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Xibalba
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E-book381 páginas5 horas

Xibalba

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Sobre este e-book

Uma descida sombria para o mundo dos mortos.

As lendas o chamam de Xibalba – O Lugar do Medo. Mas algumas lendas são verdadeiras.

A descoberta de um tesouro em Yucatán coloca os ex-SEALs da Marinha Americana, Dane Maddock e Bones Bonebrake, na busca pela lendária cidade dos mortos maia, e no caminho de inimigos mortais. Desde ruínas antigas até selvas perigosas, Maddock e Bones precisam ser mais espertos que a perversa Irmandade da Serpente, e encontrar a lendária cidade antes que um antigo inimigo desvende seus segredos e mergulhe o mundo em sombras. Será que eles conseguem sobreviver à descida até Xibalba?

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento11 de dez. de 2017
ISBN9781547502066
Xibalba
Autor

David Wood

David A. Wood has more than forty years of international gas, oil, and broader energy experience since gaining his Ph.D. in geosciences from Imperial College London in the 1970s. His expertise covers multiple fields including subsurface geoscience and engineering relating to oil and gas exploration and production, energy supply chain technologies, and efficiencies. For the past two decades, David has worked as an independent international consultant, researcher, training provider, and expert witness. He has published an extensive body of work on geoscience, engineering, energy, and machine learning topics. He currently consults and conducts research on a variety of technical and commercial aspects of energy and environmental issues through his consultancy, DWA Energy Limited. He has extensive editorial experience as a founding editor of Elsevier’s Journal of Natural Gas Science & Engineering in 2008/9 then serving as Editor-in-Chief from 2013 to 2016. He is currently Co-Editor-in-Chief of Advances in Geo-Energy Research.

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    Xibalba - David Wood

    Xibalba – Uma aventura de Dane Maddock

    David Wood

    Uma descida sombria para o mundo dos mortos.

    As lendas o chamam de Xibalba – O Lugar do Medo. Mas algumas lendas são verdadeiras.

    A descoberta de um tesouro em Yucatán coloca os ex-SEALs da Marinha Americana, Dane Maddock e Bones Bonebrake, na busca pela lendária cidade dos mortos maia, e no caminho de inimigos mortais. Desde ruínas antigas até selvas perigosas, Maddock e Bones precisam ser mais espertos que a perversa Irmandade da Serpente, e encontrar a lendária cidade antes que um antigo inimigo desvende seus segredos e mergulhe o mundo em sombras. Será que eles conseguem sobreviver à descida até Xibalba?

    Elogios a David Wood!

    Dane e Bones... Juntos eles são imparáveis. Ação de tirar o folêgo do começo ao fim. Sagacidade e humor por toda parte. Tenho apenas uma pergunta: quando vai lançar o próximo? Porque eu mal posso esperar. – Graham Brown, autor de Shadows of the Midnight Sun.

    Que aventura! Uma ótima leitura que fornece muita ação, além de uma introspecção interessante, para dentro de reinos que algumas vezes seria melhor serem deixados inexplorados. – Paul Kemprecos, autor de Cool Blue Tomb e o NUMA Files.

    Uma narrativa de virar as páginas misturando ação, especulação bíblica, segredos antigos, e criaturas desagradáveis. É melhor o Indiana Jones tomar cuidado! – Jeremy Robinson, autor de Second World.

    De maneira completamente agradável, o Sr. Wood misturou história especulativa com nossa moderna busca pela verdade, ele criou uma história que emociona e nos faz pensar além das fronteiras da mera ficção e entrar no mundo do ‘porque não?’ – David Lynn Golemon, autor da série Event Group.

    Um conto sinuoso de aventura e intriga que nunca para e nunca te abandona! – Robet Masello, autor de The Einstein Prophecy.

    Vamos deixar isso claro: David Wood é o próximo Clive Cussler. Assim que começa a ler, você não vai ser capaz de parar até que o último mistério se revele na última linha. Edward G. Talbot, autor de 2010: THE FIFTH WORLD.

    Eu gosto dos meus livros com muitas explosões, locações globais e um mistério onde eu posso aprender algo novo. Wood entrega isso! Recomendado por um leitor voraz. – J. F. Penn, autor de Desecration.

    PRÓLOGO

    19 de março de 1517

    Era inimaginável que a paisagem exuberante e fértil pudesse ser tão mortal, mas Diego Alvarez Castile sabia que o inferno se encontrava escondido por baixo da verde ilusão do paraíso.

    Era o décimo quinto dia desde a batalha próxima à cidade que os espanhóis haviam chamado de el Gran Cairo – chamada assim por causa da estrutura em forma de pirâmide que elevava-se acima das casas – trinta e nove dias desde que a expedição saiu de Cuba para explorar novas terras e capturar escravos para trabalhar nas minas e campos do novo território espanhol. O primeiro encontro com os indígenas havia ocorrido bem. Uma pequena parte dos nativos remou para encontrá-los e houve troca de comida e outros presentes, mas no dia seguinte quando os espanhóis desembarcaram, os indígenas mostraram suas verdadeiras faces, atacando os que estavam em terra com flechas e pedras.

    Apesar dos membros da expedição não serem guerreiros experientes eles haviam antecipado a traição e estavam armados com mosquetes e bestas e vestiam armaduras de ferro que ofereciam uma proteção maior do que a armadura de tecido usada pelos nativos. Eles haviam segurado os atacantes por tempo suficiente para voltar à segurança de seus navios, pegando três indígenas como cativos, apesar do custo de terem dois espanhóis mortos e vários feridos. Ainda assim, havia parecido uma vitória, particularmente quando um dos capturados começou a contar – ou mais precisamente, mimicar – contos sobre maravilhosas riquezas no interior. Quando a expedição principal continuou ao longo da costa do que eles acreditavam ser uma ilha ainda maior do que Cuba, Alvarez com parte de seus homens, vinte e cinco dos mais hábeis, seguiram para o interior para ver por si mesmos se as histórias eram verdade.

    Assim havia começado a jornada para o inferno.

    Um terço de seu grupo – nove homens – havia perecido, perdidos para os perigos da selva: bestas selvagens, cobras venenosas e insetos, febres resultantes do que pareciam ser feridas insignificantes. Todos os que haviam restado estavam sofrendo de aflições menores que iriam, se algo não mudasse, eventualmente destruí-los. O único perigo que haviam antecipado e se preparado – o ataque de índios hostis – não havia se materializado, mas também não haviam encontrado nenhuma das riquezas lendárias. O significado disso não passou despercebido em Alvarez.

    Ele confrontou seu guia, o índio refém que eles começaram a chamar de Balthasar.

    – Você nos enganou. – ele falou com raiva, sabendo que sua ira seria mais compreensível para o nativo do que suas palavras. Fez um gesto de cortar com sua mão. – Você nos levou para a selva para morrermos. Não há nenhum ouro. Era tudo mentira.

    Balthasar estremeceu de medo, compreendendo apenas que o homem pretendia machucá-lo, e agitou os braços para aplacar seu captor. Ele apontou para frente, sacudindo sua mão enfaticamente.

    Apenas um pouco mais à frente.

    Ele começou a seguir naquela direção, puxando Alvarez junto consigo.

    – Não. – Alvarez se livrou do aperto da mão do outro homem. – Sem mais de suas mentiras.

    Ele ergueu seus olhos, procurando pelo sol através da espessa folhagem da floresta. A expedição havia navegado para o oeste. Se Alvarez seguisse para o norte agora, o pequeno grupo de expedição iria chegar à costa em poucos dias, e talvez encontrasse seus conterrâneos os esperando.

    – Nós vamos seguir por aqui.

    O rosto de Balthasar se contorceu em uma máscara de apreensão, e quando o grupo começou a seguir nessa nova direção, ele resistiu, se movendo apenas quando Alvarez o ameaçou a puxá-lo amarrado por uma corda.

    Eles cortaram através da vegetação espessa, avançando apenas cerca de cinquenta pasos – o comprimento determinado da passada de um homem – antes da escuridão crescente que anunciava a aproximação do crepúsculo. Alvarez ordenou que metade de seus homens montasse o acampamento, enquanto o restante continuava abrindo caminho à luz minguante.

    Eles mal haviam acendido uma fogueira para cozinharem quando um dos batedores correu para o acampamento.

    Señor, venha rápido.

    Alvarez podia dizer, pela ansiedade do homem, que o que quer que tenham descoberto era um bom presságio, então pegou a corda de Balthasar e o puxou pela trilha. Eles não tiveram que ir muito longe. A apenas cinquenta pasos do acampamento, a selva espessa pareceu se dispersar e afundar, descendo uma colina até um vale bem arborizado. Uma ampla piscina dominava o centro do vale, refletindo o sol poente, e próximo a ela, um monólito parcialmente encoberto que parecia ser ruínas de uma mezquita – um dos templos em forma de pirâmide em que os indígenas adoravam seus deuses pagãos.

    – Cenote. – Balthasar sussurrou.

    Alvarez conhecia a palavra. Eles haviam encontrado outros cenotes pelo caminho: buracos que haviam se enchido de água, como poços naturais. Os indígenas pareciam reverenciá-los, jogando pequenas oferendas para dentro de cada um que passassem, mas algo sobre esse cenote inspirava apenas terror em seu guia-refém. Ele começou a gesticular amplamente e sussurrar em sua língua nativa.

    – Kukul’kan.

    – O que você está tentando me dizer? – Alvarez sibilou, sacudindo suas mãos. – O que está te assustando?

    Com esforço, Balthasar se controlou, então começou a fazer um movimento ondulante com sua mão.

    – Cobra? – Alvarez imitou o movimento, fechando sua mão como uma víbora em ataque.

    Deve ter sido a interpretação correta, pois Balthasar apontou em seguida para cada um dos espanhóis e então balançou seus dedos como se estivesse simulando uma caminhada.

    Cobra que anda, Alvarez pensou. Um homem cobra, talvez?

    Balthasar agora apontava para o cenote, ou talvez para a pirâmide em ruínas, e então para o chão atrás dele... Não, Alvarez entendeu, ele está apontando para a própria sombra.

    Valle de sombra. – sussurrou outro de seus homens, que então fez o sinal da cruz.

    – Demônios cobra e um vale das sombras. – Alvarez disse. – Ele está tentando nos assustar para longe do caminho correto com seus perigos imaginários, enquanto nos leva para a ruína. Olhem por vocês mesmos. Ninguém mora ali a mais de cem anos. Talvez seja onde vamos encontrar os tesouros que procuramos. Amanhã, iremos cruzar esse lugar das sombras, e vocês vão ver.

    Balthasar continuou a tagarelar freneticamente, e o retorno para o acampamento apenas o deixou mais inquieto. Continuava a repetir a mesma frase de novo e de novo. Bo’oy. Kukul’kan. Ele puxou a grossa corda amarrada em volta de seu pescoço, como se estivesse tentando arrastar Alvarez de volta para a trilha na selva, ficando quieto apenas quando o mesmo ameaçou o acertar com uma vara.

    Durante a noite, Balthasar usou seus dentes para cortar suas veias em seus pulsos, derramando seu sangue no chão da floresta.

    O suicídio jogou uma mortalha sobre o acampamento. Alvarez agiu rapidamente para suprimir o coro crescente de descontentamento e medo.

    – Um animal preso rasgará sua própria carne para escapar de uma armadilha. Isso não foi diferente.

    – Isso é diferente. – desafiou Diaz, o segundo em comando de Alvarez. – Ele tirou sua própria vida para não enfrentar o Vale das Sombras. E você quer que nós entremos cegamente.

    – Ele tirou sua vida porque seus deuses pagãos exigiram isso. – Alvarez respondeu. – Nós que servimos ao verdadeiro Deus não temos nada a temer. Vocês não se lembram das palavras do salmo? ‘Aunque ande en valle de sombra de muerte, no temeré mal alguno’.

    – Nós devemos lhe chamar de Frei Diego agora? – Diaz disparou. – Você vai nos levar a ruína.

    Ainda assim o tom de voz de Diaz havia perdido um pouco do desafio. Ao citar a escritura, Alvarez havia desafiado seus homens a demonstrar que sua fé era mais forte do que seu medo supersticioso. Não haveria motim. Mas isso não significava que os homens estavam felizes sobre isso.

    Eles bateram acampamento rapidamente, deixando o corpo de Balthazar onde estava, e começaram a descida do vale. No começo o progresso foi lento, mas não demorou muito até que encontraram o que parecia ser uma estrada, pavimentada com pedras brancas, serpenteando pela floresta. Apesar de a selva estar invadindo o caminho, suficiente espaço ainda estava claro o bastante para que eles andassem rapidamente. Perto do meio-dia, eles chegaram ao fundo do vale. As árvores obscureciam a ruína, mas a estrada parecia levar naquela direção, então Alvarez continuou seguindo por ela. Pouco tempo depois, chegaram a fronteira da cidade.

    De início, eles apenas viram as pedras das fundações onde um dia houvera casa, mas um pouco mais longe, eles encontraram paredes de pedras empilhadas. Alvarez se aventurou a entrar em uma delas, e encontrou uma grande árvore – um carvalho, ele pensou – se erguendo do chão. Pelo seu tamanho, calculou que cerca de trinta anos ou mais haviam se passado desde que a semente se enraizou, mas sentia que a casa estava vazia a mais tempo do que isso. Nada mais restava das pessoas que um dia moraram ali.

    – Essa é uma missão para tolos. – Diaz falou quando Alvarez saiu. – As pessoas que moraram aqui levaram tudo com elas quando abandonaram esse lugar. Não há nenhum tesouro. Não há nada aqui.  

    – Você está errado meu amigo. – Alvarez insistiu. – Os índios adoram seus deuses jogando objetos de ouro dentro dos cenotes. Eles podem ter ido embora, mas não iriam retirar suas oferendas. Talvez seja por isso que Balthasar não queria que viéssemos aqui, e até mesmo tirou sua própria vida. Sabia que nós iríamos querer saquear as riquezas que foram dadas aos seus falsos deuses. Ele deve ter temido a ira deles.

    Isso pareceu conquistar o interesse de Diaz.

    – E o que nós poderíamos recuperar nesse saque?

    – Uma coisa de cada vez. Primeiro nós precisamos encontrá-lo. E nós estamos perto. Eu posso...

    Ele foi interrompido por um grito de alarme mais longe na trilha. Ele e Diaz correram para descobrir um de seus homens no chão no meio de uma convulsão. O rosto do homem atingido estava escarlate sob a barba, sua mandíbula travada, e seus dentes batendo em um rito. Saliva espumava por entre eles.

    – O que aconteceu? – Alvarez perguntou. – Ele foi mordido? Uma víbora?

    Antes que alguém pudesse responder, o homem respirou pela última vez e então ficou parado. O restante dos homens começou a procurar apressadamente pela vegetação, procurando pela serpente venenosa que havia pegado mais um de seu grupo.

    Subitamente, Diaz soltou um grito de consternação e deu um tapa em seu próprio rosto.

    – Ferrão. – ele falou com a voz grossa.

    Alvarez viu algo cair da barba do outro homem, não uma vespa ou aranha, mas simplesmente uma lasca de madeira, talvez um espinho.

    Diaz olhou para o objeto por um instante, então ficou rígido e começou a cair. Alvarez se esticou para segurá-lo, e assim que fez isso, ouviu um som suave. Algo passou rápido pelo seu rosto, errando-o por menos de um palmo. Alvarez agora percebeu o que estava acontecendo.

    – É um ataque! – ele gritou, se virando na direção da qual o projétil havia vindo. Assim que Diaz caiu, se retorcendo no chão da floresta, Alvarez desenrolou sua besta e a apontou para o matagal próximo. Mosquetes eram inúteis na selva fechada: a umidade penetrante fazia com que a pólvora e o pavio ficassem úmidos demais para a ignição. Antes que ele pudesse soltar o gatilho, no entanto, houve uma movimentação nas folhas e Alvarez vislumbrou escamas verdes, como a pele de uma víbora.

    Homem-cobra!O aviso de Balthasar veio à mente de Alvarez.

    Ele ouviu mais daqueles sons suaves, e os gritos de alarme se tornaram guinchos de dor. Pelo canto do olho, Alvarez viu mais dos seus homens caindo.

    Eles estavam sendo varridos, sem nem mesmo ver o rosto do inimigo.

    – Sigam-me. – Alvarez gritou, levantando sua espada e seguindo em direção ao matagal onde havia visto a forma de escamas. Ele balançou a lâmina de aço Toledo à sua frente, e assim que a vegetação caiu, viu a criatura novamente, toda em escamas brilhantes, com uma crista de plumagem colorida. O homem-cobra o estava encarando, os dentes pontiagudos – como os dentes de um tubarão – à mostra em um sorriso cruel. A criatura então lançou algo em direção a ele.

    Alvarez golpeou o objeto, desviando-o para longe de sua cabeça. Sua lâmina ressoou com o impacto. O homem-cobra se virou para longe, desaparecendo novamente na selva. Alvarez continuou sua investida, cortando a densa folhagem para limpar o caminho de pedras brancas.

    De súbito, ele se encontrou em uma clareira – uma plaza, pavimentada com pedras brancas que se estendia por cem passos até a base da pirâmide em ruínas. O cenote estava no canto do pátio à sua esquerda. Não havia nenhum sinal do homem-cobra.

    Alvarez se virou para apressar seus homens, mas para seu desespero descobriu que estava sozinho. Esperou em silêncio, se esforçando para ouvir o som de passos ou de luta, ou até mesmo gritos dos que estavam morrendo, mas não havia nada. Nem mesmo um sussurro.

    Mas algo estava se movendo na selva atrás dele. Formas sinuosas, arrastando-se através da vegetação, silenciosamente se aproximando dele.

    Ele se virou e correu, seguindo pelo comprimento da plaza. Se conseguisse chegar até a mezquita, escalar um de seus lados ou até mesmo chegar até o topo, ele estaria no nível superior, e seus perseguidores iriam perder a vantagem do encobrimento. Se não houvesse muitos deles, havia uma chance – uma pequena chance, mas era alguma coisa – de sobreviver. 

    Sua armadura ficava mais pesada a cada passo, até que ele não era mais capaz de correr, em vez disso se arrastava pelo caminho. Na metade até seu objetivo, ele parou e se virou para ver cinco daqueles homens-cobras avançando, agachados como animais furiosos preparando-se para atacar. Ele se aprumou, mirando cuidadosamente com sua besta. Os homens-cobra continuaram seguindo em frente, parecendo estarem inconscientes do perigo que a arma representava. Ele disparou a flecha, e uma das criaturas soltou um grito quando o projétil acertou o alvo. Alvarez abaixou a arma, se virou e continuou a correr, o breve descanso dando a ele energia suficiente para alcançar a base da pirâmide.

    Ele a escalou em um de seus lados, se puxando para o exterior em ruínas. Arrancou seu capacete e teria removido sua placa do peito se isso não levasse preciosos segundos que não tinha. Algo quebrou contra a pedra ao lado dele, uma pedra arremessada que caiu para longe. Alvarez continuou avançando, seu coração acelerado, os braços e pernas queimando de exaustão.

    Uma estrutura de pedras em blocos havia sido erigida no topo da pirâmide, mas o tempo e a negligência tinham cobrado seu preço. O teto havia desabado e as colunas superiores, que haviam definido um dia a entrada, estavam quebradas ou haviam desaparecido, revelando um altar. A parede posterior ainda apresentava fracos traços do baixo-relevo pintado que um dia a adornou, o rosto de uma fera que poderia ter sido um leão ou talvez um cachorro selvagem estilizado, no estilo grotesco que os indígenas preferiam. Na frente dela estava um altar de pedras similarmente desgastado, e em cima dele, uma pequena estatueta, presumidamente a mesma criatura, descansando em suas patas como uma esfinge, um caldeirão raso no meio de suas patas dianteiras. A relíquia tinha mais ou menos o tamanho da cabeça de um homem, era mais preta do que o carvão ou sombra, mas adornada com anéis de ouro brilhante.

    Aqui finalmente estava o tesouro que ele procurava. Apesar da urgência do momento, Alvarez avançou para dentro do templo em ruínas e pegou a relíquia.

    Ela pareceu desmanchar ao seu toque, e por um instante, ele temeu que isso fosse tão ilusório quanto os sonhos de riquezas que o haviam levado para aquele inferno de esmeraldas, mas não... o negrume era apenas uma fina camada de poeira, ou talvez cinzas. Embaixo daquela camada estava um jade verde opaco.

    O prêmio era real.

    Ele a deixou no altar e se virou.

    Mas os homens-cobra não estavam lá. Ele se arriscou para fora da estrutura do templo, olhou para baixo e os localizou. Para sua completa surpresa, eles estavam ajoelhados, as cabeças abaixadas como se estivessem em uma prece.

    A postura passiva deles, quase reverente, lhe disse que não estava em perigo imediato. Talvez a pirâmide fosse sagrada para eles, um terreno proibido, ou talvez eles só estivessem esperando que ele saísse. De qualquer forma, ele não poderia continuar no topo da pirâmide para sempre.

    Ainda assim, enquanto se demorava no cume, sua apreensão diminuiu. Eles não iriam atacá-lo, não no topo da pirâmide, e não na plaza abaixo. Ele tinha certeza disso, apesar de não saber o por que.

    Estava tão certo disso, que retornou ao altar e agarrou o ídolo de jade com uma mão. A relíquia iria assegurar passagem segura através da selva: os homens-cobra iriam reverenciá-lo como um servente de seu deus falso.

    Ele emergiu mais uma vez da estrutura e começou a descer. As criaturas abaixo permaneceram paradas, mas não foi apenas até quando Alvarez chegou até quase o fim da pirâmide que viu o motivo.

    Os homens-cobra haviam virado pedra.

    Uma parte dele sabia que isso não podia ser verdade. O que ele havia tomado por figuras ajoelhadas eram na verdade antigas esfinges de pedra, cobertas de musgo escuro. Ele até mesmo pensou que podia se lembrar de ter passado por elas durante sua louca corrida através do pátio.

    Mas ele também sabia que esses eram os homens-cobra, as mesmas criaturas que haviam atacado seu grupo na selva. E ele sabia com igual certeza de que eles não voltariam à vida para ameaçá-lo agora.

    Não havia mais nada a temer. Ele sabia exatamente o que tinha que fazer agora.

    Com a estatueta de jade segura debaixo de um braço, ele seguiu cruzando o pátio e para dentro do adorável abraço da floresta escura.

    CAPÍTULO 1

    Miranda Bell bateu com os nós dos dedos contra o corpo plástico da lanterna de mergulho e acionou o botão novamente. Dessa vez a lâmpada se acendeu, disparando um feixe de luz branca. Ela acionou o botão novamente, ligando e desligando várias vezes, até ficar satisfeita que o problema havia sido resolvido, e então deslizou a lanterna em forma de pistola para dentro da bolsa em seu quadril.

    A lanterna, assim como o resto do equipamento que eles haviam alugado em uma loja de mergulhado de Tulum, era útil, ainda que de certa forma antiquada. Ela sempre havia usado apenas o que havia de melhor em equipamentos, algumas vezes fazendo testes de campo com protótipos e equipamentos de ponta que ainda não estavam disponíveis para o público em geral, mas isso havia sido em outra vida. Agora tinha que se virar com qualquer equipamento semi-obsoleto e de prateleira que conseguisse colocar suas mãos.

    Ela deu uma última conferida dos pés à cabeça, então se sentou na borda do cenote, deixando suas longas pernas balançarem sobre a água azul. Respirou fundo pelo regulador de dois estágios conectado ao seu cilindro AL80 SCUBA em suas costas, para se certificar de que o ar estava fluindo, então se virou e olhou para o rosto ansioso de Charles Bell, seu pai.

    – Não fuja. – ela brincou, antes de ajustar o regulador entre seus dentes.

    – Miranda. – ele implorou. – Apenas espere. Meia hora. Eles vão chegar.

    Miranda lutou contra a vontade de revirar os olhos. Seu pai estava apenas sendo superprotetor, o que ela supunha, era seu trabalho como pai, mas ela não tinha intenção de esperar pelos seus experts em resgates marinhos. Conhecendo Bell, eles seriam algum tipo de guias de turismo caros que iriam, provavelmente, para-los e chamar as autoridades locais, quando percebessem o que haviam encontrado.

    Algumas vezes ele podia ser tão ingênuo sobre como o mundo funciona.

    O que eles encontraram, ou pelo menos o que pensaram ter encontrado, era um cenote previamente desconhecido, o que era notável porque a área ao redor de Tulum havia sido extensivamente explorada e mapeada, particularmente aqui, na reserva arqueológica designada pelo governo. O cenote era maior do que alguns que ela já havia visto, e não estava encoberto. Eles o haviam encontrado por acaso quando estavam fazendo uma trilha pela floresta e, inicialmente acreditaram que deviam estar perdidos, pois o lugar não constava no mapa. Como esse buraco em particular havia permanecido despercebido por tanto tempo era uma incógnita, mas se era realmente desconhecido, havia uma boa chance de encontrar artefatos de valor real dentro dele, o que era um grande motivo para ela mergulhar agora, sem esperar pelos experts.

    – Eu vou ficar bem, pai. – ela assegurou a ele, e então ligou a GoPro que estava acima de sua máscara. – Está gravando, certo?

    Ela sabia que estava, e só perguntou para distraí-lo, então ele não a atrasaria mais. Bell segurava seu tablet, que mostrava o vídeo em tempo real do sinal da câmera digital. Por ela estar olhando para ele, a tela mostrava Bell segurando o tablet. Alguma deficiência na tecnologia impedia a imagem de ficar se repetindo infinitamente, mas o efeito continuava sendo surreal. O sinal de wi-fi da câmera digital se perderia assim que ela mergulhasse, então, Bell teria que esperar até que ela retornasse para ver os frutos do seu mergulho exploratório.

    Miranda fez sinal com a cabeça, inseriu o respirador na boca e se inclinou para frente, mergulhando na água. O peso de seu equipamento a puxou para baixo rapidamente, mas apenas por um segundo ou dois, o suficiente para sentir pressão contra sua orelha interna.

    Abaixo da superfície, a pedra calcária branca parecia brilhar num azul frio, como algum tipo de elemento radiativo. A água, apenas um pouco salobra, era clara como cristal, mas o buraco era tão profundo que a luz do sol não chegava ao fundo.

    Ela soprou o ar em seus ouvidos para equilibrar a pressão e ligou sua lanterna de mergulho, direcionando o feixe para as profundezas do buraco. Apesar da entrada na superfície ter apenas 8 metros de diâmetro, o cenote – que havia sido a centenas de anos antes, uma caverna seca erodida na superfície de pedra calcária por forças geológicas – se expandia em todas as direções. O teto suspenso bloqueava a maior parte da luz solar, deixando o ambiente subterrâneo em um estado de trevas perpétuas, quebrada apenas pelo cone de iluminação disperso pela luz na mão dela. Suas bolhas eram brilhantes globos prateados correndo para se alçar no teto de pedra acima, enquanto ela continuava a um ritmo mais tranquilo na direção oposta.

    O cenote não tinha um fundo reto como uma piscina ou poço, mas era ondulado em uma série de protuberâncias e fendas profundas. Isso fazia com que Miranda se lembrasse de molares. Essa impressão era reforçada por uma camada de limo marrom que cobria as protuberâncias, como a acumulação de placa nos dentes. Ela sabia que era melhor não perturbar a camada de limo. Fazer isso iria levantar uma nuvem de finas partículas, que a deixaria cega, mas ela, no entanto, brincou com a luz de sua lanterna sobre a superfície, procurando por alguma pista de algo que pudesse justificar sacrificar temporariamente a visibilidade.

    Algo brilhou na superfície de uma pedra a sua esquerda. Ela nadou em direção a ele, seu pulso acelerando ao se imaginar cuidadosamente limpando o sedimento para revelar um inestimável artefato de ouro.

    Apenas um seria o suficiente para colocar seu pai novamente no jogo.

    Mas antes mesmo que ela o limpasse, o desapontamento lavou sua esperança. Havia realmente algo lá, um artefato feito por mãos humanas, mas não era feito de nenhum metal precioso e não era da civilização maia. Era uma garrafa de cerveja. O brilho que havia visto era do papel dourado em volta do gargalo. O rótulo ainda estava intacto, e mesmo através do limo ela conseguiu ler a palavra: Modelo.

    Não era desconhecido afinal de contas, ela pensou tristemente, impulsionando de volta em direção ao centro.

    Ainda assim, uma única peça de lixo descartado não significava que as profundezas do cenote haviam sido completamente sondadas. Ela nadou em um amplo círculo, procurando por um canal ou

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