SolarEnergy: análise de viabilidade técnica e econômica de microgeração fotovoltaica
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SolarEnergy - Ábio Xavier Cardoso de Jesus
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
No Brasil, os primeiros projetos fotovoltaicos residenciais são de 2003, sendo sistemas isolados da rede elétrica, os quais foram incentivados pelo Programa Luz para Todos criado pelo Governo Federal (ELETROBRÁS, 2021). Tal programa possibilitou o acesso à energia elétrica para mais de 16 milhões de pessoas no país, principalmente em regiões remotas, trazendo melhoria de qualidade de vida e desenvolvimento socioeconômico.
Em 2012, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) publicou a Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, que trata da Micro e Minigeração Distribuídas e cria o sistema de compensação de energia elétrica (ANEEL, 2012). Esse sistema passou a permitir que a energia gerada pelo consumidor fosse abatida na fatura de energia elétrica. Tal fato incentivou, e continua incentivando, a implementação de fontes de geração de energia renovável, sendo responsável pelo surgimento dos primeiros projetos residenciais e comerciais fotovoltaicos conectados à rede elétrica.
Em 2015, a ANEEL publicou a Resolução Normativa ANEEL nº 687, de 24 de novembro de 2015 (ANEEL, 2015), que altera a Resolução nº ANEEL 482/2012, trazendo importantes atualizações que impactaram diretamente o mercado de energia elétrica para micro e minigeração distribuída, sendo: i) criação de novos nichos de consumidores; ii) criação de novas modalidades de geração distribuída; iii) diminuição da burocracia para autorização de instalação dos sistemas de geração distribuída; iv) aumento do prazo para utilização dos créditos de energia; e v) ampliação da potência instalada para micro e minigeração.
Nesse contexto, a implantação de sistemas fotovoltaicos conectados à rede vem aumentando sobremaneira. No entanto, o percentual de geração fotovoltaica na matriz elétrica brasileira ainda é tímido frente aos outros tipos de geração (VILLALVA, 2015). Grande parte da população brasileira ainda desconhece a tecnologia de geração fotovoltaica. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), em seu infográfico do mês de janeiro de 2022, a energia fotovoltaica representa 2,4% da matriz nacional de energia (ABSOLAR, 2022). Ademais, ainda é baixa a penetração da energia solar nos pequenos negócios, pois apenas 0,1% das pequenas empresas instalaram sistemas de geração fotovoltaica (SEBRAE, 2019). Desta forma, apesar do aumento da geração distribuída impulsionado pela normatização da ANEEL, ainda existe considerável público com potencial para instalação de sistemas fotovoltaicos.
Em Goiás, segundo o balanço patrimonial de 2020 realizado pela Enel, existia um total de 3.207.025 consumidores de energia elétrica vinculados à concessionária, sendo 2.881.142 consumidores cativos classificados como residenciais e comerciais, aproximadamente 90% do total de consumidores (ENEL, 2020). Os consumidores residenciais e comerciais cativos são aqueles que só podem comprar energia da distribuidora detentora da concessão ou permissão do local. Os consumidores residenciais são atendidos com tensão inferior a 2,3 kV e suas unidades consumidoras são utilizadas para fins residenciais, sendo classificados em subgrupo do Grupo B, conforme Resolução Normativa ANEEL nº 414/2010. Os consumidores comerciais de pequeno porte são atendidos com tensão inferior a 2,3 kV e devem comprovar sua atividade e finalidade comercial de utilização da energia elétrica junto à distribuidora, sendo também classificados dentro do Grupo B. Tal fato demonstra o grande potencial de consumidores que podem instalar sistemas fotovoltaicos dentro da classificação de microgeração (até 75 kWp), conforme a Resolução ANEEL nº 687/2015.
Muitos estudos de análise de viabilidade técnica e econômica de sistemas fotovoltaicos têm sido desenvolvidos nos últimos anos, principalmente após a publicação da Resolução ANEEL nº 482/2012:
Torres (2012) realizou um estudo sobre geração de energia elétrica urbana através de fonte alternativa com foco na energia solar. A autora utilizou três estudos de casos em regiões diferentes, sendo: i) região sul, representada por Porto União/SC; ii) região sudeste, representada por São Carlos/SP; e iii) região nordeste, representada por Petrolina/PE. Para os três casos, a autora manteve as mesmas características construtivas e o consumo médio mensal de 300 kWh/mês. Os resultados mostraram três sistemas com desempenhos distintos, devido a variação de irradiância solar entre as três regiões. Por fim, todos os três projetos foram considerados viáveis economicamente, com um payback variando entre 14 e 18 anos de uma vida útil de aproximadamente de 25 anos.
Carvalho (2014) avalia a viabilidade financeira no uso da energia solar fotovoltaica considerando a Resolução ANEEL nº 482/2012 e o software Radiasol 2 (UFRGS, 2015), a partir de dois estudos de caso. O primeiro estudo considerou um cenário de autosuficiência em geração fotovoltaica, ou seja, compensação total da energia injetada na rede, pagando-se apenas o custo de disponibilidade e os impostos devidos. O segundo estudo considerou um cenário de geração de energia para zerar a conta de energia no horário compreendido entre 08:00 e 15:00 horas, ou seja, no chamado horário de sol
. Os resultados mostraram que apenas no segundo caso houve viabilidade econômica do projeto.
Rodrigues (2015) realizou uma análise de viabilidade econômica para dois estudos de caso: i) Palácio Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia-GO; e ii) Indústria Heinz Brasil SA, em Nerópolis-GO. Em ambos os casos foram utilizados painéis fotovoltaicos do tipo policristalino (CS6P-250P), inversor convencional e os softwares Sketchup (TRIMBLE, 2020) e Radiasol 2. Os resultados mostraram que as condições de instalações na indústria foram mais favoráveis, principalmente devido à ampla área disponível para instalação dos painéis. Embora a análise de viabilidade econômica para o palácio tenha apresentado indicadores econômicos negativos, a análise de sensibilidade mostrou que uma pequena variação no custo de investimento, no índice de reajuste tarifário anual e na Taxa Mínima de Atratividade (TMA) tornariam o projeto economicamente viável.
Filho (2017) realizou um estudo de viabilidade econômica no mercado de energia solar conectada à rede nos 10 municípios de maior renda per capita no Estado do Maranhão, nos quais em 2016 foram identificados o consumo médio dos consumidores junto à concessionária de energia elétrica. Os resultados foram obtidos por meio do Excel 2016 e apresentados