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A Identificação nos Estados-Limites: Um Estudo Psicanalítico
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A Identificação nos Estados-Limites: Um Estudo Psicanalítico
E-book178 páginas4 horas

A Identificação nos Estados-Limites: Um Estudo Psicanalítico

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Sobre este e-book

Este livro investiga os mecanismos psíquicos envolvidos nos processos de identificação nos estados-limites. Destaca-se a relação entre o eu e o outro (interno e externo), com ênfase na dimensão traumática que estaria na base dessa relação. Esta análise leva em conta, de maneira articulada, os aspectos narcísicos e edipianos implicados nessa problemática. Nos estados-limites, a relação com o outro é marcada por um estado de "servidão" do ego ao objeto, indicador da predominância de uma dimensão narcísica no percurso identificatório desses sujeitos. Pressupõe-se precariedade quanto à constituição das fronteiras egoicas, excessivamente porosas nesses casos. Esses aspectos são explorados por meio das noções de introje& ccedil;ão e de incorporação, as quais se entrelaçam profundamente com a de identificação. Visa-se, assim, elaborar a questão dos limites da interiorização psíquica, considerando-se a possível presença, no mundo interno, de uma alteridade interna radical e inassimilável. Busca-se, por fim, sustentar a especial relevância do mecanismo de identificação projetiva nos estados-limites. Esse mecanismo parece prevalecer e melhor descrever a particularidade quanto aos modos de identificação nessas situações clínicas, nas quais a busca de si no e pelo outro constitui elemento essencial.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de nov. de 2021
ISBN9786525010540
A Identificação nos Estados-Limites: Um Estudo Psicanalítico

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    A Identificação nos Estados-Limites - Leandro Rafael Ferreira dos Santos

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO ESTUDOS PSICANALÍTICOS

    Aos meus pais e à Giovanna, pelo amor que guiará todo o meu caminho, sempre!

    Agradecimentos

    Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à minha família, por me oferecer o suporte necessário para que este livro viesse à luz: à minha mãe, pelo fervoroso investimento afetivo e pelo amor incontestável que dirige a mim; ao meu pai que, mesmo não estando mais aqui, será uma presença constante e eterna em tudo o que faço e realizo; ao meu irmão, pelo companheirismo com que, por quase 40 anos, sempre pude contar; à grande amiga Maria Nelma, pela amizade e pelo carinho.

    Ao Anderson, pelo companheirismo, pelo afeto, apoio e incentivo — e por ser um parceiro sempre otimista e presente em cada desafio que se lança em nosso horizonte.

    Aos meus amigos, todos, que puderam — cada um à sua maneira — me oferecer incentivos e momentos de divertimento e risos, imprescindíveis para a escrita deste livro.

    À Marta Rezende Cardoso, por acreditar e apostar em minha capacidade de vencer tarefas difíceis. Também agradeço por sua competente orientação e amizade e por me mostrar não só a complexidade e a dificuldade, mas também a beleza da Psicanálise.

    Aos colegas do grupo de pesquisa da professora Marta Rezende Cardoso, que tornaram o percurso de construção desta obra uma deliciosa viagem de trocas e companheirismo.

    Ao Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica da UFRJ e aos professores desse programa, pela riqueza oferecida, pelo espaço e pelas trocas ocorridas em cada encontro. Em especial, à professora doutora Regina Herzog, pela forma leve com que transmite a Psicanálise. Também agradeço ao professor doutor Alexandre Abranches Jordão, pelas valiosas sugestões.

    À Ângela Coutinho, pelas longas e afetuosas trocas sobre a clínica psicanalítica.

    Aos parceiros da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle, por manterem aceso o espírito de uma psicanálise viva. Em especial, agradeço à Patrícia Nóbrega e à Ruth Goldenberg, pelas ricas e inspiradoras trocas de experiências. Também agradeço a toda a equipe editorial — da qual orgulhosamente eu faço parte — da revista Ensaios.

    À Mariana Machado, por me acompanhar, com sua escuta sensível e acolhedora, no difícil percurso de ressignificar a minha história.

    Aos meus analisandos, por me permitirem vivenciar o profundo sentido do movimento psicanalítico.

    Ao CNPq, pelo incentivo financeiro à pesquisa que originou este livro.

    Eu não sou eu,

    Nem sou o outro

    Sou qualquer coisa de intermédio

    Pilar da ponte de tédio

    Que vai de mim para o outro.

    (Mário de Sá-Carneiro, O outro, 1914)

    PREFÁCIO

    A problemática dos estados-limites, pelo relevo que hoje tem na clínica psicanalítica, e por caracterizar, significativamente, a atualidade da psicopatologia da vida cotidiana, tem sido objeto de grande atenção no cenário do debate em psicanálise. A presença dessa temática se revela expressiva, tanto no meio acadêmico quanto nas instituições dedicadas à clínica, no seu sentido restrito ou ampliado, no âmbito privado e no da saúde pública, institucional. Em grande parte, isso vem ocorrendo em razão da singularidade da demanda com que se viu confrontado o psicanalista nos últimos tempos. É nesse contexto que se situa o trabalho de pesquisa de Leandro Rafael dos Santos, coroado, agora, nesta publicação em livro, pesquisa de Mestrado que tive o prazer de orientar, no Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

    Desde Freud, a genealogia do saber psicanalítico é movida por dinâmica peculiar, na qual, por conta da complexa temporalidade que apresenta, a evolução teórica se constrói a partir de paradigmas clínicos diversos, a teoria vendo-se a partir de cada um deles, interrogada, e isso permanentemente. Esse movimento, que se processa em a posteriori, em analogia àquele que orienta o funcionamento psíquico, é estreitamente vinculado a determinações de natureza não apenas teórica, mas, em igual medida, a elementos contextuais concernentes a um registro histórico, sociocultural. Novas formulações, no plano conceitual, vão avançando, promovendo abertura a significações outras, a diferentes esquemas de compreensão. Pouco a pouco, são elaborados modelos de teorização sobre a subjetividade humana, acerca de sua gênese e sua dinâmica, os quais permitem que elementos antes ausentes ou presentes em situação de latência, em estado embrionário, sejam desvelados no corpus teórico e clínico.

    É intensa a repercussão sobre a práxis terapêutica dessa abertura de novos horizontes, mediante um fluxo de desenvolvimento teórico construído em espiral, o que sabemos ser inerente ao método de produção de ideias na área da psicanálise. Trata-se, no caso, de uma repercussão incidente no manejo de seu método clínico, impulsionada, vale novamente ressaltar, por paradigmas psicopatológicos que antes não estavam dominantemente presentes. É assim que o campo dos chamados estados-limites, das modalidades de sofrimento que nos falam sobremaneira de falhas, de inquietações na esfera da identidade e do narcisismo, veio a se mostrar particularmente relevante na contemporaneidade. Para além de um plano psicopatológico no sentido estrito do termo, assistimos a uma insistência daquilo que, de acordo com uma acepção mais genérica, pode ser referido como novas configurações subjetivas.

    Aqueles autores e terapeutas que têm se dedicado à análise dessa temática, desse problema clínico, atentos, inclusive, à singularidade do processo terapêutico desses sujeitos, atentos, em particular, à questão dos limites colocados por eles ao tratamento, não cessam de despertar nosso interesse para a ideia de limite em psicanálise. Freud nos ofereceu considerável legado sobre essa dimensão, mas de modo menos direto. É no interior desse novo tempo de reflexão, cuja fonte aponta para outra referência psicopatológica, narcísica, que o termo limite vem a adquirir o estatuto de efetiva noção e, igualmente, de operador teórico, de inegável riqueza em psicanálise.

    As contribuições referidas a todo esse universo conduziram, e ainda o têm feito, à exploração da questão das fronteiras na vida psíquica; por um lado, àquelas que dizem respeito aos limites da representação e, em correlação a estas, à qualidade da delimitação narcísica e da natureza das defesas egoicas, ou seja, à questão do traumático e seus destinos. Por outro lado, o foco incide sobre a complexidade da relação entre o eu e o outro, entre o eu e o corpo, espaços fronteiriços cujo estreitamento constitui um dos traços distintivos dos mais cruciais, nesses estados os quais podem ser considerados como limites.

    Nesse recorte de pesquisa e de intervenção terapêutica, de múltiplas vertentes, o problema da identificação abre interrogações fundamentais, demandando elaboração, construção e aprimoramento de ideias. Dentre vários outros fatores, isso se deve ao fato de essa operação, a identificação, ser constitutiva da subjetividade humana — de natureza narcísica ou objetal, envolvendo a balança energética entre essas duas modalidades de investimento libidinal — habitar o núcleo central das referidas situações clínicas, tal a importância da interseção entre identificação e narcisismo. A constituição do ego se dá a partir do encontro com a alteridade, exigindo, portanto, exame atento do estatuto particular da alteridade no funcionamento do psiquismo. Esse é um aspecto de notável relevo nos estados-limites, pela questão da insistência do outro, da servidão ao outro, modo de operar psíquico desses sujeitos. Esse aspecto está muito presente em seu universo intrapsíquico, o qual, no que concerne à ressonância que produz na esfera da intersubjetividade, expressa-se, como é sabido, em angústias paradoxais, de invasão e de abandono, simultaneamente.

    A ocupação do outro no interior da vida psíquica, no sentido da dificuldade de efetiva assimilação psíquica daquilo que dele adviria e poderia ser tornado seu, diz respeito a falhas no processamento identificatório. Essa ordem de questões é vinculada, numa camada mais consciente, pré-consciente ao que forma a área da identidade; é nela que, nos estados-limites, tende a se revelar o sofrimento dos sujeitos, em primeiro lugar diante da percepção da imagem de si mesmo, pela inconsistência do sentimento de continuidade de si e da permanência do olhar, da presença do outro. Toda essa problemática encontra seu verdadeiro e profundo norte, todavia, na identificação, com seu caráter inconsciente e multifacetado. Haveria uma modalidade de identificação cuja especificidade desempenha papel especial nos estados-limites? É por meio de vias produtivas e complexas, que culminam numa reflexão em cuja centralidade repousa o conceito de identificação, que se processa a pesquisa realizada pelo autor deste livro ao qual dedico este prefácio.

    A questão da identificação, carro-chefe neste material, está a serviço do incremento da compreensão dos estados-limites. Em seu trabalho, Leandro Rafael dos Santos, com rigor e riqueza teórica, propõe e demonstra como a identificação projetiva tem lugar especial nesses casos, explorando o caráter capital dessa modalidade identificatória. Mostra o autor que se trata de elemento absolutamente incontornável nas múltiplas determinações e na busca de sobrevivência psíquica implicada nessa forma de existência ante a alteridade, ante a sombra do outro, muitas vezes apelando, diante disso, a defesas de caráter extremo. A dimensão de identificação projetiva, entrecruzada com aquilo que constitui obstáculo na relação do ego com o outro interno e com o outro externo, conforme sustenta essa pesquisa voltada para os estados-limites, é um de seus pontos cruciais e que tocam na gênese do narcisismo, na dinâmica pulsional e na das relações objetais. O material deste livro nos conduz ao acompanhamento da enunciação e do aprofundamento de frutíferas ideias, material cuja leitura recomendo vivamente.

    Marta Rezende Cardoso

    Professora titular do Instituto de Psicologia da UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica da UFRJ.

    Sumário

    INTRODUÇÃO 17

    CAPÍTULO I

    O EU E O OUTRO NOS ESTADOS-LIMITES 21

    1.1 Trauma e constituição das fronteiras egoicas 22

    1.1.1 O trauma e o excesso pulsional não simbolizável 23

    1.1.2 Defesas primárias: considerações gerais 27

    1.1.3 O apelo às defesas primárias nos estados-limites 31

    1.2 Trauma e relação objetal: aspectos narcísicos e objetais nos estados-limites 34

    1.2.1 O campo da relação primária 34

    1.2.2 O campo da relação edipiana 37

    1.2.3 As angústias básicas diante do outro nos estados-limites 40

    1.3 Identificação narcísica e estados-limites 44

    1.3.1 Identificação narcísica e consolidação dos limites egoicos 44

    1.3.2 A servidão ao outro 52

    CAPÍTULO II

    A QUESTÃO DA INCORPORAÇÃO NOS ESTADOS-LIMITES:

    PERDA E INSISTÊNCIA DO OBJETO 57

    2.1 Limites da identificação 57

    2.1.1 O modelo da melancolia como paradigma da incorporação 58

    2.1.2 A conceituação da introjeção em Sàndor Ferenczi 61

    2.1.3 A incorporação em Ferenczi: a noção de identificação com o agressor 64

    2.2 A singularidade da incorporação 68

    2.2.1 A negativização do objeto 69

    2.2.2 O complexo da mãe morta 72

    2.2.3 Aspectos pulsionais no processo de incorporação 75

    2.3 A noção do duplo e o problema da interiorização 79

    2.3.1 O estranho em Freud 80

    2.3.2 Duplo e relação de tipo narcísico com o objeto 87

    CAPÍTULO

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