Para nós, mães: Contos e Reflexões Maternas
De Débora Preto
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Sobre este e-book
Nestas linhas eu divido com você todas as nuances deste meu Maternar. Aqui não há espaço para julgamento, porém sobra espaço para colo, ouvido e coração. Após cada conto materno, você terá um espaço para refletir sobre sua maternidade. Tenha certeza que, nesse momento, estaremos de mãos dadas, tentando fazer do mundo um lugar melhor para nós, mães. Vamos juntas?
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Para nós, mães - Débora Preto
Dores maternas: um universo particular
A maternidade é muito particular. Cada mulher a sente e a experimenta a seu modo, isso é um fato. No entanto o que pouco falamos é sobre a dores de ser mãe. E ela dói em diferentes lugares para cada mulher. No nosso modelo de sociedade patriarcal, a maternidade é vista como algo compulsório, como que se toda mulher fosse obrigada a passar por essa experiência. Muitas mulheres não se dão conta de que ser mãe é uma escolha e que não deixariam de ser menos mulheres se essa escolha fosse feita de maneira consciente.
Mesmo este livro sendo sobre maternidade e tocando no que tange sobre o não querer ser mãe, ele vai justamente ao encontro do ideal de maternidade que é criado no inconsciente coletivo. Como um mundo de apenas sabores, mas os dessabores são em igual tamanho. Porém falar das dores do maternar não está relacionado com o amor que sentimos pelos filhos paridos.
Para mim, essa é a grande chave do sofrimento, que confessar suas dores coloca em prova o seu amor enquanto mãe. Só que definitivamente não é sobre isso. Amo os meus filhos incondicionalmente, mas nem sempre amo ser mãe: quem se identifica comigo nessa fala, sem culpa, poderá seguir comigo para as próximas páginas.
A tal da maternidade real
Os meios de comunicação tradicionais trazem verdades sobre a maternidade que não se conectam com a realidade e isso vai criando em nosso inconsciente algo irreal, fantástico. A começar pelo trabalho de parto: nas novelas, por exemplo, a bolsa estoura e já se entra em trabalho de parto, chega na maternidade parindo e, na próxima cena, o bebê já está limpinho, sendo amamentado (a mãe sorrindo, obviamente) ou já dormindo em um lindo bercinho. Quem nunca viu uma cena parecida com essa que atire uma fralda suja!
Não estou questionando quanto custa a produção de uma cena dessa para ser mais real, longe de mim. Mas essa cena sendo repetida por diversas vezes, com pequenas variações, vão se tornando uma verdade absoluta sem percebermos. Em suas capas, as famosas revistas para pais não estampam mães com mamilos rachados, mas, sim, bebês roliços mamando, e a mãe de cabelos lavados e maquiada (você que está no começo da amamentação ou que já amamentou sabe que essa cena é praticamente im-pos-sí-vel). O que quero dizer com isso é que se não aconteceu algo muito parecido com essas cenas que estamos cansados de ver, você acha que tem algo de errado com você ou com o seu bebê. E isso é doído demais.
Eu era uma mãe de segunda viagem, achei que já entendia muito do assunto. Só que me deparei com cenários não românticos de novela das 21h e comecei a questionar minhas habilidades como mãe. Eu ainda posso falar de um lugar de privilégio, pois tive rede de apoio, tive um pediatra particular, tive consultora de amamentação e, mesmo assim, tive um milhão de grilos falantes em minha cabeça também. Porque algo parecia não estar certo.
Nasce Maria Alice Paulazini Preto
Vou pular a gestação e o parto. Começarei pela amamentação. Em nossa Golden Hour¹ já tivemos uma amamentação potente. Maria mamava sem parar, a sucção não nutritiva era constante. Vivenciei com ela o que chamamos de exterogestação². Devido à intensa demanda e aos cuidados com a Maria, eu passava muito tempo acordada e comecei a ler muito sobre maternidade, porém muitas páginas na internet e livros que eu encontrava iam de encontro com o que eu estava sentido e vivenciando. Encontrei muito material específico sobre a infância, mas sobre as mães era quase inexistente.
Contudo, com árdua pesquisa, comecei a encontrar materiais que falavam desse universo materno menos romantizado. Foi nessa loucura de hormônios, amamentação intermitente que decidi (hoje não sei como dei conta disso) fazer um curso de Coach Materno, pelo Instituto Eu te Apoio. Fui buscar nessa formação complementar ferramentas para entender tudo o que Maria e eu passávamos e, ao término dessa formação, senti que eu poderia ajudar outras mães a passarem por seus processos tão particulares também. Não fiz esta complementação curricular pensando em ter uma nova profissão e/ou ter benefícios financeiros. Queria poder encontrar um lugar para poder explanar sobre a maternidade sem julgamentos e, no fim, também me tornei um lugar de colo para outras mães.
1 Golden Hour: a Hora de Ouro
do bebê corresponde à primeira hora após o parto, um momento valioso para o primeiro contato, a saúde e o bem-estar da mãe e do bebê. Além disso, é o momento mais adequado para o primeiro toque, o aconchego, o contato pele a pele e o estímulo à amamentação. Em resumo, é o momento de reconhecimento entre pais e filhos.
2 O termo exterogestação foi criado pelo antropólogo Ashley Montagu para se referir ao período de três meses após o nascimento do bebê. O pesquisador criou essa teoria ao observar que os humanos estão entre as espécies cujos filhos estão menos desenvolvidos ao nascer.
Começando o Para Nós, Mães
Eu estava vivendo a maternidade em seu turbilhão, sendo mãe de dois
, com experiências tão diferentes e maravilhosamente complementares. Eu sentia vontade de compartilhar com outras pessoas algumas das minhas experiências maternas, algumas não