Constituição da(s) identidade(s) profissional(is) de jovens universitários(as) pedagogos(as): fatores impeditivos e facilitadores de autoria
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Constituição da(s) identidade(s) profissional(is) de jovens universitários(as) pedagogos(as) - Edgar Oliveira Santos
Aos caminhos e pessoas que encontrei nesta jornada.
Família, o melhor presente.
Amigos (as), preciosidades da alma.
AGRADECIMENTOS
Deus, por inúmeras vezes tentei lhe escrever. No início, as palavras no papel possuíam diversas formas, desenhos tortos, frases desconexas e muitos sonhos carregados de desejo e afeto. Muitas vezes não compreendia quais eram os teus desígnios para a minha vida. Mas, como todos os dias, tocaste o meu coração, inundaste a minha alma e mostraste sempre quais os caminhos que eu deveria seguir. Obrigada por falar. Lembras, Deus, do dia em que, aos pés de minha cama, ouvi o silêncio? Lembras o que te disse? E lembras, Deus, o dia que abriste as portas e deu a mim a oportunidade de ir aonde eu quisesse? Eis-me! Conseguimos! Obrigada!
Ao esposo Altair Zatti, que, sempre nomeado deste modo, corrige dizendo: é amor, amor! (Risos). Incentivador constante. Ser humano incrível que, nestes anos todos, apoiou-me, ajudou-me do seu jeito e por várias vezes foi meu companheiro de estrada, dormindo dentro de um carro apertado embaixo das árvores no estacionamento da Universidade enquanto eu assistia às aulas e possibilitou que o sonho se materializasse. Gratidão, amor!
Aos meus filhos André e Daniel, razão dos meus dias, emoção que aflora no melhor dos meus sentimentos, alegria por serem quem são, orgulho por terem se tornado profissionais incríveis. Cresço diariamente! Saibam, acima de todas as coisas, que são a expressão maior da materialização do AMOR. Acreditem, vocês me fizeram ser a melhor versão de mãe. Honro-os, meus filhos! Ah! Obrigada pelos tantos cafés e lanchinhos, enquanto a mãe os deixava para estudar.
Às filhas pet Nuna, nossa Border Lady, que adora dormir em cima dos meus pés, embaixo da mesa de estudos, à minha Aisha, a Shih tzu mais gostosa do universo, que chegou para ser companhia, quando não me cabia a saudade longe da família, companhia de estrada todas às vezes que viajava, rumo ao Oeste de Santa Catarina. Ao Seven, o felino mais doce, que teve sua vida ceifada por humanos enquanto ele apenas tentava me encontrar. Amor eterno, uma estrelinha no céu!
Aos meus pais e mães desta vida, sou privilegiada; tive de vocês o melhor dos ensinamentos: ser quem me tornei. Sabem que são meu espelho! Ao meu irmão, Carlos Augusto, que sempre, do seu jeitinho, me disse: te admiro, minha guerreira. À minha irmã, Ana, única, exclusiva, amiga de todas as horas, que, junto com o Daniel e o meu AMOR Davi, fazem-me ter os melhores sorrisos! Amo vocês! Como eu amo!
Aos meus amigos e amigas, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Univali e da Unisul. Gentem
, fala sério, vocês foram os pontos cardeais, o aconchego e o carinho respeitoso dos meus dias. Amarei vocês eternamente!
Dedico meu agradecimento e homenagem aos amigos da Polícia Militar de Santa Catarina pela jornada profissional, pelo aprendizado, e estendo aos meus amigos, amigas e colegas de trabalho da Educação e áreas afins. Quantos ensinamentos e incentivo! Admiração é pouco para descrever tanta gratidão.
Não posso esquecer de agradecer aos/às professores(as), que marcaram substancialmente minha vida estudantil e profissional. Desejo que, onde estiverem, sintam o abraço carinhoso desta aluna, sempre aprendiz. Quanta profissionalidade concentrada em bons exemplos, nas maneiras de ensinar e conosco aprender! Os reverencio!
Aos integrantes do Grupo de Pesquisa Educação e Trabalho
, quanta admiração por cada um(a). Quantos saberes concentrados em um ambiente empático, solidário e respeitoso. Quanta parceria em publicações. Mesmo nos poucos momentos de tempo, desfrutamos das melhores risadas, cafés, almoços, jantares, hospedagem. Foi sensacional. Agradeço em muito as garotas especiais da Secretaria do PPGE da Univali, obrigada!
Agradecimento ao meu amigo Professor Dr. Aldo Litaiff, pelos ensinamentos. Carioca, morador da Ilha da magia, nos tempos de doutorado, que foi a representatividade do professor marcante. Pessoa que confiou e acreditou na minha capacidade de seguir adiante no momento em que os desejos de ser quem hoje me torno foram silenciados. Professor Aldo, obrigada, o senhor me deu a melhor humana, amiga e orientadora, a professora Dra. Tânia Regina Raitz.
Aos professores e professora da banca, Dr. Claúdio Almir Dalbosco, Dr. Adolfo Ramos Lamar e Dra. Ana Claúdia Delfini, por realizarem a leitura atenta e sempre criteriosa da presente tese, obrigada por contribuírem com suas primoros considerações e recomendações.
Finalmente, agradecer à magnânima Prof.ª Dra. Tânia Regina Raitz, (risos). Carinhosamente é assim que a chamo, porque a minha orientadora depositou toda sua confiança e experiência em me ensinar, incentivar e acreditar nas possibilidades. A professora Tânia é este ser de extrema luminosidade. É dessas pessoas que faz naturalmente de seus dias profissionais os melhores acontecimentos. Quanta admiração e respeito, minha professora! Obrigada!
Mas a miúda estava tão imóvel que nem se dizia parada [...] Desistido e cansado, se sentou ao lado dela. Quem sabe cala, quem não sabe fica calado? O mar enchia a noite de silêncios, as ondas pareciam já se enrolar no peito assustado[...] A menina, nesse repente, se ergueu e avançou por dentro das ondas [...] ao invés de recuar, a menina se adentrou mais no mar. Depois, parou e passou a mão pela água. A ferida líquida se fechou, instantânea. E o mar, se refez um (MIA COUTO, 2013).
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AD – Análise do Discurso
AIE – Aparelhos Ideológicos do Estado
ARE – Aparelhos Repressores do Estado
ANPED – Associação Nacional de Pós Graduação
BDTD – Biblioteca Digital de Teses e Dissertações
CF – Constituição Federal
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
COVID - Corona Vírus Disease
DP – Discurso Pedagógico
GF – Grupo Focal
IBGE – Instituo Brasileira de Geografia e Estatística
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LEP – La Educación Prohibida
OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
OEA – Organização das Nações Unidas
PEC - Projeto de Emenda Constitucional
PMSC – Polícia Militar de Santa Catarina
PNE – Plano Nacional de Educação
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar
PNDU – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PCSC – Proposta Curricular de Santa Catarina
RAIS – Relação Anual de Informações Sociais
TCLE – Termo de Consentimento Livre Esclarecido
UPF – Universidade de Passo Fundo
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí
UNOCHAPECÓ – Universidade Comunitária da Região de Chapecó
APRESENTAÇÃO
Um texto de introdução procura dar pistas e convidar o leitor a seguir uma rota no mapa das letras e contribuir para dar visibilidade ao percurso que se deseja chegar. Desta forma, a metáfora¹ de um mapa
originalmente me coloca na posição de autora de meus escritos, dialogando com filósofos e autores(as) renomados(as) sobre os conceitos de (i)identidade profissional, processos de autoria e silenciamento atravessados, ora pela linguagem, ora pelo protagonismo e a aprendizagem, ora pela constituição dos sujeitos(as) integrantes desta pesquisa. É nesta junção que foi tecida a teia em que se apresenta o tema contextualizado e problematizado. Para tanto, exponho os entrecruzamentos construídos entre minha trajetória profissional e o interesse pelo objeto desta tese.
No transcorrer de minha trajetória inicial como estudante, sempre fui uma observadora de como cada um aprendia, neste sentido, observava inquieta toda essa movimentação. Depois, como docente na educação básica e no ensino superior, incomodava-me práticas pedagógicas desconectadas e distantes da realidade de quem aprendia, além da desmotivação no ato de ensinar, exigindo do aluno a cópia desenfreada no caderno, da falta de respostas a perguntas curiosas, das reclamações sobre os baixos salários, dos comportamentos docentes relacionados ao ensino e à condução das aprendizagens em consonância com outras áreas do conhecimento.
Inúmeras foram as vezes em que, na posição de aluna, via-me observando como uma aula era conduzida e a forma como as práticas de meus mestres poderiam ser conduzidas, caso fosse eu a estar naquela posição. Eram momentos despretensiosos com pitadas de romantismo, suspense e diversão. No entanto, o tempo passou, mas o desejo de pesquisar tais movimentos permaneceu carregado de vivacidade.
Convém destacar, deste o início desta investigação, que não repousa aqui o objetivo de desenvolver reflexões acerca das práticas de ensino, mas o que do ensino e da aprendizagem resulta às (trans)formações na constituição identitária dos(as) jovens quando estamos falando dos facilitadores de autoria e de fatores impeditivos, como, por exemplo, o silenciamento que fica visível em alguns formandos durante o processo formativo.
Como afirma Ribeiro (1999, p. 20), a vida do professor se constitui na formação, naquilo que eles são, do que se fizeram e se tornaram ao longo da vida
. A formação no espaço universitário ou em outros em que ela acontece, de maneira sistematizada, vem necessariamente somar-se àquela formação já existente, que o constituiu anteriormente, na análise do discurso francês, dizemos que nada acontece em separado, está em nós, nos constitui, complementa. Mais do que somar-se, vem debater-se com ela, desta forma, traz a legitimação, a reafirmação ou o questionamento e a dúvida. A resposta pronta, o conceito fechado e abstrato encontra dificuldade de relacionamento com essa formação, que é a base e o substrato de toda formação acadêmica.
Neste sentido, salienta Dominicé (1988, p. 44) que a formação depende do que cada um faz do que os outros quiseram, ou não quiseram, fazer dele
. Em outras palavras, a formação corresponde a um processo global de autonomização, no decurso do qual a forma que damos à nossa vida se assemelha ao que alguns chamam a identidade
(NÓVOA & FINGER, 1988, p. 61).
Ressalta-se que, nos estudos da educação, a noção de identidade é amplamente discutida nas últimas décadas, assim como a relação que podemos estabelecer entre juventude(s), identidade(s) e profissão docente por inúmeros autores e pensadores (DUBAR, 2009; HALL, 2019; MELUCCI 2001a, 2004; PAIS, 2003; RAITZ, 2003 e VANZUITA, 2016), e outros. Tais autores mostram e discutem, no âmbito educacional, social e cultural, como ocorrem os processos de formação e profissionalização.
Na mesma perspectiva, estamos tomando como argumento crítico a ideia de que os jovens
são rotulados como inexperientes e suas vozes silenciadas ou ditas através de outros discursos, que não os seus. Neste momento, os processos de autoria, autonomia, desenvolvimento cognitivo são descaracterizados por sistemas de ensino rígidos e/ou inflexíveis. Conforme diz Melucci (2001, p. 133), que nos ajuda a problematizar:
No confio em lo que los expertos afirmam sobre los jóvenes. Los jóvenes son expertos em sí mesmos, los únicos que pueden informarnos acerca de los que les está ocurriendo y lo está cambiando em su cultura, em su modo de ser y em sus relaciones com la vida e la realidade. Los jóvenes son quienes experimentan directamente las cosas.
Para Melucci (2004), muitas vezes, o que a maioria dos jovens prefere é deixar que outras vozes mais experientes falem por eles, sejam os adultos, os meios de comunicação, suas famílias, os governos, a escola, a universidade etc. Pais (2003, p. 38) expressa que tal afirmativa se otimiza ao afetar um universo considerável de indivíduos pertencentes a uma geração, estas vozes são culturalmente incorporadas em determinados tempos de vida, se apresentam como expressão de determinados problemas sociais
, atraem a atenção dos poderes públicos, podendo surgir medidas - legislativas ou de terapêutica social que por via institucional, consigam dar resolução parcial a esses problemas.
Neste último grupo, o que temos debatido ao longo dos anos é a presença cada vez mais precoce de jovens no universo acadêmico. Este fator é demarcado pelas mudanças no cenário educacional por meio das políticas educacionais, no alargamento dos conceitos sobre juventude e na constituição da(s) identidade(s) profissional(is).
Considero relevante ilustrar, distante do aprofundamento em políticas públicas, como historicamente, nos últimos 20 anos, a precocidade do acesso de jovens ao ensino superior ainda é fator de debate entre estudiosos, cientistas, órgãos governamentais e multilaterais e, a partir disso, autores enfatizam os processos de transição para a vida adulta e centram as análises nos diferentes processos culturais e históricos que configuram as novas gerações de adultos
(CARRANO, 2011; PAIS, 2003).
Carrano (2011, p. 10) fala da necessidade de delimitar espaços e faz uso da expressão emprestar de outras culturas
os modos regulatórios de como outros países se relacionam com as questões a respeito do alargamento da faixa etária jovem, e cita o exemplo de alguns países, como a Itália, que estabelece a idade coorte superior de suas pesquisas sobre este público para 34 anos de idade, como os jovens a presente pesquisa.
É necessário assinalar que a visão que trazemos nesta