Sobre este e-book
A frase de abertura de um romance mais famosa, reconhecida e estudada de toda a literatura ocidental do século XX estabelece as bases para os eventos trágicos que acometeram a família Samsa. Começando, claro, pelo insólito acontecimento, inexplicável em todos os sentidos e ângulos de abordagem: Gregor Samsa, caixeiro viajante, filho do casal Samsa e responsável por boa parte do sustento da família, havia se transformado em um inseto gigante, monstruoso e repugnante.
Uma das obras de literatura mais influentes e revisitadas da história, "A Metamorfose" traz à tona de maneira abrupta temas comuns na sociedade da época, mas que podem encontrar paralelos claros ainda hoje, como a repressão do sistema capitalista, questões familiares, inadequação em relação aos padrões da sociedade, solidão, dentre muitos outros. Geralmente, o leitor termina o livro tendo se identificado com pelo menos um dos muitos aspectos humanos evocados de maneira simbólica na história.
Franz Kafka
Franz Kafka was a German-language writer of novels and short stories, regarded by critics as one of the most influential authors of the 20th Century. Kafka strongly influenced genres such as existentialism. Most of his works, such as 'Die Verwandlung', 'Der Prozess', and 'Das Schloss', are filled with the themes and archetypes of alienation, physical and psychological brutality, parent-child conflict, characters on a terrifying quest, labyrinths of bureaucracy, and mystical transformations. Kafka was born into a middle-class, German-speaking Jewish family in Prague, then part of the Austro-Hungarian Empire. In his lifetime, most of the population of Prague spoke Czech, and the division between Czech- and German-speaking people was a tangible reality, as both groups were strengthening their national identity. The Jewish community often found itself in between the two sentiments, naturally raising questions about a place to which one belongs. Kafka himself was fluent in both languages, considering German his mother tongue. Kafka trained as a lawyer and, after completing his legal education, obtained employment with an insurance company. He began to write short stories in his spare time.
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Pré-visualização do livro
A METAMORFOSE - Franz Kafka
DIRETORA EDITORIAL
Silvia Vasconcelos
ASSISTENTE EDITORIAL
Flávio Alfonso Jr.
TRADUÇÃO
Caio Pereira
CAPA E ILUSTRAÇÕES
Ana Milani
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Vitor Coelho
EBOOK
Sergio Gzeschnik
Copyright © 2023 Pandorga
All rights reserved
Todos os direitos reservados
Editora Pandorga
1ª edição | Junho 2023
Título original: Die Verwandlung
Autor: Franz Kafka
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD
Elaborado por Odilio Hilario Moreira Junior – CRB-8/9949
K11m Kafka, Franz
A metamorfose [recurso eletrônico] / Franz Kafka ; traduzido por Caio Pereira ; ilustrado por Ana Milani. – Cotia : Pandorga, 2023.
Tradução de: Die Verwandlung
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-5579-228-7 (Ebook)
1. Literatura alemã. 2. Ficção. I. Pereira, Caio.
II. Milani, Ana. III. Título.
2023-1225 CDD 833 CDU 821.112.2-3
Índice para catálogo sistemático:
1. Literatura alemã: Ficção 833
2. Literatura alemã: Ficção 821.112.2-3
Deitado de costas, rijas feito armadura, ao erguer um pouco a cabeça, viu seu abdômen marrom arqueado dividido em rígidas faixas curvas, sobre o qual, prestes a deslizar totalmente para fora, o cobertor mal parava no lugar. As numerosas pernas, finas de dar pena em comparação com o resto da circunferência, agitavam-se tolamente diante de seus olhos.
Que aconteceu comigo?
, pensou ele. Sonho, não era. O quarto, o quarto normal de qualquer ser humano, apenas pequeno demais agora, estava ali silencioso entre as quatro paredes de sempre. Sobre a mesa, onde se espalhava uma coleção de amostras de tecido (Samsa era caixeiro-viajante), estava a foto que ele recortara de uma revista ilustrada pouco antes e arrumara numa bela moldura dourada. Era a foto de uma mulher com chapéu e boá de pele. Estava sentada em pose altiva, erguendo para as lentes um sólido punho de pele dentro do qual todo o seu antebraço desaparecera.
Gregor olhou para a janela. O tempo feio (gotas de chuva caíam ruidosamente no parapeito de metal) o fez sentir-se meio melancólico. Que tal dormir mais um pouquinho e esquecer toda essa bobagem?
, pensou ele. Contudo, a ideia era de todo impraticável, visto estar ele acostumado a dormir deitado sobre o lado direito, e, no estado em que se encontrava, não conseguia ajeitar-se nessa posição. Por mais forte que se jogasse para o lado direito, acabava rolando de volta. Ele devia ter tentado umas cem vezes, de olhos fechados para não ter de ver as perninhas agitadas, e desistiu somente quando começou a sentir uma dorzinha leve, que nunca sentira antes, no lado do corpo.
Meu Deus
, pensou, que trabalho exaustivo fui escolher! Entra dia, sai dia na estrada. O estresse do comércio é muito maior do que o trabalho no escritório e, além disso, tenho de aguentar as dificuldades de viajar, a preocupação com as conexões de trem, a má alimentação, os relacionamentos temporários e efêmeros que nunca tocam o coração. Para o inferno com tudo isso!
Gregor sentiu uma leve coceira no topo do abdômen. Lentamente, ele se achegou mais para perto da cabeceira a fim de erguer a cabeça mais facilmente, encontrou a parte que coçava toda coberta de pontinhos brancos (que ele não fazia ideia do que eram), e quis tatear o local com uma das pernas. Mas a retraiu imediatamente, pois o contato foi como um banho de água fria.
Resolveu voltar à posição anterior. Acordar assim tão cedo
, pensou, deixa a gente meio burro. Você tem que dormir. Outros vendedores vivem que nem mulher de harém. Por exemplo, quando eu volto à pousada no meio da manhã para anotar os pedidos de que preciso, esse pessoal está começando a tomar o café. Se eu tentasse aprontar uma dessas com meu chefe, seria demissão na hora. Se bem que vai saber se isso não seria bom para mim. Se eu não segurasse as pontas por causa dos meus pais, teria me demitido há séculos. Teria ido até o meu chefe e falado tudo o que acho, do fundo do coração. Ele ia cair da mesa! Que coisa mais estranha se sentar na mesa e falar com o empregado daquela altura. Meu chefe tem dificuldade para ouvir, então o empregado precisa ficar bem perto dele. Enfim, ainda não desisti totalmente de fazer isso. Assim que juntar o dinheiro para pagar a dívida de meus pais com ele — isso deve levar mais uns cinco ou seis anos —, vou fazer isso, certeza. Vou ter minha grande chance. Em todo caso, agora é hora de levantar. Meu trem parte às cinco
.
Ele olhou para o relógio tiquetaqueando sobre a cômoda. Meu Deus
, pensou. Eram seis e meia e os ponteiros não paravam de girar. Já passava da meia hora, eram quase quinze para as sete. Seria problema no alarme do relógio? Dava para ver, ali da cama, que ele estava ajustado corretamente para tocar às quatro. Certeza que tocara. Sim, mas era possível dormir mesmo com aquele barulho que fazia os móveis tremerem? Bem, de fato ele não dormira um sono tranquilo, mas sem dúvida dormira mais profundamente. Enfim, que fazer agora? O trem seguinte partiria às sete. Para pegar esse, teria de correr feito louco. A coleção de amostras ainda não estava na mala e ele não se sentia muito revigorado. E, mesmo que pegasse o trem, não haveria como evitar a chateação do chefe, pois o rapaz da firma teria esperado pelo trem das cinco e levado a notícia da ausência de Gregor muito antes. Era o capanga do chefe, sem vontade nem inteligência própria. Ora, por que não dizer que estava doente? Mas isso seria extremamente embaraçoso e suspeito, já que em seus cinco anos de empresa Gregor jamais ficara doente. O chefe certamente apareceria com o médico do plano de saúde e repreenderia os
