiça e paz (3.13-18). Tiago oferece conselhos práticos para derrotar comportamentos mundanos na igreja, incluindo os que causam divisão (4.1-10). Em seguida, ele exorta seus leitores a vencerem o orgulho com a verdadeira humildade diante de Deus (4.11-17). Ele também adverte os ricos para que vivam de forma responsável com suas riquezas (5.1-6).

    Na última parte da carta, Tiago reafirma que a verdadeira fé produz uma paciência genuína (5.7-20). Aqueles cristãos angustiados por circunstâncias que lhes desafiavam a fé precisavam ouvir palavras que lhes dessem coragem. Tiago exorta seus leitores a ter paciência no meio do sofrimento, pois o Senhor está voltando (5.7-12). Ele os incentiva a procurar saúde física e espiritual (5.13-18). E encerra sua carta profundamente prática com uma exortação para que os cristãos desviados sejam reconduzidos ao caminho certo (5.19-20).

    Os cristãos judeus do primeiro século esforçavam-se para perseverar no meio das dificuldades, para manter as boas obras, promover a paz nas igrejas e viver com paciência na expectativa da volta do Senhor. Eles sabiam que Jesus é o Caminho da vida, mas precisavam de um guia que os ajudasse a trilhar esse Caminho ao longo da vida. Nós também! No meio das lutas da vida diária, todos nós podemos nos valer de uma dose do cristianismo ativo de Tiago.

    Os dois estavam em pé e com água azul-esverdeada na altura da cintura. A luz dançava sobre a superfície do rio, à medida que o sol atravessava as nuvens e iluminava dois homens que pareciam discutir um com o outro. Um deles, vestido com uma roupa simples feita com pelos de camelo e um cinto de couro, levanta as mãos e balança levemente a cabeça como se estivesse discordando de alguma coisa. Com os olhos fechados, tange o peito e aponta para si mesmo.

    O outro, também com trinta e poucos anos e usando uma vestimenta e um cinto próprios do povo comum, havia se preparado para o batismo e fora levado até o profeta João pelos discípulos mais jovens deste. Depois de uma breve interação entre os dois, João, ainda hesitante, coloca as mãos sobre o jovem chamado Jesus e o submerge.

    Quando Jesus saiu das águas do rio Jordão, João Batista olhou para o céu e viu que a luz do sol, antes entrecortada por uma nuvem que passava, agora rompia com intenso esplendor. Mas seus olhos estavam fixos em algo que somente ele conseguia enxergar. Ainda dentro da água, ele dá um passo atrás, quase perde o equilíbrio, mas seus discípulos o seguram.

    O que foi, mestre? O que o senhor viu?

    O Espírito de Deus descendo em forma de pomba, respondeu João. E uma voz — uma voz do céu que dizia: ‘Este é meu Filho amado de quem me agrado’.

    João e seus discípulos ficaram olhando o homem chamado Jesus sair da água pela outra margem do rio, que ficava na direção do deserto. Em vez de seguir pela margem do sinuoso rio Jordão, Jesus, ainda com água pingando das roupas, seguiu uma pomba que voava para o leste na direção do deserto.

    Durante quarenta dias e quarenta noites, Jesus foi tentado, testado e colocado à prova. Exausto, sentindo fome e sede, ele andava trôpego entre as pedras, dormia sobre a areia áspera e vagava debaixo de um sol quente e impiedoso. Mas essas dificuldades físicas não eram nada se comparadas às tentações que ele enfrentou. Como um líder militar que constrói uma rampa de acesso à alma, Satanás tentou o Filho de Deus, procurando convencê-lo a satisfazer seus desejos humanos (Mt 4.1-4), a desviar-se do plano divino de salvação por meio do sofrimento (Mt 4.5-7) e até mesmo a prostrar-se para adorá-lo (Mt 4.8-11). Jesus suportou um período excruciante de testes e tentações físicas, mas saiu vitorioso e com o brilho perfeito de suas verdadeiras qualidades — Homem perfeito e Deus perfeito. Mas as provas a que Jesus foi submetido ainda não haviam acabado. Durante os três anos seguintes de ministério público, ele continuaria a enfrentar rejeição, perseguição, falsas acusações, abandono, insultos, zombaria, agressões físicas e, por fim, a crucificação, antes da consumação de sua obra.

    TERMOS-CHAVE EM TIAGO 1.1-27

    Os que creem em Jesus Cristo o seguem no batismo, recebem a bênção do Espírito Santo e são chamados filhos de Deus por adoção. Mas muitas vezes nos esquecemos de que a dádiva da fé que nos salvou sempre será colocada à prova por meio de provações e tentações ao longo de toda nossa vida. Como se vagássemos por um deserto de dificuldades e ilusões, como cristãos enfrentamos as provações da vida e as tentações que visam a nos fazer pecar. Mas, a exemplo do Senhor, podemos encarar essas difíceis realidades com confiança e, em vez de cair sob o peso das tentações, responder às Escrituras com fé e obediência.

    O livro de Tiago desenvolve um tema preponderante: a verdadeira fé produz obras genuínas. No capítulo 1, Tiago afirma que a fé, uma vez colocada à prova, persevera. Ela gera estabilidade. Para ilustrar seu argumento, ele apresenta três exemplos. Primeiro, ele diz que as provas normais que nos acompanham na vida não destroem a fé genuína — elas geram perseverança (1.1-12). Em seguida, Tiago destaca o segredo para a vitória sobre as tentações: o poder que Deus nos concede (1.13-18). Por fim, ele explica que, à semelhança das tentações do Senhor Jesus no deserto, a fé genuína produz submissão à Palavra de Deus, moldando a vida do cristão segundo a imagem de Cristo (1.19-27).

    As provações da vida

    LEIA TIAGO 1.1-12

    Não precisamos dançar conforme a música da vida diária nem analisar sua melodia para perceber que muitas de suas notas são dissonantes. Ofensas, mágoas, decepções, desânimo, doenças, sofrimento, enfermidades e a morte sempre destoam naquilo que todos desejamos que fosse um coro cheio de harmonia. Por mais que tentemos muitas vezes reger a orquestra em busca de harmonia sonora, as notas dissonantes estão sempre doendo em nossos ouvidos.

    Essa realidade de sofrimento desperta em nós perguntas que dizem respeito à justiça de Deus e ao sentido da vida. Há milênios, grandes filósofos e teólogos têm tentado explicar a aparente incoerência entre a fé em um Deus plenamente bom e Todo-poderoso e a onipresença da perversidade, do mal e do sofrimento no mundo por Ele criado. Ao mesmo tempo, cientistas e santos têm igualmente lutado contra a ordem natural das coisas, em tentativas desesperadas de trazer alívio à vida infeliz da humanidade. No final, muita gente neste mundo acaba enfrentando sua breve existência amortecendo a dor com recursos que entorpecem o corpo ou a mente e desviam a atenção do sofrimento sem nunca conseguir acabar com ele: drogas, álcool, entretenimento, excesso de atividades, estudos, viagens e até atividades religiosas que procuram negar a realidade do mundo. Coisas como essas podem proporcionar um alívio temporário, mas as águas torrenciais das adversidades encobrem os mais altos picos de refúgio. As provas da vida — ou no fim a morte — sobrevêm a todos. Sem exceção.

    Ao introduzir sua tese de que a verdadeira fé produz obras genuínas, Tiago apresenta um argumento inicial que muitos pregadores hoje deixariam para as considerações finais — o problema do sofrimento e das provações na vida. Mas Tiago não poderia ter escolhido uma questão mais pertinente do que essa para comprovar sua tese da estabilidade da verdadeira fé. Conforme vimos na introdução e na saudação inicial, os leitores de Tiago estavam dispersos e enfrentando dificuldades para conciliar sua nova identidade como cristãos judeus em uma cultura que desprezava não só judeus, mas também cristãos. Em um contexto social como esse, é possível entender por que as provações levariam muitos a procurar uma alternativa mais confortável — voltar para o judaísmo ou desistir de viver a fé em Cristo. Mas uma situação como essa — ou bem parecida com ela — não se limita aos cristãos do primeiro século. O fato é que as dolorosas provações da vida atingem todas as gerações de cristãos ao longo da história — incluindo eu e você.

    1.1-4

    Conforme já vimos na introdução de Tiago, os destinatários de sua carta eram pessoas que estavam enfrentando adversidades. Em plena Dispersão, estavam desorientadas, desiludidas e provavelmente deprimidas. Estavam no meio do fogo cruzado das críticas, da violência e dos tratamentos injustos.

    Tiago cumprimenta aqueles cristãos perseguidos usando uma única palavra: Saudações (chairo [5436]). Embora fosse uma forma de cumprimento comum naquela época (At 15.23), chairo significa literalmente alegrar-se, como em Romanos 12.15: "Alegrai-vos (chairo) com os que se alegram!. O que estabelece o tom da carta é a difícil situação de seus leitores juntamente com a exortação de Tiago nas linhas seguintes para que eles considerassem tudo aquilo um motivo de grande alegria" [chara (5479)].

    Assim, sem hesitar, Tiago vai direto à discussão de seu tema mais urgente: as provações. A palavra grega traduzida por provação é peirasmos [3986] e aparece pela segunda vez em 1.12. Ela pode denotar as provas que desafiam a integridade da fé (como em 1Pe 1.6), mas também pode se referir às tentações, coisas que apelam à nossa tendência pecaminosa e desafiam nossa integridade moral (Lc 4.13). Em 1.2-12, Tiago está pensando no primeiro sentido da palavra — as provas que desafiam a fé daquele que crê. Depois, em 1.13-18, ele usa a palavra no segundo sentido — as tentações ao pecado. Antes de tratar do aspecto dos testes impostos por essas provações, vejamos duas coisas que Tiago nos diz neste versículo sobre as provas da fé.

    AS DUAS TRAJETÓRIAS EM TIAGO 1

    Primeira, ele nos diz que as provações são inevitáveis. Observe que Tiago não diz: "Considerai motivo de grande alegria se passardes por várias provações. Em vez disso, ele usa uma palavra que pode ser traduzida por quando" (hotan [3752]). À semelhança da própria morte, não há quem consiga escapar das provações nem evitá-las. Há poucas coisas das quais podemos ter certeza neste mundo, mas não tenha dúvida de que os problemas, as dificuldades e os desafios à fé virão.

    Em segundo lugar, Tiago nos diz que várias (poikilos [4164]) são as provações. Podemos achar que estamos perdendo tempo ao olhar para uma palavra que não parece importante, mas pense bem nela. Embora possamos esperar que as provações virão, não temos ideia da forma que elas podem assumir. A palavra grega poikilos pode significar diverso, variado ou multicolorido. Trocando em miúdos, as provações nos chegam em todas as formas e tamanhos. À semelhança de visitas que não convidamos, elas chegam sem avisar e demoram para ir embora! As provações podem ser frequentes e frustrantes, ou impressionantes, e mudar nossa vida. É impossível prevê-las.

    Mas Tiago também afasta o véu e permite que seus leitores vejam como as provações agem em nosso interior, revelando que elas têm um propósito. Ao traçar o caminho que os cristãos trilham ao longo da vida, Tiago afirma que a presença das provações traz resultados imediatos e extremos.

    Primeiro, a prova da fé produz perseverança (1.3). Esse é o resultado imediato. O termo prova (dokimion [1383]) refere-se a um meio de autenticação de alguma coisa. À semelhança de um garimpeiro que morde uma pepita de ouro para testar sua qualidade, Deus atua de modos específicos na vida de cada um de seus filhos para provar-lhes a fé e revelar o verdadeiro caráter dessa fé.

    Observe que o objeto da prova de Deus é vossa fé. Nosso Pai celestial não é nenhum cientista maluco que tenta torturar seus objetos de estudo para ver até que ponto eles aguentam. Ele se parece mais com um preparador físico que sabe quais músculos devem ser desenvolvidos, que alimentos devem ser ingeridos e que horários devem ser seguidos para que os melhores resultados sejam atingidos. O objetivo não é romper nossos músculos da fé, mas alongá-los e fortalecê-los, assim produzindo perseverança — a força para não desistir.

    A perseverança é apenas o resultado inicial. Mas ela própria tem um propósito maior, um resultado perfeito ou, literalmente, uma obra perfeita. É como se Deus estivesse dizendo: Em meu plano soberano, os eventos virão um após o outro, em uma sequência de testes, e sou eu quem aciona o primeiro deles — a perseverança. A perseverança, uma vez atingida, leva à maturidade, a qual, por sua vez, conduz a um caráter plenamente desenvolvido.

    As pessoas que considero donas de um caráter cristão extraordinário sempre são aquelas que aprenderam a enfrentar a vida dentro da fornalha. É aquela mãe que perde o filho e consegue dizer a Deus: Tu o deste, tu o levaste. Bendito seja o teu nome. É aquele pai que, depois de anos se sacrificando pela empresa, perde o emprego e diz à família: Hoje à noite, vamos juntos agradecer a Deus a oportunidade que Ele nos está dando para confiarmos nele. É aquele adolescente que diz: Não vou abrir mãos dos meus princípios. Vou manter meus padrões, mesmo que eu fique isolado e seja tratado como um estranho pelos meus colegas. Essa maravilhosa qualidade se chama maturidade. Quando nos mantemos firmes e não desistimos, vemos surgir estabilidade e solidez.

    Tiago declara que as provações inevitáveis chegam de diferentes formas à nossa vida e encerram propósitos específicos — elas desenvolvem a qualidade da perseverança e conduzem os filhos de Deus à maturidade. Nesses versículos, Tiago também nos diz como isso acontece. Como os cristãos, atolados em problemas, conseguem superar uma situação dessas sem ceder, desistir ou ficar abaixo das expectativas? O que eles podem fazer para lidar com as várias provações que cruzam o seu caminho? Em 1.2-4, Tiago usa a força de imperativos (ordens) referindo-se a três posturas que ele desejava ver em seus leitores: considerar (1.2), saber (1.3) e ter (1.4). Examinemos melhor cada uma delas.

    Os antecedentes da palavra grega traduzida por considerar (hēgeomai [2233]) são interessantes. A palavra deriva de um termo que significa conduzir ou guiar e deu origem à nossa palavra hegemonia, ou seja, a influência dominante ou que conduz alguma coisa. A palavra em grego podia denotar uma pessoa que ia à frente, liderando ou conduzindo uma fila ou cortejo. É provável que aqui o termo tenha uma função intensificadora de pensar, mas faz todo sentido que, para Tiago, a alegria seja o sentimento que conduz todas as nossas outras ações e posturas!

    Tiago emprega o verbo saber no presente do particípio para dizer a seus leitores como eles podem se manter alegres, positivos e até calmos no meio das provações. Sabendo que Deus tem um propósito mais elevado quando nos prova, o cristão pode considerar isso um motivo de grande alegria.

    Por fim, Tiago incentiva seus leitores a deixarem que a perseverança tenha ação perfeita (1.4). A linguagem transmite a ideia de cooperação com a obra de Deus. Em 1Pedro 5.6, encontramos uma ideia semelhante de cooperação passiva com o plano de Deus: Humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus, para que ele a seu tempo vos exalte. Assim como os dedos de um oleiro moldam uma obra de arte, os dedos de Deus também trabalham através das várias circunstâncias para produzir na vida de seu povo um resultado perfeito de maturidade e plenitude.

    Portanto, como os cristãos superam as dificuldades da vida diária? Eles as enfrentam com uma postura de alegria consciente, lembrando-se da obra que Deus está desenvolvendo em sua vida e cooperando com todo o processo.

    1.5-8

    Depois de apresentar uma perspectiva de bastidor do supremo propósito das provações e tendo oferecido conselhos práticos sobre como perseverar no meio delas com uma postura positiva, Tiago continua a discussão do tema e responde a uma pergunta recorrente: Por que as provações nos abatem?. Por que às vezes sucumbimos? O que nos impede de ter alegria para perseverar na vida dentro da fornalha? A resposta é: nossa falta de sabedoria.

    Portanto, quando nos sentimos sem condições de lidar com uma provação, temos uma alternativa: pedir sabedoria a Deus. Nesse contexto, sabedoria pode ser definida como a capacidade de ver a vida da perspectiva de Deus. Tiago nos diz que esse tipo de sabedoria é fruto de oração (1.5). Pode ser uma oração simples como esta: "Senhor, no meio dessa perda, ou sofrimento, ou derrota, peço que tu me concedas sabedoria. Ajuda-me primeiro a enxergar o que estou passando pela tua perspectiva e, por favor, dá-me fé

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