Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

A gente só é bonito quando a mãe da gente acha
A gente só é bonito quando a mãe da gente acha
A gente só é bonito quando a mãe da gente acha
E-book218 páginas3 horas

A gente só é bonito quando a mãe da gente acha

Nota: 3 de 5 estrelas

3/5

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

"É o Rio Negro e o Rio Solimões se cruzando. A mamãe disse que eles se cruzam, mas eles não perdem a cor." Assim se apresenta um desenho em análise com o qual a criança parece indagar: "posso ser um com o outro sem me perder? Como os rios, somos apenas diferentes, mas podemos nos cruzar e desembocar na mesma família – quem sabe?" Esse era o mote das sessões dessa menina negra, então com 11 anos, adotada por uma mãe branca – desde a escolha de bonecas que se parecessem, para serem mães e filhas, crianças que podem ser compradas em orfanatos ao gosto dos pais, maquiagens que transformam o rosto e filhotes de espécie ou de raça diferentes de seus donos até história do pato feio que deseja virar cisne, enfim, toda uma série de possibilidades que interrogavam como se encontrar em seu lugar de filha sem se assemelhar à sua mãe na cor. O conceito psicanalítico de identificação, como a forma mais primitiva de laço amoroso com seu papel fundamental na construção do Eu, tornou-se imperioso para caminhar em seu atendimento. De suas questões surgiu, então, o desejo de apresentar essa clínica, que é a clínica da escuta de uma filiação – sempre é, mas aqui se desvela nesta narrativa singular, que, na transferência, atravessou-me e impôs-me um trabalho de elaboração teórica, o qual não pude recusar. Jade – como a chamei aqui – leva-nos, uma vez mais, a vislumbrar quão delicadas são as relações afetivas que permeiam a história de cada um. Adentremos, pois, com todo respeito e cuidado, no universo de sua cena psíquica, para quem era absolutamente óbvio que "a gente só é bonito quando a mãe da gente acha".
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de jan. de 2016
ISBN9788547318093
A gente só é bonito quando a mãe da gente acha

Relacionado a A gente só é bonito quando a mãe da gente acha

Ebooks relacionados

Psicologia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de A gente só é bonito quando a mãe da gente acha

Nota: 3 de 5 estrelas
3/5

2 avaliações0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    A gente só é bonito quando a mãe da gente acha - Cláudia Cruz Xerfan

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO PSI

    Para Odetes.

    Canção Amiga

    Eu preparo uma canção

    em que minha mãe se reconheça,

    todas as mães se reconheçam

    e que fale como dois olhos.

    Caminho por uma rua

    que passa em muitos países.

    Se não me vêem, eu vejo

    e saúdo velhos amigos.

    Eu distribuo um segredo

    como quem ama ou sorri.

    No jeito mais natural

    dois carinhos se procuram.

    Minha vida, nossas vidas

    formam um só diamante.

    Aprendi novas palavras

    e tornei outras mais belas.

    Eu preparo uma canção

    que faça acordar os homens

    e adormecer as crianças.

    (Carlos Drummond de Andrade, Antologia Poética)

    APRESENTAÇÃO

    Dos traçados de uma criança irrompeu um desenho em sua análise. Ao desenhar, recortou uma cena que expressava algo de si e suas associações foram apontando o caminho na direção do mais além marcado na superfície do papel, àquela altura tela da expressão de seu inconsciente. Sua narrativa tomou a forma de um caso clínico e fez brotar em mim o desejo de escrever sobre ele.

    Passos para viabilizá-lo: a autorização da mãe e da criança para que sua história pudesse inspirar diálogos, palavras, linguagens entre pais e filhos adotantes, avós, irmãos, psicólogos, psicanalistas, médicos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, juristas, advogados, promotores da infância e da juventude, professores, gestores das mais diversas ordens, enfim, toda uma comunidade pela qual perpassam ou podem vir a perpassar as famílias adotantes. Autorizado a se tornar público, e posto o desejo de saber, tornou-se uma pesquisa no mestrado da Universidade Federal do Pará. Do resguardo necessário com as identidades em questão, seguiu-se o rigor e a aprovação do comitê de ética.

    Eis o percurso clínico-teórico a partir do atendimento psicanalítico de Jade – como a chamei aqui –, menina negra adotada por uma mãe branca, cujo caso tornou imperativo o enveredar pelas questões identificatórias por trazer à clínica todo o seu desejo em poder se parecer com sua mãe e ser reconhecida por ela. Sobre o qual, disparou: a gente só é bonito quando a mãe da gente acha.

    Que frase! Num instante remete, a um só tempo, ao Narcisismo, ao Édipo e às identificações em todas as formas de filiação. Por seu efeito de abertura do inconsciente, que se refere a ela, mas também a todas as crianças com seus pais e adultos com suas infâncias, foi escolhida como título deste livro, o qual, assim como tudo o que precisa amadurecer, levou considerável tempo entre o período em que a atendi, a passagem pela universidade e o momento de poder me autorizar a compartilhá-lo de forma mais ampla. Modificações foram feitas, acréscimos e retiradas para expandir o interesse do texto para além dos muros acadêmicos, pois tem o intuito de suscitar questões, auxiliar a reflexão e ampliar o debate em torno da adoção.

    Agradeço, pois, à Jade e Fabiana, sua mãe, pela generosidade e confiança em permitir que seu atendimento pudesse se transformar em um estudo sobre a identificação na filiação por adoção. E a todas as crianças e pais que partilharam comigo suas histórias, os quais, sem dúvida, estão também presentes neste trabalho.

    A autora

    PREFÁCIO

    Falar de adoção é, de certa forma, falar de nossa história, pois, afinal, todos somos adotados. Todos tivemos de ocupar um lugar no desejo e no imaginário de quem nos acolheu quando de nossa chegada ao mundo, dando-nos vida psíquica para construirmos uma existência significante. Nesse sentido, a história de cada um começa muito antes do nascimento.

    Tais considerações tomam contornos mais intensos com crianças legalmente adotadas, uma vez que, à vista disso, a criança terá que conviver, na grande maioria dos casos, com interrogações que a acompanharão durante toda a vida: por que meus pais biológicos não me quiseram? Será que os meus novos pais vão gostar de mim? O que tenho que fazer para ser amada? Se não gostarem, vão me devolver?

    Ao mesmo tempo, não podemos nos furtar à pergunta sobre o desejo que sustenta a adoção em sua dimensão consciente e, sobretudo, inconsciente. Haveria o risco de a criança adotada estar sendo usada para colmatar uma falha narcísica dos pais? Repor o lugar ocupado por um filho morto, o que a impediria de ter uma existência própria e um corpo próprio? Reparar um filho que os pais – os avós da criança adotada – gostariam de ter tido? Essas, e tantas outras variáveis, que terão consequências as mais diversas no futuro psíquico da criança adotada, são amplamente debatidas neste livro.

    Partindo das inquietações que a clínica suscita, Cláudia Xerfan não recua frente à transferência que o contato com essas crianças produz. Questões que, muitas vezes, produzem sentimentos de estranheza, no sentido do Unheimlich freudiano, são abordadas com coragem pela autora.

    A escolha do nome do caso clínico que nos guiará – Jade – é particularmente sugestiva: Jade é uma pedra de rara beleza, extremamente resistente; e a menina Jade tenta responder aos pais adotivos para se sentir amada sem, contudo, apagar-se na trama constitutiva do Eu.

    A história clínica de Jade resgata a particularidade de seu trajeto identificatório, invocando, ao mesmo tempo, aspectos subjetivos que o encontro entre os pais e filhos adotantes produz nos protagonistas em questão. Trata-se de trabalhar a dimensão da singularidade desse encontro que, embora sempre único como o é cada encontro com a alteridade, recebe particular atenção no estudo apresentado no livro. Esse encontro suscita escuta, transferencial e contra-transferencial, o que Cláudia leva a cabo com a competência que lhe é própria.

    Para discutir os vínculos afetivos, e a dinâmica inconsciente, estabelecidos entre os pais e filhos na adoção, e sua repercussão na constituição psíquica do sujeito, Cláudia apresenta-nos uma digressão de alguns dos principais pressupostos da psicanálise que susterão seus argumentos.

    Começando com o intrincado processo de identificação na obra freudiana, a autora percorre conceitos, não menos importantes, como o complexo de Édipo, o narcisismo e as questões ligadas à alteridade e à cultura, para bem balizar seu percurso teórico-clínico. É por meio das identificações que a criança introjeta e incorpora os ideais sociais que, no caso de pais e filhos adotantes, estão, muitas vezes, em oposição ao conceito tradicional de família. Com esse panorama geral da clínica psicanalítica, Cláudia oferece-nos uma visão não apenas da questão da adoção, mas da clínica infantil em geral.

    Em seguida, a autora trabalha a noção fundamental para a clínica, que é a transferência, e suas implicações sob a forma de contra-transferência. Na clínica infantil, a transferência é particularmente importante e, no caso de criança adotada, será por meio dela, e nela, que a criança poderá reviver seus temores e medos infantis, sobretudo de abandono e desamparo.

    A interface sujeito/cultura é amplamente trabalhada no livro. Com efeito, é o grupo primário, na maioria das vezes composto pela família, quem primeiro acolhe a criança. Em seguida, virá o grupo social na qual ela se encontra inserida.

    Ao começar o livro por uma digressão teórica, a autora oferece-nos um trabalho agradável de se ler e ao alcance de todos, mesmo os que não são muito familiarizados com a teoria psicanalítica.

    Sem dúvida, o livro de Cláudia Xerfan se tornará uma referência para todos aqueles que se interessam não só pelas questões ligadas à adoção, mas, igualmente, ao desenvolvimento psicossexual da criança, independentemente da área na qual o leitor está inserido.

    Paulo Roberto Ceccarelli (Ph.D.)

    Diretor Científico do CESAME

    (www.ceccarelli.psc.br)

    SUMÁRIO

    PASSOS DE UM PERCURSO: A ESCRITA 

    DA CLÍNICA 

    CAPÍTULO 1

    SOBRE A IDENTIFICAÇÃO 

    1.1 O conceito de identificação em Freud 

    1.2 Identificação e complexo de Édipo: dois conceitos entrelaçados 

    1.3 A construção do eu na psicanálise freudiana 

    1.3.1 A Identificação no complexo de Édipo 

    1.3.2 Identificação e narcisismo 

    1.3.3 Alteridade e identificação 

    1.3.4 Cultura e identificação 

    CAPÍTULO 2

    SOBRE A CLÍNICA 

    2.1 Identificação e transferências 

    2.2 A clínica analítica com crianças 

    2.3 A filiação por adoção na clínica psicanalítica 

    CAPÍTULO 3

    FRAGMENTOS DA CLÍNICA PSICANALÍTICA NA FILIAÇÃO 

    POR ADOÇÃO 

    3.1 Jade: a canção 

    3.1.1 As queixas maternas 

    3.1.2 O conflito identificatório ancorado na cor 

    3.1.3 O anseio em atender ao desejo materno 

    3.1.4 O reconhecimento da diferença e a identificação pelo amor 

    3.1.5 O amor na transferência 

    3.1.6 Identificação e construção do eu 

    3.2 Escutando a melodia do discurso 

    ACORDES FINAIS 

    REFERÊNCIAS 

    PASSOS DE UM PERCURSO: A ESCRITA DA CLÍNICA

    Toda clínica analítica demanda a escuta de uma filiação, pois o que nos desvela é sempre o infantil no analisando. Não a infância enquanto o relato de uma etapa cronológica, mas o infantil como o lugar do nascimento do eu e do desejo. Ainda que essa forma de escutar nos remeta sempre ao singular, aos poucos, como analista e como supervisora de atendimentos com crianças adotadas, fui vislumbrando semelhanças e indicadores de um possível entrelaçamento entre o que é absolutamente único de cada um e a relação com esse modo de ser perfilhado.

    Da melodia dos discursos, notas desarmônicas – hora quase inaudíveis, hora pungentes, noutras extremamente graves – comprometiam as canções e revelavam conflitos negados, disfarçados, mal ditos ou tocados. No encontro entre pais e filhos adotantes, o ruído parecia advir da discrepância entre a idealização em torno da adoção – imaginada como receita de felicidade para crianças que necessitam de um lar e casais que desejam filhos – e relatos repletos de sofrimento. Como pensar em feliz desenlace para o drama da carência de um lado e do desejo de perfilhar estas crianças de outro, diante da dor expressa na fala de não conseguir sentir-se pai e/ou mãe, bem como em não conseguir sentir-se filho (a)?

    Por esse questionamento é possível perceber que na clínica transbordavam as questões identificatórias. Na definição de Freud¹, a identificação é a forma mais primitiva de laço amoroso do humano e tem um papel fundamental na construção do eu, uma vez que este contém a história de suas escolhas de objeto, dos investimentos que fez naqueles a quem amou e com os quais se identificou. Logo, se o ego é formado por identificações e se as primeiras delas ocorrem nas relações iniciais, filiação e identificação se articularam para mim como indissolúveis para pensar a adoção.

    Portanto, se em toda filiação a identificação é parte da trajetória de construção do eu, adotar um filho precisa ser compreendido e tomado como um processo, não uma solução mágica, como inúmeras vezes é apresentada de um modo simplista pelo discurso social com a conotação de ser um gesto de solidariedade. Sobre isso, entendo que há que se considerar também essa dimensão. Porém, ressalto com Vilhena² que não se pode aprisionar uma criança à condição de ser o objeto da caridade alheia, reduzindo à necessidade aquele que somente o desejo pode humanizar.

    Fica claro, assim, que adotar não é um único ato e que o desejo de ajudar não é suficiente quando se trata de perfilhar um ser humano, pois, como afirma Levinzon³, a experiência de filiação inclui vivências e emoções diversas pela vida inteira. Logo, é preciso desejar um filho como razão para adotar uma criança. Pois, quando os pais a tomam, sem dizer ou implicar seu desejo em tê-la, como que para salvá-la, torna-se muito difícil para ela qualquer expressão de frustração ou agressividade, bem como, a possibilidade de uma identificação diante de tamanha perfeição, com esses que são ‘tão bons’.

    A psicanálise, em virtude do próprio conceito de pulsão⁴, substrato entre o somático e o psíquico, aponta que, para além do biológico, em toda paternidade/maternidade, a adoção de um filho/filha surge do desejo e, nesse sentido, a filiação é sempre uma adoção. Assim, fica posto que todas as crianças, absolutamente todas, necessitam ser adotadas.

    Entendo, porém, que ao mesmo tempo em que apenas o corpo não é suficiente para fundar a existência da criança, tampouco pode ser ignorado, pois marca uma diferença da qual é preciso também falar. A filiação por adoção traz, portanto, especificidades, dentre as quais a mais evidenciada diz respeito à necessidade de os pais elaborarem o luto pelas perdas referentes à paternidade e à maternidade sem a gestação da mulher a partir da fecundação pelo sêmen paterno. Logo, sem a possibilidade de transmissão da herança genética do par parental à criança.

    As demais particularidades parecem decorrer do modo com que os pais lidam com estas perdas, como, por exemplo, a questão do segredo em torno da origem da criança que comparece com frequência nas filiações por adoção quando estes têm dificuldades em elaborar o luto por não a terem gerado. Além disso, ainda no que se refere à ausência da gestação na mãe adotiva, uma gravidez ocorre aproximadamente em um período regular de nove meses, e esse tempo é de espera, expectativa e preparação para a chegada do bebê. Enquanto na adoção, o tempo de espera é imprevisível, o que pode levar, algumas vezes, a um descompasso entre o tempo do desejo e o tempo da chegada do filho.

    Há, ainda, as questões que, mesmo não sendo específicas dos filhos adotivos, são vividas, nestes casos, permeadas pelas particularidades desta forma de filiação. Como a problemática edipiana em que pais e filhos, segundo Dolto⁵, não têm a ajuda de terem sido estas crianças um dia parte desses pais para se protegerem dos desejos incestuosos.

    No contexto destas reflexões sobre o que é peculiar à filiação por adoção, cabe considerar a ressalva de Ceccarelli⁶ quanto ao que diferencia os seres humanos entre si não estar pautado no modo de filiação, mas na particularidade do trajeto identificatório e nas escolhas de objeto de cada um. Segundo o autor, cada modo de filiação traz a sua própria configuração e angústia, porém não existe, a priori, nenhuma evidência para dizer que um modelo é mais ou menos patogênico.

    Assim, por tudo o que foi referido, entendo que a questão não se localiza na adoção propriamente dita, mas nos vínculos afetivos que pais e crianças vão estabelecer entre si a partir de sua dinâmica inconsciente com essa forma de filiação. Mais particularmente, meu interesse reside na possibilidade de identificação da criança com seus pais na filiação por adoção e a repercussão desta em sua constituição psíquica.

    Deste modo, aponto a importância de um trabalho pautado no resgate da dimensão da singularidade no encontro de pais e filhos adotantes, posição aqui demarcada. Meu intuito é, ainda, considerar a adoção sem ignorar ou superestimar seu papel no psiquismo das pessoas, simplesmente tomando-a como um aspecto que faz parte de suas vidas e que, como tal, influencia em sua existência, o que almejo realizar apresentando a clínica psicanalítica com crianças adotadas, em recortes de relatos e falas ou, mais propriamente, na apresentação da história de Jade⁷– a quem atendi quando essa se encontrava com 11 anos – tal qual sua análise me permitiu vislumbrar. Menina negra adotada por uma mãe branca e que trazia à clínica todo o seu desejo em poder se parecer com sua mãe e ser reconhecida por ela.

    Na clínica ensinada por Freud, escutar com o próprio inconsciente é permitir que a palavra do

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1