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Clínica Social e Psicoterapia Corporal: Um conjunto de experiências em Análise Bioenergética Focada
Clínica Social e Psicoterapia Corporal: Um conjunto de experiências em Análise Bioenergética Focada
Clínica Social e Psicoterapia Corporal: Um conjunto de experiências em Análise Bioenergética Focada
E-book163 páginas2 horas

Clínica Social e Psicoterapia Corporal: Um conjunto de experiências em Análise Bioenergética Focada

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Sobre este e-book

Destinado a terapeutas, estudantes, docentes e todos interessados nos temas da saúde mental, esta publicação relata o inspirador histórico de fundação de uma Clínica Social, as múltiplas ferramentas utilizadas e as experiências geradas neste fazer, seja na clínica, no contexto escolar ou na saúde pública.

O livro reúne artigos produzidos pelos profissionais envolvidos na estruturação e funcionamento da Clínica Social do Serviço de Atendimento Psicoterapêutico Social (SAPS), do Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo. O serviço foi iniciado há quase 20 anos e nessa publicação evidenciam-se as bases práticas e filosóficas que norteiam o trabalho de atendimento psicoterapêutico destinado a pessoas com dificuldades financeiras.

Além das seis psicólogas fundadoras, o e-book inclui um diálogo de supervisão orientada pelo médico e professor argentino Héctor Fiorini, que trouxe a base da psicoterapia focada para aliar-se ao conhecimento da bioenergética, uma linha de terapia corporal fundamentada por Alexander Lowen.
IdiomaPortuguês
Editorae-galáxia
Data de lançamento2 de dez. de 2016
ISBN9788584741410
Clínica Social e Psicoterapia Corporal: Um conjunto de experiências em Análise Bioenergética Focada

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    Pré-visualização do livro

    Clínica Social e Psicoterapia Corporal - Héctor Fiorini

    Sumário

    Apresentação, por Liane Zink

    Capítulo I

    A motivação, o histórico, o método, o relato de um caso

    Clínica Social - Serviço de Atendimento Psicoterápico Social (SAPS) – Nossa história, por Karin Giambiage de Marval

    Criatividade e grounding no mundo líquido – Construindo e mantendo uma Clínica Social, por Léia Cardenuto

    O somagrama na Bioenergética Focada – Uma experiência em diagnóstico corporal, por Zoca Freire

    A prática, por Marina Ricco Pedroso

    Capítulo II

    Extensões da Clínica Social e Abordagem Corporal

    Projeto Hora do Blá – Uma intervenção da Análise Bioenergética Focada no âmbito escolar, por Silvana Tenório

    Projeto Social Meu Corpo e Eu no contexto da saúde mental, por Lúcia Magano

    Capítulo III

    Intervenções clínicas focadas e um diálogo sobre os casos

    Uma interlocução entre a Terapia Breve Focada e a Clínica Social-SAPS, por Héctor Fiorini

    Créditos

    Caminante, no hay camino, se hace camino al andar.

    Antonio Machado

    A todos os nossos pacientes que acreditaram na nossa proposta, sem os quais este trabalho não seria possível.

    Agradecemos a todos que compartilharam nosso sonho:

    Alexander Lowen, precursor da Bioenergética, que fundamenta nosso trabalho.

    Héctor Fiorini, por seu trabalho no campo social e no modelo de foco, que inspirou a criação da nossa clínica.

    Liane Zink, que sempre incentivou e abriu espaços.

    Mila Freitas, pelo apoio à equipe, pela dedicação e receptividade a todos que buscam o SAPS.

    Aos terapeutas que ajudaram na consolidação do projeto Clínica Social.

    Às supervisoras, triadores e outros colaboradores do SAPS, especialmente Sonia Calil, Selma Matos, Carlos Marano e Kátia Yázigi.

    Aos psiquiatras que estão conosco desde o princípio, especialmente Antonio Carlos Albergaria e Marisa Correa da Silva.

    Às fundadoras, pela coragem, paciência, tolerância, persistência e resiliência, pois, apesar de tantos percalços neste longo caminho, jamais desistiram deste projeto.

    Apresentação

    SAPS em processo de desenvolvimento

    Escrever a apresentação do livro do Serviço de Atendimento Psicoterápico Social (SAPS) é de grande responsabilidade. Acompanho esse sonho desde seu nascimento e vi a criança crescer, tornar-se adolescente e adulto jovem. Foi preciso aprender a andar, a falar, a mover-se e também foi preciso cair e levantar. Levar os tombos serviu para aprimorar o método de terapia focada, estudado e elaborado por essa equipe tão dedicada, com o grande apoio e conhecimento de Héctor Fiorini.

    Recordo o dia em que fui trabalhar em Buenos Aires e marcamos uma supervisão com ele, Karin e eu. Precioso momento de entender o trabalho social, a terapia focada. Perguntamos: O que é focar? Fiorini respondeu: Fazer o foco é obter uma imagem nítida de um ponto onde convergem os feixes luminosos, a que se chama, precisamente, ponto focal. O foco é, portanto, um lugar onde se concentra a luz. Nesse sentido, focar (ou focalizar) significa concentrar a luz em um ponto ou zona.

    O estabelecimento do foco de uma terapia de duração predeterminada (de oito meses a um ano, geralmente) é a pedra fundamental do processo. O encontro psicoterápico é, muitas vezes, um confronto entre duas visões de mundo, duas cosmovisões totalmente diversas uma da outra. Esta é a primeira situação que cliente e terapeuta enfrentam. As duas culturas são fundamentos de vida, quer dizer: é nelas e a partir delas que os indivíduos se organizam.

    Nessa perspectiva, da junção de cosmovisões distintas, o desafio era de fazer a escuta de pacientes diferentes, que não fazem parte da nossa habitual clientela de consultório. O encontro com Fiorini deixou claro para nós que, sim, é possível trabalhar dentro de uma visão social e não assistencialista.

    A construção de pontes e horizontes simbólicos, de uma teoria focada única, nossa, cunhada no Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo (IABSP) e não copiada de algum outro modelo, possibilitaram a criação de mapas teóricos e vivenciais de encontros e desencontros entre os mundos, ajustando a linguagem e produzindo narrativas.

    Para isso, foi preciso muito grounding dos terapeutas e dos clientes, muita clareza de relações e o envolvimento no processo em que o principal objetivo era crescer juntos.

    O diálogo na Clínica Social busca compreender e ampliar territórios. O espaço pessoal e o território privado, o espaço psicológico e o território de ação. O espaço pessoal, relacionado ao território do corpo e ao território privado, conectado aos sentimentos, necessidades e desejos. O espaço psicológico que permite ao paciente ser escutado, ser visto e receber a atenção adequada do terapeuta. E, finalmente, o território de ação é definido considerando as competências e habilidades daquele que está em tratamento. Assim se dá o processo.

    Nesses 18 anos, atendemos cerca de 1.800 pessoas, priorizando a qualidade dos atendimentos. O SAPS passou a ser um dos eixos importantes no nosso instituto. A Clínica Social nos fez crescer como instituição e possibilitou aos alunos do curso de Bioenergética complementar seu treinamento profissional atuando como psicoterapeutas, mesmo antes de concluir a formação. Também fez-se necessário abrir o curso para formação de supervisores, criando um novo caminho de atuação. Essa prática é fundamental para cultivar o entusiasmo de estudar com a equipe e para reforçar o vínculo de cada terapeuta com o IABSP, que inclui em seu currículo a Terapia Focada com abordagem corporal Bioenergética.

    Agradeço a Léia, Karin, Lúcia, Zoca, Marina e Silvana por estarmos juntas em confiança mútua, atuando com liberdade em cada passo da nossa jornada. Depois de tantas triagens, sessões, supervisões, aprendemos juntas, em um processo dinâmico e fértil.

    Criamos esse campo de trabalho e vamos em frente com a mesma coragem que trouxe a nossa equipe até aqui.

    Gratidão!

    Liane Zink

    Diretora do Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo

    Diretora do Instituto de Biossíntese do Brasil

    Pioneira na introdução da psicoterapia corporal no Brasil

    Capítulo I

    A motivação, o histórico, o método, o relato de um caso

    Clínica Social - Serviço de Atendimento Psicoterápico Social (SAPS) – Nossa história

    Por Karin Giambiagi de Marval*

    Da história familiar da autora veio a motivação para realizar um trabalho social. Isso foi possível em parceria com colegas que cultivavam o mesmo ideal: oferecer tratamento psicoterápico a pessoas de baixa renda. Unindo a Análise Bioenergética à prática da Terapia Focada, tornou-se possível ampliar o acesso a esse tipo de ajuda profissional. Este artigo relata a criação da Clínica Social, engendrada em muitos questionamentos e gerida a muitas mãos, e revela os momentos da psicoterapia, da triagem ao fim do processo.

    Sou uma brasileira naturalizada, fruto de um exílio político da minha família. Vinda da Argentina, cheguei ao Brasil, Rio de Janeiro, em 1976, aos 14 anos. Sou filha de cientistas que sempre acreditaram em uma sociedade com iguais oportunidades para todos, na educação, na saúde e no trabalho. A situação do Brasil naqueles anos parecia-me ainda mais injusta do que a argentina, provavelmente porque a Argentina tem uma população muito menor. Talvez por isso é que tenha me espantado profundamente com a desigualdade social que encontrei.

    O medo remanescente do meu exílio me impediu de participar em qualquer trabalho social com cunho de militância política, no entanto sempre defendi a ideia de que cada um de nós deveria, dentro de sua área de atuação, fazer algo em prol das classes menos favorecidas.

    Foi assim que em 1998, entre os participantes de um grupo de supervisão, do qual eu fazia parte, surgiu a ideia de montar um trabalho de alcance social que expandisse a Análise Bioenergética e, ao mesmo tempo, levasse às populações mais carentes uma forte ferramenta capaz de lidar com questões sociais e existenciais, inerentes a todos nós, porém pouco abordadas na saúde pública. Éramos cinco amigas, colegas, com ideologias políticas semelhantes, e com um enorme entusiasmo em ampliar a nossa esfera de atuação nos aventurando em terrenos sociais, ainda desconhecidos para nós. No Brasil, o acesso às psicoterapias ficava restrito às classes média alta e alta, não apenas devido ao custo elevado dos profissionais, mas também à falta de informação sobre os benefícios dos tratamentos psicoterapêuticos. Apenas nas últimas décadas houve um maior acesso na rede pública e nos convênios particulares a tratamentos não médicos para tratar distúrbios emocionais.

    Nesse contexto, acreditamos que era necessário e viável a construção de um conhecimento teórico e uma prática clínica capaz de mudar este status quo, isto é, que as psicoterapias são apenas para aqueles que podem pagar (e muito) por elas.

    O Serviço de Atendimento Psicoterápico Social (SAPS) é um departamento do Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo (IABSP), que funciona há mais de 20 anos como um centro pioneiro de formação em Análise Bioenergética.

    O SAPS funciona há 18 anos e é coordenado por suas cinco fundadoras, Léia Cardenuto, Lúcia Magano, Marina Pedroso, Zoca Freire e eu, Karin de Marval. Silvana Tenório juntou-se a nós anos depois e também integra a Coordenação. Todas atuamos também como supervisoras e psicoterapeutas. O SAPS também conta com sete supervisoras, dez triadores e três psiquiatras que acompanham os casos mais críticos. Além de 50 terapeutas, distribuídos por todas as regiões da capital paulista, que atendem nos próprios consultórios, e recebem dos pacientes um valor aproximado daquele estipulado na entrevista de triagem.

    No começo foi um trabalho quixotesco...

    Começamos com alunos e ex-alunos afinados com nossa proposta de levar essa técnica a pessoas que jamais teriam acesso a ela, seja por motivos financeiros, intelectuais ou culturais. Pessoas que nunca tinham ouvido falar em psicoterapias e menos ainda em psicoterapias corporais.

    A passo de tartaruga, em discussões e reuniões com vaivéns infinitos, fomos criando um corpo para nossa clínica, alinhavada muito mais pelo nosso entusiasmo do que pela ainda precária ferramenta de intervenção no meio social. Nessas discussões refletíamos sobre como otimizar um trabalho que deveria ser breve, visando abranger um maior número de pessoas, na contramão de um tratamento psicoterápico convencional que normalmente se estende por vários anos.

    Dentro dessa perspectiva, pensamos em oferecer tratamentos focados, e assim procuramos o dr. Héctor Fiorini, médico psiquiatra, psicoterapeuta e professor da Universidade de Buenos Aires, para nos orientar e supervisionar em atendimentos que à primeira vista jamais poderiam ser breves.

    Fiorini nos mostrou que transpor o trabalho do consultório particular para a comunidade supunha gerar novos instrumentos, pois aqueles usados em terapias particulares não eram os adequados para atender uma demanda social. Em uma entrevista concedida ao SAPS, Fiorini destacou: "Em 1910, em sua obra O surgimento da terapia psicanalítica, Freud já havia compreendido que atender em hospitais significava, provavelmente, atender uma população carente, então, para isso, haveríamos de combinar os recursos terapêuticos com ajuda material ou, às vezes, com medidas educativas".

    Héctor Fiorini nos ensinou a importância de prestar atenção ao motivo da consulta, e também às razões das pessoas abandonarem ou continuarem o tratamento. Afinou nossa sensibilidade para formular as perguntas próprias da triagem e do processo terapêutico. Ele trouxe simplicidade e profundidade à nossa abordagem que, em pouco tempo, se transformaria em um método pioneiro de Análise Bioenergética Focada.

    Foram, e ainda são, anos de acaloradas e frutíferas discussões, criando um corpo clínico e teórico, amalgamando diferentes visões, autores, expectativas e projetos.

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