Prazeres da Mesa

DELÍCIAS, PERTINHO DA CAPITAL

Projeto especial da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo, o Rotas Gastronômicas promoverá o turismo e a gastronomia pelas diversas regiões do estado, concretizando, ao seu final, sete rotas. Um trabalho preciso e criterioso feito por jornalistas e fotógrafos conceituados, especializados em assuntos da boa mesa. Esta é a quinta rota, repleta de excelentes opções.

REGIÕES TURÍSTICAS DA ALTA MOGIANA E CAMINHOS DA MOGIANA

QUERO MAIS BOLACHAS CASEIRAS, SANTO ANTÔNIO DA ALEGRIA

A história da Quero Mais Bolachas Caseiras, de Santo Antônio da Alegria, começou quando Michele Rita Baldo teve um filho e quis fazer alguma coisa para ajudar a incrementar o orçamento da família. Na época, a sogra fazia bolachinhas para vender e Michele perguntou se ela lhe passaria as receitas para que ela também vendesse o quitute. Foi aí que Michele conseguiu suas duas primeiras receitas: a de coco e a de nata. Duas bolachas que até hoje vendem muito bem.

A partir daí, Michele foi para um cômodo nos fundos da casa da mãe e, na primeira fornada, fez 5 quilos de bolacha de nata. Isso, há 18 anos. Hoje, ela tem uma fábrica que abastece lojas e supermercados de várias cidades da região de Ribeirão Preto, da cidade de São Paulo e algumas de Minas Gerais. “Sempre gostei muito de fazer quitanda. Quitanda é o termo que usamos para os complementos do café da tarde: quitutes, bolachas, bolos, pãezinhos. Sempre ajudei as minhas tias a fazer as quitandas delas. E era sempre eu quem as enrolava”, diz.

Como ela ama o que faz, desenvolver receitas de novas bolachas é um prazer para ela. Além das duas receitas iniciais que a sogra lhe passou, ela já criou mais 28 outras. “Mesmo quando dá errado, enfim, dá certo. Um exemplo foram os cookies. Fiz uma receita que ficou ruim, daí tentei fazer outra que também deu errado. Resolvi misturar as duas – não é que deu certo? Ficou uma delícia”, afirma.

Rua Floriano Peixoto, 489, Centro, Santo Antônio da Alegria, tel. (16) 99602-4459

CERVEJARIA MALTVS, MONTE ALTO

A cervejaria Maltvs nasceu em um sábado, no final do churrasco de despedida de solteiro de um amigo, em outubro de 2014. No auge da alegria, o administrador de empresas Victor Durigan lançou a ideia. Na hora, 15 pessoas aceitaram e não se falou mais no assunto. Na terça-feira, um dos presentes, Vinícius Ferreira, ligou e intimou: “Vamos ou não, começar a fazer cerveja?”. Victor topou na hora. Compraram alguns equipamentos e procuraram informações no YouTube. A primeira a sair foi uma Apa. O terceiro sócio, Alien Viganô, só se juntou a eles quando foi convidado para o evento de experimentação, com produção inicial de 20 litros. Victor gosta de cozinhar e criar receitas e ficou incumbido de ser o mestre cervejeiro. Em 2016, começou a fazer cursos, entre eles o da Science of Beer, ministrado na Cervejaria Walfänger, de Ribeirão Preto. No ano seguinte, foi até Uberlândia aprender sobre fermentação. Até 2018, a produção utilizava panelas e geladeiras adaptadas para a fermentação. A cerveja produzida por eles começou a ficar famosa na cidade. O empresário Flavio Gonçalvez procurou por eles e propôs fazer a produção em escala industrial. O primeiro teste da fábrica foi uma Pilsen, em junho de 2019. Em outubro, saiu o primeiro lote legalizado. Em janeiro de 2020, foi a vez do primeiro lote da Califórnia, cerveja clara, translúcida, leve, que eles mandaram para o Festival de Blumenau, em Santa Catarina. Já na estreia, ganharam o prêmio máximo da categoria American Style Cream Ale. E o feito se repetiu nos dois anos seguintes: 2021, com a Tijuco (American Style Stout, café e chocolate amargo, boa para o inverno); 2022, com a Ventania (Imperial Red Ale, da linha sazonal).

Os três empreendedores são apaixonados pela cidade deles, Monte Alto, conhecida como A Terra dos Dinossauros, depois que lá foi encontrado um esqueleto. Não à toa, o animal faz parte do logo da empresa. Eles fazem questão de usar ingredientes de produtores locais e de nominar as cervejas homenageando os bairros da cidade. Além disso, conseguiram comprar lúpulo produzido no estado de São Paulo. Hoje, eles têm capacidade de produzir 12.000 litros de cerveja.

Rua Cel. Medeiros, 1033 – Jardim São Cristóvão, Monte Alto, tel. (16) 3242-4477 @cervejaria_maltvs

CERVEJARIA WALFÄNGER, RIBEIRÃO PRETO

Augusto e Ana Vera Balieiro tinham planos de fazer uma carreira para a aposentadoria deles. Em 2011, fizeram viagens pelo Brasil e pelo mundo com visitas a bares, pubs e eventos cervejeiros. Eles queriam entender mais esse processo de fabricação da cerveja artesanal. Para eles, a melhor experiência foi a escola alemã.

Ana Vera diz que a paixão pela cerveja foi transmitida na família por gerações. O pai dela trabalhou e se aposentou na antiga Cervejaria Antártica, a primeira fábrica de cerveja do país. Na época, Ribeirão Preto foi a escolhida por causa da água, que é a principal matéria-prima na fabricação da bebida. A cidade está em cima do Aquífero Guarani, o maior de água doce do mundo. Quando voltaram ao Brasil, começaram os testes em Brodowski, no sítio da família. Todo o conceito da marca está relacionado com a família, a começar pelo nome: Walfänger é a tradução do sobrenome deles para o alemão. “Cerveja é um assunto que remete a muita alegria, muita reunião e informalidade e a própria família fica toda ela muito envolvida. Nossos dois filhos nos ajudam a tocar o negócio”, diz.

No final de 2012, começou a produção de forma oficial. Toda a produção do chope e da cerveja Walfänger tem como premissa a lei de pureza alemã, de 1516, em que só é permitida a utilização de água, lúpulo, malte e levedura. São sete estilos de cerveja, além das especiais e sazonais. “O objetivo é trazer uma experiência dife-renciada – que as pessoas possam beber algo melhor. A cerveja quanto mais fresca, melhor, e nada como ter um pub ao lado da fábrica”, afirma

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