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Cartas que não se escreve mais...
Cartas que não se escreve mais...
Cartas que não se escreve mais...
E-book151 páginas1 hora

Cartas que não se escreve mais...

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Sobre este e-book

Essas são as cartas que não se escreve mais. Cartas escritas à mão, em papel, com tinta, com sangue e paixão. Dois personagens envolvidos além de todos os sentimentos e os acontecimentos que marcaram parte de sua história, fora de uma sequência ordenada, fora de ordem como a vida, registradas aleatoriamente, refletindo a existência de muitos outros casais em torno do mundo. Fatos que provavelmente aconteçam com qualquer vítima da paixão inacabável.

IdiomaPortuguês
EditoraMarcelo Gomes Melo
Data de lançamento11 de jun. de 2025
ISBN9798231069507
Cartas que não se escreve mais...
Autor

Marcelo Gomes Melo

Professor e escritor de textos fictícios, crônicas e canções, peças teatrais e formas alternativas de escrita para instigar o pensamento livre, bem como observador atento do mundo e seu processo de evolução constante, para o bem e para o mal, procura pontuar a existência humana com humor, ironia fina e realidade, contraposta pelo absurdo excêntrico que se nos apresenta diariamente.

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    Cartas que não se escreve mais... - Marcelo Gomes Melo

    Cartas que não se escreve mais

    Marcelo Gomes Melo

                                          2022

    "Quando ela se acomodou no meu colo

    Confortavelmente

    Percebi que foi feita sob medida para

    O meu corpo, minha realidade, minhas

    Noites de sonho e prazer".

    Pour mon immortel bien-aimé

    For my immortal beloved

    Para a minha amada imortal

    Como pétalas que caem

    Como uma arma recém disparada, fumegante, assim é o meu coração, desalinhando os meus pensamentos por causa de seu destempero linear, frio, cheio de arroubos de juventude que não combinam nesse momento, deveriam estar limitados, mas, como um vulcão em constante erupção contínua...

    São estranhos esses sentimentos que envolvem e afastam alternadamente, mas pulsam e correm pelas veias, vivos e inteligentes, sem aparente explicação. Você deveria sentir para saber... Ou talvez eu devesse saber mais de você, sobre o que sente, para relativizar. Raios, relativizar não combina conosco ou com o turbilhão que nos atordoa e açoita! Não se trata de algo racional, e é por isso que se torna selvagem e incontrolável.

    Aprender sobre o funcionamento de seu cérebro é penoso para mim, que exijo amor incondicional e não entendo a sua atitude gelada e muda, que parece dissimulação e me irrita ao ponto de me tornar cruel para aliviar a carga de angústia que me arrasa como um maremoto furioso, fulminante, sem deixar nada pelo caminho além de tristeza e dor.

    Não me pergunte sobre a inconstância do amor, isso não existe. O amor é perene, as emoções são lenientes, chacoalham de acordo com a orça do vento. As sensações torturantes se repetem, cada vez de um jeito diferente.

    É sexta-feira, outono brasileiro. As folhas do meu pensamento caem, marrons como o meu sentimento, molhadas pelas lágrimas quentes de uma chuva cansativa. A cada giro que os meus olhos dão pela sala só enxergam você, embora não esteja aqui. Já disse que os piores pensamentos são os mais fáceis, porque tentam convencer com afinco, e quase sempre conseguem? Sempre conseguem.

    É noite, o mundo se resume a nós dois. A mim, já que você se afastou. Eu me resumo a nós dois. Lamentações não combinam, tristeza é tão certa quanto a repetição das estações, e tão confusa quanto cada uma delas, que se apresentam em desordem nesse mundo tumultuado, massacrado, judiado como eu sem você.

    Não dá para saber se já esqueceu ou se vai esquecer. Ou se algum dia se lembrou...

    25/03 

    Marcelo Gomes Melo

    O amor ferve

    O amor ferve. O ar é gélido como os meus olhos, embora o pensamento em

    Você surja com o amanhecer que presenciei por não ter sido capaz de fechar os olhos. Não há canções em madrugadas como essa. Espero que o seu sono tenha sido melhor do que o meu, não por minha causa, mas por causa dos seus próprios terrores noturnos, cuja causa não tem a ver comigo.

    Pouca coisa tem a ver comigo, penso sempre, coberto pelas dúvidas inodoras da paixão que envenena. Ao mesmo tempo em que fascina. Os seus olhares passam como uma série de slides. Olhares de todos os tipos e em todas as situações. O último continha sobrancelhas cerradas e completa raiva, tensão e nervosismo. O meu era frio, a voz mal saía, e os gestos pareciam ordenar, quando apenas pediam. Esses contratempos contribuem para os desentendimentos.

    Hoje é sábado, metade do dia, metade da dor já assimilada, metade por vir. E o dia passa lento, para que a dor seja sentida com maior intensidade, e os outros sentimentos se misturem maldosamente.

    A minha técnica é eliminar qualquer expectativa para me manter minimamente à toa, respirando aos poucos, o suficiente para afastar as loucuras da imaginação.

    Não sei o que fazer. Não tenho nem quero ter nada para fazer. Completamente aniquilado pela inatividade consciente, incapacidade total de buscar algo que me salve de mim mesmo.

    As horas passam, o amor ferve. O tempo é abafado e o meu corpo é frio. Estarei vivo?                                                           

      26/03

    Marcelo Gomes Melo

    Ilumine a noite

    É madrugada de domingo e eu devia saber que você exerceria a sua teimosia, alimentaria o seu ódio e se lembraria da briga como se fosse no dia em que houve. Na tarde. Embora parecesse fadada a acontecer, não chegou a ser uma das nossas inexplicáveis batalhas.

    Foi você, é bom lembrar, que chegou furiosa com algo que eu jamais iria saber; e obviamente já sabia do meu descontentamento, tanto que passou todo o dia esperando uma palavra minha, uma provocação, o que não aconteceu. Mantive o silêncio, disposto a não discutir. Esperta, você sabia o que lhe esperava, já previa a minha insatisfação e queria atacar antes de ser contestada. Deve ter sido frustrante receber de mim apenas silêncio.

    Ao entardecer, quando resolveu definir e chegar perto de mim, já tensionava antecipadamente, pronta para se defender, e mesmo assim resisti, com frieza cínica. Iria continuar assim, guerra fria, porque você decidiu fazer o que faz melhor: sair pisando duro, teimosa e irredutível. E eu fiz o que sei fazer de melhor: demonstrei minha raiva ironizando. Depois, tentando interromper mais uma sequência de terror em nossas vidas tumultuadas, tomei a pior decisão, para não continuar a brigar. Disse a você para ir, se afastar, desaparecer...

    A ira em seu corpo rugiu como uma tempestade, uma explosão nuclear. A partir daí você colocou em prática a sua agenda de vingança e punição, o que me irritou ainda mais!

    Eis o começo do aumento da distância. Você me eliminou, eu não fui, você não veio. Estamos assim: eu aqui, sem comer, sem beber, sem dormir, sem saber de você... Difícil prever. Você não irá se mover. Prefere perder a dar um passo adiante, mesmo que seja para brigar mais e consertar. E eu não pretendo me mover, ir até você. Pretendo morrer em silêncio. Espelhar o seu comportamento. É o pior dos mundos, eu sei, mas você, radical, prefere assim; não desiste de ser irredutível, por mais que também se magoe.

    Bom, novidade, eu também posso ser assim! É a fase em que dizemos que todo amor é destrutivo? Em que eu duvido de tudo o que você diz ou faz, e lhe perturbo por não acreditar? Você também não confia, lembre-se! Amor, paixão, tesão, aflição, confusão, solução, solidão... Nós dois na amplidão do oceano escuro dos sentimentos cruéis, sob raios e trovões querendo unir nossas mãos... Entretanto... O que faremos?

    Alta madrugada e não posso dormir, comer, beber, nem viver sem você. Espero que você possa.

                                                                                27/03

      Marcelo Gomes Melo

    Eis aqui um amor imortal

    É doce morrer no mar..., dizia a antiga canção; mas isso é apenas para poetas; para os seguidores do Maravilhoso. O amor real e mais como submergir. Na areia movediça, sozinho no meio da mais densa floresta tropical. Se espernearmos afundamos cada vez mais rápido, com aquela sensação desesperadora do término, sem ter em que se agarrar, sendo arrastado para o inevitável.

    O mais lógico, então, e digo lógico, não o ideal, porque no amor nada é lógico e muito menos ideal; o mais lógico seria aquietar o corpo, para adiar à derrocada esperando algum tipo de salvação, por mais improvável que seja. Imóveis, sendo tragados aos poucos pela areia inclemente, apenas o cérebro trabalhando incessantemente, revendo os enganos, os erros e os acertos, os motivos pelos quais devemos nos salvar...

    Todos os sentidos voltados ao silêncio, apenas a respiração alternando-se, os olhos bem abertos sem enxergar outra coisa que não sejam os belos e inesquecíveis momentos, e ficando à sombra, embaçados, a mente gritando alto, sem som.

    Não se pode deixar de amar, nem se for para morrer, é o que se descobre durante esse processo torturante. O pior pode acontecer, vai acontecer, mas o amor permanecerá. Mesmo depois de afundarmos e deixarmos esse espaço pessoal que formava o nosso mundo, sem chave para mais ninguém além de nós dois, o amor ficará como uma marca indelével, cruzando os séculos, impossível de ser retirado do lugar, lava vulcânica tatuada na pele do planeta, visível de qualquer lugar do universo, uma assinatura universal que repete para as galáxias: Eis aqui um amor imortal, forjado com dor, paixão, tristeza, sonhos, teimosia, indisciplina voraz.

    O que somos, nós dois, me pergunto, ainda tentando descobrir o que lhe vai à cabeça; se realmente conseguiu simplesmente recusar o destino e sofrer para manter a força de opinião, ou se já nem sofre mais, só caminhou tranquilamente, o olhar triste distante, à frente, esquecida de mim.

    Dói não saber; corrói imaginar. Há inocência nesses pensamentos, e qualquer inocência será castigada. Viver, não se vive mais. O limbo é a melhor descrição para um indigente de você, como eu?

    28/03

    Marcelo Gomes Melo

    Nobless oblige

    Desde que você voluntariamente se afastou, fazendo a sua escolha por abraços

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