Poemas de todos nós
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Sobre este e-book
Pensando nessas vertentes e caminhos, 12 poemas vieram diretamente do Sul de Todos ao Sul do Mundo com temas sugeridos por pessoas que queriam, de uma forma ou outra, ter seus sentimentos descritos sob um ponto de vista diferente ou até mesmo, podê-los enxergar com olhos que nunca tiveram...
Já os poemas do Sul do Mundo ao Sul de Nós são, em sua essência, a tradução de todo argumento que a terra insiste em nos fazer entender e, por motivos ainda não tão claros, da mesma forma que os sentimentos pediam incessantemente para, um dia, serem escritos.
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Poemas de todos nós - Otavio Lisboa
Apresentação
Sete anos se passaram, lembro bem... Ele tinha apenas 15 de idade e chamou-me para mostrar um dos seus primeiros poemas. Li atentamente cada verso, percebendo que ali se expressava um menino com alma de poeta. Um menino que, embora possuísse expressiva essência no que escrevia, talvez pela pouca idade, ainda transparecia em algumas linhas a influência da sua ingenuidade. Mesmo assim, o que compunha não deixava de ser esplêndido! Até porque esta mesma ingenuidade que nos escapa pelos dedos da autocrítica ao passo que envelhecemos, quando lúcidos, vem à tona do fundo do rio da nossa infância, submergindo dessa profundeza tão pura para nos mostrar que ali ainda existem verdades e um sortido de imagens e sons que jamais serão apagados do nosso andar e farão sentido para todo o sempre. Enfim, era arte poética se manifestando naquele que viria a cumprir sua sina e seria mais um dos condenados a sofrerem quando a escrita suplica pela rima ou verso branco no bico da pena do apenado pelo crime de ser poesia.
Depois de muito observar seu escrito, fiz-lhe a pergunta: conheces o livro Cartas a um Jovem Poeta de Rainer Maria Rilke? Respondeu-me: não! Ao que eu disse: eu o tenho, posso te emprestar ou se preferir adquiri-lo, melhor! Procura neste livro a carta escrita por Rilke em Paris, em 17 de fevereiro de 1903, que quando indagado pelo jovem Franz Xaver Cappus se os versos do mesmo eram bons, a resposta foi:
O senhor me pergunta se seus versos são bons. Agora (como me deu licença de aconselhá-lo) lhe peço para desistir de tudo isso. O senhor olha para fora, e é isso sobretudo que não deveria fazer agora. Ninguém pode aconselhá-lo e ajudá-lo, ninguém. Há apenas um meio. Volte-se para si mesmo. Investigue o motivo que o impele a escrever; comprove se ele estende as raízes até o ponto mais profundo do seu coração, confesse a si mesmo se o senhor morreria caso fosse proibido de escrever. Sobretudo isto: pergunte a si mesmo na hora mais silenciosa de sua madrugada: preciso escrever? Desenterre de si mesmo uma resposta profunda, e, se ela for afirmativa, se o senhor for capaz de enfrentar essa pergunta, grave com um forte e simples
preciso, então construa sua vida de acordo com tal necessidade; sua vida tem de se tornar, até na hora mais indiferente e irrelevante, um sinal e um testemunho desse impulso.
Pois bem, ao longo desses anos, pude adentrar silenciosamente na madrugada mais profunda desse jovem que nunca desistiu de uma vírgula sequer, que teimou em olhar com extremo carinho para o mais íntimo do seu ser e entendera perfeitamente o afiado e preciso recado do poeta austríaco nascido em Praga em 4 de dezembro de 1875.
Fui testemunha ocular de cada poema, cada verso, seus tormentos, amores, sóis, geadas e ventos, alegrias, braços e abraços, dos caminhos, dos lugares mais inóspitos, angustias e segredos, desencilhas, assovios, circunstâncias, de suas janelas fechadas e suas gavetas abertas. De campos floridos, guitarras com suas milongas, cordeonas e seus sonoros suspiros; dos cavalos que o trouxeram até aqui, deixando sobre esta terra um rastro que será caminho para muitos que virão. Noites sem lua, mas que acenderam vagalumes clareando uma infinita senda de ideias que o levaram até a última sílaba de suas inquietudes. Todas essas formas que acariciam o corpo da poesia para desnudar uma estrofe, levando-nos aos lugares mais incríveis que a imaginação concebe, numa viagem que é praticamente sem volta quando imergimos num