A Luz da Razão: Os Buscadores - Livro 3
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Sobre este e-book
"Mas o que somos sem sonhos?"
Orah e Nathaniel voltam para casa com milagres do outro lado do mar, na esperança de uma vida melhor para seu povo. Em vez disso, eles encontram o mundo em caos.
Um novo grande vigário, conhecido como o usurpador, assumiu o abrigo e usando seu conhecimento para reforçar o seu poder.
Apesar de suas boas intenções, os buscadores se encontram liderando um exército, e pela primeira vez em um milênio, o mundo vivencia o horror da guerra.
Mas os mestres do abrigo não são páreo para os sonhadores, deixando Orah e Nathaniel com a mais cruel escolha - encarar a derrota sangrenta e a morte de sua iluminação, ou usar a genialidade dos sonhadores para trilhar o caminho escorregadio de volta para a escuridão.
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A Luz da Razão - David Litwack
BONUS
Estamos animados por oferecer não um, mas DUAS Prévias Especiais (3 capítulos de cada) de ficção distópica fantástica no final deste livro. Apenas clique nos links abaixo para dar uma olhada.
SpecialSneakPreviews_TheLightOfReason~~~
A FILHA DO MAR E DO CÉU por David Litwack
~~~
ATÉ A TERRA (Terra e Estrelas - Livro 1) por Kevin Killiany
Livros por David Litwack
OS BUSCADORES
Livro 1: Os Filhos da Escuridão
Livro 2: Feitos de Estrelas
Livro 3: A Luz da Razão
Litwack_Seekers_Awards_300dpi~~~
THE DAUGHTER OF THE SEA AND THE SKY (original em inglês)
DSS_Awards_3_300dpi_HalfSize~~~
Along the Watchtower (original em inglês)
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www.DavidLitwack.com
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O que outros estão dizendo dos livros de David Litwack:
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A Filha do Mar e do Céu:
... uma leitura cheia de imaginação e cativante...
~ Kirkus Reviews
O autor David Litwack graciosamente conecta sua mensagem à alternância entre o fantástico e o realista... O leitor vai encontrar sabedoria e graça nessa história muito bem escrita...
~ San Francisco Review Book Review
... um olhar cativante de um mundo alternativo... instigante, muito bem escrito e muito divertido.
~ Jack Magnus para Readers'Favorite
"O romance arrebatador The Daughter of the Sea and the Sky é uma poderosa história que segue a jornada de uma misteriosa, mas encantadora menina cuja simples presença parece ter mudado a vida das pessoas ao redor... Soberbamente imaginado com um roteiro tenso, o que torna difícil parar de ler..." - the GreatReaders!
~~~
Filhos da Escuridão:
Um primeiro fascículo bem executado que defende o espírito exploratório.
~ Kirkus Reviews
A trama se desenrola rapidamente, facilmente, e nunca deixa a atenção dos leitores diminuir... Depois de ler este, será um sofrimento ter que esperar para ver o que acontece.
~ Feathered Quill Book Reviews
"A qualidade da sua inteligência, imaginação e prosa eleva Os Filhos da Escuridão ao nível de literatura." ~ Awesome Indies
"... uma história fantástica de um mundo que procura uma vida utópica, bem organizado, seguro e justo para todos... também uma aventura, uma história de amadurecimento de três jovens como ficam os buscadores, viajantes em busca de um tesouro escondido - neste caso, um tesouro de conhecimento e respostas. Uma história de probabilidades futurísticas... em par com Admirável Mundo Novo de Huxley ". ~ Emily-Jane Hills Orford, Readers'Favorite Book Awards
~~~
Feitos de Estrelas:
... um excelente livro sobre o que significa ser humano, o que a humanidade pode procurar, e finalmente o equilíbrio entre tecnologia e natureza, sonhos e realidade ... um livro e muito divertido de ler... um dos meus novos favoritos.
~ Michael SciFan
... uma história instigante e bem trabalhada - uma que vai encantar os amantes de distopia, ficção científica e fantasia. Sua mensagem vai ficar em sua mente muito depois de virar a última página.
~ Hilary Hawkes para Readers'Favorite
"... único, imprevisível e bem escrito como o primeiro livro... outra beleza 5 estrelas de David Litwack." ~ Awesome Indies
"Feitos de Estrelas é literatura distópica no seu melhor." ~ Feathered Quill Book Reviews
... uma fantástica história que continua a trama iniciada no primeiro livro Buscadores: uma história sobre um mundo utópico que é nada mais que perfeito. Há apenas uma palavra para definir este livro: UAU!
~ Emily-Jane Hills Orford por Readers’ Favorite
Dedicatória
Para Amy, e para todas as crianças ainda por nascer - para nossa esperança para o futuro e para nossos sonhos de um mundo melhor.
Índice
Página de Título
Direitos Autorais
BONUS
Livros por David Litwack
Dedicatória
PARTE UM - As Chamas Ardentes
Capítulo 1 - O Farol
Capítulo 2 - Nas Montanhas
Capítulo 3 - Lagoa Pequena
Capítulo 4 - Um Reservatório de Coragem
Capítulo 5 - Um Encontro de Anciões
Capítulo 6 - Sombras na Lua
Capítulo 7 - Lembranças da Escuridão
Capítulo 8 - Adamsville
Capítulo 9 - Cassetetes e Bastões
Capítulo 10 - Bradford
Capítulo 11 - Resgate
Capítulo 12 – Retirada
Capítulo 13 - Limites do Sonho
Capítulo 14 - Descendentes da Escuridão
PARTE DOIS - Conflagração
Capítulo 15 - A Direção do Mundo
Capítulo 16 - Riverbend
Capítulo 17 - Monstros e Homens
Capítulo 18 - Após a Batalha
Capítulo 19 - Um Voto para a Guerra
Capítulo 20 - A Causa do Conflito
Capítulo 21 - Um Deus Maior
Capítulo 22 - Filhos Não Nascidos
Capítulo 23 - Não Sonhar Mais
Capítulo 24 - A Essência da Escuridão
PARTE TRÊS - Vitória e Derrota
Capítulo 25 - Revelação
Capítulo 26 - Enredos e Planos
Capítulo 27 - Sacerdotes e Sacerdotisas
Capítulo 28 - Ressurreição
Capítulo 29 – Remorso
Capítulo 30 – Discórdia
Capítulo 31 - Decisão
Capítulo 32 - Os Buscadores da Verdade
EPÍLOGO
Agradecimentos
Sobre o Autor
PRÉVIA ESPECIAL - A filha do mar e do céu
PRÉVIA ESPECIAL: Até a Terra (Terra e Estrelas - Livro 1)
PARTE UM - As Chamas Ardentes
Uma vez eu estava livre para navegar
No vento da primavera
audaz E nessa vez as nuvens que eu naveguei Eram
doces como o vinho lilás
Então, por que as brisas do verão, querida
Estavam com uma sombra escura atrás? "
~ Richard Farina
Capítulo 1 - O Farol
Perto do amanhecer, vi um brilho onde o sol deveria nascer, mas estava muito baixo no horizonte. Se eu confiasse na orientação dos sonhadores - sempre precisa até agora - a luz vermelha do amanhecer deveria estar mais alta, acima dos picos irregulares das montanhas de granito. Esta luz diante de mim, embora brilhante o suficiente para lançar brilho pelo mar, parecia mais uma fogueira na praia.
Talvez cansado da minha vigilância de 4 horas, meus olhos tinham me enganado. Com a ponta da minha bota, cutuquei Nathaniel acordado e apontei para o leste. Lá. Você vê?
Ele esfregou o sono dos olhos com a palma das mãos, e soltou um bocejo antes de seguir meu gesto. Uma luz, Orah, mas muito escura para ser a aurora.
Nós dois olhávamos até saírem lágrimas dos olhos. Momentos depois, um segundo brilho se juntou ao seu irmão gêmeo menor - o sol nascendo sobre o pico serrilhado familiar.
A aurora brilhou mais, nos deixando distinguir o mar da terra, e a fonte do brilho ficou clara. Uma estrutura de madeira surgiu por entre o nevoeiro, uma torre na praia onde não havia nada antes. A modesta torre carregava em seu topo, onde um fogo ardia, uma chama muito brilhante para uma única tocha - um farol para nos receber em casa.
Como nosso navio havia navegado rápido. O elegante casco, projetado pelos sonhadores, havia deslizado sobre a água quando o mar estava calmo, e cortado as ondas quando elas tentaram resistir. A viagem de ida em nosso barco rudimentar havia durado quase dois meses, mas agora nosso barco desenhado pelos sonhadores havia nos trazido de volta em menos da metade do tempo.
Agarrei-me ao mastro enquanto a brisa soprava cabelos em meu rosto, e apreciei o som da água do mar batendo na costa da praia. Os sonhadores, muito mais sábios do que os mestres, haviam traçado a rota mais eficiente usando mapas que acompanhavam as correntes oceânicas, gráficos ancestrais de mil anos antes.
E então, guiados pelos sonhadores e atualizados, nos aproximamos do nosso destino.
Ao contrário da nossa viagem anterior, me senti bem descansada e com astral melhor. Com mais de trinta almas a bordo, não precisamos passar nem metade de cada noite de vigia, e desta vez cheguei não como uma estranha em uma nova terra, mas como uma viajante retornando para casa.
Adiante, o que aprendi ser um continente, surgindo da névoa, uma plataforma de areia seca, seguida por rochas subindo abruptamente nas montanhas de granito. Enquanto eu ponderava a cena e o estranha carga do navio, o mito se tornou realidade - os exploradores da lenda trazendo tesouros para seu povo.
Nathaniel me levou para a proa para ver melhor. À medida que nosso barco se aproximava da costa, o pico da torre ficou mais visível - uma chama refletindo um espelho polido, e ao lado uma sombra, uma figura em pé sozinho.
Nossos olhos se encontraram, mas a figura estava muito longe para reconhecer. Então ele se virou e correu escada abaixo, espero que um amigo para nos receber quando atracarmos.
Eu vesti o chapéu branco com abas aladas que pareciam imitar as velas, e ajustei os sensores em sua borda para caber confortavelmente em minha cabeça. Imediatamente minha mente se uniu ao nosso barco. Senti as ondas batendo contra seu arco, e a profundidade sob a quilha. Com um rápido pensamento, arrumei as velas para deixar a deriva em direção à praia.
Graças ao gênio dos sonhadores e uma praia mais suave, planamos para uma atracagem mais calma do que no ano anterior, quando a batida da madeira na rocha havia destruído nosso primeiro barco. Não desta vez. Agora nosso barco se aproximava suavemente em águas rasas.
Caleb correu no convés, dando ordens para a tripulação. Aqueles com tarefas para cumprir se moveram, enquanto os outros alinhavam a lateral do barco, como eu havia feito quando vi a terra distante. Caleb baixou a escada e insistiu para que Nathaniel e eu desembarcássemos primeiro, uma maneira de honrar os buscadores que haviam unido esses dois mundos.
Olhei para baixo e atravessei com água até os joelhos. Uma vez em terra firme, caí de joelhos - outro sonho conquistado, que eu acreditava ser impossível não há tanto tempo. Virei-me, encarando o mar e formei uma moldura com os polegares e os dedos, imaginando o mundo que havia deixado para trás - uma terra de naturalistas e mestres da máquina. Como era chocante mudar tão rapidamente de um mundo para o próximo. O que deve ter sido no tempo da escuridão atravessar o oceano em máquinas voadoras, para completar uma jornada em horas?
Uma gaivota passeava sem rumo sobre o céu nublado. Pequenas ondas quebravam em intervalos regulares, deixando atrás uma curva suave e bolhinhas na praia.
Com as mãos, peguei um pouco de areia, como a praia onde nosso barco tinha batido no ano anterior, mas diferente. Deixei os grãos correr entre os dedos como areia em uma ampulheta.
Sim, essa areia é diferente - a areia da minha casa.
Nathaniel engasgou ao meu lado, em uma inspirada súbita.
Olhei para cima para ver a figura da torre se aproximando. Apesar da penumbra, o reconheci imediatamente pelo seu andar, com seus ombros largos e mandíbula saliente - o pai do Nathaniel, William Rush - parecia mais magro do que eu imaginava, uma sombra do ancião que conheci.
Seu passo acelerou, seu rosto iluminado de alegria. Nathaniel, Orah! Minhas preces foram atendidas. Graças a luz vocês estão vivos.
Corremos para alcançá-lo, e nos juntamos em um abraço longo e silencioso.
Quando nos separamos, seus olhos se arregalaram ao olhar nosso barco. Como deveria ser estranho olhar para um barco tão diferente do que ele havia nos ajudado a construir no ano anterior - sem mais velas com telas, mas parecidas com asas do mais fino metal, sem cordas ou qualquer outro meio visível de cortá-las.
Como poderia explicar que estas velas sentiam o vento e ajustavam a velocidade sozinhas, ou que se quisesse mudar sua inclinação, eu só precisava colocar um chapéu e pensar?
Seu espanto aumentou quando dezenas de estranhos desceram a escada, homens e mulheres do outro lado do oceano, cuja existência ele negava.
Muitos
, ele disse.
Assenti com a cabeça. Eles vieram para ajudar.
Ele olhou para o grupo como se contasse as cabeças, e depois voltou para a base da torre, em um fraco alpendre com suprimentos.
Nos últimos meses, eu mantive um estoque de provisões, pensando que vocês pudessem chegar exaustos e famintos. Nossos vizinhos fiéis traziam o suficiente para eu ficar de vigia, e se vocês chegassem, para mantê-los escondidos aqui até garantir que a aldeia estava segura. Mas com tantos, estas provisões não durarão muito.
Esconder?
Nathaniel disse a palavra antes que eu pudesse digerir seu significado.
Seu pai balançou a cabeça. As coisas não estão como vocês deixaram. Melhor esperar aqui enquanto aqueles em que confio analisem a situação, antes que arrisquemos a caminhada sobre as montanhas. Mas com tantos, devemos voltar à Lagoa Pequena imediatamente, especialmente com uma tempestade a caminho.
Ele lançou um aceno para o horizonte, e segui seus olhos. O céu atrás de mim tinha escurecido como se refletindo minha mudança de humor - nuvens sinistras vindas do Oeste.
Por que não vamos logo?
Eu disse. Estivemos longe por tanto tempo, e estou ansiosa para ver minha mãe e Thomas novamente.
Uma sombra atravessou seu rosto, ele desviou o olhar. Sua mãe, sim.
Um nó no estômago me fez estremecer, mas forcei um sorriso, ainda feliz por estar de volta em minha casa. E Thomas também.
Rugas tristes apareceram entre as sobrancelhas. Ele piscou e olhou através de mim, com os lábios cerrados e os olhos fixos em um ponto sobre meus ombros para o mar.
Virei. O banco de nuvens parecia mais perto, como se nos seguindo na costa.
Quanto tempo você esperou aqui?
Eu disse, tentando recuperar o foco.
Muito tempo.
Ele agarrou o braço de Nathaniel e apertou para testar se era real. Por todos esses meses, eu mantive minha fé e nunca acreditei nas mentiras que os vigários espalharam, mas vocês voltaram para um lugar mais triste. Eles punem as pessoas que falam o que pensam, e diáconos estão atrás de mim.
Ele deu um grande suspiro e soltou o ar. Eles colocaram uma recompensa pela minha cabeça. Meus bons vizinhos mantem segredo sobre o meu paradeiro e trazem provisões quando necessário. Graças a luz, os diáconos acreditam que os demônios da escuridão vivem deste lado das montanhas. Estou seguro enquanto ficar aqui - salvo, mas sozinho, sem nada além das ondas batendo e a esperança de seu retorno.
Ele sorriu triste. E agora finalmente vocês vieram.
Nathaniel apertou os lábios e cerrou o punho. Como se atreveram-
Seu pai o silenciou e apontou para as nuvens. Podemos falar mais tarde. A tempestade vai atacar em algumas horas, e esta torre é muito pequena para abrigar tantos. Eu vivi essas tempestades no passado. Podem ser violentas, mas nunca avançam além do pico. Melhor escalarmos de uma vez e ficarmos em um local alto antes do primeiro temporal.
Ele olhou para os homens de Caleb que começaram a descarregar as provisões do porão. Devemos viajar sem muito peso. Embora Lagoa Pequena tenha piorado muito, ainda temos comida e bebida. Diga à sua tripulação para deixar sua carga para trás.
Nem toda a carga
, disse Nathaniel. Algumas coisas que trouxemos devem vir conosco.
Ele sinalizou para Caleb. Deixe as provisões. Encontraremos muito na aldeia, mas leve as máquinas.
Dos que estavam a bordo, apenas Nathaniel e eu havíamos navegado antes. Agora, mesmo os homens robustos de Caleb lutavam com o retorno à terra, cambaleando na areia irregular, enquanto levavam a máquina de reparos e as peças sobressalentes que Kara insistiu em trazer.
O pai de Nathaniel olhou para eles. O que é isso? É prudente transportar tanto sobre a montanha, quando devemos andar rápido?
É sábio e muitas vezes mais
, eu disse. Essa carga trará uma vida melhor para nosso povo.
Seus olhos arregalaram quando, finalmente, a equipe baixou o cubo preto opaco para a praia, pedaços de luz brilhando dentro como uma tempestade prisioneira. O que é isso?
Eu sorri meu sorriso eu -sei-a-resposta e acariciei o cubo, causando um familiar formigamento nas pontas dos dedos que viajaram para as raízes do meu cabelo. Lutei contra a vontade de colocar o chapéu branco e conversar com meus amigos sábios, para compartilhar a minha emoção em voltar para casa. Muito difícil explicar, mas você verá que estou certa, em tempo. O que trouxemos da terra distante vai mudar nosso mundo.
Espero que você esteja certa,
ele disse. Podemos usar boas notícias.
Boas notícias. Uma imagem surgiu em minha mente de um Thomas sorrindo sentado no lago e tocando sua flauta.
Mas e Thomas?
Eu disse mais insistentemente do que antes.
Seu queixo caiu ao peito, e ele olhou para sua bota. Vamos falar mais tarde, quando vocês estiverem seguros e com sua mãe. Então ela e eu beberemos chá quente na lareira e compartilharemos as notícias tristes, como uma vez contamos sobre o ensinamento que seu pai e eu passamos.
Abri a boca para falar, mas antes que eu dissesse uma palavra, um trovão distante surgiu. Virei-me para olhar. O enorme banco de nuvens estava vindo em nossa direção, soltando uma enxurrada de relâmpagos, como se investigasse cada recanto das ondas, procurando nossa inocência perdida. Em alguns segundos, o trovão ecoou e diminuiu para um eco fraco, mas com raiva, seguido de silêncio.
Sem mais uma palavra, o pai do Nathaniel se arrastava, seus ombros curvado como quase derrotado, mas ainda com algum fogo queimando por dentro. Aves marinhas voavam diante dele à medida em que ele se aproximava da base das montanhas de granito, e além delas, para Lagoa Pequena, minha casa.
Capítulo 2 - Nas Montanhas
Eu tinha esquecido como a trilha era íngreme, uma caminhada que acelerava o coração que ninguém antes de nós havia atravessado em mil anos. Para nos preparar para a viagem, nossos vizinhos tinham aberto caminho, removido a vegetação rasteira, e colocaram degraus nas pedras onde a subida era mais íngreme, tudo para nos deixar suprimentos necessários para construir o barco e nos sustentar durante a longa passagem. Agora, depois de um ano de negligência, a neve do inverno tinha sujado o caminho e o mato havia crescido novamente, por toda parte.
Enquanto andávamos, na esperança de vencer a tempestade, aqueles que carregavam nossa carga lutavam para navegar a trilha, as pernas enfraquecidas por semanas ao mar. Depois de um tempo, Caleb liderou, balançando seu machado em arcos para limpar o caminho.
Kara corria para frente e para trás, do cubo preto para as outras máquinas que trouxe, pedindo que os responsáveis cuidassem do seu tesouro.
Os homens resmungavam apesar do encorajamento. Por que não deveriam? Embora tivessem experimentado o milagre da a máquina de reparação, que havia curado ambos naturalistas e technos, o conteúdo do cubo ainda era um mistério para todos exceto Kara, Caleb, Nathaniel e eu. Os outros viam os sonhadores como mito, e seus objetos eram motivo de medo. Não me admira. Como alguém poderia imaginar um dispositivo contendo a mente desencarnada de gênios? Mesmo após as dezenas de vezes que havia entrado no sonho, o cubo ainda me causava admiração.
O resto da carga era de peças sobresselentes que Kara havia juntado às pressas na Cidade dos Mestres das Máquinas, escolhendo o que poderia ser necessário em nosso mundo mais primitivo. Apenas ela entendia sua possível utilização, e mesmo assim, suas escolhas eram mais palpites do que planos.
Jacob e Devorah ficaram para trás, esticando o pescoço e olhando o terreno para avaliar quanto este novo mundo era diferente. Pela conversa, eles estavam surpresos com a semelhança. Eles deixaram a segurança da aldeia da mãe terra para nos seguir, na esperança de aprender novas habilidades do nosso povo. Mal podia esperar para apresentá-los aos nossos artesãos, que viveram muito tempo sem máquinas.
Zachariah andava por perto, como sempre evitando sair do meu lado. Ele olhou para os picos de granito e disse, Uma montanha melhor.
Melhor?
Do que a montanha de fogo que levou os sonhadores.
Apesar do esforço da subida, sorri, sua presença melhorava meu humor quase tanto quanto a de Nathaniel. Ele celebrou seu décimo aniversário durante nossa viagem, e parecia ter crescido uma mão desde que o conheci na praia há um ano.
Quem é esse homem,
ele disse, o da torre?
Ele é o pai do Nathaniel, e agora meu também pelo casamento.
O que faz seus ombros caírem assim? Ele não está feliz em ver vocês?
Olhei acima para o topo do desfiladeiro, ainda muito distante. Minha respiração ficou curta, embora Zachariah não estivesse nem ofegante, e respondi entre goles de ar. Sim, claro
.
Então porque ele franze testa e olha além de você quando fala?
Não é nada. Apenas sua imaginação após tanto tempo no mar.
Agora você está franzindo a testa também.
Me arrastei por mais alguns passos, até que ele parou e puxou minha mão. Ele vai proteger o cubo preto?
Suas perguntas sem fim me lembraram de Thomas na mesma época, e como ele me incomodava, nunca deixando uma resposta, mas agora eu era a adulta e Zachariah a criança. Toda a minha experiência, pela dor e tristeza, me ensinou a verdade nas perguntas de uma criança. Eu afaguei seus cabelos, tanto como os mais velhos tinham feito antes, para distrair meus amigos e eu.
Parei um passo para tomar fôlego e cheirar o ar - o cheiro de sal havia diminuído, sufocado pelo aroma das plantas e do solo. Você se preocupa demais, Zachariah. Tudo ficará bem.
Ele se virou e me confrontou com olhos grandes demais para a cabeça. Me preocupo porque o que restou dos meus pais mora no cubo, e todas as suas memórias.
Depois de um tempo, a costa ficou tão desafiadora que até Zachariah deixou de falar. Respirações profundas substituíram toda a conversa, junto com o barulho das botas lutando para andar - um som muito mais próximo ao silêncio.
Às vezes, um pássaro cantava, mas logo voava, como se buscando abrigo à frente da tempestade. O vento aumentava a cada minuto, até que uivava como só um vento de montanha poderia uivar. Quanto mais rápido o vento, mais rápido caminhávamos, mas minha imaginação ganhou vida.
Imaginei outros sons, sinais sombrios que não consegui identificar - um sussurro na mata, um atropelamento de folhas caídas, o ranger de galhos de árvores ondulando ao vento. Tudo isso conspirava em minha mente, como fizeram quando eu, menina pequena, ficava acordada à noite enquanto uma tempestade passava sobre nossa casa. Eu imaginava um exército de criaturas da escuridão invadindo a janela do meu quarto, tentando entrar.
Finalmente chegamos na parte mais elevada, e a trilha começou a descer. Agora nossa respiração diminuiu assim como o andar ficou mais traiçoeiro. Kara e eu corremos para avisar aos carregadores que diminuíssem o passo e apertasse os sapatos na colina, para evitar que escorregassem.
Uma hora depois que tínhamos caminhado nessa altura de terra, o vento acalmou e a costa ficou menos íngreme.
O pai do Nathaniel levantou a mão para interromper nossa caminhada e descansar em uma rocha enquanto ele observava o terreno abaixo. Após um momento, ele colocou as duas mãos em concha à volta dos lábios e soltou uma chamada, que ecoou na montanha - duas notas, a primeira curta e a segunda longa - hoo hooah.
Ele virou para nós. Agora esperamos.
Depois de verificar que todos estávamos bem e a carga estivesse segura, peguei os cantis de água que havíamos trazido do farol e distribuí. Então pela primeira vez desde que chegamos, me sentei ao lado de Nathaniel e tive um momento de reflexão.
Os aromas e sons da floresta trouxeram boas lembranças. Enquanto olhava a vista abaixo, respirei rapidamente, pois na distância estava meu melhor sonho se tornou realidade - Lagoa Pequena.
Nathaniel apontou. Lá! Esse pedaço de verde é a fazenda da minha família, e além, vocês podem ver a torre da praça pública.
Olhei na mesma direção e quase pude ouvir o sino naquela noite do festival, badalando seis vezes e sinalizando a chegada do vigário, um acontecimento que mudou nossas vidas.
Nathaniel ficou em silêncio, observando nossa terra natal com um olhar mais melancólico do que adequado a alguém voltando para casa.
Inclinei-me,