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[quase] Todas As Minhas Cartas De Amor
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[quase] Todas As Minhas Cartas De Amor
E-book137 páginas1 hora

[quase] Todas As Minhas Cartas De Amor

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Sobre este e-book

Sob efeito da paixão, as obras do amor podem muitas vezes ser belas. Neste livro, o autor explora suas antigas aventuras românticas e algumas cartas que já escreveu para algumas moças, procurando se encontrar novamente diante do Amor e tentar entender o que a paixão, ou seja: a sede pela alma amada, pode significar para a vida humana, para a vida de um homem.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de jun. de 2023
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    [quase] Todas As Minhas Cartas De Amor - Brayan Sales

    [Quase] Todas as Minhas Cartas de Amor

    Brayan Sales

    Edição do autor

    Copyright © 2023 Brayan de Souza Sales

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Sales, Brayan.

    [Quase] todas as minhas cartas de amor / Brayan Sales. 1. ed. Juiz de Fora, MG: Ed. do Autor, 2023.

    ISBN 978 – 65 – 00 – 71276 – 6

    1. Amor 2. Cartas – Miscelânia 3. Paixão I. Título.

    23 – 159250                                            CDD – B869.6

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Cartas : Literatura brasileira   B869.6

    Aline Graziele Benitez – Bibliotecária – CRB–1 / 3129

    Dedico esta obra às cinco e dedico-a também ao Um. Na verdade, dedico a ti, leitor, este livro todo. Que todas as letras e versos sejam teus, assim como foram meus. Que todas as emoções daqui sejam tuas, pois já foram minhas. Que as doçuras e armaguras daqui sejam todas leves, porquanto os erros nos ensinam a ser e porque os acertos nos ensinam que o viver vale a pena. Então, venha e roube algum verso que te encante, veja se há algo de valor no meio dessas muitas letras, use - se inspire - alguma palavra minha com alguém que você julgue especial... Toque a música das histórias deste livro aqui com as imagens das pessoas que te cativam aí. Talvez fosse eu quem devia pagar pelo filme que você, leitor, criará em sua mente ao ler o que eu acabei escrevendo.

    Portanto, enfim, dedico esta obra a ti, seja lá quem você for.

    Contents

    Title Page

    Copyright

    Dedication

    Introdução

    Cartas à Iracema

    Amável Iracema

    Uma carta à Grace

    Cartas à Capitu

    Amável Alexandrina

    Uma carta à Girassol

    Cartas de e para Larissa

    Um poema ao Amor

    Conclusão

    About The Author

    Introdução

    Todas as cartas de amor são

    Ridículas.

    Não seriam cartas de amor se não fossem

    Ridículas.

    Também escrevi em meu tempo cartas de amor,

    Como as outras,

    Ridículas.

    As cartas de amor, se há amor,

    Têm de ser

    Ridículas.

    Mas, afinal,

    Só as criaturas que nunca escreveram

    Cartas de amor

    É que são

    Ridículas.

    Quem me dera no tempo em que escrevia

    Sem dar por isso

    Cartas de amor

    Ridículas.

    A verdade é que hoje

    As minhas memórias

    Dessas cartas de amor

    É que são

    Ridículas.

    (Todas as palavras esdrúxulas,

    Como os sentimentos esdrúxulos,

    São naturalmente

    Ridículas.)

    Álvaro de Campos

    Amor é fogo que arde sem se ver,

    é ferida que dói, e não se sente;

    é um contentamento descontente,

    é dor que desatina sem doer.

    É um não querer mais que bem querer;

    é um andar solitário entre a gente;

    é nunca contentar-se de contente;

    é um cuidar que ganha em se perder.

    É querer estar preso por vontade;

    é servir a quem vence, o vencedor;

    é ter com quem nos mata, lealdade.

    Mas como causar pode seu favor

    nos corações humanos amizade,

    se tão contrário a si é o mesmo Amor.

    Luiz Vás de Camões

    Eu também escrevi cartas de amor. Álvaro, escrevi muitas. Ao longo do tempo, escrevi várias. Todas ridículas. Quando leio cada uma, vejo que elas carregam palavras e sentimentos esdrúxulos e que até mesmo são de fato ridículas.

    Mas... eu me encontro em minhas cartas de amor, que são ridículas. E se sinto desconforto, é porque estou me reconhecendo entre as linhas que lá imperam. De modo algum eu escolheria tirar de mim a memória que tenho delas. Afinal, são as memórias dessas linhas todas e suas mensagens que me ensinam a ser. E quando me encontro com elas, converso outra vez com minha infantilidade... ridícula.

    Lendo cada palavra, encontro ecos, rabiscos e desenhos. E sinto cada uma dessas coisas em paz, vendo o homem venho a ser... Sonhos outrora possíveis, vidas que poderiam ter sido cumpridas, vividas. Encarando-as, tenho a sensação de ver a inocência e a paixão, o desespero e a expectativa, a sede e a fome da vida. Nas minhas cartas, eu fui forte e eu fui fraco. Eu tive medo e hesitação, conquistei coragem e ousadia. Quando hoje leio as minhas palavras, as letras e as sílabas, tal como elas são, sinto-as dentro de mim... mas realmente sempre ridículas.

    Eu já escrevi sobre o que sou, já escrevi sobre o que senti. E por lá eu jamais menti. Sempre me pus vulnerável frente às possibilidades que me encantavam. Por isto então que todas as cartas de amor são para mim o que são: porque hoje olho para trás e me vejo de novo apaixonado. À medida que reinou o amor sobre as letras, fiquei cada vez mais esdrúxulo. E se hoje me sinto acima daquelas dores e forças, dos medos e das coragens melosas, é porque as memórias que tenho de lá é que são rarefeitas, ou seja: ridículas.

    Também eu já derramei lágrimas. Umas eram alegres, outras eram tristes. As ridículas lágrimas alegres eram fruto da honestidade dos textos criados, nascidos. As tristes lágrimas ridículas eram fruto da mesma honestidade das dores criadas, nascidas. Mas de todo modo eu não tinha preocupação em ser rejeitado, porque preferia possuir a paz de ter amado. Pois, no fim, escrever é se expressar... e se expressar é viver. Mas, neste mundo, querer se expressar é, afinal, ridículo...

    E ainda também eu já mostrei sorrisos ridículos ao papel e à caneta. Alguns sorrisos eram de nervoso, por conta do resultado incerto das mensagens certas, verdadeiras. Outros eram de um orgulho sentido frente ao mar de expressões que gerei amando. Acabei me despindo das máscaras ridículas e mostrando igualmente ridículas faces. Tudo ridículo.

    Aprendi que nas cartas de amor, se há amor, somos grotescos. Nós nos fazemos burlescos. Pois que apenas lá somos sinceros. E lá – se escrever é se expressar... – demonstramos e nos encontramos nos derretimentos de nossos corações e almas... enfim, nas nossas fraquezas e suas matizes. Afinal, no amor nos tornamos vulneráveis e, portanto, nos encontramos logicamente ridículos.

    Entretanto, apenas quem nunca escreveu cartas de amor é verdadeiramente ridículo. Apenas quem nunca se mostrou ser é. E mostrar-se amante e amar é para os que sabem mais que o fingir ser não é ser o bastante. Apaixonar-se – que ridículo – de corpo e alma é se pôr na liberdade reservada aos que conhecem a própria fragilidade, dos que recitam algo de pura validade. Mas amar, ser livre, também é se deixar atingir por flechas que queimam bem, que doem muito... e isso é, sim, de algum modo: ri-dí-cu-lo.

    Porém, Camões, meu amigo, não foge de ser zombado quem de verdade pensa não amar, pois não apenas ama mesmo sem saber, mas também se deixa enganar pelo impossível de não ser o que já se é: ridículo. Loucura, então, tentar negar o inegável, se pôr tal como dissimulado, que almeja ter como indagável se arde esse ardor tão grande e ateado. É loucura ousar e proclamar que não arde esse fogo que não se vê, mas que também não deixa de queimar. É insano tentar vencer a dor que não se sente, que não dói mesmo desatinando de doer... é ridículo!

    Assim, ridículo seria eu, se não pusesse contentemente os descontentamentos de quem se ganhou ao se perder. Eu me perdi, porque me encontrei amando. E eu me encontrei, porque me perdi no amor. Perdi o ridículo, porque neguei o currículo de quem pensa sempre ter a razão de não se querer vulnerável e doente de paixão. Perdi o ridículo, porque o aceitei escrevendo, expondo o amor risório, iludido, de quem nunca se iludiu porque nunca forjou um amor fingido.

    Então, das mais doces loucuras, resta a do amor, que faz mover, mesmo sem se ver, a caneta à mão. Experimenta comigo, ó Álvaro, ó Camões, a vitória

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