Uma verdadeira cinderela
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Sobre este e-book
Sozinha, grávida e sem dinheiro, Iona Lockwood ansiava por se estabelecer em algum lugar e criar raízes, porque ultimamente a vida fizera-a passar por maus bocados.
Quando Daniel Hamilton encontrou Iona a viver no edifício vazio que comprara, o rico arquitecto soube que tinha de lhe dizer que se fosse embora de lá. No entanto não conseguia virar as costas a uma mulher grávida, por isso, em vez de a expulsar, ofereceu-lhe um emprego como sua governanta.
Ao entrar na sua bonita casa, Iona sentiu-se como a Cinderela, mas sabia que a vida não era um conto de fadas. Estava ali para trabalhar, não para se apaixonar pelo milionário que a salvara.
Caroline Anderson
Caroline Anderson's been a nurse, a secretary, a teacher, and has run her own business. Now she’s settled on writing. ‘I was looking for that elusive something and finally realised it was variety – now I have it in abundance. Every book brings new horizons, new friends, and in between books I juggle! My husband John and I have two beautiful daughters, Sarah and Hannah, umpteen pets, and several acres of Suffolk that nature tries to reclaim every time we turn our backs!’
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Uma verdadeira cinderela - Caroline Anderson
Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2008 Caroline Anderson
© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.
Uma verdadeira Cinderela, n.º 1122 - Novembro 2014
Título original: His Pregnant Housekeeper
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em português em 2009
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-687-5864-0
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
www.mtcolor.es
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Volta
Capítulo 1
– Que raios…?
Daniel parou por um instante e olhou, espantado, para aquela mulher.
Ela estava a tentar pôr um colchão enorme num contentor e ia magoar-se. O contentor era dele e ela não tinha de pôr nada nele, mas, visto que já estava a fazê-lo, não tinha outro remédio senão ajudá-la.
– Espera… Deixa-me fazê-lo.
Guardou as chaves do carro no bolso, agarrou no colchão e levantou-o para o contentor…
– Não!
Para ser tão bela, era surpreendentemente forte.
– Assim não! – exclamou ela e deu a volta ao contentor para puxar o colchão. – Não estou a deitá-lo fora, estou a tirá-lo!
Ele olhou para ela. Reparou que não usava maquilhagem, na madeixa de cabelo castanho que fugia da sua trança, no seu olhar decidido e nos seus lábios sensuais.
– Perdão?
– Disse que estou a tirá-lo…
– Ouvi-te, mas não compreendo. É um colchão velho. Porque havias de querer tirá-lo do contentor?
– Talvez porque é melhor do que o que tenho? Por favor, não está manchado ou não estaria se não o tivessem atirado para o contentor. É uma pena. Portanto, vou reciclá-lo.
– Rec…? – cruzou os braços, apoiou-os sobre o colchão e olhou para ela fixamente. Queria mesmo aquele colchão?
– É verdade e só temos um minuto antes de o guarda passar outra vez por aqui. Portanto, ou me ajudas ou sais da frente e deixas-me tirá-lo, mas não fiques aí à espera que ele chegue!
Daniel olhou para a porta da barraca do guarda e depois olhou para a rapariga.
– Queres que te ajude a roubar o colchão? – perguntou-lhe, incrédulo e contendo a gargalhada.
– Não é roubar. Deitaram-no fora – corrigiu ela. – Então? Sais da frente para que possa tirá-lo ou vais ajudar-me?
Ele devia ter hesitado demasiado, pois, antes de conseguir reagir, ela agarrou no colchão e mexeu-o sozinha.
E ele não podia permiti-lo. E se se magoasse? Era uma rapariga bela.
«Bolas!»
– Afasta-te – pediu ele, suspirando com resignação e olhando novamente para a porta da barraca do guarda. Se o apanhassem… Agarrou no colchão e perguntou. – Para onde vais levá-lo?
– Ao virar da esquina… Não fica muito longe.
Não ficava, mas parecia bastante longe. Quando um canto do colchão tocou no chão, Daniel pensou que chegara o momento de aceitar a proposta de Nick de treinar no ginásio da sua casa. Ou os seus músculos sofriam de falta de treino ou o colchão fora de boa qualidade a certa altura, coisa que estranhava, visto que não saía nada que valesse a pena do velho hotel.
Ela parou antes do que ele esperava e tirou umas chaves.
– É aqui – indicou ela e abriu a porta que levava até à parte em ruínas do hotel. – Tem cuidado – avisou, enquanto subia as escadas, – não há luz porque cortaram a electricidade desta parte – explicou. Ao chegar ao andar de cima, abriu uma porta e entrou.
Ele parou no patamar para respirar fundo e sentiu um forte cheiro a humidade. «Não é de estranhar que precise de um colchão novo», pensou, enquanto tentava passar com ele pela porta, perguntando-se se ficara louco.
Sem dúvida, não devia fazer aquilo. Não devia facilitar as coisas àquela rapariga para que ficasse ali. Nick e Harry matá-lo-iam, mas…
Ela baixou-se para afastar algumas coisas e disse:
– Aqui ficará bem.
Ele olhou para ela e ficou boquiaberto.
Estava grávida?
Estava a viver de forma ilegal no hotel, a atrasar o projecto de reabilitação, a afectar os prazos e os orçamentos e estava grávida?
Aquilo ia de mal a pior.
Pôs o colchão no chão e ela aproveitou para se deitar sobre ele, suspirou, sorriu e mexeu-se para verificar as molas. Ao fazê-lo, a t-shirt levantou-se e ele conseguiu ver que tinhas as calças abotoadas com uns alfinetes-de-ama. Aparentemente, o bebé conseguira fazer com que fosse impossível abotoá-las. E através dos buracos ele conseguiu ver um pedaço de pele pálida, de aparência vulnerável, sob a luz ténue.
Ele sentiu o desejo de a acariciar, de pôr a mão sobre a sua barriga volumosa e de fazer promessas absurdas…
Desviou o olhar e percebeu que ela tinha as mãos sob a cabeça e os olhos fechados. Deu uma palmadinha sobre o colchão e sorriu, abrindo um pouco os olhos.
– É óptimo! Muito melhor do que o chão, tenta!
«Tentar? Quer que me deite ao seu lado? Está louca?» Pensou nos motivos pelos quais aquilo lhe parecia uma má ideia. Primeiro, era um colchão roubado, mesmo que fosse do seu próprio contentor. Segundo, tirara-o do contentor e, terceiro, ela estava deitada nele, demasiado sexy para ser uma mulher grávida e a pedir-lhe para se deitar ao seu lado.
Recuou para a porta.
– Hum, não posso… Não tenho tempo. Tenho de ir para casa fazer uma chamada – «para Nick e Harry, para lhes dizer que conheci a «ocupa» que vive no seu hotel. E que está grávida!».
Ela levantou-se e, depois de passar junto dele, dirigiu-se para a divisão contígua.
– Nesse caso, podes deitar isto fora por mim, porque cheira mal.
– O quê? – perguntou ele e seguiu-a.
– O colchão velho, é claro. O que havia de ser?
Ele fechou os olhos por um instante.
– Queres que deite um colchão pestilento no contentor de alguém? – inquiriu ele, perguntando-se o que raios fazia com uma mulher grávida que não tinha o direito de viver naquele hotel e que, além disso, estava a atrasar o projecto de reforma.
Ela sorriu e, ao ver o brilho dos seus dentes na quase escuridão, ele sentiu que lhe acelerava o coração.
– Bom, na verdade, é só uma mudança. Tenho a certeza de que com todos os problemas que estou a causar-lhes, os promotores não se importarão que deite um colchão pestilento fora. No outro dia, molhou-se com a chuva, quando o tecto caiu.
No colchão? O tecto caíra sobre o colchão de uma mulher grávida? Ele engoliu em seco e seguiu-a para a divisão.
Tinha razão. O colchão cheirava mal e estava cheio de estuque. E ela queria que o levasse para a rua, num bairro onde tentava criar uma boa reputação, para o deitar no seu próprio contentor?
«Bolas!», pensou ele e agarrou no colchão. Mesmo molhado, pesava menos do que o outro.
– Abre a porta – pediu com resignação e levou-o pelas escadas até à rua.
– Ufa, cheira mesmo mal! – exclamou ela, caminhando ao seu lado. – Preocupava-me que o mofo fosse prejudicial para o bebé.
«Pior teria sido que te caísse o tecto em cima», pensou ele e dobrou a esquina com o colchão. «De certeza que vou ser apanhado pelo guarda. Óptimo». Conseguia imaginar a conversa que teria com ele.
Ela fez com que parasse junto da cerca. Olhou para o estacionamento e sussurrou:
– Podes ir.
Ele levou o colchão e meteu-o no contentor, mesmo no momento em que o vigilante aparecia pela porta da guarita.
– Eh! O que raios está a fazer? – gritou o vigilante.
A rapariga agarrou na mão de Daniel e puxou-o para que fugisse.
Ao dobrar a esquina, ela tropeçou e ele agarrou-a e meteu-a na soleira de uma porta, tapando-lhe a boca com a mão e sentindo a barriga volumosa contra o seu corpo. Ela tentava conter a gargalhada e ele só conseguia pensar na suavidade dos seus lábios, na sua barriga volumosa e na força da sua mão enquanto tentava afastar a dele.
Então, o bebé deu um pontapé e ele sentiu um forte desejo de a proteger.
Não a conhecia de lado nenhum, só sabia que reclamava a propriedade do hotel e que o filho do antigo dono, que o vendera a eles antes de morrer, garantia-lhes que a sua reclamação era completamente falsa e que conseguiria expulsá-la em pouco tempo.
Há seis semanas, aquilo parecera-lhes bem, mas depois ela recusara-se a ir-se embora. Além disso, Dan acabara de a conhecer e o facto de ela estar grávida mudava as coisas. De repente, sentia a necessidade de saber mais coisas sobre ela. E tentou convencer-se de que, na verdade, era pelo bem do hotel e não por causa do brilho do seu olhar nem por ter sentido o movimento do bebé, porém, no fundo do seu coração, alguma coisa lhe dizia que não era assim.
Pela primeira vez, em quase um ano, Daniel Hamilton estava interessado por uma mulher e, tudo o resto, o bom senso incluído, tornou-se insignificante.
Daniel espreitou e olhou para a rua.
– Não há rasto do vigilante. Acho que se foi embora.
– Ainda bem. Pensava que não se incomodaria muito. É muito preguiçoso.
Ela virou a cabeça para um lado. Sabia que devia mexer-se, mas gostava de sentir o corpo musculado de Daniel contra o dela.
– Bom, suponho que devia ir procurar alguma coisa para comer – declarou ela com resignação, pensando em comer outra lata de feijões.
Ele soltou-a e ela sentiu-se nua.
– Não comeste? – perguntou ele, com o sobrolho franzido.
Ela não conseguia ver os seus olhos devido à escuridão, mas a expressão do seu rosto parecia amável.
– Não, não comi. Se não, não estaria a pensar em comida – explicou-lhe, com paciência.