Para ver e ouvir
“Gostam de cães”? Foi com esta pergunta que entrámos no todo-o- -terreno de Anna Jørgensen para dar uma volta por Cortes de Cima. Connosco foram Joy, a incansável Perdigueira, e Leo, um Teckel nervoso e terno, negro azeviche. Encontrámo-los a passear com Carrie, a mãe de Anna, e logo saltaram para o banco da frente. Nós… bem, nós viajámos no banco de trás, num lugar de observação privilegiado. Os cães alternavam entre o colo da condutora e a corrida livre pelo campo, a velocidades estonteantes para as pernas de Leo. Pelo meio, a curiosidade também os atraiu para a nossa companhia (leia-se colo), enquanto Anna nos ia mostrando as mudanças que está a operar na propriedade familiar.
Anna cresceu aqui e quando lhe perguntamos qual o encanto da Vidigueira, a resposta é imediata, “é a minha casa”. Os seus pais, Carrie e Hans Jørgensen (americana e dinamarquês), compraram o monte original em 1988 e iniciaram a produção de vinho em 1996. Tudo foi construído do zero. A casa e a adega a partir das edificações originais que não tinham sequer água e eletricidade, a plantação das vinhas, olival, produção de tomate seco nesses anos iniciais, azeite, enfim uma empresa familiar com muito sucesso, que marcou a região de forma inquestionável e se tornou num dos maiores produtores do Alentejo. Anna e o irmão, Thomas, nasceram na Vidigueira, onde também andaram na escola até ao liceu. Depois, foram estudar para a Dinamarca.
Nunca Anna pensou no vinho como carreira, apesar de o ter como seu desde que se conhece. Antes dos estudos superiores, tirou um ano sabático e aí começou verdadeiramente o seu amor pelo vinho. Fez uma