A Caminhada: Magia, Religião, Ciência e Espiritualidade
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A Caminhada - Maria Helena da Fonseca Costa
A
CAMINHADA
Magia, Religião, Ciência
e Espiritualidade
A
CAMINHADA
Magia, Religião, Ciência
e Espiritualidade
MARIA HELENA DA FONSECA COSTA
Este livro é dedicado à
memória dos meus quatro
maravilhosos, carinhosos,
corretos e adoráveis, em todos
os sentidos, padrastos:
Louis Edward Lynch
Charles Edward Murray
Hélio Salazar Pessoa
Gino Vittorio Salvatori Zapulla
A razão por que se abre um
livro para ler é a mesma
por que se olha para as estrelas:
querer compreender.
José Saramago
em Cadernos de Lanzarote
SOU O TODO
Deus dorme em cada pedra
Desperta em cada planta
Move-se em cada animal
Pensa em cada homem
E ama em cada anjo.
Daí concluímos que devemos
tratar cada planta como um
animal querido; cada animal
querido como um ser humano;
e todo ser humano como Deus,
pois nele vive a centelha divina.
Poema Tibetano
Cada homem, quando vem ao
mundo, chega investido de uma
função íntima ou capital, mas
geralmente desconhecida dele
próprio, e que sua natureza,
suas relações com seus
semelhantes, os acidentes de
sua existência, impelem-no a
cumprir, contra a sua vontade,
mas com a ilusão de liberdade.
Maurice Druon
da Academia Francesa de Letras,
em seu livro O Lis e o Leão (p. 07).
Uma vida sem reflexão não
vale a pena ser vivida.
Sócrates
AGRADECIMENTOS
Agradeço muito ao meu jovem amigo Lucas Sant’Anna, meu professor de Computação, pela paciência que teve comigo, que lido muito mal com tecnologia; pelo estímulo para que não esmorecesse quando a paciência e o cansaço chegavam; pela sua cordialidade; pelo auxílio na revisão deste texto e pelas sempre bem-vindas sugestões para a obra.
Agradeço às minhas duas sobrinhas, Ana Paula Castelo Branco e Andrea Deroze.
In memoriam, agradeço também à minha irmã, Anna Maria de Mattos Pimenta, ao meu marido, Luiz Alves da Fonseca Costa, à Madre Purificação (cujo nome era Conceição Ramos) e ao Embaixador Paulo Padilha Vidal, os quais tanto me incentivaram e que sempre me fizeram sentir uma pessoa com merecimentos muito maiores do que aqueles poucos que verdadeiramente tenho.
Agradeço aos meus amigos Clara Waismann, Maria Luiza Arcos, Alex Kitover, José Carlos Tames Moura, Roberto dos Santos, Hernani Bonozo de Castro, José Luís Simões Coelho e (in memoriam Jayme Waismann), amigos de todos os domingos, na hora do crepúsculo, que me fazem companhia em maravilhosos jantares, com conversas inteligentes e divertidas, com elogios ou veladas reclamações da comida, com anedotas leves ou meio pesadas e até com discussões acaloradas, que terminam sempre com festivos beijos e abraços, quando pouco falta para a chegada das madrugadas frias ou de verão, com chuva ou com lua cheia!
Agradeço aos outros tantos amigos, que estão longe ou perto, e mesmo àquelas pessoas que, de alguma forma, me prejudicaram, fazendo com que sofresse, porém, ajudando, assim, a me tornar uma pessoa melhor.
PREFÁCIO
Caro leitor
Gostaria primeiro de me apresentar; sou Bernard Arker, amigo de Maria Helena da Fonseca Costa desde 1996. Nascido na França, vim para o Brasil em 1978 e acabei ficando, pois minha esposa e eu gostamos muito deste país. Devo dizer que na França tive uma educação extremamente técnica, baseada em ciências, tecnologia, eletrotécnica, enfim, matemáticas e ciências exatas. Por isso, estranhei quando Maria Helena me pediu para redigir uma apresentação para este livro. De fato, somos bem diferentes, ela que teve uma formação universitária baseada essencialmente em letras mas isso não impede a amizade!
Bem, na reflexão, cheguei à conclusão de que os temas abordados no livro A Caminhada
são extremamente espirituais e sujeitos à ampla discussão: Magia, Religião, Ciência e Espiritualidade. Sou um pouco disposto a encarar os fatos e as teorias apresentadas no livro de maneira bastante cartesiana, devido não somente à minha formação, mas também às minhas aspirações pessoais.
Isso posto, vamos às minhas considerações pessoais em relação ao livro.
É fato que desde a noite dos tempos, nossos antepassados estão vivendo e se deparando com fatos e acontecimentos que ultrapassam o entendimento e as possibilidades intelectuais deles. Concordo totalmente com Maria Helena sobre o fato que desde sempre estes homens (isso dito da forma mais ampla) sempre tentaram lançar mão de meios (às vezes) curiosos para entender o que eles não tinham condições de conseguir. O livro mostra detalhadamente, com muitos exemplos perfeitamente documentados, o que eles fizeram nessa direção. A meu ver, tem coisas que fazem mais ou menos sentido, e outras totalmente estranhas para uma mente cartesiana!
De qualquer forma, acredito que essa procura da VERDADE é uma coisa que não estamos perto de terminar. Uma coisa é certa: a cada nova invenção ou descoberta, ficamos frustrados. No lugar de vislumbrar explicações firmes e definitivas, o leque de incertezas se abre cada vez mais...
Obrigado Maria Helena por este livro extremamente claro, agradável de ler e muito bem documentado! Boa leitura!
Bernard N R Arker
INTRODUÇÃO
É visto como um mistério, fala-se disso ou
ouve-se sobre isso como se fosse um mistério,
mas ninguém o conhece.
Bhagavad Gita, II, 29
É verdade que existem pessoas que não se preocupam com esse assunto. No entanto, muitas outras realizam grande esforço para conseguir entender a razão da vida e, sobretudo, o motivo de estarmos neste mundo. Geralmente, a razão da curiosidade daqueles que tentam compreender tal questão é – em minha opinião e, naturalmente, posso estar equivocada – chegar a uma conclusão do porquê temos que sofrer. Acredito que se o ser humano não sofresse, talvez fosse compreensível que ninguém se importasse com o assunto. Naturalmente, como todo mundo sofre, pelo menos em alguns momentos da vida, não compreendo a razão pela qual as pessoas, de um modo geral, não se interessam por esta temática. Aceitam, sem questionar o que lhes ensinam; não discutem ou procuram saber por que, simplesmente vivem na superfície.
Posso até entender esse comportamento partindo de pessoas que têm pouca escolaridade, bem como as que lutam pela subsistência, já que isso toma-lhes todo o tempo de vida e não têm disponibilidade para se dedicarem a outras atividades a não ser a de trabalhar. E quando, eventualmente, sobram algumas horas de liberdade, já estão tão cansadas e esgotadas que só querem ou descansar ou dedicar-se a atividades que lhes dão prazer. Pensar dá trabalho, custa, mormente se as pessoas tentam organizar-se para poder ler, escutar palestras, conhecer a opinião de outros indivíduos sobre o assunto que, a meu ver, deveria interessar a todos nós.
Quem não sofre? Quem, pelo menos, uma vez na vida, não sentiu angústia, desespero ou perplexidade diante de um sofrimento, cuja motivação é desconhecida? Normalmente, o ser humano chora, fica assustado, permanece sem saber muito bem como agir, fica perdido.
Aí, então, entram os líderes religiosos para dar explicações, a fim de consolá-los e incutir na mente dos sofredores as opiniões que tiraram de livros, de experiências pessoais, de doutrinas mais ou menos aceitáveis. Quem assiste a tais palestras ou declarações tenta melhorar o sentimento de perda, de solidão, de desespero que acomete a maioria dos que sofrem, mas que aceitam sem discutir ou questionar. E, assim, o sofredor é convencido a adotar aquela doutrina e regras impostas pelo credo da pessoa que o assiste em certo momento – isso na melhor das circunstâncias, quando o motivo do socorro seja apenas, realmente, o de consolar o sofredor. No entanto, de um modo geral, junto ao consolo, mesmo vindo do coração magnânimo de quem assiste, sempre é acompanhado do interesse de que a pessoa que sofre siga o que o consolador acha, crê e prega. E essa pregação, ainda que carregue as melhores intenções do mundo, visa uma única coisa: o que se convencionou chamar de conversão
.
O que é conversão
, afinal? Segundo o dicionário, conversão
, no sentido aqui citado, é o ato de passar de um grupo religioso para outro, de uma para outra seita ou religião
¹ Ou seja, segundo seus seguidores, a religião que seguem é a única verdadeira. Aí nos deparamos com uma questão muito importante: o que é a Verdade? Alguém realmente sabe? Não é fato que, seja quem for, que ouse dizer o que é a Verdade, não seria um ser humano diferente do que se convencionou acreditar ser uma pessoa mais ou menos normal
? Pelo que conheço, nunca ninguém proclamou, em juízo perfeito, que sabe o que é a Verdade. Digo VERDADE no sentido mais amplo da palavra. É claro que cada pessoa pode ter a sua verdade
, isso é óbvio, mas essa verdade é algo totalmente subjetivo. Diferente de um triângulo, por exemplo, que é uma figura geométrica de três faces. Isso não é subjetivo, e sim um fato! Mas o que seria a VERDADE?
Não digo isso tudo por achar que sei o que é a VERDADE. Não tenho a menor ideia do que seja, é claro! Nem mesmo posso afirmar sobre a veracidade de coisas provadas, como a física quântica, por exemplo. A minha ideia do que seja a física quântica é extremamente primária e tenho apenas uma vaga noção. Não creio que poderia aprender muita coisa sobre física quântica, mesmo que me esforce para estudar. Aliás, tenho dificuldade com as ciências exatas. Minha formação foi toda na área das ciências humanas. Isso é uma coisa. Outra é pensar sobre assuntos não provados, isto é, ter fé.
A palavra fé
já é o contrário da razão, quando usada em seu sentido mais comum: o de acreditar em coisas que não podem ser provadas. Não me refiro ao sentido da palavra fé
em frases como essa, por exemplo: Tenho fé que o futuro será melhor
. Aqui, fé é sinônimo de esperança. Nada contra! Qualquer outra definição da palavra fé