O pequeno livro sobre o puerpério
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Sobre este e-book
É um rito de passagem.
É uma ponte a ser atravessada.
É uma iniciação.
E é sobre esse caminho que trata O pequeno livro do puerpério, capítulo extraído do livro Natureza Íntima.
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Avaliações de O pequeno livro sobre o puerpério
3 avaliações1 avaliação
- Nota: 5 de 5 estrelas5/5Recomendo a leitura para puerperas, gestantes, pais, maes, pessoas proximas as puerperas. A rede de apoio para ter um olhar ainda mais empático.
Pré-visualização do livro
O pequeno livro sobre o puerpério - Maria Barretto
Sumário
Agradecimentos
Prefácio
Introdução
Um mergulho em si mesma
A abertura após o parto e o acesso ao divino
O resguardo
Uma nota sobre bebês que não sobrevivem
O caos da ausência de resguardo
Aguarde e as instruções virão
Olhando para dentro
Organização e preparação para viver o puerpério
A construção do vínculo como um todo: integração entre luz e sombra
Amamentação
A experiência dos pais
As fases do puerpério
Rompendo o casulo
Agradecimentos
Estou muito emocionada ao parir meu quarto filho
. Este texto é parte de um livro maior, Natureza Íntima, que escrevi durante o meu terceiro puerpério. Mas desde que concebi este capítulo sempre quis disponibilizá-lo separada e gratuitamente, pois sinto que esta é uma fase no ciclo da Mulher sobre a qual pouco falamos. O puerpério tem uma potência extraordinária, mas que pode ser devastadora.
Quando percebi intuitivamente, sem ainda poder definir em palavras, o potencial que este momento poderia ter na minha vida, mergulhei de cabeça. Demorei três gestações para aproveitar em plenitude esse portal de acesso à sabedoria e consagração da minha mulher inteira.
A primeira pessoa que tenho a agradecer é a Jessica Nunes, nossa parteira, amiga e mulher que eu admiro muito, que me inspira diariamente. Foi ela quem me falou mais sobre o puerpério e me convidou a experimentá-lo. Sem a Jessica eu provavelmente não levaria tão a sério esse momento em minha vida. Uma experiência de morte e renascimento que é tão profunda quanto a nossa disponibilidade de fazer o resguardo. Ela também estava de mãos dadas comigo ao parir este livro, assim como fez no parto dos meus filhos.
Quero agradecer profundamente ao João Cunha, meu marido e companheiro de jornada, que desde o início me apoiou nesta empreitada. Quando eu titubeei, ele pegou na minha mão e disse vai
. Eu estou com você, você tem que fazer isso
, incentivou. Imagine uma mulher que há poucos meses havia parido a sua terceira filha, escrevendo sobre suas experiências, sensações e emoções... Foi uma loucura, mas ele nunca deixou de me apoiar, mesmo quando eu estava mergulhada nas minhas sombras mais profundas – que nada mais são do que parte deste processo.
Agradeço e honro muito meus filhos, Tereza, José e Ana, que me fizeram mãe e me abriram este caminho tão lindo, desafiador e potente. Eles me ajudaram a acessar e compreender essa força, de mergulho, que vem junto com a maternidade.
Agradeço também ao Cacá, Carlos Eduardo Correa, nosso amigo e pediatra que me provoca a olhar sempre para as minhas emoções e sensações. Foi uma das pessoas que mais me ensinou sobre ser mãe. Tivemos muitos encontros ao longo da escrita deste texto.
À Betta Vidmar, minha amiga e cuidadora que nunca deixou que eu me enganasse. Que me ajuda a enxergar cada minúscula incoerência com muito amor e sabedoria. E que, neste processo, contribuiu para que a Mãe e a Mulher que moram em mim nunca deixassem de dialogar.
Ao Gil Kehl, amigo e terapeuta que muito me escutou nesta fase, que me ajudou a elaborar conceitualmente muito do que eu estava sentindo durante a escrita deste texto.
À Carol Nalon, mulher que admiro e me ensina muito sobre diálogo, comunicação e empatia – e que me presenteou com o prefácio. Mesmo ela não sendo mãe de um bebê, pôde acessar a força de um puerpério, conectada também com o momento de isolamento e resguardo que vivemos.
Às mulheres do Atelier de Conteudo, a Marcela Bourroul, Ariane Abdallah e a Julia Fregonese, que também contribuíram muito para que as minhas ideias e escritas, muitas vezes caóticas, viessem ao mundo em forma de textos mais organizados.
À Flavia Amaral, ilustradora que abraçou o projeto e prontamente nos presenteou com seu trabalho fino, delicado e profundo.
À Lu Magalhães e à Larissa Caldin, da Primavera Editorial, mulheres que surgiram na minha vida quando esta pandemia se iniciou e que logo se tornaram parcerias fundamentais para espalhar essas sementes.
Um agradecimento especial a minha mãe, Celina, que me carregou no seu ventre e me pariu. E ao meu pai, Marcelo, que juntos me deram a vida, com muito amor, e me possibilitaram experiências fundamentais para a mulher que me tornei hoje.
Por, fim, dedico este livro as muitas mulheres que me inspiraram neste caminho de me tornar mulher, inteira, completa, honrando todas as minhas partes. Reverenciando a minha luz e a minha sombra.
Prefácio
Maria, tem certeza que quer que eu escreva? Você sabe que ainda não passei pelo puerpério, né?
Carol, leia o livro e sinta se quer escrever. Acho que você vai ver que faz sentido...
Maria Barretto me convidou para escrever uma mensagem de abertura de seu livro sobre puerpério em março de 2020. Todos que estão aqui neste momento sabem o que ele significa para o mundo.
Sempre soube que o puerpério é um momento de resguardo importantíssimo para a mulher. E que nele, como em tantos outros momentos, a vida nos pede para aprendermos a morrer. O que significa confiar e se entregar para o tempo, o pulso e a sabedoria da vida.
Eis que hoje, mais da metade da humanidade se encontra em resguardo, uma quarentena forçada em nossas casas para nos protegermos de um pequeno e potente vírus, que se propaga entre e através da gente.
Agora, lendo esse livro me fica claro que não se trata somente de uma quarentena, mas sim que estamos todos passando por um puerpério. Lidando com as incertezas do que teremos que fazer durante esse período, com o luto do que eram nossas vidas antes, com o contato íntimo com nossas emoções e com uma possibilidade tremenda e única de escolher vivermos uma vida mais verdadeira depois disso.
No livro, Maria diz:
... estamos lidando com o desconhecido e com nossos instintos de ser, que nos tornam mulher no sentido mais selvagem da palavra. Para muitas de nós, o que traz incômodos neste momento é que o controle sobre as coisas deixa de ser possível. Vamos sendo convidadas a lidar com esta grande sombra que carregamos, que é achar que controlamos tudo, desde a nossa expressão no mundo, passando pelos nossos desejos íntimos até os planos práticos do dia a dia. Neste momento da nossa vida somos convidadas a confiar e não controlar.
Foi escrito pensado para alguém que acabou de parir um filho, e não coincidentemente serve também para uma humanidade que quer parir um novo mundo.
Aproveitem a leitura.
Com amor,
Carolina Nalon
Mediadora de conflitos especialista em Comunicação Não Violenta
Introdução
Nossa terceira filha havia completado cinco meses. O ano de 2018 já passava da metade e eu começava a sair para o mundo novamente. Estava vivendo o puerpério – período que considero que se inicia na concepção de um bebê (e não apenas depois do nascimento, como definido pela literatura médica), segue na gestação, parto e pós-parto. Para trazer mais consciência a esse momento, desde a primeira gravidez há nove anos atrás, eu havia buscado referências literárias especificamente sobre o puerpério. Mas me surpreendi com o pouco que encontrei. Da mesma forma que me chamava a atenção o espaço restrito que dedicamos a falar sobre isso principalmente entre nós, mulheres.
Resolvi, então, buscar, em fontes diversas, clareza e outras inspirações para cuidar dos meus anseios mais essenciais. A partir do que vivi, ganhei mais consciência sobre este momento na vida de uma mulher, e assim comecei uma jornada que se aprofundou e ganhou maturidade em cada uma das minhas três gestações.
Aos poucos, fui consolidando aprendizados que misturavam experiência empírica, conhecimentos tradicionais de áreas da saúde (como anatomia e psicologia) e sabedorias ancestrais e espirituais. À medida em que amarrava as pontas