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Negligência emocional: Como curar as feridas da infância e melhorar sua relação com o mundo e com você mesmo
Negligência emocional: Como curar as feridas da infância e melhorar sua relação com o mundo e com você mesmo
Negligência emocional: Como curar as feridas da infância e melhorar sua relação com o mundo e com você mesmo
E-book335 páginas3 horas

Negligência emocional: Como curar as feridas da infância e melhorar sua relação com o mundo e com você mesmo

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Sobre este e-book

Você às vezes sente que está apenas seguindo os movimentos da vida? Costuma agir como se estivesse bem quando secretamente se sente solitário e desconectado? Talvez você tenha uma vida boa, mas de alguma forma isso não seja suficiente para te fazer feliz. Ou talvez você beba demais, coma demais ou se arrisque demais na tentativa de sentir algo positivo. Se assim for, você não está sozinho — e pode estar sofrendo os efeitos de não ter tido suas emoções acolhidas durante a infância e a adolescência.
Em Negligência emocional, a psicóloga Jonice Webb não aborda o que recebemos dos nossos pais, e sim aquilo que não recebemos deles, ajudando-nos a identificar e tratar essas consequências profundas com as quais convivemos até hoje. Após a leitura deste livro, você será capaz de compreender melhor suas experiências familiares e comportamentos e colocar em prática as estratégias de cura que Webb propõe.
E, se você é profissional da área de saúde mental, este livro o ajudará na orientação e auxílio de seus pacientes com sinais de negligência emocional.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de jun. de 2024
ISBN9786555115468
Negligência emocional: Como curar as feridas da infância e melhorar sua relação com o mundo e com você mesmo

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    Negligência emocional - Jonice Webb

    Copyright © 2014 Jonice Webb, PhD.

    Copyright da tradução © 2024 por Casa dos Livros Editora LTDA.

    Todos os direitos reservados.

    Título original: Running on Empty

    Todos os direitos desta publicação são reservados à Casa dos Livros Editora LTDA. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação etc., sem a permissão do detentor do copyright.

    Copidesque Elisabete Franczak Branco

    Revisão Laila Guilherme e Juliana da Costa

    Capa e projeto gráfico Renata Vidal

    Diagramação Abreu’s System

    Produção de ebook S2 Books

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Webb, Jonice

    Negligência emocional : como curar as feridas da infância e melhorar sua relação com o mundo e com você mesmo / Jonice Webb; [tradução Beatriz Medina]. – 1. ed. – Rio de Janeiro : HarperCollins Brasil, 2024.

    Título original: Running on empty.

    ISBN 978-65-5511-546-8

    1. Emoções – Aspectos psicológicos 2. Inteligência emocional 3. Trauma psíquico 4. Trauma psíquico – Tratamento I. Musello, Christine. II. Título.

    CDD-616.8521

    24-200581

    NLM-WM-170

    Índice para catálogo sistemático:

    1. Trauma psíquico : Tratamento alternativo :

    Medicina 616.8521

    Aline Graziele Benitez – Bibliotecária – CRB-1/3129

    HarperCollins Brasil é uma marca licenciada à Casa dos Livros Editora Ltda. Todos os direitos reservados à Casa dos Livros Editora LTDA.

    Rua da Quitanda, 86, sala 601A - Centro,

    Rio de Janeiro/RJ - CEP 20091-005

    Tel.: (21) 3175-1030

    www.harpercollins.com.br

    Dedicado a meus clientes

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de rosto

    Créditos

    Dedicatória

    Prefácio

    Introdução

    Questionário de negligência emocional

    Parte 1. De tanque vazio

    Capítulo 1. Por que não encheram o tanque?

    Os pais comuns e saudáveis em ação

    Capítulo 2. Doze maneiras de esvaziar seu tanque

    Tipo 1: Pais narcisistas

    Tipo 2: Pais autoritários

    Tipo 3: Pais permissivos

    Tipo 4: Pais enlutados: divorciados ou viúvos

    Tipo 5: Pais viciados

    Tipo 6: Pais deprimidos

    Tipo 7: Pais viciados em trabalho

    Tipo 8: Pais que cuidam de alguém na família com necessidades especiais

    Tipo 9: Pais concentrados em perfeição/realizações

    Tipo 10: Pais sociopatas

    Tipo 11: Filhos como pais

    Tipo 12: Pais bem-intencionados, mas negligenciados

    Parte 2. Sem combustível

    Capítulo 3. A criança negligenciada já adulta

    1. Sentimento de vazio

    2. Contradependência

    3. Autoavaliação não realista

    4. Sem compaixão por si, muita pelos outros

    5. Culpa e vergonha: o que há de errado comigo?

    6. Raiva e culpa autodirecionadas

    7. A Falha Fatal (se me conhecessem de verdade, ninguém gostaria de mim)

    8. Dificuldade de acolher a si e aos outros

    9. Pouca autodisciplina

    10. Alexitimia

    Capítulo 4. Segredos cognitivos: o problema especial dos sentimentos suicidas

    Parte 3. Como encher o tanque

    Capítulo 5. Como ocorre a mudança

    Fatores que atrapalham o sucesso da mudança

    Capítulo 6. Por que os sentimentos são importantes e o que fazer com eles

    1. Entender o propósito e o valor das emoções

    2. Identificar e dar nome aos sentimentos

    3. Aprender a automonitorar os sentimentos

    4. Aceitar e confiar nos próprios sentimentos

    5. Aprender a expressar sentimentos com eficácia

    6. Reconhecer, entender e valorizar as emoções nos relacionamentos

    Capítulo 7. Autocuidado

    Parte 1. Do Autocuidado: Aprenda a se acolher

    Parte 2. Do Autocuidado: Melhore a autodisciplina

    Parte 3. Do Autocuidado: Console-se

    Parte 4. Do Autocuidado: Tenha compaixão por si

    Capítulo 8. Fim do ciclo: dar a seus filhos o que você nunca recebeu

    1. A culpa parental

    2. As mudanças feitas até agora

    3. Identifique seus desafios específicos como pai ou mãe

    Capítulo 9. Para o terapeuta

    Pesquisa

    Identificação da negligência emocional

    Tratamento

    Resumo para o terapeuta

    Conclusão

    Recursos para a recuperação

    Agradecimentos

    Referências

    PREFÁCIO

    Escrever este livro foi uma das experiências mais fascinantes de minha vida. Conforme ficava cada vez mais claro e definido em minha cabeça, o conceito de Negligência Emocional mudou não só meu modo de praticar a psicologia, mas também a maneira como eu via o mundo. Passei a ver negligência emocional em toda parte: no modo como eu criava meus filhos ou tratava meu marido, no shopping e até nos reality shows . Percebi que pensava com frequência que seria uma ajuda enorme a todos tomar consciência dessa força invisível que nos afeta.

    Depois de observar que esse conceito se transformou num aspecto fundamental de meu trabalho durante vários anos e me tornar plenamente convencida de seu valor, finalmente o dividi com minha colega, dra. Christine Musello. Christine reagiu com compreensão imediata e, assim como eu, logo começou a ver negligência emocional na prática clínica e em toda parte. Juntas, começamos a trabalhar para delinear e definir o fenômeno. A dra. Musello foi de muita ajuda no processo inicial de pôr em palavras o conceito de negligência emocional. O fato de ser tão prontamente capaz de adotar o conceito e achá-lo muito útil me incentivou a avançar.

    Embora não pudesse continuar escrevendo este livro comigo, a dra. Musello foi um apoio útil no começo do processo de escrita. Ela redigiu algumas das primeiras seções do livro e várias das histórias clínicas. Portanto, é com prazer que reconheço sua contribuição.

    INTRODUÇÃO

    Do que você se recorda da sua infância? Quase todos se lembram de coisas aqui e ali, uns mais, outros menos. Talvez você tenha lembranças positivas, como férias em família, professores, amigos, acampamentos de verão ou prêmios acadêmicos, e outras negativas, como conflitos familiares, rivalidade entre irmãos, problemas na escola ou até algum evento triste ou perturbador. Negligência emocional não trata desse tipo de lembrança. Na verdade, não trata de nada de que você se lembre, nem de nada que aconteceu na infância. Este livro foi escrito para ajudar você a ter consciência do que não aconteceu na infância, aquilo de que você não se recorda . Porque o que não aconteceu tem tanto ou mais poder sobre quem você se tornou quando adulto do que qualquer um desses eventos de que você se lembra. Negligência emocional vai lhe apresentar as consequências do que não aconteceu: uma força invisível que talvez atue em sua vida. Ajudarei você a determinar se foi afetado por essa força invisível e, caso tenha sido, a superá-la.

    Muitas pessoas boas, capazes e de alto rendimento se sentem secretamente desconectadas ou não realizadas. Eu não deveria ser mais feliz?, Por que não conquistei mais?, Por que minha vida não tem muito significado? Em geral, essas perguntas são provocadas pela ação da força invisível. São feitas por pessoas que acreditam que seus pais eram amorosos e bem-intencionados, que se lembram de uma infância geralmente feliz e saudável. Portanto, culpam a si mesmas pelo que não parece certo quando adultas. Não percebem que estão sob a influência do que não se recordam… da força invisível.

    Agora, você provavelmente gostaria de saber o que é essa Força Invisível. Fique tranquilo; não é nada assustador. Ela não é sobrenatural, nem mediúnica, nem fantasmagórica. Na verdade, é algo humano e comuníssimo que não acontece em lares e famílias do mundo inteiro todos os dias. Mas não percebemos que existe, nem que tem importância ou impacto sobre nós. Não temos um nome para ela. Não pensamos nela, não falamos dela. Não podemos vê-la, só sentir. E, quando sentimos, não sabemos o que sentimos.

    Neste livro, finalmente vou dar nome a essa força. Eu a chamo de Negligência Emocional. Não confunda com abandono físico. Vejamos o que realmente é a negligência emocional.

    Todos conhecem a palavra negligência. É uma palavra comum. Sua definição no dicionário Merriam-Webster é dar pouca atenção ou respeito, desdenhar; deixar no abandono, principalmente por descuido.

    Negligência é uma palavra de uso bastante comum por profissionais de saúde mental nos serviços de assistência social. É comum usá-la para se referir a uma pessoa dependente, como uma criança ou um idoso, cujas necessidades físicas não são satisfeitas. Por exemplo, a criança que vai à escola sem casaco no inverno, a idosa presa em casa a quem a filha adulta esquece com frequência de levar mantimentos.

    A negligência emocional pura é invisível. Pode ser sutilíssima e raramente tem algum sinal visível ou físico. Na verdade, muitas crianças emocionalmente negligenciadas receberam excelentes cuidados físicos. Muitas vêm de famílias que parecem ideais. É improvável que as pessoas para quem escrevo este livro sejam identificadas como negligenciadas por algum sinal externo ou, de fato, por qualquer razão.

    Então, por que escrever um livro? Afinal de contas, se o tema da negligência emocional ficou todo esse tempo sem ser notado por pesquisadores e profissionais, será que é mesmo incapacitante? Na verdade, as pessoas que sofrem de negligência emocional sentem dor. Mas não conseguem descobrir por quê. Com muita frequência, nem os terapeutas que as tratam conseguem. Ao escrever este livro, identifico, defino e sugiro soluções para uma luta oculta que muitas vezes trava os sofredores e até os profissionais a quem eles às vezes recorrem em busca de ajuda. Minha meta é auxiliar essas pessoas que sofrem em silêncio, sem saber o que há de errado.

    Há uma boa explicação para a negligência emocional ser tão ignorada. Ela se esconde. Ela habita o pecado da omissão, e não o da incumbência; é o espaço em branco da foto da família, não a foto em si. Em geral, é o que NÃO foi dito, observado nem lembrado na infância em vez do que FOI dito.

    Por exemplo, os pais podem oferecer um lar adorável, com muita roupa e comida, e nunca agredir nem maltratar os filhos. Mas esses mesmos pais talvez não percebam que os filhos adolescentes usam drogas ou simplesmente lhes deem liberdade em excesso em vez de estabelecer os limites que causariam conflitos. Quando se tornam adultos, esses adolescentes recordam a infância ideal, sem perceber que os pais falharam no que eles mais precisavam. Podem se culpar pelas dificuldades advindas das más escolhas da adolescência. Eu era uma peste; Tive uma infância tão boa e não há desculpa para eu não ter conseguido mais na vida. Como terapeuta, ouvi essas frases muitas vezes, de pessoas de alto rendimento maravilhosas que não sabem que a negligência emocional foi uma força invisível e poderosa em sua infância. Esse é apenas um exemplo de como os pais podem negligenciar emocionalmente os filhos de uma infinidade de maneiras e deixá-los de tanque vazio.

    Esta música é dedicada a nossos pais sob a forma de um apelo à supervisão mais adequada.

    Aqui, eu gostaria de inserir uma ressalva importantíssima: todos temos exemplos em que nossos pais nos frustraram. Nenhum pai ou mãe é perfeito, nenhuma infância é perfeita. Sabemos que a imensa maioria dos pais se esforça para fazer o melhor pelos filhos. Nós que somos pais sabemos que, quando cometemos erros na criação dos nossos filhos, quase sempre conseguimos corrigi-los. Este livro não pretende jogar a culpa nos pais, nem os levar a se sentir um fracasso. Na verdade, ao longo do livro inteiro, você lerá sobre muitos pais amorosos e bem-intencionados que, mesmo assim, negligenciaram emocionalmente os filhos em aspectos fundamentais. Muitos pais emocionalmente negligentes são boas pessoas e bons pais, mas também foram emocionalmente negligenciados quando crianças. Todos os pais cometem atos ocasionais de negligência emocional na criação dos filhos sem causar nenhum dano real. Isso só vira um problema quando acontece em quantidade ou duração suficiente para, aos poucos, matar de fome os filhos.

    Qualquer que seja o nível de fracasso parental, as pessoas emocionalmente negligenciadas se veem como o problema, em vez de enxergarem que os pais falharam com elas.

    No decorrer do livro, incluo muitos exemplos ou histórias tiradas da vida de meus pacientes e de outras pessoas que lutaram contra a tristeza, a ansiedade ou o vazio na vida, para os quais não têm palavras e não encontram muita explicação. Com muita frequência, essas pessoas emocionalmente negligenciadas sabem dar o que os outros querem ou precisam, sabem o que se espera delas na maioria dos ambientes sociais, mas são incapazes de rotular e descrever o que está errado em sua experiência interna da vida e como isso as prejudica.

    Isso não é dizer que os adultos emocionalmente negligenciados quando crianças não tenham sintomas observáveis. Mas esses sintomas, que talvez os levem à porta do psicoterapeuta, sempre se disfarçam de outra coisa: depressão, problemas conjugais, ansiedade, raiva. Os adultos que sofreram negligência emocional rotulam sua infelicidade de maneira errada e tendem a sentir vergonha de pedir ajuda. Como não aprenderam a identificar nem a entrar em contato com suas verdadeiras necessidades emocionais, para os terapeutas é difícil mantê-los em tratamento por tempo suficiente para ajudá-los a se entenderem melhor. Portanto, este livro não se destina apenas para os emocionalmente negligenciados, mas também para os profissionais de saúde mental que precisam de ferramentas para combater a falta crônica de compaixão por si mesmos que pode sabotar o melhor dos tratamentos.

    Se você se dispôs a ler Negligência emocional porque procura respostas aos sentimentos de vazio e falta de realização, ou por ser um profissional de saúde mental que deseja ajudar pacientes empacados, este livro oferece soluções concretas para feridas invisíveis.

    Aqui, usei muitas histórias para ilustrar vários aspectos da negligência emocional na infância e na idade adulta. Todas elas se baseiam em casos reais da prática clínica, minha ou da dra. Musello. No entanto, para proteger a privacidade dos clientes, nomes, detalhes e fatos identificadores foram alterados; assim, nenhuma história descreve uma pessoa real, viva ou morta. A exceção são as que envolvem Zeke, que aparecem nos Capítulos 1 e 2. Essas vinhetas foram criadas para ilustrar de que modo os diversos estilos de criação dos filhos afetam o mesmo menino e são puramente fictícias.

    QUESTIONÁRIO DE NEGLIGÊNCIA EMOCIONAL

    Está se perguntando se este livro é para você? Responda ao questionário para descobrir. Marque as frases que para você são um SIM.

    Você:

    Às vezes, acha que não faz parte da família nem do grupo de amigos.

    Orgulha-se de não depender dos outros.

    Tem dificuldade de pedir ajuda.

    Tem amigos e parentes que reclamam que você é indiferente ou distante.

    Sente que não atingiu seu potencial na vida.

    Em geral, só quer ficar em paz no seu canto.

    Sente secretamente que talvez seja uma fraude.

    Tende a se sentir pouco à vontade em situações sociais.

    Quase sempre sente-se desapontado ou zangado consigo mesmo.

    É mais severo com você mesmo do que com os outros.

    Compara-se aos outros e, em geral, sente-se muito abaixo deles.

    Acha mais fácil amar animais do que pessoas.

    Com frequência, sente-se irritado ou infeliz sem razão aparente.

    Tem dificuldade de saber o que está sentindo.

    Tem dificuldade de identificar seus pontos fortes e fracos.

    Às vezes, sente-se como se estivesse no lado de fora olhando para dentro.

    Acredita que é uma daquelas pessoas que facilmente viveriam como eremitas.

    Tem dificuldade de se acalmar.

    Acha que algo o impede de estar no momento presente.

    Às vezes, sente-se vazio por dentro.

    Sente secretamente que há algo errado com você.

    Tem dificuldade com a autodisciplina.

    Agora, examine as frases que você marcou com SIM. Essas respostas são uma janela para você observar as áreas em que pode ter sofrido negligência emocional quando criança.

    1

    POR QUE NÃO ENCHERAM O TANQUE?

    "Estou tentando chamar atenção para a contribuição imensa para o indivíduo e a sociedade que a boa mãe comum, com o apoio do marido, dá no início, o que ela consegue simplesmente por se dedicar ao bebê."

    D. W. Winnicott, A criança e o seu mundo (1964)

    Não é preciso um guru, um santo nem, graças a Deus, um doutor em psicologia para criar um filho que se tornará um adulto feliz e saudável. O psiquiatra, pesquisador, escritor e psicanalista especializado em crianças Donald Winnicott enfatizou essa questão, geralmente em textos publicados no decorrer de quarenta anos. Embora hoje reconheçamos que os pais têm a mesma importância no desenvolvimento da criança, o significado das observações de Winnicott sobre a mãe ainda é essencialmente o mesmo: há um volume mínimo necessário de conexão emocional, empatia e atenção constante dos pais para alimentar o crescimento e o desenvolvimento da criança, de modo que ela se torne um adulto emocionalmente saudável e conectado. Com um volume abaixo do mínimo, a criança se torna um adulto com dificuldades emocionais – com sucesso externo, talvez, mas vazio, com algo faltando onde o mundo não pode ver: seu interior.

    Em seus textos, Winnicott cunhou a conhecida expressão mãe suficientemente boa para descrever aquela que satisfaz as necessidades dos filhos dessa maneira. Criar filhos de forma suficientemente boa assume muitas formas, mas todas elas reconhecem a necessidade física e emocional da criança a cada momento, em cada cultura, e faz um serviço suficientemente bom ao satisfazê-la. A maioria dos pais é suficientemente boa. Como todos os animais, nós, seres humanos, somos biologicamente programados para criar os filhos para darem certo. Mas o que acontece quando as circunstâncias da vida interferem na função parental? Ou quando os próprios pais não são saudáveis ou têm falhas de caráter importantes?

    Você foi criado por pais suficientemente bons? No fim deste capítulo, você saberá o que isso significa e poderá responder a essa pergunta.

    Mas antes…

    Se você, além de leitor, for pai ou mãe, talvez se identifique com os fracassos parentais apresentados neste livro e com a experiência emocional do filho nas histórias (porque, sem dúvida, você é duro consigo mesmo). Portanto, peço que preste muita atenção aos seguintes alertas:

    Primeiro

    Todos os bons pais às vezes falham emocionalmente com os filhos. Ninguém é perfeito. Todos ficamos cansados, irritados, estressados, distraídos, entediados, confusos, desconectados, sobrecarregados ou, de algum modo, prejudicados aqui e ali. Isso não nos qualifica como pais emocionalmente negligentes. Os pais emocionalmente negligentes se distinguem de uma dessas maneiras, muitas vezes em ambas: ou falham emocionalmente com os filhos de um modo importante num momento de crise e causam na criança uma ferida que talvez nunca se feche (fracasso empático agudo) OU são cronicamente omissos a algum aspecto da necessidade da criança durante todo o seu desenvolvimento (fracasso empático crônico). Todo pai ou mãe do planeta consegue recordar um fracasso parental que cause vergonha, em que ele ou ela sabe que falhou com os filhos. Mas o dano vem da soma dos momentos importantes nos quais os pais emocionalmente negligentes são omissos e indiferentes para a necessidade emocional da criança em crescimento.

    Segundo

    Se você foi mesmo emocionalmente negligenciado e tem filhos, há uma boa probabilidade de que, ao ler este livro, comece a ver de que maneira passou para seus filhos a tocha da negligência emocional. Se assim for, é importantíssimo que você perceba que a culpa não é sua. Por ser invisível, insidiosa e facilmente

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