Para ver e ouvir
Falar de dimensão à escala do arquipélago da Madeira é sempre subjetivo. Se a malha de análise ficar cingida à ilha da Madeira, estamos na ordem dos 500 hectares no total, esmagadoramente micro parcelas, de escassas dezenas de metros quadrados, trabalhadas nas horas livres pelos proprietários que possuem outros ofícios a tempo inteiro. Essa realidade é, aliás, uma das maiores dores de cabeça atuais na ilha, na medida em que as novas gerações estão cada vez mais desligadas dos trabalhos agrícolas temendo-se, assim, um abandono crescente e proporcional ao envelhecimento dos produtores.
Acresce a pressão urbanística, que está a ir bem para lá do Funchal. No vizinho Estreito de Câmara de Lobos, por exemplo, a vinha está constantemente a perder terreno para o betão, ao ritmo da aprovação de projetos imobiliários. Também por lá, e noutra zonas, nota-se que culturas sempre concorrentes, como a da banana e da cana de açúcar, levam por vezes a melhor, o que adensa as nuvens de preocupação.
Haverá mais de 1.100 viticultores no ativo, mas as maiores manchas de vinha contígua não ultrapassarão os 10 hectares. Os vinhedos expostos a sul e mais próximos do mar são, precisamente, os mais cobiçados pelo imobiliário. Novos cultivos têm surgido, pontualmente, em altitude e na mais fria costa norte, o que nalguns anos acaba por acrescentar o problema da dificuldade da maturação