Não é possível precisarmos com exatidão quando e em que circunstâncias iniciou-se o Medieval de Ourém. O “Manual Prático do Vinho de Ourém”, da autoria de António Marques da Cruz e António Vieira Lopes, editado em 2004 pelo município, remete-nos para os monges de Alcobaça, da Ordem de Cister.
O primeiro foral de Ourém, de 1180, já indiciava a importância da vinha: “… Se alguém na defesa do seu campo, vinha ou horta, despojar aquele que lhe causou dano, ainda que este seja espancado ou ferido, que o dono da vinha não seja punido (…) Se alguém entrar, de dia, numa vinha (…) de outrem, com intenção de furto, para comer (…), seja condenado em cinco soldos. Se alguém trouxer alguma coisa de uma vinha (…), no regaço, num saco ou numa cesta (…), seja condenado em um morabitino. Se alguém for apanhado de noite, numa vinha (…), pague 60 soldos e fique sem o que traz vestido (…)”.
À medida que nos embrulhamos no desfiar da história torna-se difícil de lá sair. Falamos de um vinho com 800 anos, que tem estado sob sucessivas ameaças de desaparecimento, um dos históricos de Portugal, porém desconhecido da esmagadora maioria dos portugueses.
Os cistercienses, que revolucionaram as práticas agrícolas europeias com ensinamentos e modos de produção que em muitos casos permanecem atuais, aportaram no Medieval de Ourém uma forma muito particular de fazer vinho, misturando uvas brancas