Respirando
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Sobre este e-book
Aliens são sabotadores da felicidade. Ao primeiro sinal de bem-estar, lá vêm eles apontando o que está errado, buscando a porta de saída, olhando o que falta, o que poderia ser diferente. Sim, aliens adoram o futuro do pretérito: poderia, deveria, seria, estaria, melhoraria, gostaria. Tudo iria, mas não vai, porque o alien vive da incompletude, da falta, da incerteza, da dúvida. Aliens se alimentam do ideal que não chega.
Aliens detestam dormir junto, pernas enroscadas debaixo do cobertor, Sessão da Tarde em dia frio, pipoca, vinho e bate-papo, música, viagens e todas essas coisas que aproximam as pessoas da essência do encontro. Aliens gostam de jogos, de manipulação, de bancar o detetive, de traição, de culpa, de expor as fraquezas do outro, de torná-lo menor, de virar as costas, de dubiedade, de confundir. Aliens adoram a escuridão, o que não é dito, profecias autor realizadas. Aliens adoram a frase 'Eu te disse!'."
Essa coragem resultou em seu livro de estreia, RESPIRANDO.
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Pré-visualização do livro
Respirando - Antonio Augusto
Sumário
Apresentação
Cartas de amor I
Cartas de amor II
Cartas de amor III
Cartas de amor IV
Budistamente
Sempre por perto
Saudade
Diálogo da separação
Bate-papo com ele
Segredo de família
Saudade de si
New York, New York
Sobre perdas
Alien, o interno passageiro
Pontes e perdas
De amor e de paz
Três horas da madrugada
Passando
Códigos
Carta de boas-vindas
Conversa de casal
Prazo de validade
Descomplicando
Deferência
Caixa de respostas
Ansiedade
Quatro mulheres, várias culturas, mesmo desejo!
Rumo
AAA
Percepção nem sempre é realidade
Tempo, idade, maturidade
Sábado à noite
Ouvir estrelas
Esperança pra quê?
Respirando
Rarefeito
Pra onde for
Não tenha medo
No meio da noite
Se amavam, mas
Sem piedade
De novo
Quando ela partiu
Sonhos desperdiçados
Agradecimentos
Sobre o autor
Dedico este livro a minha mãe, dona Creme,
exemplo de fé, força e superação;
a minha irmã Ana Luiza, grande incentivadora;
aos meus filhos Laila, Bruno, Nathália e Júlia,
fontes de alegria, aprendizado e crescimento;
e também àqueles que acreditam
e vivem o poder transformador do amor.
APRESENTAÇÃO
Os relatos de Antonio Augusto, chamemos assim as crônicas, as cartas de amor, os diálogos dramáticos, os depoimentos e as precisas cirurgias emocionais, se apropriam de variadas técnicas narrativas consagradas na história do romance. Como uma epifania, Antonio Augusto caminha fremente e sentimental para escapar do piegas e revelar desvãos humanos através de uma elipse surpreendente, que quase beira o sublime. Não e pouca coisa.
Todas as situações poderiam ocorrer aqui, ali, em todos os lugares que servissem de cenário a um homem que prepara e tem consciência do seu futuro — certamente, um homem diferente do século passado. Um personagem (e que personagem!) chega a afirmar: Sou Deus, não cartomante
. Deus pode ser imenso e muito bom, mas o futuro, o futuro mesmo, quem conhece, porque o faz, é o próprio homem.
Antonio Augusto parece encarnar o mito do homem novo, sensível, másculo, inteligente, analisado, espirituoso, generoso, boa-praça, capaz de rir das falhas trágicas para, finalmente, superá-las.
Reinaldo Amaro Mesquita
Psicanalista e dramaturgista
CARTAS DE AMOR I
Minha cara Helena,
Escrevo esta carta depois de tanto tempo e a envio pelo correio. Mandar um e-mail seria pouco e arriscado. Seria rápido demais, virtual, e haveria o risco de receber uma resposta imediata que me surpreendesse novamente.
Esta carta tem memórias, e as memórias devem ter um espaço no papel, que se amarela com o tempo, que se desgasta, mas mantém o sentimento ali registrado em meio à textura, ao cheiro e às manchas.
Foi muito difícil ser deixado por você. Fiquei à mercê do seu silêncio, das perguntas, das mágoas, das dúvidas e do que poderia ter sido. Como diria aquele escritor português: Você me acordou para a vida e não completou o trabalho
.
Sinto-me ainda uma obra inacabada, um livro cujos capítulos finais se perderam e cujo autor desapareceu. De vez em quando esbarro em uma página perdida aqui e ali, mais uma peça de um quebra-cabeça a ser montado. Aprendi a conviver comigo, com seu silêncio e com minha solidão, mas aquele sorriso que você constantemente me roubava, nunca mais consegui reproduzir. Talvez seja uma maneira de perpetuar o luto ou render uma homenagem a tudo que fomos. Não sei e não teria como sabê-lo sem você por perto.
O tempo passou, e desisti de procurar notícias suas, desisti de te esperar e segui meu caminho — não o caminho que eu desejava, mas o que o destino me impôs —, mas sempre senti que ainda havia algo a dizer para quebrar o silêncio que você deixou.
Ao acordar para a vida eu acordei para o amor, e amei. Amei e senti o gosto doce do encontro e o sabor amargo da partida, mas amei muito e profundamente.
Espero que você tenha encontrado a paz que buscava, e que tenha mantido o sorriso que me despertou.
Miguel
____________________
Caro Miguel,
Sua carta reabriu a minha caixa de Pandora, onde guardei cuidadosamente tudo que fomos. As emoções mais uma vez brotaram e eu transbordei. Sim, você sempre me fez transbordar, perder o controle, a razão e o rumo. Eu sempre me perdi em você e era tão difícil me reencontrar. Era tão difícil lidar com suas imperfeições e com seu silêncio. Seu silêncio me desesperava, pois cheirava a abandono. Em seu silêncio cabiam todos os meus fantasmas, meus medos, a dinamite que explodiria meus sonhos, e eu não aguentava a possibilidade de ser abandonada por você.
No meu desespero e na dor que me envolvia, a única forma de liberdade era fugir. E eu fugi: de você, de mim, de nós, dos nossos sonhos, de tudo que planejamos juntos.
Foi melhor assim? Não sei, mas sempre haverá perguntas sem respostas.
O silêncio que deixei também ficou comigo, o sorriso que te encantou será sempre seu, apenas seu.
Helena
CARTAS DE AMOR II
Elisa,
Seis meses se passaram desde que cheguei à Antártida. Pra você pode ter sido rápido, mas descobri que o inferno é gelado e que preciso muito de calor. Calor simplesmente não, mas calor humano, ou melhor, seu calor humano. Tenho tanta saudade de você. Saudade que dói!
Sabe, Elisa, perdido na imensidão branca, nesses dias curtos e nessas noites longas, pude pensar bastante, refletir sobre a vida, sobre nós dois, sobre mim, sobre suas queixas e sobre o futuro.
Nada melhor para criar empatia do que a solidão no frio! Pensei, ou melhor, senti, e descobri que muitas das suas