De facto, há criações populares que são verdadeiros tesouros. A cultura da pesca artesanal da lampreia em terras do Minho, mais especificamente em Melgaço, é uma arte secular que tem de se conhecer de perto.
A pesca nas tradicionais pesqueiras constitui um património de grande valor etnográfico e antropológico, abarcando uma arquitetura que exibe a relação do homem com o rio, sua fonte de subsistência secular.
Lapidadas a partir de massas rochosas graníticas nas margens do rio, as pesqueiras representam um singular caso onde arquitetura, alimento e paisagem se cruzam.
Estruturas ancestrais de pedra que existem nas águas interiores, entre Monção e Melgaço, servem para colocar armadilhas (a que chamam o “botirão” e “cabaceira”). Depois foram sendo transmitidas em herança, passando de geração em geração entre as famílias locais, como propriedade privada. Podem servir para pescar lampreia e ainda sável ou salmão, dependendo das suas configurações.
Em Melgaço, de forma a garantir a autenticidade da origem da lampreia, a autarquia avançou, aliás, com um projeto pioneiro: a rastreabilidade, atribuindo um código a cada lampreia pescada no Minho, de forma a que haja a certeza da origem para o consumidor.
Para além disso, dado o enorme valor patrimonial das pesqueiras, e da arte a elas associada, foi apresentada uma candidatura a registo nacional de Património Cultural Imaterial.
De facto, trata-se de uma prática antiga, musculada. Desde o século VIII que assim se pescava por aqui, sobretudo nas áreas dos mosteiros, já que os abades chamavam-lhe um figo.
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