Olhando no espelho e vivendo a recuperação

De Janaína Eler de Souza

OLHANDO NO ESPELHO E VIVENDO A RECUPERAÇÃO é um convite já expresso no título. É para todos os que querem uma vida com qualidade.
Fruto do estudo e da experiência, o livro traz testemunhos de muitas pessoas que foram ao fundo do poço, como o filho pródigo da parábola contada por Jesus, mas saíram ou estão saindo de lá.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Prazer da Palavra
• Data de lançamento: 25 de jan. de 2021
• ISBN: 9786589202127

Pré-visualização do livro

© Janaina Eler de Souza, 2021

Todos os direitos reservados por

EDITORA PRAZER DA PALAVRA

É proibida a reprodução por quaisquer meios.

Versão bíblica utilizada: Nova Versão Internacional (NVI), salvo quando houver indicação ao contrário.

FICHA CATALOGRÁFICA

SOUZA, Janaina Eler C. de,

Olhando no espelho e vivendo a recuperação / Janaina Eler de Souza. Rio de Janeiro: Prazer da Palavra, 2021.

ISBN: 978-65-89202-12-7

CDD 158

1. Psicologia aplicada – Saúde mental. 2. Saúde mental – Cristianismo. 3. Celebrando a recuperação. I. Título.

Índice para catálogo sistemático:

1. Psicologia aplicada – Saúde mental. 2. Saúde mental – Cristianismo. 3. Celebrando a recuperação.

Coordenação editorial:

ISRAEL BELO DE AZEVEDO

Revisão

MARGARETHE CERVA

Editoração (capa e miolo)

LEILA SIMÕES

EDITORA PRAZER DA PALAVRA

Rio de Janeiro

2021

www.prazerdapalavra.com.br

Apresentação

Israel Belo de Azevedo

Começo por dizer que sou parte da história deste livro.

Conheço a autora há muitos anos, quando foi minha aluna num curso da área de teologia.

Sua vocação, já se notava bem cedo, era cuidar de pessoas e contribuir para que tivessem vidas plenas.

Em seu labor, sozinha ou ao lado do José Maria, seu marido, descobriu o ministério Celebrando a Recuperação. E foi fundo, para conhecer, compreender e aplicar. Aplicou em diversas comunidades, a última agora na Primeira Igreja Batista da Tijuca. Ajudou e ajuda muitas igrejas a implantar o programa, inclusive na Igreja Batista Itacuruçá (Tijuca – Rio), onde atuo e contribuo com o programa.

Por isto, a ouvi várias vezes, sempre lhe sugerindo para escrever um livro.

Quando ela o fez e me mostrou, li de uma só vez e decidi eu mesmo a publicá-lo.

Eu escrevo livros bons e ruins, mas dos outros só publico os bons. Este é o caso.

OLHANDO NO ESPELHO E VIVENDO A RECUPERAÇÃO é um convite já expresso no título. É para todos os que querem uma vida com qualidade.

Fruto do estudo e da experiência, o livro traz testemunhos de muitas pessoas que foram ao fundo do poço, como o filho pródigo da parábola contada por Jesus, mas saíram ou estão saindo de lá.

O livro de Janaína é para ser lido, vivido e compartilhado.

Eu me sinto feliz por ajudar a tornar possível que você o tenha em suas mãos. Mais feliz ficarei, se o ler e prestar atenção ao que a autora lhe diz.

Olhe-se neste livro

Escrever esta nota é para mim um privilégio duplo: conheço a Janaina e conheço o trabalho que ela realiza.

Nós nos conhecemos ainda bem jovens e nos casamos jovens, e ao longo desta caminhada tem sido notório o seu crescimento como pessoa, como esposa, com líder e, sobretudo, no seu autoconhecimento e no cuidado e apoio a outras pessoas. Tenho ouvido testemunhos de pessoas próximas, que estar próximo ou trabalhar com a Janaina é ser desafiado o tempo todo ao crescimento e à realização do pleno potencial pessoal.

Este livro é o resultado de uma jornada cheia de cores e emoções e muita realidade. Você encontra nele crescimento, amadurecimento, autoconhecimento, descoberta, luta, realização. Janaina corajosamente compartilha sua vida logo na apresentação do seu livro, de modo que o leitor pode mergulhar no seu conteúdo, sabendo quem é a autora e porque escreve sobre o tema e com que autoridade e vivência o faz.

Em seguida, aponta um olhar no espelho a partir de algumas sinalizações que precisam ser consideradas ao longo do caminho. Temas como ser impotente para alcançar o seu pleno potencial como pessoa, encarar o medo, superar o orgulho, vencer a negação, nutrir pensamentos bons em substituição aos obsessivos, saber identificar os gatilhos emocionais, vencer o isolamento, superar a rejeição, sair da vitimização, identificar e vencer vícios, livrar-se dos ressentimentos e deixar de ser um codependente, são abordados pela autora com responsabilidade, com simplicidade e clareza de quem tem ministrado estes temas já por muitos anos em preleções, atendimentos como psicóloga, como líder do Programa Celebrando a Recuperação, no treinamento de outras pessoas que tem como vocação o cuidado do outro.

O livro fala de teoria e prática envolvendo estes temas e caminha para o quê fazer, com tudo que se descobre, que se encontra nesse olhar intenso no espelho de sua jornada pessoal. É o leitor sendo levado a ter um diagnóstico e agora pode, a partir desse olhar pessoal e intenso, encontrar um caminho para o seu tratamento.

Temas como: Admitir a necessidade de ajuda, Nutrir esperança, Construir conexão, Viver com coragem, Experimentar o amor, Aprender a ter limites, Vencer a autossabotagem, Equilibrar as emoções, Cuidar de si mesmo, Buscar o perdão, Ressignificar a minha identidade e Viver na Graça que liberta, são tratados levando o leitor a profundas reflexões e ações de mudança.

Gosto de ouvir e ler os escritos de Janaina porque sempre apontam para o tema que mais lhe apaixona: Há esperança! É possível sermos pessoas melhores. Ela não só acredita, como vivencia essa verdade e desafia o leitor a seguir em frente, na busca de alcançar o melhor de Deus para a sua vida.

Como é possível nutrir esperança? Saiba que todos precisamos de recuperação, que é uma caminhada que não se faz sozinho, mas é preciso contar com a ajuda e o apoio de outras pessoas, que é preciso assumir a sua história e nutrir sempre Esperança para viver.

Com este livro, você está diante de uma grande porta aberta e dentro desse compartilhamento. Olhe-se nesse livro, olhe-se no espelho, busque o seu autoconhecimento e caminhe na direção do quanto é possível seu pleno potencial.

José Maria de Souza

Agradecimentos

Este livro é parte de um sonho, que há muito vem sendo desenhado, ensaiado com torcida e tudo. Meu desejo é poder descrever os pensamentos e princípios vividos nestes anos no Caminho da Recuperação, onde pudesse registrar transformações de vida de pessoas comuns, como eu e você, que se dispuseram a seguir como peregrinos por um caminho de recuperação.

Faço um relato como testemunha, de experiências de transformação de vidas, sobre pessoas que foram honestas, sobre quem são e como têm vivido, entendendo que não podiam mais seguir da mesma forma que estavam, veem a possibilidade de buscar forças no amor de Deus e no acolhimento de um lugar seguro de amigos espirituais. Muitos desafios e muitas conquistas na busca de serem melhores do que têm sido, podendo viver um dia de cada vez com liberdade e esperança de dias melhores.

É um privilégio ser portadora desta boa notícia de que há um CAMINHO DE RECUPERAÇÃO.

Por isso, eu sou grata...

Eu sou grata ao meu Deus por colocar no meu caminho pessoas que me estimularam a ser melhor a cada dia e a permanecer no Caminho da Recuperação.

Sou grata por ser moldada, na minha família e na caminhada, para ouvir e seguir o chamado de Deus.

Grata aos meus pais Manoel e Irlea, que sempre me deram o exemplo de coragem e honestidade, para enfrentar o que viesse.

Grata as minhas irmãs, Jussara e Jerusa, que me dão prova de parceria, mesmo que à distância.

Grata ao meu querido esposo, José Maria de Souza, que se doou, dividindo a vida comigo. Me incentivando a viver o amor a cada dia.

Grata aos meus queridos filhos Calebe, Camila e Carol que me fizeram viver o meu melhor, e me encorajam a ver meus erros e meus acertos, a crer que fiz o meu melhor.

Grata aos meus netinhos... que me animam a deixar um legado, que me dão a possibilidade de viver o melhor de Deus através do tempo.

Grata a cada pessoa que dividiu a sua história comigo em todos estes anos, me tornando mais humana, aprendendo a viver corajosamente e nutrir esperança.

Grata ao Pr. Israel Belo, por acreditar em mim e me ajudar a concretizar um sonho que está começando.

Grata a cada amigo que compartilha comigo da caminhada no Celebrando a Recuperação. Nós somos parte de um lindo projeto que revela o amor através da vida de Jesus em cada um de nós.

Grata à vida!

Com amor e carinho, dedico este livro aos peregrinos na Caminhada da Recuperação. Coragem: desistir jamais!

Janaina

[e-mail]

Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ

Sumário

Primeiro Convite

PARTE 1

Capítulo 1

Impotência

Capítulo 2

Medo

Capítulo 3

Orgulho

Capítulo 4

Negação

Capítulo 5

Pensamentos Obsessivos

Capítulo 6

Gatilhos Emocionais

Capítulo 7

Isolamento

Capítulo 8

Rejeição

Capítulo 9

Vitimização

Capítulo 10

Vícios

Capítulo 11

Ressentimentos

Capítulo 12

Codependência

PARTE 2

Capítulo 1

Admitir a necessidade de ajuda

Capítulo 2

Nutrir Esperança

Capítulo 3

Construir conexão

Capítulo 4

Ter Coragem

Capítulo 5

Experimentar o amor

Capítulo 6

Colocar limites

Capítulo 7

Vencer a autossabotagem

Capítulo 8

Equilibrar as emoções

Capítulo 9

Cuidar de si mesmo

Capítulo 10

Buscar o perdão

Capítulo 11

Ressignificar a identidade

Capítulo 12

Viver na graça que liberta

PARTE 3

Capítulo 1

A recuperação é para todos

Capítulo 2

A caminhada da recuperação não pode ser sozinha

Capítulo 3

Assumindo a nossa história

Capítulo 4

Esperança para viver

Segundo Convite

Para ler mais

Lugares de apoio

Notas

Primeiro Convite

Podemos ser honestos sobre nossos sentimentos

Desde pequena me vi buscando aprovação, ser a perfeita em tudo até me tornar uma poeta sensível, artista criativa, profissional talentosa, mãe lutadora, enfim, uma pessoa controladora. Essas parecem características ótimas e as seriam se não fossem etapas do meu desenvolvimento que revelava a necessidade de usar diferentes armaduras que me impediam de ver a pessoa corajosa que eu poderia ser.

Eu recebi um coração amoroso, herdei de meus pais características de abnegação, doação e luta pela vida, herdei um coração solidário. Desde criança me lancei a estar a frente de tudo, desbravando e dando direção. Ser conduzida era muito difícil para mim, eu é que tinha que dar a direção. Sempre com mil ideias e criatividade espontânea de fazer e ver as coisas funcionarem, seguia em frente me responsabilizando por mim e por todos e tudo o que os meus braços alcançavam. Fazia o que estivesse ao meu alcance para as coisas funcionarem. Brigava, gritava e esperneava até que as coisas estivessem nos seus devidos lugares, segundo a minha grande percepção e desejo. Qualquer investida de outros para ser diferente, eu lutava pelas minhas convicções até que estivessem plenamente aceitas. Mesmo em meio a grandes empreitadas, não percebia minhas vulnerabilidades e do quanto eu gostava de consertar gente como sistemas.

Quando criança, era briguenta e não deixava ser dobrada, adolescente me fazia ser aceita e me tornei líder em sala de aula, centro cívico, onde estivesse me via à frente para dar a direção. Sabia que ali era o meu lugar, uma líder em potencial. Comecei a minha vida adulta muito precoce, aos 19 anos estava me casando com o meu amor, tudo perfeito. Começando uma nova vida, com desafios e performances como se soubesse de tudo na vida. Quanta luta para fazer bem feito o que vinha a minhas mãos para fazer. Sempre estudando e com grande desejo de começar o curso de psicologia, mas agora era hora de ser mãe. Que prazer deixar vir ao mundo seres tão especiais! Que emoção pegar nos braços, amamentar e ninar para dormir! Que prazer em ver crescer e ver que a cada dia o amor crescia também! Amor de mãe é um negócio avassalador, algo muito novo estava acontecendo. Muita alegria, tensão, desejo e dedicação, agora era hora de ser a mãe. Experimentei tantas emoções ao mesmo tempo... prazer e ansiedade, alegria e perda, desafios e incapacidades... Eram provas diárias e de uma realização inexplicável.

Em meio a todas essas coisas novas, estavam os meus sonhos de continuar meus estudos para ser melhor. Agora era preciso me contextualizar e prosseguir. Assim, comecei o curso de psicologia quando minha terceira filhinha estava com um ano de idade. Recebi um grande apoio de meu marido e companheiro. E dos meus filhos sem que nem soubessem do que se tratava. Queria me apropriar de uma condição de ajudar a consertar as pessoas. Cinco anos depois, com grande desempenho no curso, me formei, começando minha carreira nesta área. A cada atendimento e busca de ajuda fui descobrindo o desconforto de não ser suficiente frente à ambiguidade da incerteza e do conhecimento. Comecei, em meio a grande ansiedade, a entender que estar diante do outro não tinha nada a ver em consertar e sim em amar. Poder dar a possibilidade de dar ao outro um lugar onde possa, ao ser aceito e amado, encontrar o seu próprio caminho.

A grande descoberta que fui fazendo à medida que buscava um meio de ver o outro podendo se encontrar, foi que cada pessoa só precisava que eu ficasse ao seu lado, no momento de se ver no espelho, em alguns momentos enxugando as