Legado Vermelho

De Manuel Alves

Lantis é um jovem brilhante, e uma das pessoas mais inteligentes do mundo. Atly é o seu irmão mais novo, sempre metido no seu mundo de fantasia, constantemente a inventar histórias povoadas de criaturas lendárias. Quando o pai, um conceituado cientista, os leva à Reserva dos Dragões, para estudar fendas sísmicas, Atly descobre algo que ameaçará a existência do próprio planeta.

• Idioma: Português
• Editora: Manuel Alves
• Data de lançamento: 16 de nov. de 2012
• ISBN: 9781301643981

Manuel Alves

https://www.patreon.com/manuelalves--O autor só fala de si mesmo na terceira pessoa quando tem de falar do autor ou, é claro, quando pratica a extraordinária arte da feitiçaria imaginativa — há quem lhe chame Escrita. Se houvesse na minha vida lugar para gatos, teria dois e um seria um Gremlin disfarçado. Tenho um furão e uma hiena — ambos imaginários.--The author only speaks of himself in the third person when he has to speak about the author or, of course, when he conjures the extraordinary art of imaginative sorcery—some call it Writing. If there was any place for cats in my life, I would have two and one of them would be a Gremlin in disguise. I have a ferret and a hyena—both imaginary.

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— Não sejas idiota.

— A sério! Eu vi!

— Estás a ser idiota.

— Olha, tu não chamas idiota ao teu mestre, estás a ouvir?

— Se o meu mestre é um idiota, então, chamo.

— Não podes! Combinámos que, desta vez, eu ia ser o mestre. Que tu ias aceitar tudo o que eu dissesse.

— Não combinámos nada disso. Eu disse que ia deixar-te ser o mestre se não inventasses coisas idiotas. Dizeres que viste um dragão é uma coisa bastante idiota.

— Vi, sim! Saiu ali daquele buraco que está a deitar fumo.

— Aquele buraco é uma fenda sísmica, e o que saiu de lá deve ter sido alguma pedra disparada pela pressão dos gases subterrâneos. E é melhor não inventares mais, está bem? Se o pai sabe que pusemos os pés perto das fendas sísmicas, eu é que vou ouvir sermão.

— Não estou a inventar. Olha, eu sei que toda a gente acha que eles estão extintos há muito tempo, e isso, mas…

— Extintos? Agora estás a ser mesmo idiota. Até parece que os dragões alguma vez existiram.

— Olha, se não queres acreditar, não acredites. Eu é que sei bem o que vi. Era um dragão, e pronto.

— Ai sim? E, por acaso, tens alguma prova? Tens aí algum holograma para me mostrar?

— Sabes que não. O pai nunca nos deixa trazer tecnologia para a Reserva. Ele pode, mas nós não. Bem sabes.

— Está bem. E descrever-mo, consegues?

— Olha, era capaz de ainda não ser bem bem um dragão.

— Claro.

— Oh, não é nada disso. Não estou a inventar. Só que ainda não era um dragão nascido, estás a ver?

— Claro, claro que estou. Olha!

— O quê?

— Lá em cima, no céu! Está ali um, mesmo com as asas abertas a olhar para nós e a deitar fogo pela boca! Ah, não, espera lá… afinal, é o Sol atrás de uma nuvem.

— Estúpido. Tu é que és o idiota!

Atly foi embora zangado com o irmão. Se Lantis não queria acreditar que ele viu um dragão, que não acreditasse. Pronto, se calhar era só um ovo de dragão, mas de certeza que tinha um dragão bebé lá dentro. O pai também não iria acreditar. Era igual a Lantis. Para eles, tudo tinha de fazer sentido, senão não era possível e pronto. Mas Atly sabia bem o que viu.

Lantis ficou a olhar para o irmão mais novo. Era capaz de fazer tudo pelo miúdo, até