Prazeres da Mesa

DELÍCIAS, PERTINHO DA CAPITAL

O programa Rotas Gastronômicas é um projeto do Governo do Estado de São Paulo, desenvolvido pela Secretaria de Turismo e Viagens, que busca mostrar e promover os principais produtos e restaurantes de diversas regiões Turísticas do Estado. Quando finalizado, serão sete rotas organizadas e com dicas preciosas de produtores e restaurantes de cada uma delas. Além disso, são passeios onde a natureza é privilegiada, com muito verde, trilhas, montanhas românticas, cachoeiras que encantam.

Nessa etapa visitamos a Rota Gastronômica das Regiões Turísticas Circuito das Frutas, Águas e Flores Paulista, Bem Viver e Roteiro dos Bandeirantes

ROTEIRO DOS BANDEIRANTES

SANTANA DO PARNAÍBA

BOM LUGAR

Localizado em Santana do Parnaíba, o restaurante Bom Lugar é o ponto de partida para quem deseja conhecer a Rota Gastronômica dos Bandeirantes. Fica a apenas 40 quilômetros da capital paulista, e funciona em um casarão do século XVIII.

Com estilo rústico, o ambiente é amplo e bem distribuído. Aliás, a arquitetura da cidade é um dos atrativos dessa charmosa urbe, repleta de construções antigas. Destaque para a mata aos fundos, com mesas e redes. A comida servida em sistema de buffet é saborosa – veganos e vegetarianos também encontram opções ali. “Minha cozinha é, simplesmente, o básico: feijão com alho, cebola e sal. Aquela comida caseira benfeita, que nos remete à infância”, diz o chef Douglas Camargo.

Um de seus destaques é a caipirinha. Leva as pimentas rosa e dedo-de-moça, limão, melado, gengibre, rapadura, e finaliza com o frescor da hortelã. A cachaça é a Santa Margarida, fabricada na cidade há mais de 120 anos. “A região tem inúmeros alambiques. Meu restaurante não poderia deixar de ter essa pegada regional. Essa cachaça, com 40% de álcool, tem a energia do frutado da cana. Além disso, ela propicia a harmonização de todos os sabores, porque não é muito forte”, afirma Camargo.

A caipirinha foi criada há 11 anos, para harmonizar com a culinária bandeirista da casa. ”Utilizamos muitos ingredientes que eram comidos na época das bandeiras. Entre eles, o cozido bandeirista feito principalmente com legumes – mandioca, milho, inhame – e a paçoca de carne (carne socada com farinha e sal) e couve. Na época, eram feitos com carne de caça – lebres e porco do mato, conhecido como cateto –, hoje usamos carne de porco”, diz.

Rua Coronel Raimundo Peccin, 25 – Santana de Parnaíba, SP.

Tel. (11) 4154-4642 @restaurant eumboml ugar

SÃO ROQUE

QUINTAL DAS ALCACHOFRAS

O sorvete de alcachofra com calda de vinho tinto é o carro-chefe do restaurante Quintal das Alcachofras, em São Roque. Surgiu depois que o pai da proprietária, Luciana de Moraes, experimentou um doce à base dessa planta. “Achei estranho. Lembrome de ter falado: como assim doce, pai? Alcachofra é salgada. Mas se tem doce, deve dar sorvete”, diz. “Para chegar à receita do sorvete foram várias tentativas, até que resolvi acrescentar à massa do sorvete pequenos pedacinhos cristalizados de alcachofra. Daí, complementei com calda de vinho tinto; e os clientes estão gostando muito”, afirma.

O pai de Luciana, o senhor Waldemar de Moraes, era, na região, um grande produtor de uvas. Mas, na década de 1980, a cultura não estava sendo valorizada – foi aí que ele a substituiu pelo plantio da alcachofra. Em 2010, a mãe dela teve um infarto fulminante e logo em seguida o pai também se foi. “Eram os dois que cuidavam de tudo. Da plantação à colheita”, afirma.

Como o irmão preferiu dividir a propriedade, ela tomou a frente do negócio na parte que lhe coube. “Sou advogada e nunca tinha tomado contato com a produção propriamente dita. Decidi transformar o boteco em restaurante e continuei a plantar as alcachofras e as uvas para levar adiante a história deles. O nome do restaurante me apareceu em um sonho com meu pai”, diz.

O restaurante fica em meio a uma exuberante plantação de alcachofras. O ambiente é familiar, interiorano, proporcionando a sensação de estar almoçando em uma casa de sítio – as alcachofras estão em todo o cardápio: de pizzas a estrogonofe, sem contar o exclusivo pastel de alcachofra. Os clientes também podem fazer passeios pela propriedade desde o plantio em abril até a colheita na primavera.

E, uma vez na cidade, aproveite para conhecer as boas vinícolas da região e provar vinhos especiais.

Estrada dos Moraes, nº 705, acesso pela

Estrada do Vinho, km 5,5.

Tel. (15) 99738-6387 @quintal_das_alcachofras

CABREÚVA

PÉ DO MORRO

Uma agradável surpresa espera o visitante que chega à fazenda produtora de queijos Pé do Morro, em Cabreúva, no alto da Serra do Japi. Além da linda paisagem com parreiras e oliveiras, pode-se dar a sorte de ver um filhote de alce saindo da floresta que circunda o local.

Em 2016, o administrador de empresas Erico Kolya largou o emprego em uma multinacional em Munique, na Alemanha, depois de se interessar pela produção de queijo e cerveja na Europa. Morou em fazendas na Alemanha e na Suíça, para aprender o processo de produção e, na Argentina, para conhecer a vinicultura natural. Agora, essa experiência toda pode ser desfrutada pelos clientes na propriedade da família.

Eles produzem seis tipos de queijo de leite de vaca, que evoluem em ordem de intensidade, complexidade, texturas e sabores diferentes. Tem o queijo Lua, feito a partir da receita do camembert, com mofo branco, macio, delicado, jovem, com aroma de cogumelo. Em seguida, vem o Quina, supermacio. “Esses dois são os de entrada na tábua, pois são os queijos suaves dos quais todo mundo gosta”, diz Kolya. “Depois, vem o Granito e o Piazinho. Os dois com a mesma receita, mas com processos de maturação diferentes. O Piazinho é mais forte porque passa por cinco semanas de escovadas da casca com água e sal”, afirma. “Finalizando a tábua vem o Sol, um queijo mais difícil, maturado por três, seis ou nove meses. É inspirado nos queijos alpinos, mas adaptado ao clima brasileiro, com toques da Serra da Canastra. Em cada peça vão, pelo menos, 100 litros de leite”, diz.

Os clientes também podem comprar cestas a preços muito acessíveis não só com queijos, mas também com pães, frios, doces, geleias, cervejas artesanais e vinhos finos. Quase tudo é produzido na própria fazenda, ou vem de propriedades próximas.

“Queremos ter aqui uma produção natural e sustentável de queijos, vinhos e azeites e tudo o mais que o solo nos dê. Procuramos ter produtos com identidade própria, respeitando as nossas condições locais, com a natureza nos ensinando o que fazer”, conclui.

Estrada Pé do Morro, s/no – Pé do Morro, Cabreúva, SP;

Tel. (11) 99451-7290 @pedomorro_japi

ITU

FAZENDA CONCÓRDIA

A Fazenda Concórdia, em Itu, a 90 quilômetros de São Paulo, é um prato-cheio para quem gosta de agregar história e roteiro gastronômico. Fundada em 1594, passou por todos os ciclos econômicos do Brasil. Também foi cenário de filmes e novelas de época, como Escrava Isaura. Hoje está mais voltada ao turismo rural. Os donos, Rose e Francisco Nunes, recebem os turistas com comida no fogão a lenha e bebidas fabricadas na fazenda.

Depois do café da manhã, com bolos de fubá, de milho, pudim de café nos antigos celeiros que ficam sobre a senzala, Francisco leva os turistas a um passeio no cafezal e explica as diferentes épocas que a fazenda viveu: do ciclo da cana-de-açúcar ao café, passando pelos desbravadores das bandeiras. “Naquele tempo era muito difícil ter notícias de outros lugares. Então, eram as bandeiras que informavam as novas da corte. A mesa era farta, porque quanto mais comida, mais tempo de conversa e mais notícias. A fazenda era um ponto de apoio aos bandeirantes. Eles se abasteciam aqui para continuar a viagem. Levavam matulas de frango e bolos de milho, dois pratos que ainda servimos para manter viva a história do local”,

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