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Meu chefe dominador
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E-book444 páginas6 horas

Meu chefe dominador

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Sobre este e-book

Mariana é uma garota totalmente aberta e nada careta. Para ela, ficar (ou transar) com alguém que não seja seu namorado/noivo/marido não tem problema algum, principalmente porque ela ama sua vida de solteira e a liberdade que tem de poder ficar com quem quiser. Porém, não pode ter tudo o que quer, como por exemplo: o seu chefe.
Ela não sabe nada a respeito dele. Mal sabe que ele não é quem imagina e que pode ser muito dominador tanto no trabalho quanto fora dele. Mas será que a vontade de tê-lo é grande o suficiente para suportar as suas propostas, além de tudo o que vai ter que abrir mão, os segredos que terá que manter e, pior ainda, a confusão que esse homem irá causar em sua vida?
IdiomaPortuguês
EditoraEditora PL
Data de lançamento11 de mar. de 2016
ISBN9788568292518
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    Livro muito bom mesmo, gostei muito de ler. É incrível.

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Meu chefe dominador - Clarisse Albuquerque

Copyright © 2016 Editora Planeta Literário

Copyright © 2016 Clarisse Albuquerque

Capa: Renata Vidal

Revisão e Copidesque: Carla Santos

Diagramação Digital: Carla Santos

ISBN: 978-85-68292-51-8

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998.

Nenhuma parte dessa obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma, meio eletrônico ou mecânico sem a permissão do autor e/ou editor.

Capa

Folha de Rosto

Créditos

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Capítulo 21

Capítulo 22

Capítulo 23

Capítulo 24

Capítulo 25

Capítulo 26

Capítulo 27

Capítulo 28

Capítulo 29

Capítulo 30

Capítulo 31

Capítulo 32

Capítulo 33

Capítulo 34

Capítulo 35

Epílogo

Biografia

Saiba mais sobre a Editora PL

Acho tão hipócritas essas pessoas, principalmente mulheres, que ficam dando uma de certinhas e criticam o máximo que podem as que gostam de curtir a vida. O que elas têm a ver com a vida daquelas que gostam de beijar na boca e fazer sexo com uma pessoa que não seja namorado/noivo/marido? Ok. Posso estar me excedendo um pouco na defesa dessas mulheres — eu estou incluída —, mas acho extremamente irritante quando juntamos um grupinho de garotas para conversar sobre assuntos que não podem ser ditos perto dos homens, como, por exemplo, quantas vezes você fez sexo na última semana. As comprometidas nunca falam sobre isso com as amigas na frente do parceiro, porque, caso o número seja baixo, o sujeito fica extremamente tímido.

Como deu para perceber, não me enquadro no grupo de comprometidas. Sou livre, leve e loira. Não gosto de me prender a ninguém. Prefiro ser solteira e poder ficar com quem quiser. Gosto de ter a liberdade de escolher, não fazer sexo com a mesma pessoa todos os dias, e pior ainda, todos os dias durante toda a minha vida, se eu cogitar a ideia de me casar algum dia. Casamento está fora dos meus planos. Só de ouvir essa palavra, já sinto um arrepio e uma vontade louca de sair correndo. Devo ter um espírito masculino, pois são os homens que costumam ter fobia a casamentos.

Natália, minha melhor amiga, diz que sou uma devoradora de homens. Fala que sou uma espécie de Iara que os enfeitiça e os deixa sob seu comando. Isso não chega a ser mentira. Mas o fato é que não é preciso ser muito entendida do assunto, ou a mulher mais foda do planeta. Homens são fáceis de conquistar, principalmente se você quer transar com eles — porque eles sempre querem transar com você. Se você tiver peito, usar um decote e andar com a bunda meio empinada, eles caem que nem patinhos. Não sei como existem mulheres que sofrem por causa deles. Pelo amor de Deus, não vale a pena!

Nós moramos juntas há pouco mais de um ano. Não tenho paciência nenhuma com meus pais e não aguentava mais morar com eles e o insuportável do meu irmão, que vivia me chantageando e ameaçando contar para eles com quantos caras eu saía ou com quem eu transei. Por mais que pareça, não sou nenhum tipo de piranha, mas qualquer número acima de um — e que não seja seu namorado/noivo/marido — é altíssimo para a mente careta dos meus pais.

Se eles sabem que fico com um número acima de um, eles vão pirar. E pirarão mais ainda se souberem sobre o que ando pensando. Alguns pensamentos vêm me atormentando há algumas semanas. Desde que o conheci, levo longos minutos para conseguir dormir por ficar pensando nele e o imaginando nu, me tocando, dentro de mim. Sei que é uma merda ter esses pensamentos, mas são mais fortes que eu. Quando não são apenas pensamentos, às vezes, são sonhos. Mas sonhos nunca saem do inconsciente para a realidade, não é? Bom, talvez se tornem. Mas não com nossos chefes.

— Uva ou morango? — Hugo, um carinha que conheci na boate ontem à noite, pergunta com dois envelopes de camisinha nas mãos.

— Morango — respondo.

Odeio camisinha de uva. Acho muito enjoativo. Na verdade, não sou muito fã de camisinha com gosto. Se pudesse, faria sem, mas como é preciso, tento optar pela menos pior. No caso, a de morango ou a sem gosto —, que prefiro mil vezes a qualquer sabor.

Hugo abre o pacotinho e tira a camisinha de dentro dele. Ele é um gatinho de cabelos castanhos e olhos castanho-claros e possui uma tatuagem no braço esquerdo, que ainda não consegui identificar. O único problema é que ele é meio lento. Beija bem, tem pegada, mas até agora não me agarrou e começou a me foder logo. Odeio a demora quando estou louca para fazer sexo.

Aproximo-me um pouco mais dele e pego a camisinha da sua mão. Passo a mão por cima do seu pau e o seguro, apertando-o um pouco e afrouxando em seguida. Se não agir logo, é capaz da noite acabar e ele não colocar a droga da camisinha. Espero que fodendo ele seja melhor do que tentando colocá-la.

— Desse jeito, eu vou gozar e você não vai conseguir colocar a camisinha — fala ele entredentes.

— Desculpe. — E dou um sorrisinho.

Finalmente, consigo colocar a bendita camisinha e alguns minutos depois, me masturba e me deixa molhada. Mesmo tendo demorado um pouco para achar o ponto exato para me deixar bem excitada — pelo menos nisso ele é bom —, finalmente começa a meter.

Não foi a melhor foda da minha vida, mas serviu para me saciar.

***

— Com quem você estava até agora? — Natália pergunta assim que entro no apartamento e acendo a luz da sala.

Me jogo no sofá e tiro os sapatos de salto que estavam começando a machucar meus pés.

— Com um carinha que conheci ontem — conto.

— Ele é o terceiro que você sai esse mês, né? Você não cansa? — pergunta de um jeito que me faz lembrar uma mãe, mas um pouco mais evoluída.

Dou uma risadinha.

— Transar não cansa, Nat. Você deveria começar a praticar. Tenho certeza de que irá gostar.

Sim. A Natália é virgem. Agora podem fechar a boca, porque sei que as pessoas ficam boquiabertas ao saber que uma garota de 22 anos é virgem. Eu também ficaria, mas conhecendo a Nat como conheço, isso não é uma coisa impossível. Ela é meio careta, do tipo que quer perder a virgindade com o namorado, príncipe encantado, ou seja lá o que for. Acho bobeira, mas cada um com sua opinião, né?

— Sei que você estava muito preocupada comigo, mas pode ir dormir, porque já cheguei — falo. — Ah, e fique tranquila porque eu usei camisinha, mamãe. Sabor morango — falo, passando a língua pelos lábios e rindo.

— Sua nojenta. Não quero saber os detalhes! — diz ela, pegando uma almofada e atirando em minha direção.

— Sério? Eu ia te falar do...

— Cale a boca! — grita ela, me interrompendo.

Começo a rir. Sempre faço isso com ela, mas nunca chego a contar nada. Em seguida, me levanto e paro perto dela.

— Posso ir dormir agora?

— Toma um banho antes. Você está cheirando a sexo — manda Nat.

Ela tem mania de falar que estou cheirando a sexo. Como se quem fizesse sexo exalasse um cheiro. Acho que isso é psicológico, ou maluquice dela. Vai saber.

— Sexo tem um cheiro bom, né? — pergunto parando na porta do meu quarto e inspiro profundamente só para provocá-la.

Entro no quarto antes que ela me jogue outra almofada e arrumo minha roupa de dormir para ir tomar banho.

Espero que essa noite eu tenha um sonho normal e não um em que estou transando com meu chefe. Não aguento mais ter esses sonhos com ele. Nunca sonhei com ninguém que fico, muito menos com quem nunca sequer dei um beijo. Mas agora meu inconsciente deu de sonhar com o cara mais gostoso que já vi, e olha que já vi muitos.

Durmo e, infelizmente, não sonho com ele. Ok. Sei que disse que não aguento mais sonhar com ele, mas tenho que confessar que os sonhos são sempre muito bons. E eu sempre acordo molhada.

Levanto-me e me arrumo para ir trabalhar. Amanhã é véspera de Ano Novo e a loja vai ficar aberta até às nove da noite. Não sei o que as pessoas têm com o Ano Novo, ainda mais com o visual... Elas sempre resolvem comprar a roupa que vão usar na virada em cima da hora, o que gera um lucro tremendo para as lojas e um cansaço enorme para os funcionários, que têm que trabalhar igual a escravos até tarde da noite.

— Você vai trabalhar hoje? — Natália pergunta quando sai do quarto e dá de cara comigo tomando café. — Não sei se você sabe, mas está um pouco atrasada.

— Vou entrar meio-dia hoje, Nat — informo assim que termino de tomar o achocolatado.

Ela dá uma olhadinha para o relógio de parede, para o qual estou de costas.

— Acho melhor você se apressar, porque faltam vinte minutos para o meio-dia e o trânsito está uma confusão — comenta.

Levanto da cadeira num pulo e olho para o relógio. Cacete!

— Que droga! — praguejo. — Vou chegar tarde, Nat. A loja provavelmente vai estar um inferno hoje — digo, correndo até o banheiro para escovar os dentes.

Ela pega uma maçã na fruteira e dá uma mordida.

— Quer que eu lave alguma roupa sua? Vou ficar em casa o dia inteiro, posso fazer isso — diz parando perto da porta enquanto cuspo na pia.

— Tem uma bolsa com umas blusas em cima da minha cama. Se você puder lavar, eu serei eternamente grata — digo, enxaguando a boca.

— Ok, eu lavo pra você. — Ela sorri.

Seco a boca, vou até ela e dou um beijo no seu rosto.

— Nat, eu te amo — digo, saindo andando até a sala. — Sério! — Em seguida, pego a minha bolsa no sofá e vou em direção à porta.

— Também te amo, Mari. Mas ia amar mais se você tivesse mais juízo — completa.

— Beijinho, Nat! — Me despeço ao sair e fecho a porta para que ela não comece o mesmo discurso de minha mãe.

Por favor, eu tenho juízo. Sempre uso camisinha, até mesmo no sexo oral. Ok. Às vezes, no oral. Mas outras gosto de, digamos, ter contato com o pau da pessoa que estou chupando.

O ônibus está lotado. Fico em pé agarrada a um dos ferros feito uma barata encurralada na parede. Sinto-me esmagada feito uma sardinha enlatada e tem um cara fedendo do meu lado. O cheiro de suor está insuportável e acho que a moça que está sentada percebe — ou sente — e abre a janela, o que alivia um pouco o odor.

Chego ao shopping meio-dia e quatro e quando consigo chegar à loja já são meio-dia e dez. Dez minutos atrasada. Merda!

Meu chefe não fica muito na loja, mas ele não é um dos maiores fãs das pessoas que se atrasam. Para foder com tudo de uma vez e piorar a situação, ele está na loja. Justamente hoje que me atrasei. Merda, merda!

Corro até a área de funcionários e guardo a minha bolsa. Quando volto, dou de cara com ele.

— Bom dia! — cumprimenta.

Tento não encarar seus olhos verdes e nem olhar para seu cabelo preto que faz com que minha mão tenha vontade de agarrá-lo.

— Bom dia! — digo após alguns segundos.

— Atrasada? — pergunta, levantando uma das sobrancelhas.

Cacete! Ele fica ainda mais sexy com uma das sobrancelhas levantada, pensei.

Umedeço os lábios tentando conter o nervosismo que sinto — tanto por ter chegado atrasada quanto pelo modo como sua presença me afeta.

— Sinto muito. O ônibus estava muito cheio e acabou atrasando — minto, tentando me explicar.

Ele levanta uma das mãos.

— Todos sabem como fica o trânsito nessas épocas de festa. Se quisesse chegar no horário, sairia mais cedo de casa — comenta ele, em um tom nada amigável.

Ok. Ele está me dando uma bronca por que cheguei dez minutos atrasada? Puta que pariu!, penso.

— O senhor está certo. Desculpe. Não vai acontecer novamente — digo, abaixando a cabeça.

Não sou de abaixar a cabeça para ninguém, mas ele é meu chefe e, por mais que eu odeie admitir, ele está certo. Eu podia ter saído mais cedo de casa, mas não aguentei porque cheguei tarde ontem à noite.

Levanto a cabeça e vejo que ele está me encarando. Seus olhos verdes estão fixos no meu rosto e uma pequena ruga é visível no meio de sua testa devido ao olhar tão... penetrante que ele está me dando.

— Espero que não — diz e sorri, não parecendo em nada com o cara que falou ríspido comigo há alguns minutos. Será que ele sofre algum tipo de bipolaridade ou ele está apenas sendo simpático por que percebeu que agi como um cachorrinho com o rabo entre as pernas quando falou comigo?

Ele chega para o lado e me dá passagem. Vou andando para o meio da loja, sentindo um pouco de calor que não estava sentindo anteriormente.

Dou uma olhadinha discreta para trás quando paro perto de uma das araras de roupa e vejo que ele está me olhando. Viro rapidamente e cumprimento uma cliente que chega.

Enquanto acompanho a cliente, segurando alguns cabides de roupas que ela quer experimentar, olho ao redor em busca dele. Ele está no caixa agora. A mulher que está pagando está com um enorme sorriso no rosto ao observá-lo passar o cartão dela na máquina. Que estúpida! Será que todas as mulheres ficam assim ou acuadas como eu quando estão perto dele?

— Vou experimentar essas. — A cliente, uma mulher com cara de trinta e poucos anos, fala, indo em direção aos trocadores.

Acompanho-a e espero do lado de fora para dar uma opinião, segundo ela.

Enquanto ela está lá dentro espero do lado de fora, olhando as vendedoras e as clientes que estão olhando as diversas roupas. Ele continua lá no caixa, mas agora está sozinho. E está me olhando. Ai, Deus! Ele está tão sexy com uma blusa azul-clara e uma calça jeans. E está me olhando. Já falei isso, né? Mas ele continua me olhando.

Ele tem um olhar tão profundo. Acho que se existisse aquelas coisas de vampiros, hipnose e tal, com toda certeza, conseguiria hipnotizar alguém sem esforço algum, por mais que eu ache que ele já faça isso.

Ao invés de virar e dar as costas para ele, cruzo os braços e o encaro para ver se para de me olhar. Que merda! Ele quase nunca está aqui e quando está fica me olhando. Eu não ia ligar se estivéssemos em uma balada e um gato como ele estivesse me olhando, até iria pra cima. Mas aqui? Aqui é meu trabalho e... ele é meu chefe! E não sei nada sobre ele. Vai que é casado, tem filhos, cachorro e essas coisas tolas. Gosto de caras gostosos, mas não de gostosos casados.

Ele sustenta o seu olhar por longos segundos, até que a cliente me chama e antes que eu me vire, ele dá um sorrisinho de canto totalmente sexy e desvia o olhar para o computador à sua frente.

É coisa da minha mente pervertida que tem sonhos eróticos com ele, ou ele estava realmente flertando comigo?

A loja ficou mais movimentada ontem e hoje, véspera de Ano Novo, do que na véspera do Natal. Acho que as pessoas gostam de começar o Ano Novo com roupas novas. Vai saber.

Ontem trabalhei até as dez. A loja fechou as nove, mas tivemos que continuar lá para terminar de atender os clientes que ainda compravam e para arrumar a bagunça de roupas.

Você deve estar pensando se o gostoso do meu chefe permaneceu no caixa até esse horário. A resposta é não. Ele ficou lá por quase uma hora, mas saiu assim que Alice, a menina do caixa, voltou do almoço. Depois disso, não faço ideia para onde ele possa ter ido. Talvez deve ter ido viajar. Afinal, era o penúltimo dia do ano. As pessoas costumam fazer isso.

Hoje é o último dia do ano e, graças a Deus, trabalhei só até às cinco horas. Pelo menos, estou tendo tempo de me arrumar para a virada, que iremos passar na cobertura do pai de um colega de faculdade da Nat. Agora me diga, por que um carinha com pai com dinheiro nos convidou para passar a virada em sua cobertura? Não sei por que, mas posso dar o palpite que seja porque ele está de olho na Nat. Ela finge que não vê, mas tenho certeza de que sabe que ele está a fim dela. E é uma idiota se não der uma chance para ele. Não porque ele tem dinheiro, mas porque ele é gatinho e a trata superbem.

— Você acha que esse vestido está muito curto? — Nat pergunta entrando no meu quarto e parando na minha frente, fazendo com que desvie a atenção do meu cabelo para ela.

Olho o vestido branco de renda, até quase no joelho, e volto a olhá-la.

— Se você não quiser parecer uma freira, esse tamanho está ótimo — afirmo. Quando digo que o tamanho está ótimo, quero dizer que está ótimo para ela, mas para mim está um pouco comprido. Não gosto de roupas curtíssimas, mas gosto de usar shorts, vestidos e saias que mostrem as minhas pernas. Malho o ano todo para mantê-las bonitas e não vou mostrá-las?

Ela me empurra um pouco para o lado, fazendo com que o secador quase caia da minha mão e se olha no espelho.

— Você acha que eu deveria ir de longo? Talvez fique mais elegante porque...

— Nem pensar! — interrompo-a. — Pare com essa mania de só usar longo e calça jeans, pelo amor de Deus! Se você tivesse as pernas feias, eu até concordaria. Mas as suas pernas são lindas, Nat. Aproveita que você tá podendo — Chego mais perto dela e a olho pelo espelho. — e que tem um gatinho a fim de você — completo sorrindo. —, para mostrar essas pernas lindas que Deus te deu.

— Não tem nenhum gatinho a fim de mim — diz, saindo da frente do espelho. — Mas tudo bem. Vou com esse aqui mesmo. Obrigada — diz e sai do quarto.

Balanço a cabeça e continuo secando meu cabelo. Por que ela insiste em dizer que ele não está a fim dela? Aposto que no fundo ela também está a fim dele. Só não quer admitir.

Enquanto seco meu cabelo, penso no que aconteceu ontem entre mim e... meu chefe. Não é possível que ele estivesse flertando comigo, é? Acho que é fantasia da minha cabeça. Quando a gente está a fim de alguém, ou se sente muito atraído por uma pessoa — que é como me sinto em relação a ele —, a gente acaba fantasiando um monte de coisas e vendo coisas que não existem. Nossa mente prega essas peças na gente. Mas... não posso ter viajado tanto assim, posso?

Termino de secar meu cabelo e pinto a unha do indicador direito, que estrago sem querer batendo com a escova nela. Para não correr o risco de estragar de novo, fico assistindo televisão enquanto espero secar.

Natália não voltou aqui novamente. Deve estar se preparando para encontrar o coleguinha gato, mas ela nunca vai admitir. Acho que, de certo modo, ela tem medo. Medo porque, convenhamos, quando a gente sai com alguém quando somos mais velhas — sei que vinte e dois anos não é ser mais velha, mas vocês vão entender —, as ficadas não são somente beijos e no máximo uma passadinha de mão. É sexo. Todo mundo quando vai ficar com alguém, principalmente alguém gato, tem a intenção, ainda que inconsciente, de fazer sexo. Só que quando se é virgem a coisa fica mais complicada. Sei disso porque até perder minha virgindade, tinha medo de sair com um cara e ele querer transar comigo. Tinha medo de pagar mico em dizer que não estava pronta, que era virgem, ou até mesmo não saber o que fazer na hora do sexo. Ainda bem que isso passou.

Comecei a me arrumar e quando ia colocar minha blusa, Natália entrou perguntando se um sapato nude ficaria feio com o vestido. Como o vestido é branco, não vi problema algum. Por mais que eu preferisse um pouco de cor, caso fosse pra mim, falei que ia ficar ótimo.

Terminei de me arrumar, roupa, sapato, maquiagem, bolsa, carteira para levar maquiagem para retocar, e Natália ainda não tinha se maquiado. Ela sempre demora para se maquiar. Para não passarmos a noite aqui — e garantir que ela não vai passar um brilho incolor e uma sombra que nem dê para perceber que está de maquiagem —, mando-a sentar e começo a maquiá-la. Não passo nada chamativo, porque sei que ela pegaria o removedor e tiraria tudo. Faço uma maquiagem simples, com cores claras, que são bem a cara dela, e passo um batom nude, assim como seu sapato.

Modéstia à parte, mas o resultado ficou ótimo. Ela está ainda mais linda. Seus cabelos castanhos parecem ter sidos colocados nela para combinar perfeitamente com a roupa.

— Adorei, Mari! — diz, se olhando no espelho e sorrindo.

Viro para o espelho e me olho. Na verdade, olho as duas garotas refletidas lá. Uma, de saia vermelha de couro e blusa branca de tecido quase transparente — não é piriguetagem, é moda —, batom vermelho, uma sandália de salto bem alto e cabelos loiros. A outra, de vestido branco de renda, bons centímetros mais compridos, maquiagem com cores claras — diferente da minha, com o olho esfumado —, sapato mais baixo e cabelos castanhos. Eu e Nat somos o que as pessoas chamam de opostos. Não sei como moramos juntas, porque não temos nada a ver uma com a outra. Mas vai ver que seja por isso que damos certo, né? Essa coisa de que opostos se dão bem deve servir para a amizade também.

Nat pega a sua bolsa de mão, bem menor que a minha bolsa-carteira. Acho que ela está levando somente dinheiro e a chave ali dentro. Pegamos um táxi e alguns minutos depois, chegamos à cobertura do pai de Matheus, o colega que é a fim dela, mas ela não admite.

A única coisa que consegui fazer ao chegar na cobertura foi abrir a boca e olhar boquiaberta em volta, como se estivesse no País das Maravilhas. Nem reparei o apartamento quando passei por ele, só sei que a decoração é bem chique. Mas aqui, do lado de fora, é tudo tão... grande... e lindo. Assim que saímos do apartamento, demos de cara com uma piscina com uma iluminação linda de se ver. Ao lado dela, perto de um lugar onde eu chamaria de quase uma varanda, há um sofá de madeira com um estofado marfim que tem cara de ser caro. Mais à frente, onde as pessoas estão, tem um bar montado — um bar, igual a esses que a gente vê na tevê, com várias bebidas, alguns bancos altos na frente e um barman que faz meio que malabarismo com as bebidas —, do lado direito tem algumas mesas com cadeiras, onde algumas pessoas estão sentadas bebendo e conversando, e do lado esquerdo, onde estou no momento, tem uma... grade?, não sei como se chama. Uma grade onde estou debruçada admirada com a vista da cidade, que parece mais bonita aqui de cima. Com toda certeza é mais bonita aqui de cima.

Nat está conversando com Matheus e uns amigos da faculdade, sentada em uma das mesas. Ela faz sinal com a mão me chamando, mas sorrio e faço que não. Estou muito bem admirando a vista. O garçom, um rapaz com cara de vinte e poucos anos — ou menos — passa com uma bandeja e me entrega um copo com coquetel. Ele tem cabelo loiro meio arrepiado, um brinquinho na orelha e é bem bonitinho. Ele me dá uma piscadela antes de sair com a bandeja para servir aos outros convidados. Acompanho-o com o olhar e me viro novamente para a vista maravilhosa. O garçom está flertando comigo. Adoro quando vou a festas e os garçons flertam comigo. Isso me excita.

— Olá! — Uma voz de homem me cumprimenta e me viro para olhar. Engulo em seco ao ver quem é e

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