E-book71 páginas48 minutos
Carnívora
De Manuel Alves
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Sobre este e-book
Andreia retoma a consciência, e a única pista acerca do seu passado é o cartão de identificação que mancha com dedadas de sangue. Até esse instante, a memória é um vazio tão estéril como o lugar em que se encontra, um laboratório imaculado. Antes de ter tempo para tentar perceber o que terá acontecido ao homem morto no chão, vozes invadem-lhe o pensamento. Vêm atrás dela.
Autor
Manuel Alves
https://www.patreon.com/manuelalves--O autor só fala de si mesmo na terceira pessoa quando tem de falar do autor ou, é claro, quando pratica a extraordinária arte da feitiçaria imaginativa — há quem lhe chame Escrita. Se houvesse na minha vida lugar para gatos, teria dois e um seria um Gremlin disfarçado. Tenho um furão e uma hiena — ambos imaginários.--The author only speaks of himself in the third person when he has to speak about the author or, of course, when he conjures the extraordinary art of imaginative sorcery—some call it Writing. If there was any place for cats in my life, I would have two and one of them would be a Gremlin in disguise. I have a ferret and a hyena—both imaginary.
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Carnívora - Manuel Alves
O meu nome é Andreia Dias. Aparentemente. Talvez seja melhor ficar-me por essa aparência. Não quero saber já se o sangue nas minhas mãos significa que fui eu que matei o homem caído no chão. Parece morto. Deve estar. Sinto que está. Sei. O cheiro dele é familiar e completa o sabor que me faz crescer saliva na boca. Certo, esta parte foi sinistra. No mínimo.
Andreia voltou a examinar o cartão de identificação preso no bolso da bata. Desviou o olhar para o homem de barba caído e observou a posição estranha do corpo. Parecia ter-se sentado no chão, de costas contra a bancada do laboratório, antes de ter tombado para o lado. Não valia a pena tentar perceber se a queda fora antes ou depois de qualquer coisa lhe ter esburacado a coroa da cabeça.
Definitivamente morto. Não sei por que raio estou a pensar como voz narradora de filmes de detectives dos anos 80, e nem imagino o que me está a segurar para não desatar para aqui aos gritos. É perturbador não lembrar quem sou e, mesmo assim, lembrar-me de filmes de detectives dos anos 80.
Andreia rodou meia-volta e tentou recordar-se do lugar. O ambiente era tão estéril como a memória dela. Um laboratório de claridade branca imaculada, excepto pelas manchas de sangue no chão, como se um sinal de néon declarasse inequivocamente que houve ali coisa má.
De certeza que não faz parte da decoração original.
A parede de vidro, com uma porta ao centro, era uma divisória transparente ao meio do laboratório. Nem um ruído para lá do vidro, provavelmente à prova de som. Andreia fitou os salpicos de sangue na porta, à altura das coxas, espalhados em ramificações de vermelho vivo, como veias rebentadas contra o vidro. Seguiu os trilhos de sangue até ao chão e sentiu uma contracção nas paredes do estômago.
Merda! Aquilo é… carne?
Enrugou a testa num esgar enojado e recuou dois passos dos pedaços de carne crua rasgada. Voltou-se e deu de caras com o cadáver de cabeça esburacada. Não tinha muito para onde se virar sem olhar para algo que a agoniasse. Voltou-se para a divisória de vidro.
Andreia Dias. Certo.
Aproximou-se para examinar melhor as semelhanças. Tacteou o rosto com as pontas dos dedos, como se necessitasse de tocar para saber que era mesmo ela e que as feições lhe pertenciam.
Ok, o rosto no reflexo condiz com o da fotografia no cartão.
Olhou para o chão e afastou um pedaço de carne com a ponta do pé, um segundo antes de perceber, enojada, que estava descalça. Recuou alguns passos, em repulsa da viscosidade do sangue a colar os dedos do pé. Espreitou pelo decote da bata mal abotoada e percebeu que era a única coisa que tinha vestida.
Meu Deus, o que aconteceu aqui? A mim…?
A dor de cabeça chegou tão inesperada como uma facada saída do escuro. Andreia cerrou olhos e dentes, o marfim a desenhar um esgar grotesco, mais animal do que humano, como se quisesse crescer para fora da boca numa necessidade incontrolável. Tapou as orelhas com as mãos, mas o ruído continuou a gritar-lhe uma cacofonia indecifrável dentro da cabeça, como se ouvisse directamente com o cérebro.
«… selado!»
Uma palavra reconhecível. Voz masculina. Andreia abriu os olhos. Continuava sozinha. O laboratório parecia mesmo à prova de som, separado do mundo por alguma barreira intransponível para os sentidos. Hermético. Selado. Mas as vozes continuavam a invadir-lhe a cabeça como se não existisse qualquer isolamento acústico. Como se ela ouvisse…
Pensamentos.
«… todos lixados. Se ela…»
«… demasiado tarde e…»
«Antes ela do que eu.»
«… a tempo. Pode ser que… aguenta-te, miúda…»
«…»
«Andreia…»
Andreia sacudiu a cabeça. Tantas vozes a ecoar lá dentro, sobrepostas, diferentes, como um grupo de pessoas a falarem ao mesmo tempo. Cada voz transmitia apenas fracções de pensamentos, como estação de rádio mal sintonizada a tentar vencer interferências.
Correu para a porta emoldurada na divisória transparente e desequilibrou-se no movimento. Chocou de cabeça contra o
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