Formação Pessoal e Profissional do Professor à Luz da Psicomotricidade Relacional

De Elisângela Gusi e Edna Liz Prigol

Esta obra nasceu da inquietação de duas educadoras que, ao longo de suas carreiras, vivenciaram, tanto como professoras quanto como gestoras da educação, momentos de transição de pensamentos educacionais que orientavam o pensar e o agir do docente na sala de aula. Com a revolução ocasionada pela Sociedade do Conhecimento, os profissionais da educação têm enfrentado grandes desafios relacionados ao trabalho docente, que deve superar a visão do paradigma que fragmenta o conhecimento, focalizar na disciplinaridade, no mecanicismo e no reducionismo, separando a razão da emoção, isto é, orientando a ação didática na ênfase do desenvolvimento cognitivo e afastando da educação integral do aluno. Dessa maneira, esta obra foi estruturada para auxiliar os professores em sua formação continuada, especialmente no que se refere à autoformação, para que possam refletir sobre sua prática pedagógica e identificar que os fundamentos do pensamento complexo aliado à Psicomotricidade Relacional poderão transformar seus pensamentos e ações. A Psicomotricidade Relacional é apresentada como uma proposta de método que articula a formação pessoal e conduz o docente a refletir sobre si e as relações que estabelece com seus alunos e todos os atores envolvidos no processo educacional. A obra, de leitura prazerosa, consagra a teoria e prática, motiva seus leitores com embasamento teórico atual e engajador do trabalho prático. Descreve detalhes da prática psicomotora relacional e revela aspectos inéditos capazes de instigar a reflexão e encorajar uma nova perspectiva de potencializar as relações na instituição de ensino.

Venha deslumbrar-se com a leitura desta obra e, com certeza, refletir sobre a prática docente!

• Idioma: Português
• Editora: Editora Appris
• Data de lançamento: 17 de out. de 2019
• ISBN: 9788547323035

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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO PSICOPEDAGOGIA

Dedicamos esta obra a todos os profissionais que acreditam na educação.

Seu corpo me diz

que você sabe e não quer dizer

O que você ousa dizer

O que você teria vergonha de dizer

O que você gostaria de dizer e não sabe dizer

O que você não sabe de si mesmo

O que você deseja e não quer pedir

O que deseja e não pode pedir

O que deseja e não gostaria de desejar

O que deseja sem o saber

É o que você tem medo

O medo do seu desejo

O medo do desejo do outro

O medo de ser você mesmo

O medo de não ser você mesmo

O medo de ser descoberto e o medo de se descobrir

O medo de ser compreendido e o medo de não ser compreendido

O medo de compreender e de não compreender

O medo da morte e o medo da vida

O medo da solidão e o medo dos outros

O medo de sentir medo e o medo de não ter medo

O medo do vazio e da plenitude

O medo do que você esconde dos outros e do que você esconde de si mesmo

Seu corpo me diz às vezes o contrário do que você diz

Seja o que ele tenha dito ou que você não gostaria que ele o diga

Seja o que você ignora que ele tenha dito em seu nome

Seu corpo fala às vezes de um eu que você não conhece

Fala através de si sem sua autorização

Sem lhe pedir autorização

Sem mesmo lhe informar

Seu corpo também tenta mentir

E dizer o que você deseja que ele o diga, mas ele mente bem menos do que sua fala

Ele mistura o que você quer dizer ao que você deseja dizer.¹

Apresentação

Esta obra talvez já tenha nascido há muitos anos, pois ela é fruto da caminhada conjunta de duas educadoras-pesquisadoras que, com muitas observações e discussões, a partir das necessidades identificadas na escola e na formação de professores, buscaram aprofundar-se em conceitos e teorias para auxiliar a formação continuada de professores para além das questões técnicas, mas principalmente com o olhar para o campo pessoal, possibilitando assim o desenvolvimento integral do profissional da educação.

Assim como o poema de Lapierre, este livro tem como fio condutor a educação humanizadora, que seja capaz de ampliar os pensamentos e as ações do docente, para que possa buscar uma prática pedagógica transformadora, que trabalhe simultaneamente o cognitivo e o afetivo, favorecendo assim o desenvolvimento integral do aluno.

Os textos que compõem este livro foram escritos em momentos distintos, possibilitando assim a leitura independente. Foram tecidos de maneira que o leitor possa entender que a formação continuada é um processo que integra várias dimensões do ser humano, sejam elas intelectuais, corporais, psicológicas, sentimentais e também as referências do contexto no qual o indivíduo vive, que são as dimensões sociais, econômicas, tecnológicas e culturais. Sendo assim, a estrutura deste livro permite navegar por escritos que conduzem para a formação do docente na sua inteireza humana.

Foi organizado em capítulos de maneira construtiva, facilitando ao leitor a sensibilização de etapas para entender, de fato, ao que nos propomos com a formação do docente. Os primeiros textos buscam fazer um resgate epistemológico de teorias que fundamentam a formação continuada, a autoformação e o pensamento complexo. A segunda parte do livro é dedicada a apresentar simultaneamente a teoria e a prática da Psicomotricidade Relacional como um caminho para a formação integral do professor.

As autoras

Lista de Abreviaturas e Siglas

Sumário

INTRODUÇÃO

1

O DOCENTE

2

SOBRE A FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DO PROFESSOR

3

UM OLHAR PARA A AUTOFORMAÇÃO 

3.1 aspectos psicossociais e emocionaiS do desenvolvimento profissional docente 

3.1.1 Crescimento pessoal e a formação profissional do professor

4

OS GRANDES PARADIGMAS QUE ORIENTARAM AS CIÊNCIAS E A EDUCAÇÃO

5

TECENDO CONHECIMENTOS SOBRE O PENSAMENTO COMPLEXO

6

PENSAMENTO COMPLEXO E ECOLOGIZANTE: UMA DIALOGIA PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA

7

PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL

7.1 Surgimento da Psicomotricidade Relacional

7.2 Abrangência da prática psicomotora relacional

7.3 Elementos fundamentais e estruturais da prática psicomotora relacional

7.3.1 O jogo simbólico

7.3.2 O espaço e o objeto

7.3.3 Fases e progressões sugeridas por André Lapierre

7.3.4 Principais materiais utilizados na Psicomotricidade Relacional

7.3.5 Conteúdos pessoais e a fala corpora

7.3.6 Comunicação não verbal e suas significações

7.4 O papel do psicomotricista relacional no setting 

8

fORMAÇÃO REALIZADA COM PROFESSORES

8.1 ETAPAS DA VIVÊNCIA PSICOMOTORA RELACIONAL COMO INTERVEnçÃO

9

Expressão do método da psicomotricidade relacional a partir da experiência realizada

9.1 processo de apropriação do professor das práticas vivenciadas

9.2 percepção do professor sobre possíveis mudanças em sua prática após a aplicação da vivência 

10

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

INTRODUÇÃO

A formação continuada do professor é reconhecida pela literatura como imprescindível, uma vez que enriquece a atuação docente e amplia possibilidades reflexivas de aprimoramento e inovação. Por conseguinte, necessita apresentar e disponibilizar elementos que instrumentalizem o professor em suas demandas técnicas, didáticas e pessoais. É um direito e também um dever, cuja responsabilidade deve ser assumida tanto pela instituição de ensino, num contexto administrativo/pedagógico, quanto pelos docentes, no sentido de desejar modificar.

Legalmente, a Resolução CNE n.º 2/2015² traz as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial e continuada dos profissionais do magistério da educação básica, expondo a importância e a necessidade de qualidade e regularidade da formação continuada. Para os docentes do ensino superior, especificamente, a Lei n.º 9.394/1996³ – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em seu art.º 66, destaca a necessidade de a formação dar-se em cursos de pós-graduação, mestrado ou doutorado.

Esta obra não se propõe a discorrer sobre as iniciativas, eventos e regularidade da formação continuada, mas investigar uma metodologia capaz de ocupar um espaço de formação pessoal, atendendo às necessidades do docente, restringindo-se às discussões no tocante à formação pessoal, agregada à formação continuada, oportunizando ao docente meios de discussão sobre as inquietudes relacionais e pessoais, fruto de sua rotina diária em sala de aula.

Antes de adentrar no assunto, cabe refletir sobre o termo permanente, incluído na formação e datado de 1972, tendo sido substituído pela palavra continuada. Seu entendimento aproxima-se da busca por fortalecer a continuidade de apropriação de novos saberes dos docentes, caracterizando uma formação para a vida e a ampliação de ideias, envolvendo os aspectos sociais, cognitivos, pessoais e evolutivos. Essa é a base da proposta feita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que disponibiliza elementos fundamentais para o desenvolvimento profissional e pessoal⁴.

Nesse sentido, o desenvolvimento profissional docente envolve possibilidades de tecer com linhas flexíveis a teoria e a prática, articulando elementos que fortaleçam e perpetuem um fazer docente capaz de democratizar o ensino e problematizar a prática, despertando o interesse dos alunos, levando-os a pesquisar, refletir, indagar, criar e recriar situações de aprendizagem, assim como evoluir como pessoas e futuros profissionais atuantes. De fato, o profissional da docência que ultrapassa o conhecimento dos conteúdos específicos é capaz de incluir conhecimentos pedagógicos que nutrem suas ações, potencializando o conhecimento dos estudantes. É aquele profissional que busca se reciclar a todo momento, cria alternativas, disponibiliza-se aos seus estudantes, compartilha seu conhecimento e aprende cada vez mais.

As pesquisas destinadas à formação continuada com características da formação pessoal estão cada vez mais presentes no campo científico. Alguns estudos investigam as relações na sala de aula, fortalecem os indícios de inclusão da formação pessoal e caracterizam a relevância da dimensão relacional. Exemplo nesse sentido é a pesquisa de Bardagi e Hutz⁵, que aponta a