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O Estado SombrIo : O Contrato da Alma: O Estado SombrIo, #1
O Estado SombrIo : O Contrato da Alma: O Estado SombrIo, #1
O Estado SombrIo : O Contrato da Alma: O Estado SombrIo, #1
E-book313 páginas3 horasO Estado SombrIo

O Estado SombrIo : O Contrato da Alma: O Estado SombrIo, #1

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O Estado SombrIo : O Contrato da Alma

"Se deseja poder, entregue sua alma."
"Se deseja riqueza, cumpra seu contrato."

 

Por trás de guerras e revoluções, impérios e quedas, papas e reis, há séculos uma força secreta manipula o mundo das sombras. Nada foi por acaso: cada bala disparada, cada vírus espalhado, cada crise financeira teve a assinatura de uma mão oculta, que poucos ousaram enxergar.

Agora, em pleno 2025, o mundo está em caos. As moedas digitais, o colapso econômico, a luta pelo controle financeiro global – tudo isso poderia ser liberdade, ou apenas mais uma forma de escravidão disfarçada.

Duas forças ocultas travam uma batalha silenciosa:

Nêmesis, a sociedade secreta dominada pela elite chinesa, determinada a manter o controle absoluto sobre o poder econômico mundial.

Éden, o grupo liderado pela elite judaica, promete libertação e escolhas. Mas seriam eles salvadores ou novos carrascos?

No meio dessa guerra invisível está Simon Gray, o último descendente vivo dos antigos maçons, um simples gari nas ruas de Nova York. Criado em um orfanato, ele sempre acreditou que teria uma vida comum – até abrir o diário de seu avô:

"Esteja desperto, pois não saberás a hora em que o dono da casa retornará."

Das ruas históricas de Roma aos segredos enterrados em Londres, dos corredores do poder em Nova York às sombras de Tel Aviv, Simon descobrirá que seu passado e seu destino estão entrelaçados ao futuro da humanidade.

 

Três forças que movem o mundo:

Maçonaria:
Cruzadas, peste negra, revoluções, reformas religiosas – os maiores eventos da história nunca foram coincidência.

Nêmesis:
Guerras mundiais, fascismo, comunismo. Eles sacrificaram milhões para moldar o mundo segundo seus planos sombrios.

Éden:
Em nome da liberdade e democracia, enfrentam o poder dominante. Mas sua verdadeira face permanece um mistério.

Quem são os verdadeiros heróis? Existe de fato algum inocente nessa guerra?

E o que havia escrito naquela última página do diário arrancada por alguém que desejava esconder a verdade?

 

[O Estado SombrIo II: A Unha Vermelha]
Enquanto isso, nas alturas de um arranha-céu em Nova York...

Impeachment simultâneo nos EUA e Coreia do Sul.

Uma pandemia misteriosa e vacinas que escondem algo aterrador.

Incêndios inexplicáveis e provas que desaparecem do dia para a noite.

Eles estão lentamente tirando suas máscaras.
A "purificação" já começou.

Você está preparado para descobrir quem governa sua vida?

IdiomaPortuguês
EditoraYeong Hwan Choi
Data de lançamento17 de mar. de 2025
ISBN9798230481362
O Estado SombrIo : O Contrato da Alma: O Estado SombrIo, #1

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    O Estado SombrIo - Yeong Hwan Choi

    O Estado SombrIo

    O Contrato da Alma

    Yeong Hwan Choi

    Esta história é uma obra de ficção, e todos os eventos, personagens, organizações e locais nela apresentados são produtos da imaginação do autor. Qualquer semelhança com pessoas, instituições ou eventos históricos reais é mera coincidência.

    1919. Palácio de Versalhes, arredores de Paris. Sob a luz opulenta dos lustres, a multidão se movia em ondas de luxo e decadência. Vestidos reluzentes, fraques impecáveis. A festa celebrava o fim da guerra, um espetáculo dourado de excessos e euforia. O fogo da lareira projetava sombras dançantes nas paredes, como se o próprio palácio respirasse. Risadas cristalinas ecoavam, taças se chocavam num brinde contínuo, os corpos se moviam em sincronia em meio a valsas e sussurros. As mulheres enfeitadas com penas escarlates, bordados dourados. Os homens, rígidos em seus ternos negros e gravatas de seda. Tac, tac, tac. O eco dos saltos altos ressoava, vindo de algum lugar.

    Solomon Gray, avô de Simon Gray, não constava na lista de convidados. O único aviso que recebera fora um bilhete enigmático deixado em sua caixa de correio: Um favor de um velho amigo. Nada mais. O desconforto já lhe roía os ossos antes mesmo de pôr os pés naquele lugar. Agora, escondido dentro de um dos cubículos do toalete, ele tentava recuperar o fôlego. O velho casaco cinza, áspero e puído, envolvia seu corpo trêmulo. Ssshhh... ssshhh... Sua respiração ofegante enchia o espaço apertado. Duas horas se passaram, e o frio do mármore úmido se infiltrava em seus joelhos, umidade gelada penetrando até os ossos. Tentava se manter em silêncio, mas seu peito arfava em protesto, apertando-lhe a garganta.

    Do lado de fora, a festa prosseguia, um espetáculo febril de cores e sons. O violino e o piano se entrelaçavam em uma harmonia hipnótica, uma risada feminina cortava o ar, infiltrando-se pela fresta da porta e atingindo-o como um estilhaço. Ele levou a mão à testa úmida de suor, sentindo a pulsação descompassada sob os dedos. Como fora estúpido. Seguir uma carta anônima até aqui... Uma armadilha óbvia. O pensamento lhe queimava a mente. Isso é perigoso demais. Minha família... Ele não podia falhar. Nem podia ser visto.

    Versalhes era o palco de algo muito maior do que uma simples celebração do fim da guerra. Sob o pretexto do Tratado, negócios sombrios eram fechados, segredos trocados em sussurros entre goles de champanhe. Se sua intuição estivesse certa, este baile clandestino seria sua única chance – ou sua ruína definitiva.

    Movendo-se com cuidado, ajustou a posição das pernas dormentes. O contato do pequeno punhal de prata pressionando sua coxa era reconfortante. Então—

    Crreeeek.

    O ranger da porta do toalete arrepiou sua espinha. Ele se encolheu instintivamente, espiando pela fresta da cabine. Um par de sapatos brilhantes. Um reflexo metálico. Os guardas. Sem dúvida. Os uniformes pesados tingiam o ambiente com sua sombra ameaçadora.

    A música continuava lá fora. Um piano solitário, notas deslizando pelo salão como lâminas afiadas.

    1h da manhã.

    A música vibrante do jazz silenciou. As risadas que preenchiam o salão de baile evaporaram no ar. Até o ritmo cadenciado dos saltos altos contra o chão cessou como se nunca tivesse existido. Tum, tum, tum. Apenas o coração de Solomon Gray insistia em pulsar com força desproporcional. Click. Ele empurrou a porta da cabine com cautela. As dobradiças rangeram, um som quase imperceptível.

    Manteve-se abaixado enquanto avançava pelo salão. O brilho intenso dos lustres havia se dissipado, deixando para trás um vazio espectral. O salão de baile, que antes era um templo de luxo e excessos, agora parecia um esqueleto abandonado. As formas pálidas dos candelabros pendiam do teto como fantasmas adormecidos, sombras consumindo o esplendor dourado. A única coisa que restava era o perfume dos nobres – uma mistura de doçura e decadência. Mas até esse cheiro estava se dissolvendo no vazio.

    Cada passo que dava ressoava no silêncio opressor. Ele ergueu levemente o rosto, os olhos fixos no palco. Uma plataforma solitária, elevada no centro do salão. Apressou o passo. Tac, tac, tac. Os passos ecoavam alto demais. Prendeu a respiração, mantendo as mãos firmes contra o peito, como se tentasse conter a própria presença. Subiu ao palco. A visão do salão vazio se abriu à sua frente, um abismo silencioso de opulência morta.

    Ele se moveu para os bastidores, as pontas dos dedos deslizando pela cortina pesada. A textura áspera do tecido arranhava sua pele. Atrás do pano, encontrou a parede. Deslizou a mão devagar, sentindo a superfície irregular da madeira. Srrr. Cada movimento sutil amplificava sua tensão. Então—

    Tum. Tum.

    Passos. Arrastados.

    Solomon congelou. Ainda havia alguém ali.

    Ele se encolheu atrás da cortina, pressionando-se contra a parede. O som se aproximava, depois se afastava, apenas para voltar de novo. No silêncio absoluto, aqueles passos eram ensurdecedores.

    Não posso vê-lo.

    Prendeu a respiração, os dentes cravando no próprio lábio. Foi então que sentiu.

    Uma vibração.

    Algo atrás dele se moveu.

    Creek.

    A parede girou. Lentamente.

    Ele ficou imóvel, observando enquanto a estrutura revelava um novo espaço diante dele. Inclinou-se levemente para olhar. Sob seus pés, um corredor apertado se estendia em descida, profundo e estreito, feito para um único corpo passar por vez.

    Escadas escuras, madeira negra como o ébano.

    Nas paredes, tochas cintilavam em intervalos exatos, dançando num ritmo hipnótico.

    Crack.

    O som de cera queimando.

    Até o fogo parecia sussurrar no silêncio absoluto.

    Ele desceu o primeiro degrau. Para onde diabos isso leva? O som dos próprios passos reverberava, como se os ecos sussurrassem segredos ao seu redor. A luz trêmula das velas oscilava nas paredes, criando sombras distorcidas que se arrastavam pelo corredor estreito.

    Deslizou a mão pela parede ao descer. Sob a luz morna das chamas, a textura era fria e surpreendentemente lisa, como a pele gelada de uma serpente.

    Três minutos.

    No final da escada, o corredor se retorcia como um corpo esmagado, suas curvas deformadas ocultando o que havia além. Era impossível ver onde terminava. As paredes pareciam vivas, absorvendo a luz e pulsando com uma inquietante ilusão de movimento. Pequenos relevos e reentrâncias irregulares formavam um padrão que lembrava escamas reptilianas. E as velas...

    Cravadas nas fissuras das paredes como olhos vigilantes, tremulavam com um brilho perturbador, alimentando a sensação de que aquele túnel tinha um coração próprio.

    Solomon sentiu o gelo tomar seu corpo, mas seguiu adiante. Passo a passo, deslizando pelo corredor como se estivesse caminhando sobre o ventre de uma criatura adormecida.

    O caminho se dividia em múltiplas direções. Ele não tinha escolha a não ser confiar em sua intuição.

    A boca da serpente, prestes a me devorar.

    Uma gota de suor desceu de sua têmpora.

    Então, no final de um dos túneis, avistou uma porta colossal.

    As outras eram pequenas, sem adornos, simples passagens para algo irrelevante. Mas essa... Essa era diferente.

    Uma estrutura imponente, duas enormes placas de madeira negra que se erguiam como sentinelas. Majestosa e aterradora.

    Ele se aproximou, colou o ouvido na superfície gélida.

    Vozes.

    Baixas. Arrastadas.

    Difícil contar quantos estavam lá dentro. O tom sussurrado fazia parecer um cântico.

    Prendeu a respiração.

    — O profano nos trará tudo.

    — Sem sacrifício, o caminho jamais se abrirá.

    Cada palavra parecia uma lâmina cortando a escuridão.

    O coração de Solomon martelava contra o peito, suor escorria por sua nuca.

    Sacrifício?

    Engoliu seco.

    O que diabos está acontecendo aí dentro?

    Cinco minutos. Talvez mais.

    Solomon continuava ali, colado à porta, segurando a respiração.

    As vozes do outro lado estavam mais nítidas.

    — O insensato diz em seu coração: Deus não existe. Corrompidos, praticam atos abomináveis; não há um sequer que faça o bem.

    Parecia uma oração. Mas algo estava errado.

    As palavras pesavam no ar, deslizando pelas frestas da madeira, infiltrando-se na pele de Solomon, sufocando-o.

    — Isso não é uma prece. Isso é... um ritual.

    As vozes persistiam.

    — Do alto, o Senhor observa a humanidade para ver se há quem tenha entendimento, alguém que busque a Deus.

    — Mas todos se desviaram, todos juntos se corromperam; não há quem faça o bem, não há um sequer.

    O suor em sua nuca esfriou. Um arrepio percorreu sua espinha.

    Quem são essas pessoas? O que diabos estão tramando?

    Inspirou fundo. E então, uma outra voz ecoou.

    — O Tratado de Versalhes será assinado em 28 de junho. E o pacto da alma... quando será selado?

    O tom era firme, frio. Um sussurro que reverberava como um trovão em câmara fechada.

    — 6 de julho de 1919. Exatamente às seis horas e seis minutos da manhã.

    — Até quando insistiremos nesses métodos ultrapassados? Contratos de alma forçados, violentos... Isso pertence ao passado! Passamos anos moldando a sociedade sob a sombra da Maçonaria. O controle das massas já não precisa dessas velharias. Ciência e tecnologia bastam!

    — Ciência e tecnologia? E o que seria isso? Manipulação de memória? Os contratos de alma são sagrados. Eles não apenas controlam corpos, mas prendem almas. Isso é poder. O resto é brincadeira de crianças.

    — Sagrado? Herança? Não me faça rir. O que você entende por sagrado? Tecnologia é evolução. Ela nos permite alcançar o mesmo objetivo sem recorrer à brutalidade. Se continuarmos com esse método arcaico, só tornaremos o povo mais devoto a Deus e mais resistente aos nossos planos.

    — Deus? Acredita mesmo que eles sabem o que estamos fazendo? Nosso método funciona há séculos. Um contrato de alma nos dá domínio absoluto sobre alguém. Tecnologia só arranha a superfície.

    — Besteira! Você tem ideia do pânico que o Nêmesis já gerou? Acha que o medo eterno é sustentável?

    Um silêncio carregado se seguiu.

    A próxima voz veio baixa, cortante.

    — Tecnologia sempre terá falhas. Sempre poderá ser revertida. Mas um contrato... Um contrato de alma é definitivo. Irrevogável. E é por isso que o Nêmesis é imbatível.

    As vozes trocavam farpas afiadas, como lâminas mergulhadas em veneno. Solomon mal conseguia respirar. Levou a mão à boca, instintivamente, tentando abafar até mesmo sua existência.

    Então, algo chamou sua atenção.

    À direita, um pouco afastada da porta principal, havia outra entrada. Uma estrutura metálica, robusta, imponente. Mesmo na escuridão, o entalhe de uma serpente na superfície da porta era visível, seus olhos cravados em metal reluzindo como se estivessem vivos.

    Ele hesitou. Mas então, notou a fresta.

    A porta estava entreaberta.

    Que diabos tem aqui?

    Mordeu o lábio, sentindo o gosto de sangue.

    Deu um passo. Depois outro.

    Empurrou a porta, deslizando silenciosamente para dentro.

    O cheiro veio primeiro.

    Papel envelhecido, poeira acumulada, o odor denso de couro antigo e tinta seca.

    À sua volta, estantes colossais subiam até onde a vista não alcançava. Filas e mais filas de livros, tão numerosos que pareciam um organismo vivo, espremidos uns contra os outros. No centro, uma longa mesa ocupava o espaço, coberta por papéis, óculos esquecidos e selos de cera quebrados.

    Solomon caminhou devagar. Cada passo fazia o assoalho ranger.

    A mesa estava um caos. Documentos espalhados como se tivessem sido largados às pressas, páginas dobradas, tinta borrada. Seus dedos trêmulos deslizaram sobre um dos montes, sentindo a textura áspera do papel. A tinta, escura como sangue coagulado, tornava a leitura ainda mais incômoda.

    Então, um título chamou sua atenção.

    TOP SECRET

    Seu coração disparou.

    Os dedos suados folhearam a capa.

    Dentro, dois planos detalhados.

    Solomon puxou o pequeno caderno do bolso.

    Os dedos tremiam, mas ele escreveu. Rápido. Cada detalhe, cada palavra essencial. A caneta riscando o papel era o único som que se permitia fazer. Mas seu cérebro já antecipava o pior. A qualquer instante, alguém poderia entrar.

    Concluiu as anotações e enfiou o bloco de notas no bolso interno do casaco. Respirou fundo, tentando acalmar os batimentos.

    E então ouviu.

    Passos.

    Vindo da escuridão.

    Seus olhos dispararam para a porta de ferro. Fui descoberto?

    Não pensou. Apenas agiu.

    Havia um armário velho no canto da sala. Apertado. Empoeirado. Mas era a única opção.

    Solomon se espremeu lá dentro. O ar era pesado. O cheiro de madeira úmida e livros antigos se misturava ao toque pegajoso de teias de aranha. Ele mal ousava respirar.

    Fora do armário, uma luz tremulou na escuridão.

    — Tem alguém aqui? — a voz grave quebrou o silêncio. — Eu juro que ouvi algo...

    O facho da tocha varreu a sala.

    Solomon cerrou os olhos, segurando ainda mais a respiração.

    — Quem diabos deixou esta porta aberta? — resmungou o homem.

    O som de metal. Chave girando na fechadura.

    Merda.

    A porta se fechou com um estrondo. A luz sumiu.

    Ele não teve tempo de relaxar.

    Outro som.

    Baixo.

    Um murmúrio distante.

    — Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos Céus.

    Solomon prendeu o fôlego.

    A voz vinha do corredor.

    Esfregou a testa úmida de suor e, com extrema cautela, abriu a porta do armário.

    Saiu, cada músculo do corpo tenso.

    Passos lentos pelo corredor sinuoso. Ele precisava sair dali. Agora.

    Mas então—

    — Quem é você?! Como chegou aqui?!

    Solomon congelou.

    Lá no fundo do corredor, iluminado pela chama oscilante da tocha, estava o mesmo homem de antes.

    Agora, segurava um molho de chaves.

    Os olhos eram ferinos. A boca se curvava num sorriso torto, um prenúncio de algo ruim.

    — Você faz ideia de onde está? Responda!

    O instinto gritou dentro de Solomon.

    Corre.

    Sem hesitação, ele girou nos calcanhares e disparou na direção das escadas.

    Os passos atrás dele explodiram pelo corredor.

    Tum. Tum. Tum.

    — PARE AÍ!

    O som do próprio coração misturava-se aos gritos.

    As escadas estavam perto.

    Os degraus eram traiçoeiros, úmidos. O corpo dele vacilou, quase caiu. Mas não podia parar.

    O outro estava logo atrás.

    Os gritos o perseguiam como dentes afiados.

    — VOCÊ VAI SE ARREPENDER DO QUE VIU!

    As ruas de Paris estavam imersas num silêncio grotesco, apesar do calor sufocante de maio.

    Faltavam apenas três dias para a assinatura do Tratado de Versalhes. O mundo prendia a respiração. Mas para Solomon, nada disso importava. Só havia um pensamento em sua mente: sobreviver.

    Seus pulmões ardiam. Ele não parava.

    Os passos ecoavam na terra batida, as pedras irregulares rasgando a sola dos sapatos. Mais à frente, a luz fraca de um lampião piscava. Ele se agarrou a essa visão, como se fosse uma promessa de salvação.

    Apenas mais um pouco... preciso contar a verdade.

    Chegou a um beco estreito.

    Na janela do segundo andar, uma cortina semiaberta deixava escapar uma fresta de luz.

    — Por favor... por favor...

    Ele girou a maçaneta com mãos trêmulas e se espremeu para dentro, fechando a porta com força.

    Seu peito subia e descia descontroladamente. O suor escorria pela testa.

    Foi até a escrivaninha no escritório e despejou sobre a mesa os papéis que carregava. Verificou as anotações. Pegou uma caneta.

    A ponta do tinteiro riscou o diário, preenchendo o silêncio com seu som áspero.

    — Nêmesis... contratos de alma... manipulação de memória...

    Ele precisava registrar tudo. Para as próximas gerações.

    O poder que sua linhagem detinha... havia chegado ao fim.

    Suas mãos estavam trêmulas, mas forçou-se a continuar escrevendo.

    Então, algo se moveu.

    Uma sombra atravessou a luz do luar na janela.

    Ele parou de respirar.

    Aproximou-se da cortina, afastando-a com cuidado.

    Nada.

    O beco continuava vazio.

    O vento balançava fracamente os lampiões.

    Imaginação?

    Ele se virou, voltando ao diário.

    E foi quando a porta explodiu para dentro.

    Dois homens mascarados invadiram o cômodo.

    Olhos frios como gelo. Movimentos rápidos.

    Solomon mal teve tempo de reagir.

    Mãos brutais agarraram seu colarinho e o lançaram sobre a mesa.

    — Pra onde corria tão apressado, amigo?

    Ele lutou. Tentou se soltar.

    A lâmina afiada deslizou entre suas costelas.

    A dor era lancinante.

    O segundo homem pegou o diário e folheou as páginas, rindo.

    — E o que temos aqui? Suas memórias da noite?

    — NÃO! ISSO É MEU!

    Mas era tarde.

    O homem arrancou a última página do diário e a enfiou no bolso.

    Depois, jogou o caderno ensanguentado sobre ele.

    O sangue de Solomon manchava as anotações.

    — Agora, a Maçonaria pertence a nós.

    A voz era um sussurro de triunfo.

    Ele deslizou no chão.

    Tateou cegamente sob a mesa, segurando o pedaço rasgado da página.

    Mas já não fazia diferença.

    O diário estava incompleto.

    O coração dele martelava, sua visão escurecia.

    Lá fora, além da janela, olhos vermelhos brilhavam na escuridão.

    Observando.

    Esperando.

    A morte chegou antes

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