Projeto pessoal
NO FIM DA VIDA, LAWRENCE da Arábia, herói militar do início do século XX, recusou os altos postos militares para servir como soldado raso. Diz-se que queria deixar a fama conquistada para trás e apenas contribuir em batalha se necessário. Ele recusou a honraria de cavaleiro concedida pelo rei britânico e usou pseudônimos para evitar ser reconhecido. Não queria a notoriedade, apenas fazer o que acreditava fazer bem.
O exemplo de Lawrence é bastante interessante, de certa forma idiossincrático, mas não de todo estranho. Quantas vezes já não ouvimos um funcionário de uma empresa, por exemplo, dizer: “Meu sonho era ter um negócio próprio”. E, ao mesmo tempo, alguns patrões falarem: “Preferiria ser empregado”. Quando estamos sob a “tutela” de alguém, é comum pensamos que gostaríamos de ter a liberdade de agir da nossa própria maneira, seguindo nossos instintos e vontades, sem responder a ninguém mais a não ser a nós mesmos. Por outro lado, quando temos esse “poder” de dar a “última palavra”, às vezes a responsabilidade e as obrigações decorrentes disso jogam um grande peso sobre nossos ombros, fazendo com que, algumas vezes, tenhamos vontade de não estar nessa posição, mas numa um pouco mais subalterna.
Há quem não enxergue essa dicotomia, mas, para muitos, ele existe. É preciso mais do que apenas coragem para assumir papéis de protagonismo. Vamos para o mundo do vinho, por exemplo. O enólogo certamente não é um “soldado raso”, ele tem uma função primordial dentro de uma vinícola, pois suas decisões afetam diretamente nos resultados. Um erro e o trabalho de um ano (ou ainda muito mais se a imagem da empresa ficar arranhada) está perdido. Apesar de ser uma engrenagem importante, o enólogo é um funcionário, e geralmente responde a outros acima dele.
Assim como todo funcionário, ele certamente almeja algumas liberdades, provavelmente se sente tolhido em determinadas situações e, por fim, sonha em fazer algo com a sua assinatura, sem as amarras que lhe são impostas. Todavia, dar esse passo nem sempre é fácil. Além de colocar o seu nome à prova (quase literalmente já que estamos no mundo do vinho), há diversas questões que antes não estavam sob o domínio do enólogo, mas de uma estrutura muito maior.
Ainda assim, vemos hoje muitos enólogos de
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