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Antares
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E-book534 páginas8 horas

Antares

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Sobre este e-book

A incrível história da sedutora empresária multimilionária que se apaixona pelo garoto fotografo arrogante. Íris Eu não sei. Eu gosto do jeito dele. É tudo meio que um jogo, ele me desafia, eu o desafio. Mas eu o quero. Tudo nele me atrai, o jeito arrogante dele, sua voz suave, o cheiro doce dos seus cabelos, a forma de olhar. Eu o quero para mim! Guilherme Tudo bem, eu me rendo! Tudo significou muito para mim, e é por isso que estou com medo. Não sei o que vai acontecer agora, eu me sinto estranho. Eu sei que parece sem sentido, mas sinto uma coisa estranha por dentro, como se algo muito ruim fosse acontecer. Eu não sei, só tenho essa sensação estranha por dentro!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de jul. de 2023
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    Antares - Camila Martins

    2023

    ANTARES

    O CORAÇÃO DO ESCORPIÃO

    Camila Martins

    Sumário

    O caminho de cada um. 7.

    Os encontros. 26.

    É o destino, não acha? 46.

    O mistério. 71.

    Quem mais, senão você! 90.

    O Passado vai estar sempre aqui. 118.

    Suas cores. 151.

    Enfim as verdades. 166.

    Você? Não pode ser! 201.

    Armadilhas do destino. 232.

    Era mesmo o fim! 271.

    Entre o senso e o amor. 328.

    O julgamento. 364.

    Para sempre e mais um dia! 384.

    O Caminho De Cada Um

    O barulho estridente do despertador soou no interior do quarto frio e estéril exatamente às 5:30 da manhã daquela segunda-feira ensolarada, tentando inutilmente despertar a misteriosa empresária Íris Bella Antares que já estava de pé em frente a enorme janela de vidro de seu quarto admirando a bela visão do amanhecer sobre a cidade de Génova.

    Afastou-se da janela e foi em direção ao banheiro para dar início a sua higiene matinal, sem dar a mínima importância ao corpo nu de um belíssimo rapaz estendido sobre sua cama, parou diante do grande espelho que cobria toda uma parede do banheiro, admirando seu corpo totalmente despido, a mulher que via ali era inegavelmente linda, era alta, tinha um corpo curvilíneo e escultural, pele branca com leve bronzeado, cabelo castanho longo e ondulado que brilhavam como o sol naquele momento e olhos castanhos claríssimos e hipnotizantes de tão lindos. Esse conjunto dava a grega uma aparência mais jovem que seus 30 anos, e encantava todos que viviam com ela, sendo homens ou mulheres. Era sarcástica, sedutora e tinha um senso de humor mordaz, uma mulher que ia até o fim das consequências para conseguir o que queria, cheia de segredos e que nada temia, acostumada a ter tudo, absolutamente tudo.

    Deu uma olhada, nas marcas que seu belo assistente Gabriel havia deixado no pescoço depois de uma noite selvagem, e foi tomar seu banho. Saiu do banheiro com um vestido preto e muito sedutor, feito exclusivamente para ela, viu que o homem ainda estava dormindo e tratou de chamá-lo:

    —Gabriel, é hora de acordar, vamos levante. ~ falou sacudindo o homem na cama, que acordou assustado com os gritos da grega.

    —Ai, Íris! Isso é jeito de acordar um homem gentil como eu? ~ falou sentando-se na cama e deixando o corpo todo musculoso a mostra enquanto olhava a linda morena a sua frente sedutoramente.

    Íris soltou uma risada sarcástica enquanto ia até a porta, e disse:

    —Gabriel, querido lindo, você é qualquer coisa, menos gentil. Agora levante-se você tem muito trabalho na empresa.

    Gabriel sempre alimentou certa paixão pela chefe, e quando ela o convidou para jantar e depois o levou para sua casa, ele viu a chance que precisava para conquistá-la, e não a perder. Levantou-se da cama e ainda nu correu atrás da morena dizendo:

    —Você não deveria tratar assim um homem que é tão especial para você. ~ disse ele enlaçando a cintura da morena. ~ Não se esqueça do prazer que lhe proporcionei tantas e tantas vezes, meu bem. ~ e dizendo isso, tentou beijar a grega, que imediatamente desviou o rosto para fugir do toque.

    —E quem lhe disse que você é especial para mim meu bem? ~ disse isso enquanto tirava os braços do homem de sua cintura e o olhava de forma fria e cortante. ~ Você é apenas meu funcionário, não tem absolutamente nada de especial.

    O homem instintivamente deu um passo atrás, com um olhar cheio de decepção, distanciando-se da morena de olhos frios e sorriso cruel a sua frente.

    —Ma... mas você disse... você disse que me queria ontem à noite.

    Íris tocou a face triste e decepcionada do homem, abriu um sorriso doce e disse:

    —Querido, não seja tolo. Eu não quero nada com você, nunca quis. Eu queria algo de você, e ontem à noite você me deu o que eu queria. ~ afastou-se dele e caminhou para fora do quarto enquanto dizia ~ agora chega de sentimentalismo, estou indo resolver um assunto no banco e depois vou à empresa, acho bom você estar lá quando eu chegar, detesto atrasos e detestaria ter que te demitir se atrasa-se por motivos pessoais. Tenha um bom dia, meu querido.

    Saiu de casa, abandonando mais um, entre tantos que já ficaram ali dentro decepcionados pelo mesmo motivo.

    —Maldita seja você, Íris Bella Antares! Ainda terás teu coração despedaçado da mesma forma que faz com todos que de você se aproximam! ~ gritou o belo rapaz com os olhos cheios de raiva.

    〰〰〰

    Do outro lado da cidade, outro despertador fazia barulho incessantemente, tentando acordar um certo moreno francês que dormia profundamente, muito cansado depois de estudar praticamente a noite inteira. Guilherme Andrade Leveaflom abriu os olhos azuis safira lentamente, mas não conseguia se levantar, ficou na cama e olhando o relógio viu que horas eram.

    —Seis horas ~ pensou enquanto tentava acostumar os olhos a claridade que atravessava sua janela ~ Ok ao menos dessa vez eu consegui dormir por quatro horas essa noite. Esse esforço vai valer apena, vou concluir a faculdade com as melhores notas, vou conseguir um trabalho melhor e dar uma vida digna a meu irmãozinho.

    Tem seus pensamentos interrompidos nesse momento por incessantes batidas na porta do seu quarto.

    —Entre Gustavo! ~ gritou, já sabendo que não podia ser outra pessoa.

    Gustavo era seu irmão mais novo, tinha 6 anos, e era muito esperto. Eram diferentes em todos os aspectos, fisicamente e na forma de agir. O mais novo possuía cabelo loiro e cacheado na altura dos ombros, olhos castanhos escuros, e sua pele tinha um tom moreno. Enquanto o mais velho tinha a pele branca pura e imaculada, como a neve, cabelo preto e liso todo repicado em seu rosto o que destacava ainda mais seus olhos azuis. Gustavo era extrovertido, tinha muitos amigos e adorava conversar, enquanto Guilherme era introvertido, muito sério, por vezes frio e arrogante, não deixava as pessoas se aproximarem. Apesar das diferenças Gustavo era a coisa mais importante da vida de Guilherme.

    Gustavo atravessou o quarto do irmão correndo e se jogou na cama, em cima do francês.

    —Bom dia, irmãozão! ~ disse o menino animado.

    —Bom dia, petit! Como dormiu? ~ Guilherme disse abraçando o pequeno em seu colo.

    —Não me chame de petit! Eu não sou mais uma criança, sou um homem, como você. ~ falou fazendo um bico fofíssimo aos olhos do mais velho.

    —Desculpe senhor Gustavo. Como o senhor passou a noite? ~ disse o moreno fazendo graça. ~ Fez xixi na cama novamente? ~ e dizendo isso começou a fazer cocegas na barriga do irmão, que ria e se contorcia todo, gritando para o outro parar.

    —Eu dormi bem, sonhei com o papai, Gui. ~ falou o pequeno encostando a cabeça no ombro do irmão. ~ Você acha que ele está cuidando da gente? Acha que ele pode nos ver de onde ele está mano?

    —Petit, é claro que ele pode nos ver. Papai sempre vai cuidar da gente mesmo estando longe, e eu sei que ele está muito orgulhoso de nós. Em ver como você cresceu e ficou muito inteligente e como ajuda eu e a mamãe em tudo. Ele ama a gente.

    —Mas ele nos deixou, Gui. ~ disse o loiro entre lágrimas ~ ele morreu e nos deixou sozinhos, mamãe não vive em casa, eu só tenho você. ~ olhou nos olhos do irmão ~ Promete que vai cuidar de mim, só tenho você.

    Guilherme abraçou o seu irmãozinho fortemente dizendo:

    —Eu nunca vou te deixar mon petit, faço qualquer coisa por você. Eu te amo, vamos ficar juntos para sempre. Eu juro.

    Depois separou-se do pequeno e sorri-lhe

    —Vamos nos arrumar, ou vamos perder o horário da escola. E você sabe, não é? Quem não estuda... ~ deu uma pausa para que o pequeno completasse a frase.

    —Fica com orelhas de burro! ~ completou já sorrindo para o mais velho.

    —Exatamente! Venha, vou fazer o café da manhã enquanto você toma banho.

    —Obrigado, irmãozão! Eu amo você! ~ disse isso e saiu correndo do quarto.

    Guilherme suspirou profundamente, levantou-se da cama e olhou pela janela do seu quarto, ficando com o rosto sério e taciturno, pensando:

    Eu também te amo Guga, e não vou deixar ninguém machucar você, nunca. Nem mesmo a mamãe. Saiu do quarto para preparar o café do menor e iniciar sua rotina.

    O dia seria longo e cansativo, assim como todos haviam sido ao longo dos seus 20 anos. Mas sua vida mudaria, Guilherme prometia isso a si mesmo todos os dias, ele construía uma vida boa para seu irmãozinho, longe da pobreza em que viviam, longe da mãe, prostituta e drogada, e longe do sofrimento pelo pai assassinado enganosamente. Sua vida mudaria, ele sabia, ele faria mudar.

    〰〰〰

    Por Guilherme

    Deixei o Guga na escola e fui direto para a Academia de Artes Cênicas de Génova, não que eu queira ser um ator, dançarino ou diretor, eu faço fotografia. A fotografia é minha paixão desde criança. Sempre fui observador, perspicaz e consigo absorver cada mínimo detalhe de tudo, isso me rendeu certo conhecimento no ramo dos freelances aqui na cidade. E é esse o meu trabalho, algumas empresas ou pessoas me contratam para tirar fotos esporadicamente. E se me perguntarem se é esse o emprego que quero, posso dizer que tirar fotos é a minha vida e quando me formar vou trabalhar em alguma grande empresa de publicidade e ser o melhor no meu ramo.

    Cheguei atrasado, como sempre, e logo na entrada vejo meu melhor amigo me esperando, Bernado, um loiro irritante e incorrigivelmente irresponsável, ele entrou na minha turma de fotografia um período depois de mim, fez amizade com todo mundo, e por ser tão metido e persistente tornou-se meu melhor amigo. Bernado é alto, musculoso, tem cabelo curto loiro de um tom bem escuro, olhos castanhos bem claros e um sorriso que derrete até o mais frio dos corações, é meio descompensado das ideias, mas tem um bom coração.

    —Bom dia, Gui! Achei que a razão da minha existência não viria hoje. ~ comenta ele com o mais sem vergonha dos sorrisos.

    —Bom dia, Be. Não diga essas coisas tão alto, as pessoas podem interpretar suas brincadeiras de forma errada. ~ o repreendo, mas sem conseguir deixar de sorrir de volta.

    —Interpretar errado? Mas isso só tem uma interpretação, meu bem. As pessoas têm que saber que sou apaixonado por você, seu moreno gostoso. ~ ele levanta o rosto olhando para o céu, põe as mãos ao redor da boca e grita a plenos pulmões ~ Eu te amo moreno!!!

    Imediatamente todos que estava no pátio do campus param e ficam nos encarando, alguns cochicham, outros riem, e outros ainda nos lançam olhares de repreensão, pelo estardalhaço que o Bernado fez.

    —Você ficou maluco, Bernado? ~ puxo ele pelo pulso em direção ao interior do campus, sinto meu rosto quente pela vergonha, com certeza estou todo vermelho.

    Bernado cai na risada diante do meu olhar perplexo.

    —Maluco por quê? Ah francês, você tem que se soltar mais, todos sabem que eu estava só brincando. ~ diz ele ainda tentando controlar o riso.

    —Você é um idiota mesmo, Be! O que você acha que a Andreia vai pensar quando descobrir que você declarou seu amor por mim no meio do pátio do campus? Em? Ela não vai ver isso de uma forma legal.

    —A Deia sabe que eu gosto de brincar com você, além do mais ~ ele se aproxima de mim quase colando nossos corpos ~ ela também sabe que sempre me interessei por seu corpo bonito ~ diz com uma voz sensual próximo ao meu rosto.

    Se eu não fosse amigo do Bernado e não o conhecesse tão bem, ia pensar que ele estava dando em cima de mim, mas esse cara é um desgraçado fanfarrão que adora gracinhas, por isso apenas me separo dele e digo:

    —Ok senhor Bernado, então pode observar meu corpo bonito enquanto caminhamos até a aula, o sinal já bateu duas vezes. ~ digo revirando os olhos e caminhando pelo corredor até a sala.

    —Nossa Gui! Ninguém nunca foi tão indiferente ao meu charme quanto você. Tem certeza de que você tem mesmo um coração aí no peito? ~ pergunta fazendo cara de indignado e piscando para mim.

    —Não viaja Be! Se eu quisesse me relacionar com um cara, com certeza não seria você.

    —Qual o problema comigo? ~ me pergunta olhando com cara de ofendido, já entramos na sala e ele continua a falar sentando-se ao meu lado.

    —Você é o cara mais mulherengo que já conheci na vida. Além do mais, não faz meu tipo. ~ digo rindo da expressão dele.

    —Qual seu tipo?

    Quando abro a boca para responder, o professor Simon entra na sala dizendo:

    —Bom dia pessoal! Chega de conversas paralelas, deixem apenas o material necessário na mesa, e vamos dar início a prova.

    Bernado aproxima seu corpo da minha mesa e sussurra para mim:

    —Essa conversa ainda não acabou, você vai me dizer qual é seu tipo. Fiquei curioso para saber que tipo de pessoa pode balançar o coração que te falta no peito. ~ deu uma risadinha e se afastou.

    Reviro os olhos para ele. É obvio que tenho um coração, só não mostro a qualquer um. Bernado sabe das minhas preferencias desde sempre, em uma das nossas primeiras conversas ele na maior cara de pau perguntou se eu era gay. E eu respondi a verdade não sei e não sei mesmo já que nunca me apaixonei por ninguém, e poderia sim gostar de um cara ou de uma garota, a gente não manda no coração. E desde aquele dia ele vive fazendo essas brincadeiras e declarando em público um amor que nunca sentiu por mim. E agora tenho que falar novamente a verdade, Bernado pode ser miseravelmente persistente quando quer algo, e sem dúvida não vai me deixar em paz até que fale o que ele quer ouvir.

    O sinal finalmente toca, para a felicidade de muitos. Eu saio da sala calmamente com Bernado caminhando ao meu lado, ele tenta me convencer a almoçar com ele.

    —Be, eu tenho que trabalhar! ~ digo pela centésima vez, revirando os olhos para ele.

    —Você não tem que trabalhar hoje, ninguém te ligou, você só está querendo fugir de nossa conversa.

    —Eu tenho que achar um novo trabalho, você sabe que a situação não está fácil lá em casa, tenho que pagar a escola do Guga, e a minha mãe, você sabe, ela não ajuda em nada.

    —Você sabe que pode contar comigo Gui. ~ diz ele me olhando seriamente ~ Sabe que se precisar de dinheiro, eu empresto o que você precisar. Não seja orgulhoso, senão por você, pelo seu irmão.

    —Obrigado Be! Você é mesmo um bom amigo, apesar de chato, egocêntrico, desmiolado, perdido e...

    —Chega Gui! ~ diz me interrompendo ~ Sei que você me ama, mas não precisa demonstrar, agora vamos almoçar.

    Ele me puxa pelo braço até seu carro e sei que agora não adianta mais insistir no contrário, fui novamente vencido pela tenacidade dele. Fomos a um pequeno restaurante que fica duas quadras depois da Academia, escolho uma mesa perto das grandes janelas com vista para a rua, Bernado se senta em minha frente e imediatamente um garçom vem anotar nossos pedidos, enquanto esperamos ele puxa a maldita conversa que tanto desejava ter.

    —E então, príncipe do gelo, qual seu tipo de homem?

    Que saco tipo de homem? Ele sabe que não é bem assim.

    —Tenho mesmo que responder isso, Bernado?

    —Vamos, diga logo, não é tão difícil, é só falar. ~ diz levantando as palmas das mãos para cima, em gesto de simplicidade, como se fosse mesmo fácil.

    —Não tenho um tipo de homem ideal, eu gosto de pessoas, você sabe, gosto do mistério que as envolve.

    —Gosta de homens misteriosos?

    —Não de homens misteriosos ~ reviro olhos para ele ~ Que insistência! Gosto do mistério propriamente dito, de saber que tem algo a mais do que isso que vemos na superfície, quero poder descobrir as coisas ocultas e não ver tudo de cara.

    —Isso é o seu EU fotografo investigativo falando. ~ diz e cai na risada ~ Gui você definitivamente seria o namorado perfeito para minha irmã, se você fosse mais velho, é claro.

    —Sua irmã? ~ pergunto, estranhando a mudança repentina da insistência em eu gostar de homens para gostar de mulheres.

    —É, minha irmã é toda na dela, sabe? Não é de falar muito e tal, acho que vocês iam se dar bem. ~ ele para de falar um pouco, com se considerasse algo ~ Se bem que dois seres egoístas e frios como vocês juntos, iriam acabar se matando.

    —Ah Be. Eu não sou assim, qual o problema de gostar de ficar na minha em vez de ser espalhafatoso como você?

    — Espalhafatoso é o caralho! Eu apenas gosto de me divertir, seu chato. E por falar em diversão...

    —Ai meu Deus! Qual é a ideia maluca dessa vez? ~ pergunto assustado, as ideias do Bernado sempre acabam mal.

    —Meu aniversário está chegando e vou dar uma festa na minha casa no domingo à noite, você vai!

    Ele não estava me convidando, estava me comunicando que eu estaria lá. Olhei indignado para ele. Nós teríamos prova na segunda, que absurdo.

    —Não vou mesmo! Se quer se dar mal nas provas o problema é seu, eu vou estudar.

    —Que se fodam os estudos Gui. ~ ele diz se debruçando sobre a mesa se aproximando de mim ~ Você não vai fugir, vai a festa sim, e vai começar as dez.

    Tudo bem, se ele faz questão da minha presença, eu vou. Mas definitivamente não me encaixo nesses ambientes. E o resto do almoço corre de forma amena, com a mesma bobagem de sempre do Bernado.

    Depois do almoço vou buscar o Guga na escola e o levo a um clube recreativo onde ele passa as tardes enquanto eu trabalho, e na saída do clube ouço meu celular tocar no bolso do meu jeans, pego, olho o número desconhecido, atendo:

    —Guilherme Andrade Leveaflom? ~ pergunta uma voz grave do outro lado da linha.

    —Sim. Com quem eu falo?

    —Senhor Leveaflom, aqui é o detetive Matteo Paiva Nery, investigador do departamento de narcóticos da delegacia de polícia de Génova. Preciso falar com o senhor em caráter de urgência. Se importaria de dirigir-se ao departamento agora?

    Fiquei sem saber o que dizer. Como assim narcóticos? Teria algo a ver com minha mãe?

    —É algo com minha mãe?

    —Não. Temos um trabalho para você, mas só posso explicar pessoalmente. Pode vir?

    —Chego aí em meia hora.

    —Ótimo, tenha uma boa tarde.

    —Boa tarde senhor Paiva Nery.

    Desliguei, peguei um taxi e fui para o departamento de polícia. Um trabalho, ele disse, fiquei curioso. Mas também apreensivo, não deve ser algo bom.

    〰〰〰

    Por Íris

    Cheguei à empresa na parte da tarde e estava tudo surpreendentemente uma bagunça, papeis por todos os lugares, pessoas correndo para todos os lados, um barulho do inferno. Vou direto para a sala da presidência, minha sala, sou presidente de uma grande rede de telecomunicações a Alpha Mobile Corporation.

    Minha rede de telecomunicações fornece serviços de voz e multimidia em todo o mundo. É classificada como a maior do país, em todo o mundo existem cerca de 500 milhões de assinantes, construída pelo meu pai e agora está em minhas mãos e nas do meu irmão, que ainda não pode assumir sua parte, então administro todas as ações e sei que continuarei sozinha nesse papel, já que meu maninho é um inútil sonhador que prefere tirar fotos pelo mundo em vez de ser chefe de tudo isso, ele não pode imaginar como é prazeroso ser o controlador de um império, isso mesmo a Alpha Mobile Corporation definitivamente é um império.

    Entro em minha sala e encontro meu assistente, Gabriel, que está com o rosto inchado e olhos vermelhos.

    —Boa tarde, senhor Gabriel, seu rosto está horrível! Está tudo bem?

    —Boa tarde, senhora Antares, desculpe por me apresentar assim, eu estive bem ocupado preparando alguns relatórios para a senhora.

    —Que seja. O que está havendo lá embaixo? Parece que um furacão passou por lá.

    —Tivemos um problema em um dos satélites e o sinal de transmissão em toda a Grécia foi cortado, mas já resolvemos o problema.

    —O que houve com o satélite? Isso é estranho, nunca aconteçe, e justamente no da Grécia. Chame o técnico, preciso falar com ele agora.

    —Mas senhora, o problema foi resolvido e...

    —CHAME O MALDITO TÉCNICO, GABRIEL. ~ grito antes que minha paciência se esgote~ AGORA!!!

    —Sim senhora. ~ ele responde e sai da sala às pressas.

    Levanto da minha poltrona e começo a andar pela sala, passando os dedos pelos cabelos. Mas que merda! Isso não é um bom sinal, tem algo muito errado. Seria a polícia se intrometendo de novo nos meus negócios? Eles nunca conseguiram nada contra mim, não conseguirão agora que... Tenho meus pensamentos interrompidos por batidas na porta.

    —Entre.

    —Sra. Antares, queria falar comigo?

    —Sem formalidades aqui, Ângelo. O assunto é pessoal como você já deve saber.

    —O satélite ~ responde o italiano sentando-se na minha poltrona e pondo os pés sobre a minha mesa.

    Somo amigos desde a faculdade, e quando entrei na empresa e precisei de um homem de confiança, Ângelo Ferraz foi a opção óbvia. Era meu amigo e o melhor no que fazia.

    —É, Ângelo, o satélite. Que merda houve com ele?

    Ele me olha seriamente, retira os pés da mesa e diz:

    —Derrubaram nosso sistema, Íris.

    —A polícia? ~ pergunto já prevendo a resposta.

    —Sem pistas, não sabemos quem foi, mas pode apostar que foram eles, estão no nosso rastro novamente.

    —Mas que inferno isso, Ângelo! Eles não desistem?

    —Fica esperta, Íris, eles estão chegando perto demais. Fique atenta aos telefones, eles podem estar monitorando as ligações, e você também pode ser seguida. Muito cuidado a partir de agora, pelo menos até as pistas esfriarem de novo.

    Bato com as duas mãos no tampo de vidro da minha mesa, exasperada.

    —Tudo bem, ficarei atenta. Obrigado por restabelecer as comunicações, Ângelo, iriamos perder muitos bilhões sem aquele satélite, com certeza.

    —Não se preocupe com isso. Mas você sabe que perdeu aquela negociação, não sabe? ~ diz levantado da mesa e indo em direção as portas duplas da minha sala.

    —Sei. Maldita polícia! Isso não vai ficar assim. Vou dar um jeito neles, como sempre fiz.

    —Faça como quiser. Eu preciso ir, alguém tem que cuidar dos seus negócios. ~ fala dando uma risadinha ~ Se precisar, é só mandar seu assistente gostoso me chamar.

    —Italiano do caralho. ~ rio também ~ Do resto, eu cuido.

    E ele sai me deixando sozinha de novo, não por muito tempo, assim que me sento a mesa, novas batidas na porta.

    —Mas eu não tenho sossego? Que inferno! Entra!

    É Gabriel que passa pela porta, ele não me olha nos olhos ao falar.

    —Sra. Antares, seu irmão está na recepção e deseja lhe falar.

    —Meu irmão? ~ por essa eu não esperava, ele quase nunca aparece na empresa, só quando se mete em grandes problemas. O que ele aprontou dessa vez? ~ Mande-o entrar, Gabriel. E nos traga um café, sinto que isso vai demorar.

    —Sim senhora.

    Gabriel se retira, e quase que imediatamente meu irmão entra na sala com seu grande e característico sorriso, sentando-se na cadeira a frente da minha mesa.

    —Olá maninho, quanto tempo, o que você aprontou dessa vez? ~ pergunto com naturalidade e paciência.

    Ele muda as feições do rosto, adquirindo um falso ar de ofendido.

    —É assim que você recebe seu amado irmãozinho? Eu não posso simplesmente vir visitar minha irmã preferida.

    Reviro os olhos para ele. Não muda mesmo, sempre dramático.

    —Bernado, você só tem a mim de irmã. ~ sorrio, me levanto da cadeira, caminho até ele e o puxo para um abraço ~ Eu estava com saudades.

    Bernado e eu somos muito apegados, apesar de não parecer, eu praticamente o criei enquanto nossos pais viajavam, e quando fui para a faculdade, saia sempre que podia para vê-lo. Existem poucas coisas que eu posso dizer que amo nessa vida, Bernado encabeça a lista, daria minha vida por ele, e só por ele.

    Ele me abraça apertado e sorri largamente.

    —Também senti sua falta, mana. Por isso vim te ver.

    Separamo-nos um do outro assim que Gabriel entra na sala com nosso café, ele ainda está com a cara péssima, Bernado não tarda em perceber, e assim que ele se retira nos sentamos juntos no sofá perto da parede.

    —O que seu assistente tem? Parece que chupou limão.

    —Transei com ele ontem e achou que eu deveria tê-lo pedido em casamento hoje de manhã. ~ repondo naturalmente, tomando um gole de café.

    —E o que você fez hoje de manhã?

    —Mandei-o sair da minha casa. ~ Bernado me olha incrédulo ~ O que você queria? Que eu me casasse com ele?

    —Queria que tivesse mais respeito pelas pessoas. ~ diz ele me repreendendo.

    —Bernado, eu tenho respeito, só não suporto esse sentimentalismo todo, não quero mais falar disso.

    —Você ainda vai achar alguém que te deixe de quatro, sofrendo e de coração partido.

    —Isso é para ser algum tipo de profecia? Porque de quatro já fiquei vaias vezes. ~ sorrio maliciosamente para ele. ~ Mas diz aí, não foi para falar das minhas aventuras que você veio aqui. Fala o que foi maninho?

    —Você é muito desconfiada, precisa relaxar. Arranja um namorado, isso é falta de carinho. ~ele diz rindo da minha cara.

    —Não seja bobo Bernado, você sabe que não quero um namorado.

    —Eu sei, eu sei. ~diz rindo mais ainda ~ Você quer é um marido.

    —Bernado, para de bobagens e diz logo o que você veio fazer aqui.

    —Não seja rude com alguém que veio lhe fazer um convite.

    —Convite? Convite para que? ~ vindo dele não pode ser bom.

    —Meu aniversário é domingo, como você sabe, vou dar uma festa na minha casa. E você vai!

    —Eu vou aonde?

    Estou perplexa. Bernado é inacreditável. Ele acha mesmo que vou a uma festa cheia de adolescentes e regada a bebida ruim? Nem morta!

    —A minha festa, sei que está pensando que vai ser uma festa cheia de crianças e tal, e vai ter adolescentes sim, mas vai ser legal, eu juro! Além do mais ~ ele me olha maliciosamente ~ sei que você gosta de uns garotos, e de um jeito nada casto.

    O desgraçado cai na risada de novo. Bernado não toma jeito nunca.

    —Já chega. Se alguém te ouve falando isso minha moral vai ser pulverizada nessa empresa. Além do mais, não é verdade.

    —É obvio que é verdade, você acha mesmo que sou bobo? E aquela vez em que entrei no seu quarto e te vi na cama com o Léo e... ~ tapei a boca dele com minha mão.

    —Chega, Bernado! Você enlouqueceu? ~olhando para os lados para ver se ninguém ouviu ~Eu estava bêbada, jamais fiz aquilo de novo.

    Ele morde minha mão para que eu o solte e ainda rindo diz:

    —Que seja, mas você vai não vai? Por favor, Bellinha, sabe que te amo tanto. Por favorzinho. ~diz fazendo bico de criança.

    Que droga eu não resisto quando ele faz cara de cachorrinho pidão, pocaria de irmão mais novo, me torra a paciência, mas não consigo deixar de amá-lo.

    —Eu vou pensar. ~ele abre um sorrisão ~Ei! Não se alegre tanto, eu não prometo nada.

    Ele pula do sofá, me abraça e me dá um beijo na bochecha.

    —Obrigado, irmã! Eu te amo e sei que você vai, e neste domingo as dez.

    E com a mesma rapidez que entrou, desapareceu porta afora. Uma festa em? Vai ser uma porcaria, mas ao menos vai servir para encher a cara, talvez eu vá um pouco.

    〰〰〰

    Por Guilherme

    Cheguei à delegacia de polícia às 15:00h daquela segunda feira, que estava mais agitada que o comum, já na recepção perguntei pelo detetive Matteo Paiva Nery informei meu nome e a recepcionista disse que ele já me aguardava me deixou em frente à porta de mogno de uma ampla sala. Bati 3 vezes a porta e ouvi um entre abafado vindo lá de dentro, abrir a porta e entrei.

    — Senhor Paiva Nery? ~ chamei e imediatamente um homem loiro levantou a cabeça de uma pilha de papéis e me sorri.

    Matteo era um homem diferente do que eu imaginava pela sua voz ao telefone parecia ser um homem mais velho, gordo e bigodudo, daqueles que vivem sentado em mesas apenas dando ordens aos demais, mas era totalmente diferente, parecia ter entre 30 e 35 anos, era loiro, forte e aparentava ser alto, não sabia bem pois estava sentado, e era bonito sem dúvidas era um homem muito bonito, com um sorriso charmoso e algo de perigoso em seu olhar.

    Ele levantou da cadeira e veio me cumprimentar, é pelo menos uma cabeça mais alta do que eu e eu sou alto.

    — Senhor Leveaflom. Prazer conhecê-lo pessoalmente. ~ disse me estendendo a mão que eu aperto sorrindo de volta para ele timidamente. ~ Venha, sente se, temos muito a conversar.

    Sentei-me em uma cadeira confortável em frente à sua mesa conforme ele havia pedido.

    — Eu gostaria de compreender por que estou aqui senhor Paiva Nery. O senhor mencionou algo sobre um trabalho ao telefone do que se trata?

    — Primeiramente me chame de Matteo, estamos tendo uma conversa informal, por enquanto senhor Leveaflom.

    — Pois bem Matteo me chame de Guilherme. Estou ouvindo o que tem a dizer. ~ respondo confiante.

    — Gostaria primeiro que soubesse como cheguei até você, mas antes você tem que assinar um documento de sigilo em que você está terminantemente proibido de falar sobre o que conversamos aqui, com quem quer que seja. É só um documento não se preocupe.

    — Tudo bem. ~ digo e ele logo me passa o documento, leio atentamente e assino ~ agora pode falar.

    Ele sorri e começa a dizer

    — Gosto do seu jeito Guilherme, é um rapaz confiante de si. ~ disse isso com um olhar estranho ~ Bom, vamos lá. O departamento de narcóticos da polícia de Génova está fazendo uma investigação muito sigilosa. Estamos atrás do chefe de uma máfia que contrabandeia drogas no mundo todo. Fora do submundo ele é um homem influente, rico e tem uma moral inquestionável. É muito cuidadoso com tudo o que faz e por conta disso, nunca conseguimos reunir provas contra ele o suficiente para pô-lo atrás das grades e desmantelar seu esquema milionário.

    — Quem é ele? ~ pergunto com atenção. Que nojo penso comigo, como uma pessoa pode viver assim? Fazendo fortuna em cima da vida de muitas pessoas, destruindo tudo o que toca. É imperdoável.

    — Não vamos citar nome agora Guilherme, quero que preste atenção. Nós montamos um esquema para pegá-lo com a mão na massa assim que ele vacilar. É aí que você entra nessa história. ~ diz seriamente, olhando em meus olhos. ~ seu professor Simon é um fotógrafo que trabalha para a polícia há anos, ele reúne provas para nós, usamos as fotos dos crimes, que ele tira nos tribunais e já desmantelamos inúmeros esquemas com isso.

    Estou pasmo. Por essa eu não esperava, Simon é tão pacifista e na dele que fica difícil de acreditar. Vendo do meu desconforto e confusão ele continua a falar.

    — Simon não está bem de saúde e vai se aposentar, não temos ninguém que faça o trabalho dele por enquanto. Duas semanas atrás, enquanto conversávamos, ele me disse que tinha alguém para assumir seu lugar, uma pessoa que ele tinha absoluta confiança no caráter e que era o melhor fotógrafo que ele conhecia. Era você Guilherme.

    Estou pasmo de novo. Como assim eu?

    — Está me dizendo que quer que eu assuma o lugar do meu professor, trabalhando como fotógrafo para a polícia?

    — Exatamente o que eu quero dizer. Óbvio, isso é você quem decide. O lugar é seu se quiser, confio plenamente na palavra de Simon, se ele diz que você é bom, você é bom.

    —Matteo, eu... eu me sinto honrado com o convite e mais ainda por saber o que o senhor Simon pensa do meu trabalho, mas... ah... é meio repentino. ~ digo meio que gaguejando.

    — Sei que é difícil pensar agora, é muita informação, vou te dar 24 horas para pensar, é pouco tempo, eu sei, mas precisamos mesmo começar nossa operação o mais rápido possível. Guilherme, sei que a situação é complicada, Simon me contou um pouco de você ~ olho boquiaberto para ele. Como assim ele sabe minha situação? ~Sei a sua mãe e que você luta para sustentar seu irmãozinho. Olha, nós oferecemos um bom salário, e é um emprego fixo, você não vai mais precisar correr atrás dos trabalhos soltos como freelancer. Será nosso fotógrafo fixo. Pense bem.

    — Eu vou pensar. Algo mais que eu deva saber?

    Ele se levanta da mesa, vai até um arquivo de metal que fica num canto da sala, abre uma gaveta e de lá puxa uma pasta verde com os papéis dentro. Vira-se para mim e me oferecendo a pasta dizendo:

    — Aqui está tudo o que você precisa saber sobre o que lhe oferecemos por enquanto. Se você aceitar o serviço te passo todas as informações sobre o caso e como você deve trabalhar. No mais, já pode ir.

    Levanto-me da cadeira e pego a pasta que ele me ofereceu. Aquilo tem um peso estranho em minhas mãos, e um sentimento ruim invade meu corpo e retorce meu estômago por dentro. Eu sinto que não deveria aceitar aquilo, de alguma forma sei que minha vida vai virar do avesso, mas eu preciso do dinheiro, preciso mesmo.

    —Obrigado, Matteo. Eu vou pensar bem. Foi um prazer conhecê-lo. ~ digo estendendo a mão para ele, que aperta efusivamente.

    —O prazer foi todo meu, Guilherme. Pense direito, no seu irmão. E me ligue. ~ fala sorrindo para mim.

    —Ligarei.

    E dizendo isso me retiro da sala, pega o elevador pelo qual subi para chegar aqui, passo pela recepção e saio de novo no mar de gente que está na rua. Há algo de reconfortante em ser apenas mais um na multidão, em não ser o centro de algo louco e inexplicável. Minha vida é louca e inexplicável. Por falar em louca e inexplicável, onde estaria minha mãe naquele momento? Ela não aparece em casa desde ontem à tarde, chegou acabada como sempre, tomou um banho, deu um beijo no Guga e saiu de novo. Ao menos ela mantem o mesmo carinho por ele. Eu não sei o que é um abraço dela a muito tempo, desde que meu pai foi assassinado, 3 anos atrás em uma briga de gangues por território, meu pai era um homem bom, justo e que era a base de nossa família, ele nunca cometeu crime algum, a não ser estar no lugar errado e na hora errada. Malditas gangues de drogas, destruíram minha vida. Minha mãe pirou quando o meu pai morreu, no início ela saía para bares e ia beber, depois ela começou a sair com os caras para pagar as contas de casa, e aí vieram as drogas. E tudo o que ela ganhava era para alimentar o vício, foi aí que virei freelancer, aos 16 anos. Nunca ganhava muito, mas fazia um serviço aqui e outro ali e pelo menos colocava comida na mesa e pagava a escola do Gustavo, ele nunca soube disso, é só uma criança, não seria justo, ele apenas sabe que a mamãe não vive muito em casa, mas quando ela está por perto ele fica grudado nela. Ela o ama, eu sei, apesar de não mostrar muito. Guga sempre me ajuda a cuidar dela, ele está crescendo, sabe que tem algo errado, mas não fala muito.

    Eu não sei o que é carinho da Miranda desde a morte do meu pai. Recordo-me o que ela me disse uma vez

    Lembranças ONN

    Ela chegou em casa alterada, tentei ajudá-la, mas ela me empurrou aos gritos:

    — SAI GUILHERME! NÃO SE APROXIME DE MIM! você é igual ao seu pai, eu não preciso mais de lembranças dele eu odeio você.

    Aquilo me magoou profundamente. Minha mãe estava descontrolada, não sabia o que dizia, eu era parecido com o meu pai? Não, eu não era. Fisicamente Éramos muito diferentes, os cabelos dele eram de um tom loiro escuro, os meus são pretos, os olhos do meu pai eram castanhos, os meus são azuis, isso sem citar nossas personalidades, meu pai era teimoso, passional e seus olhos transmitiam tanto carinho que mesmo eu criança, me sentia desconcertado, eu não sou assim. Não que eu seja frígido, apenas prefiro manter o que me é íntimo bem guardado.

    Me magoou ouvi-la dizer que não queria lembranças dele, eu o amava, mesmo com todas as nossas diferenças, eu amava por tudo que me ensinou sobre a vida, sobre ser um homem de caráter, e até hoje, não consigo pensar que não o tenho mais ao meu lado.

    Quando ela se acalmou, arrastei ela para o banheiro, dei-lhe um banho é a coloquei na cama para que descansasse, preparei um café eu deixei na escrivaninha ao lado da cama. Dei um beijo nela de boa noite e saí de lá para que ela não me visse ao acordar. Gustavo nada viu, tinha ido dormir na casa de um colega da escolinha. Foi melhor assim, Guga é apegado a mim e não sei como reagiria ao ver a mãe gritar que me odiava.

    Lembranças OFF

    Fui buscar o Gustavo no clube e no caminho para casa veio me contando como foi seu dia, fazendo alguma gracinha ocasionalmente. Minha cabeça está a mil, mas tudo o que penso é que eu amo meu irmãozinho e vou protegê-lo sempre. Então eu não vou deixar ninguém mais perder a vida por causa dessas drogas. Já tenho sua resposta,

    Chego em casa e pego o telefone

    —Matteo? Aqui é o Guilherme. Eu topo o serviço. ~digo assim que ele atende.

    —Fico muito feliz em saber, Guilherme. ~ ouço-o sorrir do outro lado ~Me procure no escritório próxima segunda, no mesmo horário de hoje e eu lhe passarei todo o serviço. Tenha uma boa noite.

    —Boa noite, Matteo.

    Desligo. Depois alimento o Guga e o coloco na cama.

    —A nossa vida vai mudar, mon petit. Eu te juro. ~dou um beijo nele e o deixo em seu quarto.

    Durmo muito bem naquela noite, e me levanto no dia seguinte bem cedo para começar a rotina. A semana passa voando, entre provas, trabalhos que tinha marcado de fazer, e um Bernardo consumindo o restinho da minha paciência com as ideias que teve para a sua festa.

    Já é domingo. Estou em frente ao espelho terminando de me arrumar para ir à maldita festa. O Guga foi para casa da Júlia, uma amiguinha da escola, e só volta amanhã. Me vesti com uma camisa branca de mangas cumpridas com um colete preto e um blazer também preto por cima, um jeans escuro e um sapato preto. Meus cabelos estão soltos e uso um perfume suave e doce. e é assim que pegando meu carro vou em direção à mais uma noite incerta na casa do Bernardo. mas tudo bem, nada que me surpreende acontece mesmo nessas festas. Era assim que eu pensava...

    Os Encontros

    Por autora

    Íris chegou à casa de Bernardo às 23:00h, estacionou o sua Ferrari F430 Black na garagem subterrânea a qual tinha acesso e continuou sentada dentro do carro pensando se deveria mesmo ir até aquela festa.

    — Que merda estou fazendo aqui? ~ pensou em voz alta ainda dentro do carro.

    A música que já era tão alta podia ser ouvida a 2 quarteirões da casa, agora beirava o insuportável e machucava os ouvidos.

    —Foda-se, já que estou aqui vou ao menos a encher a cara. ~disse a si mesmo, retocando o batom.

    Desceu do carro e encaminhou-se a entrada, que estava impecavelmente bem iluminada, nos jardins havia tendas onde as pessoas bebiam e dançavam, e todos olhavam para eles enquanto ela passava. A grega estava excepcionalmente linda naquela noite, usava um vestido rosa que destacava suas curvas e sapatos de altíssimos saltos na mesma cor do vestido, seu cabelo estava solto e maravilhosamente brilhante, maquiada como sempre belíssima. Misturar-se com os jovens

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