Imutável Lei
De Jr Silva
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Imutável Lei - Jr Silva
JR Silva
Imutável lei
Tudo a Deus pertence!
Textos elaborados em 2022 e 2023
Livro publicado em 2023
Medidas: 13 x 23 cm
Fonte Garamound 10, 12 e 20
Capa: Alex e JR Silva
Contatos por jrsilvaespirita@gmail.com
OEBPS/images/image0001.pngSumário
Apresentação 5
Prefácio 7
1 - Única e soberana lei 9
2 - Na oração íntima e sublime 23
3 - Trabalhe conservando seu corpo e desenvolvendo seu
pensamento 41
4 – Reprodução: obrigação, responsabilidade e perigo 57
5 – Conserve, mesmo com a certeza da destruição 67
6 – Entenda e respeite a Destruição 81
7 – Eternamente um ser social 91
8 – Progresso, sempre progresso 101
9 - Igualdade - A desigualdade lúcida 115
10 – Liberdade – A mais bonita das palavras 131
11 - Justiça, Amor e Caridade, ou Deus, Jesus e caridade? 145
12 – Perfeição moral e a Lei 155
Apresentação
Damos graças a Deus e a seus enviados por terem possibilitado esta modesta obra, que trata das Leis Morais de Deus, sob o entendimento espírita, conforme as Obras Fundamentais do Espiritismo, citadas por Allan Kardec no Catalogue raisonné des ouvrages pouvant servir à fonder une bibliothèque spirite, de 1869. As obras são: O Livro dos Espíritos; O Livro dos Médiuns; O Evangelho Segundo o Espiritismo; O Céu e o Inferno; A Gênese, os Milagres e as Predições; O que é o Espiritismo?; O Espiritismo em sua mais simples expressão; Resumo da lei dos Fenômenos Espíritas; Caracteres da revelação espírita; Viagem Espírita em 1862; e Revista Espírita (de janeiro de 1858 a abril de 1869).
Inusitadamente, vamos começar apresentando aquilo que não é objetivo desta obra: não pretendemos com este livro esgotar os assuntos relacionados às Leis Morais, tampouco as dificuldades de se respeitar uma conduta cristã, em conformidade com as Leis do Altíssimo; também não e objetivo das ideias contida nas linhas a seguir a pura repetição dos ensinamentos descritos nas Obras Fundamentais do Espiritismo, o que ocasionaria, inadvertidamente, apenas sinônimos do que já foi ensinado; obviamente, não há ainda nenhuma intenção de fugirmos da Pureza da Doutrina ou adentrarmos em assuntos que fogem do escopo do Espiritismo; por fim, não há nenhuma pretensão de adentrarmos, profundamente, nos demais ensinamentos que fundamentam o Espiritismo (como Deus, imortalidade, reencarnação, mediunidade, etc.), pois mesmo a Lei Divina sendo tema evidente do Espiritismo, discutiremos o papel dessa ressignificação da Lei de Deus nos fundamentos espíritas, não os preceitos espíritas.
O grande objetivo de Imutável Lei é propor reflexões fundamentadas nas Obras Fundamentais do Espiritismo e na literatura espírita complementar, sobre a Lei de Deus. Essas reflexões poderão provocar nos leitores algumas análises particulares, por vezes profundamente íntimas, sobre as já conhecidas Leis Morais de Deus, sob perspectivas contidas nas próprias Leis, mas de uma maneira que considera a atualidade da Humanidade.
Todavia, é necessário ressaltar que as impressões assinaladas a seguir, são produtos da contribuição conjunta com os amigos desencarnados, tanto na construção ideológica como textual.
Para isso, foi utilizado o auxílio de diversos trechos das Obras Fundamentais do Espiritismo, bem como de diversas outras obras espíritas complementares. Além disso, de forma suplementar e esporádica, foram buscados subsídios em literaturas não espíritas, mas também consideradas sérias.
Mesmo diante de constantes dificuldades, devido ao teor e complexidade do tema deste livro, a busca por uma leitura não enfadonha foi intermitente, já que mesmo se tratando de um assunto muito sério, não há necessidade de haver um texto denso e demasiadamente monótono. Sendo assim, serão comuns as exemplificações materiais e atuais.
Continuando a tentativa de trazer um texto minimamente agradável aos leitores, e entendendo a existência da possibilidade de haver leitores bem conhecedores do Espiritismo e leitores não tão íntimos da literatura espírita, foi tomado um certo cuidado no uso de referências alusivas às inferências mais importantes. Para os mais curiosos e mais investigativos leitores, há nas notas de rodapé uma série de referências que podem ser facilmente consultadas.
Contudo, a proposta de Imutável Lei é de uma apresentação das Leis sob uma visão própria (não melhor nem pior que as demais), às vezes alternativas, às vezes aprofundadas ou às vezes reflexivas, mas antes de tudo, provocativas aos leitores e em concordância com a Pedagogia dos Espíritos.
Por fim, agradecemos o voto de confiança, ou curiosidade, da irmã ou irmão que inicia essa singela jornada de análises sobre a Imutável Lei.
Prefácio
Que Deus sempre seja louvado! Agradecemos a Providência por permitir a conclusão deste trabalho!
Esperamos sinceramente que possamos auxiliar, ao menos, um semelhante, na busca pela compreensão da Legislação Suprema.
Não temos o direito de requisitar os benefícios e reconhecimentos dos grandes mestres espíritas; tampouco podemos ter a audácia de acreditar que nossas ideias são irretocáveis. Mas podemos garantir que o trabalho contido nesta obra foi realizado com carinho, seriedade e afinco, e que a boa-fé foi motivadora constante e norteadora em todas linhas do nosso humilde texto.
Entendemos que tratamos de um tema complexo e de elevada importância para todos os garimpeiros da sabedoria, que constantemente necessitam estar atentos para reconhecer as pequenas e opacas rochas que contaminam os tesouros brilhantes da sabedoria. Mesmo assim, esperamos que nossa singela obra posso trazer alguma colaboração no discernimento dos irmãos e irmãs, algumas reflexões inovadoras e formas didáticas para perceber o universo contido nas Leis Morais.
Que aproveitemos bem a oportunidade: nós de aprender a compartilhar o que achamos importante, e os caros amigos e amigas a oportunidade de treinar sua criticidade racional, a maneira criativa de refletir e a possibilidade de ampliação dos seus próprios conhecimentos, no sentido de formar novas conclusões, por méritos próprios.
Que o Altíssimo Senhor do Universo sempre nos abençoe!
Janeiro de 2023.
Alex e JR Silva.
1 - Única e soberana lei
"3. Jesus não veio destruir a lei, o que quer dizer: a lei de Deus. Ele veio cumpri-la, ou seja, desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de entendimento dos homens. Eis porque encontramos nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que constitui a base de sua doutrina.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec.
Na casa mais humilde; na mansão mais imponente; nos países mais educados; nas ocas indígenas; nas casas do Senhor ou Senhora, que agora lê esta obra; ou até mesmo na estrela mais brilhante do infinito Universo criado pelo Altíssimo; enfim, em todo lugar que estivermos ou não presentes, em todo lugar haverá regras e leis. Em todos os lugares!
Dentre esse enorme universo de leis e normas, há aquelas que são universais, mesmo sendo materiais, físicas. Há também as leis puramente humanas, utilizadas para o regimento da conduta humana em suas organizações sociais.
Concomitantemente, as religiões, doutrinas, ordens e demais manifestações humanas em torno do que é divino, metafísico, espiritual, dentre as denominações possíveis no nosso vocabulário repleto de limitações, tentam elencar as leis que regem a criação e a conduta moral dos seres desde milênios. É assim nas associações humanas; nas religiões (que batizam) que usam o Êxodo¹ como livro sagrado; ou com os herministas, que possuem há milênios seus sete princípios herméticos², por exemplo. Todavia, entendemos que as organizações humanas elencam regras humanas, tentando patenteá-las como divinas, em regra.
Mas isso não impede que haja um conjunto de leis universais divinas no sentido moral, instituídas por Deus. Pelo contrário, parece muito razoável que, intuitivamente, conscientemente e racionalmente, exista lógica na ideia da existência de uma ou mais leis universais, instituídas pelo Criador, que regem a vida, que orientam toda a criação. Foi isso que sempre pensou (ou foi inspirado a pensar) o ser humano ao longo de sua jornada sobre a Terra. Porém, é necessário relembrar que o plano material que conhecemos é uma cópia infiel do mundo espiritual³. Será que aqui não buscamos edificar normas e regras da mesma forma que é feito no plano espiritual? É só uma provocação.
Diante do exposto, considerando que até em nossas humildes famílias há regramentos, o que pensar de toda a Criação? Não parece totalmente aceitável que Deus tenha determinado Leis Naturais e Morais que regem o ser humano em sua longa jornada em busca de se aproximar do Criador? Afinal, quem tem mais autoridade para determinar o certo ou errado que Deus?
Diante de passos lógicos até chegar à conclusão que existe uma Lei Suprema, conforme o Espiritismo nos mostra⁴, criada em conjunto com toda a obra do Imutável, há um intervalo de premissas e questionamentos que precisam ser revisados e relembrados. Afinal, diferentemente do Criador, nós, criaturas ainda falhas, requisitamos sequências lógicas e racionais para tentar fazer análises minimamente conclusivas, dentro das nossas limitações evolutivas, tanto intelectuais como morais.
Sendo assim, convidamos os leitores para revisarmos pontos de extrema importância em nossa simplória análise da existência da Lei Divina:
a) todas as sociedades humanas possuem leis próprias, definidas e apropriadas
exclusivamente para cada sociedade em um determinado momento da história de cada uma dessas sociedades. De tal modo, essas leis não são perfeitas, pois não são universais, tampouco são atemporais, já que evoluem de acordo com a evolução das sociedades, ou seja, são mutáveis;
b) as leis de cada sociedade aludem à conduta do ser humano, não contemplam o comportamento das coisas que excedem o poder e controle do ser humano, como as reações químicas, a dinâmica biológica ou o funcionamento físico do universo;
c) as leis humanas não contemplam, ou melhor dizendo não se atrevem a contemplar, a conduta espiritual;
d) em resumo, o ser humano cria leis de conduta na sociedade; estuda, por meio da Ciência, as leis naturais do mundo físico, químico e biológico; as religiões tratam de assuntos espirituais ou de leis espirituais, mas continuam sendo organizações humanas, como olhares materiais; e a Filosofia trata do saber sobre a moral e ética, considerando ou não os aspectos metafísicos ou espirituais.
É importante salientar que as leis de Deus ou dos deuses, interpostas pelas religiões, não são idênticas e que mesmo compartilhando de premissas semelhantes em alguns casos, são muito diferentes essencialmente entre si. Esse ponto é primordial para o entendimento almejado neste texto, pois se o Criador é um só, imutável, perfeito e onisciente, sua Lei não pode variar de acordo com as religiões cultuadas nesse nosso jovem Planeta viajante, contido no seu inicial progresso. Afinal, se Deus possui os caracteres da perfeição e imutabilidade, como teria Leis Morais mutáveis?
Somado ao que foi exposto até o momento, é de considerável relevância o entendimento de que o ser humano ainda se encontra em uma faixa limitada de conhecimento e compreensão. Não menos relevante, também há de ser entendido que o conhecimento e a compreensão de todos nós, que viajamos no infinito espaço, gravitando na superfície da Terra, cresce desde antes do início das civilizações no planeta.
Neste momento deste capítulo, considerando o exposto e as bases do Espiritismo, já possuímos em nossa construção um conjunto de premissas que nos permitem fazer algumas afirmações importantes:
a) Deus é perfeito, imutável, eterno, dentre outros atributos. Logo, suas leis devem ter a mesma natureza;
b) somos limitados para entendermos plenamente as leis divinas;
c) ao longo da história do ser humano na Terra, foram realizadas revelações sobre as leis divinas, de acordo com o entendimento dos habitantes do nosso querido planeta em cada época.
Diante da construção feita até agora é importante salientar que não se pode confundir, em nenhuma situação, as Leis Morais de Deus que regem toda a criação, com as leis dogmáticas e religiosas criadas pelo ser humano e atribuídas a Deus. O fato do ser humano atribuir a Deus um acontecimento ou teoria não os tornam divinos automaticamente. Mas para se ter entendimento quanto ao julgamento do que realmente é divino e o que é humano atribuído a Deus, faz-se necessária boa dose de lucidez, paciência e clareza dos pensamentos.
Para fechar esse breve conjunto de parágrafos que devem servir como simplória introdução ao tema principal deste capítulo, faz-se como importante ponto de equilíbrio a certeza de que não é proposta deste capítulo reavivar comparações entre as religiões, tampouco apontar leis ou dogmas certos ou errados nesse contexto de leis universais ou puramente humanas (sociais ou religiosas). Na verdade, sem a indevida pretensão de entender a Divindade Suprema e sua Lei, mas compreendendo que Deus (Inteligência Suprema, Causa Primeira de Todas as Coisas⁵) é único e que inusitadamente cada religião tenta dar seu respectivo significado e caracterização a Ele, aqui são manifestados sinceros votos de respeito a toda crença, religião, seita ou associação de pessoas, desde que sérias, que busquem o entendimento do que é Divino e a melhoria das criaturas. Ainda é oportuno deixarmos claro que não há aqui nenhuma intenção de comparar as leis religiosas com a Lei Moral trazida pelo Espiritismo, já que não consideramos o Espiritismo, nem de longe, como uma religião.
Pois bem, perante um cenário complexo e com histórico de milhares de anos de buscas pelo entendimento da vida material e espiritual, na saga por compreender a Divindade, com a apresentação de crenças diversas, em meados do século XIX, o ser humano recebe o Espiritismo e com ele uma descrição própria da Lei Divina ou Lei Natural⁶. Sim, descrição própria, contendo elementos elucidativos e relevantes, que demonstram novas percepções aos adeptos da nova revelação.
Mas antes de tentarmos mergulhar nas camadas de entendimentos da Lei Natural, segundo o Espiritismo, de comentarmos os ensinamentos contidos nas Obras Fundamentais do Espiritismo⁷, nas obras complementares sérias ou diretamente nos ensinamentos do Mestre do Amor, há uma reflexão necessária para nós, espíritas: nós que diversas vezes nos sentimos satisfeitos ou até orgulhosos por nossa prática de estudos da Doutrina Espírita, do ensino do Mestre Nazareno, ou dos aspectos filosóficos ou psicológicos do Espiritismo, entre outros possíveis e eventuais motivos de satisfação ou orgulho, precisamos estar atentos. É possível que em uma encarnação de estudos e buscas, somada à vasta diversidade de fontes de conhecimentos que temos, o espírita perceba (ou tenha alguma noção) de o quanto nós, espíritos encarnados na Terra, ainda estamos no início de nossa caminhada em busca da luz própria e resplandecente concebida por nosso Criador. Nesse sentido, nós espíritas, não estamos com passos à frente de nenhum tipo de religioso, filósofo ou cientista.
Parece razoável acreditar que somos ainda muito primitivos em comparação com nossos irmãos mais velhos do Grande Infinito. As evidências que ainda somos irmãos mais novos "aprendendo a falar ou contar os primeiros números" são imensas. As revelações de Mozart⁸ são bons pontos de partida, e, ainda mais primordialmente, a própria obra do Espiritismo⁹ aponta tal afirmação. A verdade é que possuímos diversas informações sobre nosso estágio evolutivo ainda muito primitivo, e isso, por si só, não muda o nosso progresso. Logo, o mandamento de nos instruirmos é muito apropriado.
Então, diante de severas limitações evolutivas,