O caminho: a trajetória de um dos médicos mais bem-sucedidos do Brasil

De José Rogério da Silva

O Caminho não é apenas a história de sucesso de um dos médicos mais bem-sucedidos do Brasil, é a trajetória de um homem nordestino, retirante, que enfrentou a fome, a falta de recursos e a desesperança para atingir seus objetivos. Em cada trecho, o escritor faz um convite para trilhar esse caminho aprendendo a desviar das pedras que apenas machucam os pés e nos fazem reduzir os passos. Sabendo que, com persistência, sabedoria, estratégia e muita fé, no final da estrada encontrará a realização de seu maior intento: o propósito de vida.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 6 de mai. de 2024
• ISBN: 9786553557383

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UMA INFÂNCIA MARCADA PELA SECA

Tinha acabado de começar o ano de 1983 e, no segundo dia, eu vinha ao mundo, de parto normal, pego por uma parteira, sob o sol escaldante de Solonópole, uma cidadezinha do interior do Ceará. A pequena cidade saudava o mais novo solonopolense e minha mãe se preocupava com mais uma boca para alimentar em plena estiagem que tomava conta de todo o Nordeste.

Recebi um nome imponente, José Rogério da Silva. Meus pais achavam que os filhos precisavam ter nomes fortes para sobreviverem a tanta desgraça e, quem sabe sobrevivendo, serem alguém na vida. A fome era grande naquelas paragens, a vida era muito dura e a cidade mal conseguia abraçar os poucos habitantes que chegavam ao mundo, tentando socorrer os que sofriam por causa da fome, da sede e da desnutrição.

Depois de cinco anos sem chuva, os índices de pobreza e miséria eram críticos, principalmente no sertão nordestino. Era uma situação de calamidade pública e a mortalidade infantil ultrapassava 150% em relação a outros estados do Brasil. Enquanto nos telejornais jorravam matérias com o sofrimento do povo nordestino, o governo de João Figueiredo se preocupava com a Transamazônica, a ponte Rio-Niterói e a ocupação do Centro-Oeste.

Ao escrever este livro, retomando esse momento da minha infância, reflito que, de alguma forma, a medicina despertava no meu íntimo como um propósito de vida sem nem mesmo ter consciência disso ou qualquer pretensão. Eu sou um sobrevivente em um país com tanta abundância e, ao mesmo tempo, com enorme escassez. Por conta da ambição humana, quantos Josés Rogérios não chegaram a completar um ano e quantos não se perderam pelo