ABANDONADO UMA ÓPERA ROCK
Trovão e Boneco são a dupla de cavalos que ajuda a lavrar a terra na Quinta da Gaivosa. Vitor e Bruno, os manobradores, conduzem os animais por entre a geometria imperfeita de caminhos nas vinhas, uns mais acessíveis que outros. Em pleno século XXI, vários trabalhos em vinhas do Douro continuam a ser feitos assim, sem recurso possível à mecanização.
Nas vinhas de declives mais acentuados e corredores entrelinhas mais apertados, a dor de cabeça é constante. Porém, para os Alves de Sousa a compreensão do lugar está acima de qualquer outro princípio, tendo-se essa como a premissa cimeira para alcançar grandes vinhos.
A história já é conhecida de todos. Domingos Alves de Sousa, engenheiro civil, trocou o Porto pelo regresso às origens, em Santa Marta de Penaguião, para tomar conta das propriedades da família. Todavia, como admite em viva voz, “não podia ficar parado”. Na época em que a esmagadora maioria dos produtores de uva entregava os resultados das vindimas às principais casas de Vinho do Porto (a Borges e a Ferreirinha eram os principais clientes), Domingos procurou “valorizar aquilo que não tinha valor nenhum”, o vinho DOC Douro.
Obranco Quinta do Vale da Raposa 1991, lançado em meados do ano seguinte, tornou-o num dos pioneiros da região, iniciando um trajeto que o tem afirmado como produtor-engarrafador de referência – “Somos vignerons, não compramos uvas”, gosta de assumir. Ao longo do tempo adquiriu mais propriedades que
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