Turma De Aruanda - Parte V - Subcolônia De Aruanda
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Turma De Aruanda - Parte V - Subcolônia De Aruanda - Paulo César Bardella
Turma de Aruanda
Parte V
Subcolônia de Aruanda
Turma de Aruanda
Parte V
Subcolônia de Aruanda
2ª Edição
Paulo César Bardella
"Cumprindo a Vontade Eterna, sê pronto, leal e breve.
Quem faz tudo o que deseja, nem sempre faz o quanto deve!"
Casimiro Cunha – Gotas de luz
Copyright@ Paulo César Bardella
Capa e Diagramação
Guardellas Stúdio
Preparação e Revisão
Guardellas Revisão
"A razão sem a coragem, é pobre luz sem alento.
A coragem sem razão, é simples atrevimento."
Casimiro Cunha – Gotas de luz
Nota Especial!
Em certa conversa a respeito de como tratamos nossos amigos e inimigos, o evangelho de Jesus Cristo novamente brilhou em nossos pensamentos. Portanto repliquemos as palavras do mestre como se fossem nossas:
Jesus nos ensinou:
Aprendestes que foi dito: Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos.
Eu, porém, vos digo: "Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos.
Pois, meus filhos, se somente amardes os que vos amam, que mérito se vos reconhecerá, uma vez que as pessoas de má vida também amam os que as amam? Se o bem somente o fizerdes aos que o fazem, que mérito se vos reconhecerá, dado que o mesmo faz a gente de má vida?
Se só emprestardes àqueles de quem possais esperar o mesmo favor, que mérito se vos reconhecerá, quando as pessoas de má vida se entreajudam dessa maneira, para auferir a mesma vantagem?
Pelo que vos toca, amai os vossos inimigos, fazei bem a todos e auxiliai sem esperar coisa alguma. Então, muito grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom para os ingratos e até para os maus.
Sede, pois, cheios de misericórdia, como cheio de misericórdia é o vosso Deus.
Naquele instante, pudemos comprovar como é grande o evangelho de nosso mestre Jesus desde os dias do passado até os de hoje. A boa nova eis de iluminar os nossos corações até o fim dos dias!
Comentário da Revisora
Desde o início da jornada espiritual de Myriel e em todas as suas aventuras, seus amigos demonstraram importância valorosa e se revelaram aptos a auxiliar nas mais diversas ocasiões, solidificando o amor de seus corações. Myriel, por outro lado, se manteve leal, buscando evidenciar sua gratidão a companheiros tão vultosos.
Os amigos sempre se mostrarão essenciais para nossa evolução. São eles que nos darão o mais consistente apoio, o mais sincero conselho e a mais solene ajuda em nossa caminhada. O que me leva a questionar até onde se pode ir por um amigo?
Senti-me oscilante ao acompanhar Myriel na sua jornada até o umbral com seu guia e mentor temporário Leandrinho, mesmo diante do fracasso iminente de uma missão secreta e perigosa. Ainda assim, não houve sequer um relevo de dúvida nos laços infinitos de amizade.
Por outro lado, este livro também me levou a uma reflexão profunda sobre confiança e disciplina, cujos caminhos da minha própria caminhada se fragmentam. Me vi, em diversos momentos, apreensiva, vagando pelos devaneios de minha mente ao ler sobre as consequências dos atos praticados pelo caboclo Juruá, seu julgamento e sua postura, diante das acusações.
Observamos, em certa altura, a imaturidade de Myriel ao aceitar a missão de ajudar o espírito de uma jovem ignorante e despreparada. Por consequência, o aluno ainda incapaz acabou em completo desespero e perturbação, optando por buscar o auxílio da Pombogira Maria Mulambo após receber a reprimenda do Caboclo Rouxinol.
À vista disso, em diversas passagens, essa obra me levou a momentos de contemplação e deleite, perante ensinamentos trazidos por guias esplendidos, que evidenciam a força do amor pelas obras praticadas em prol da caridade. Estes trabalhadores dedicam-se a nos guiar e nos levar ao caminho do bem e do labor, para que nossas colheitas sejam de alegria e evolução.
O trabalho é árduo e infindável, e Deus, em toda sua bondade, nos permite encontrar esses amigos, comprometidos em nos preparar para alçarmos planos superiores.
Camila Queiroz Silva
Prefácio
A Umbanda é uma religião relativamente nova, viva e em constante adequação as realidades atuais. Ela visa aproximar e auxiliar os médiuns no cumprimento de sua missão espiritual, a se tornarem cada dia servidores melhores. Visa ainda fornecer amparo e consolo a todos que a procuram sejam encarnados ou desencadeados.
Nessa nova jornada do Turma de Aruanda teremos visitas a subcolônia de Aruanda e externas, ensinamentos dos mentores, explicações sobre rituais e regras, bem como aplicação de consequências em caso de não cumprimento do determinado.
Essa obra nos faz visualizar e dar clareza do plano ao qual somos vinculados, lembrando-nos que a subcolônia de Aruanda tem como princípio não renegar a ninguém independente do passado trilhado.
Por isso, vamos trabalhar para servir, transmitindo amor, fé e consolo a todos que nos buscarem. Com esse propósito, empenhamos nossa energia todos os dias na colheita do conhecimento e da nossa melhor versão, alegrando nossos mentores espirituais através de um pequeno passo sincero em busca da evolução espiritual.
Kamilla F Bardella
Introdução
A segunda parte do ciclo de procedimentos administrativos dará ênfase nos trabalhos da subcolônia de Aruanda, liderada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, no seu reinado de tarefas consoladoras em Jesus Cristo! Esse governador iniciou dois afazeres concomitantemente. Um deles seria criar uma cidade em que os membros deveriam renunciar ao seu próprio nome, acolhendo alguma das castas de servidão e instrução, denominadas de falanges. Único requisito: querer esforçar-se! Além disso, aos novos colaboradores, não há questionamento dos erros do passado, podendo reparar os equívocos mediante o sacrifício pessoal.
O lema da cidade seria: Dos mais evoluídos, aprenderemos; aos menos evoluídos, ensinaremos; e a ninguém, renegaremos!
.
A segunda tarefa: levar à Terra uma religião espiritual por mio da qual os servidores da cidade poderiam realizar o dever mediúnico da comunicação entre os dois planos, levando o consolo de Jesus Cristo através dos simbolismos das linhas de trabalho selecionadas por Ele. No começo foram os índios e os negros escravos; logo após; diversas outras foram convidadas devido ao crescimento da cidade.
Este livro, portanto, nos abrirá pequenas portas de conhecimento a respeito dessa subcolônia, dos seus servidores, de alguns dos procedimentos punitivos, de eventos importantes às pessoas e até à cidade, para que possamos nos distanciar, nem que seja um pouco, da ignorância de uma fé cega!
Logo, poderemos caminhar em dois bairros da subcolônia de Aruanda, Juremá e Humaitá, acompanhados pela Cabocla Jurema, acolhedora dos recém-chegados à cidade, com os devidos fins de conhecimento terreno. Aproveitaremos ainda diversas palestras de espíritos cujas bagagens de conhecimento resplandecem pela eternidade, assim como o Caboclo Pássaro Azul, Vovó Maria Conga, e Caboclo Rouxinol, entre outros.
Viajaremos entre mundos ainda inacessíveis, buscando aprimorar nosso coração através de experiências de outros que já trilharam caminhos mais iluminados que os nossos. Por meio de suas histórias, nos auxiliarão a compreender que só podemos destacar nossas próprias ideias quando possuímos obras consoladoras correspondentes ao nosso nível evolutivo.
Ninguém poderá obrar individualmente enquanto não possuir as asas da liberdade, conquistadas pelos sacrifícios e renúncias do amor ao bem comum! Amigos espirituais nos ensinam constantemente que reconheceremos o valor de cada trabalhador pelas realizações apresentadas durante a jornada!
No mesmo tronco, onde a abelha retira fortuna e mel,
A aranha escura e disforme faz morte, peçonha e fel.
Casimiro Cunha – Gotas de Luz!
1º Capítulo:
Visita à Subcolônia de Aruanda!
1.1- Ministro Mefistófeles!
Dias depois do pedido de demissão do Caboclo Tupinambá, formalizando nos setores administrativos a emancipação repentina de Myriel, houve a iniciação dos procedimentos de análise, a fim de determinar o quanto daquela solicitação poderia ser realmente atendida.
Ao encerrar os olhos terrenos, Myriel via-se dentro de um pequeno e rústico barco a remo, acompanhado de duas pessoas. Uma delas, o homem à sua frente, cujo braço direito apoiava o queixo, olhava fixo ao médium, demonstrando atenção e carinho. Utilizava uma veste branca e prateada, colares de materiais que lembravam aço cirúrgico, resistentes e brilhosos. Sua aparência, por outro lado, evidenciava a beleza do Mediterrâneo: cabelos lisos, escuros e sedosos, rosto pontudo de pouca massa, e a sabedoria dos justos. O outro rapaz, indígena e silencioso, apenas remava o barco.
Ao sorrir de forma contida, o homem de vestes brancas prateadas, explicou:
— Paz de Cristo, Myriel, acaso ficou assustado por acordar no meio dos rios da Juremá? Eu me chamo Mefistófeles, mas pode me chamar de Mephisto, e, devido à falta de outros trabalhadores, fui pessoalmente direcionado para inspecionar a sua solicitação de emancipação terrena. Sou também um dos ministros de nossa Colônia de Prata, responsável pelos setores administrativos, e, mesmo ainda não nos conhecendo pessoalmente, eu era o seu líder antes de reencarnar.
— Após você, Héstia, Gaia, Alexandre, Thiago e outros membros de minha equipe terem sido encaminhados à vida terrena em razão de ordens superiores, ficamos com poucos operários ativos e experientes, me obrigando a realizar outros serviços mais simples, como esse mesmo, de acompanhamento.
— O seu nome, no entanto, eu me recordo bem. Antes de reencarnar, recebemos algumas denúncias anônimas de um funcionário que chegava adiantado na repartição para alterar e limpar os móveis de todo o andar, pois sentia a necessidade interna de mudanças. A felicidade desse servidor ocasionava a desventura de outros.
1.2 – Momento de Transição!
Olhando Myriel, Mephisto continuou gentilmente:
— Logo, como todas as denúncias devem ser resolvidas pelo ministro responsável, fui obrigado a realizar uma análise do caso a fim de encontrar a melhor solução. Esse colaborador era você, Myriel, e, como não desejava perder um irmão tão dedicado e focado, resolvi da melhor forma possível. Mandei retirar todos os móveis do seu andar. Cada funcionário apenas poderia portar sua própria mesa e acessórios, sendo de sua única responsabilidade a localização e organização.
— Depois de conseguir acalmar os ânimos de todos, você decidiu reencarnar para acompanhar Ártemis, e quitar os seus débitos passados. Quem sabe agora poderá entrar pela porta da frente, desde que cumpra o seu trabalho.
— Bom, o motivo de nossa entrevista refere-se ao meu desejo de conhecer você um pouco melhor, as suas atitudes, os seus conhecimentos e a sua maturidade espiritual. Enquanto isso, conheceremos a tão famosa subcolônia turística de Aruanda, fundadora da religião de Umbanda nos planos terrenos.
— Estamos de barco porque aos visitantes a única entrada permitida é através dos rios ao redor do núcleo da Juremá, a capital dessa cidade. Veja adiante, já podemos apreciar a maravilhosa e simbólica floresta.
Myriel vira belezas indescritíveis em diversos transportes, mas aquela era diferente, os rios turbulentos formavam ondas severas, e ventos intensos rodeavam uma gigante cruz de madeira envernizada, de pelo menos quinze metros de altura. Ela permanecia dentro de avantajado arco de árvores e folhas, que separava as duas passagens de entrada e saída, cada uma de um lado da cruz.
Minutos depois, o pequeno barco ancorava naquele magnífico cenário, e tanto Myriel como Mephisto desciam animados e admirados ao ver tamanha organização e movimentação.
Não se contendo, Myriel se aproximou da cruz de madeira e passou gentilmente as mãos, sentindo a rudimentar natureza modificada, áspera e impolida, bem como os graúdos pregos que seguravam de pé aquele mártir. Experimentava a própria crucificação de Jesus em sua alma, quase como se ela tivesse vida própria, ao passo que duas lágrimas escorriam pelo seu rosto. Permaneceu alguns segundos em uma prece viva de sentimentos e retornou ao lado de Mephisto.
1.3 – Recepção Calorosa Dos Caboclos!
Enquanto Mephisto e Myriel permaneciam aguardando a liberação de entrada na subcolônia de Aruanda, a Cabocla Jurema e o Caboclo Rei Chefe da Umbanda