Lastros

De L.P. Masters

O maior inimigo que eu enfrento é a gravidade.

A nave de guerra de espaço profundo onde Kaden Lowery, com catorze anos, serve está sob o ataque de um inimigo invisível: a gravidade. Kaden deve conciliar-se com o seu passado e com quem é de maneira a salvar-se a ele próprio e a tripulação.

• Idioma: Português
• Editora: L.P.
• Data de lançamento: 14 de abr. de 2018
• ISBN: 9781547523931

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Para o Pai

Capítulo Um

Todos nós parecemos iguais, mas somos completamente diferentes. Suponho que quando os primeiros exploradores espaciais começaram a encontrar outras raças eles ficaram chocados ao descobrir que todas as espécies de alienígenas pareciam iguais. Para mim, isso é apenas normal. Às vezes tenho que me relembrar que, embora eu seja parecido com os restantes, eu sou diferente.

Hoje não preciso de me relembrar de todo. O meu maxilar cerra-se e eu olho fixamente para o convés.

O capitão está de frente para a tripulação, cuspindo mentiras que deixam meu estômago em fogo. Evito olhar para ele.

– É a única solução que vejo. Eu tenho a noção que o Almirante não concorda com ela, mas estamos aqui a lutar uma batalha que nunca acabará.

– Mas e as mulheres e crianças inocentes? – pergunta uma mulher uns lugares abaixo de mim na fila.

Os meus olhos saltam para o capitão o tempo suficiente para ver a chacota na cara dele, depois voltam-se para baixo.

– Nenhum Curionn é inocente, mas se queres essa disputa, então e as nossas mulheres e crianças?

Consigo sentir os olhos dele em mim. Depois oiço a voz dele, e está mesmo à minha frente.

– Cabo Lowery.

Mordo o interior da minha bochecha e olho para cima.

– Quantos anos tens, filho?

Não posso deixar a minha voz vacilar quando responder, isso já aconteceu antes. Meu, que constrangimento!

– Catorze, senhor.

– Por que é que estás no exército?

Eu sei o que ele está a tentar fazer. Ele vai dizer que os Curionns estão a ameaçar as nossas mulheres e crianças. O argumento dele não funciona, no entanto, e ele não se apercebe disso. Dou-lhe a resposta simples.

– A minha mãe morreu, senhor.

– Mulheres... – diz o capitão respeitosamente, falando da minha mãe. Depois ele gesticula para mim como se eu fosse o Exemplo Número Um dele. – E crianças.

Quero gritar-lhe que está errado, mas não posso. O meu segredo. A minha vergonha. A maior parte da tripulação parece que gosta genuinamente de mim. Não gostariam se soubessem.

Uma voz interior cresce na minha mente, como uma música que vem de longe. "Não deixes