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Saia do piloto automático e lidere seu destino
Saia do piloto automático e lidere seu destino
Saia do piloto automático e lidere seu destino
E-book471 páginas7 horas

Saia do piloto automático e lidere seu destino

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Sobre este e-book

E se você pudesse controlar seus sentimentos e ter coragem e autoconfiança para lidar com as situações mais desafiadoras de sua vida? E se pudesse acessar seu interior a qualquer momento e romper com sua procrastinação e tudo o que o impede de avançar em suas metas para viver mais e feliz? É possível ensinar o cérebro a conduzir uma vida mais serena e com prosperidade financeira e em todos os outros papéis? Ainda mais nesta nova era em que podemos viver com saúde até os cem anos ou mais? Você já deve ter ouvido aquela música "deixa a vida me levar, vida, leva eu". Neste livro o autor responde e dá o caminho para você sair do piloto automático e liderar seu destino. Ele vai instigá- -lo a utilizar seu poder interior e sua liberdade de escolha para, enfim, ser dono do próprio nariz. Em Saia do Piloto Automático e Lidere seu Destino, você irá descobrir de uma forma surpreendentemente fácil como funciona o seu cérebro e por que, em 95% do tempo, temos um elefante interior que controla nosso dia a dia, fazendo mais do mesmo e lutando constantemente para evitar as mudanças que você quer promover em você e ao seu redor. Você será guiado a uma fascinante viagem de autoliderança e, acima de tudo, terá ferramentas para virar o jogo de sua vida pessoal e profissional, para viver uma vida que vale a pena.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de abr. de 2015
ISBN9788583381570
Saia do piloto automático e lidere seu destino

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    Pré-visualização do livro

    Saia do piloto automático e lidere seu destino - Domi Müller

    Dedico este livro a minha mãe, que, com amor e uma enxada na mão, me deu toda a inspiração para viver uma vida que vale a pena!

    Agradeço minha família, em especial às pessoas que mais amo na vida: meus filhos, Samanta, Vinícius e Joana, e minha mulher, Charlene. Vocês me concederam o privilégio de poder me dedicar a escrever este livro, me encorajando e incentivando a ir em frente mesmo quando meu Elefante interior queria fugir.

    A meus clientes, que se permitiram ao longo destes anos se desenvolverem por meio dos programas que ministro, e que me dão a cada dia a oportunidade de realizar minha missão de elevar a performance das empresas e pessoas pela transformação do ser humano.

    APRESENTAÇÃO

    Livro magnífico! A sabedoria de abrir os olhos e sugestões práticas em Saia do piloto automático e lidere seu destino vai revolucionar sua vida e sua liderança. Faça o que Domi Müller diz e verá os seus maus hábitos desaparecerem e surgir hábitos vencedores. Repleto de exemplos e exercícios de valor inestimável. Engaja sua cabeça e seu coração. Ler este livro agora é começar a sua transformação!

    Richard Daft, professor de Gestão da Vanderbilt University e autor de O Executivo e o Elefante

    Ao longo da minha vida sempre surgiram pessoas ou melhor anjos da guarda que abriram os meus olhos, a minha mente e portas que tornaram os meus sonhos realidade. Que me levaram a me apaixonar e virar designer, usar computadores etc. etc… O encontro com Domi e este livro é uma destas portas para levar o meu universo de design e vida para uma nova dimensão.

    Hans Donner, designer

    Durante toda a sua jornada Domi teve ricas experiências pessoais e profissionais. Promoveu a transformação de muitas pessoas e mixando tudo, agora nos presenteia com este livro, que desafia nossa capacidade empreendedora para que lideremos nosso destino. A autoliderança é a palavra chave para nosso sucesso pessoal e profissional, e este livro nos mostra que ela é possível e está ao alcance de todos.

    Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário

    Conheço Domi Müller, ou amigão, como costumamos nos chamar, há mais de 20 anos, e quanto mais o tempo passa, mais me surpreendo com sua capacidade de liderar e fazer coisas diferentes sem nunca perder o foco no empreendedorismo. Em Saia do piloto automático e lidere seu destino, Domi mistura o lúdico com a técnica para despertar a importância da liderança em nossos próprios destinos na vida pessoal ou profissional, de uma forma didática e de fácil leitura. A visão de longo prazo que sempre o acompanhou parece ressaltar a importância que daremos à construção de um futuro melhor para nós mesmos e à consolidação de nossos propósitos e valores.

    Ricardo Bomeny, presidente da Bffc (Bob's)

    Em Saia do Piloto automático e lidere seu destino, Domi Müller mostra um caminho de inspiração para líderes. Quando conseguimos transformar erros em aprendizado e evitar repeti-los, descobrimos oportunidades nunca antes imaginadas. Ter uma visão de futuro, tanto para empresa quanto para sua vida pessoal, é de fundamental importância, assim como também colocar foco, entusiasmo e otimismo para buscar sucesso pessoal e profissional. Obter o engajamento de sua própria cabeça e coração, bem como de um time de trabalho, é o grande desafio para ter êxito neste novo século. Domi Müller desenvolve as lideranças da Bibi, equipes de vendas e franqueados, com resultados transformadores na forma de pensar e agir das pessoas.

    Marlin Kohlrausch, presidente da Calçados Bibi

    Inspirador, objetivo e prático. Nesta obra, Domi consegue conversar conosco de forma leve durante a narrativa e passar exemplos reais, dicas e ferramentas para o desenvolvimento pessoal e profissional. Aprender com as histórias passadas e aplicar no dia a dia as lições práticas podem direcionar o rumo de sua vida para melhor. Considero uma leitura obrigatória para pais, líderes ou qualquer pessoa que deseje liderar o seu destino e ser um real vencedor.

    Rodrigo Abreu, presidente da Alphagraphics Brasil

    Querido leitor,

    Este livro foi escrito para você desenvolver sua mente (Condutor) e seu coração (Elefante interior).

    Ao mesmo tempo em que agradeço que me permita inspirá-lo, desafio-o a Sair do Piloto Automático, trilhar esta jornada de desenvolvimento e liderança pessoal e escrever para mim sobre seus avanços em www.domimuller.com. Juntos estaremos conectados e apreciaremos sua evolução e superação.

    Contem comigo!

    Domi Müller

    "Não se pode ensinar alguma coisa a um homem;

    apenas ajudá-lo a encontrá-la dentro de si."

    Galileu Galilei

    INTRODUÇÃO

    Líderes em todos os níveis comandam milhares de pessoas e infinitos outros recursos. Quem olha de fora tem a impressão de que eles estão no controle de suas vidas e de seus negócios. Mas por dentro, será que eles têm esse domínio? Como liderar uma família, uma corporação, uma comunidade, uma cidade ou um país se, ao final do dia, você se dá conta de que aquilo que mais importa (você) ficou para amanhã?

    Este livro é destinado às pessoas que querem liderar seu destino, fazer a vida valer a pena e deixar um legado. Ele foi escrito a partir das vivências do autor como empreendedor e especialista em neuroliderança. Há mais de 30 anos, Domi Müller lidera e desenvolve pessoas. Seus programas já transformaram milhares de pessoas, em especial por meio do S.P.A. (Saia do Piloto Automático e Lidere seu Destino).

    Só temos o direito de liderar outras pessoas – na família, política, trabalho ou comunidade – se soubermos liderar a nós mesmos. Este livro trata de autoliderança, o que significa que você irá desenvolver suas quatro inteligências (mental, física, emocional e espiritual), para então liderar outras pessoas. Domi Müller já está escrevendo a sequência deste livro, sobre a liderança do outro, com a qual você terá ferramentas para liderar e influenciar as outras pessoas – o lançamento ocorrerá durante o ano de 2016.

    Esta obra foi desenvolvida em dez capítulos, que abordam todos os aspectos sobre liderar o seu destino. Ao final de cada capítulo, você poderá anotar metas e desafios que queira lançar e alcançar, utilizando as ferramentas e técnicas apresentadas.

    Se preferir, esses mesmos desafios podem ser desenvolvidos no site www.saiadopilotoautomatico.com/plano-de-acao, no qual você encontrará ferramentas para construir um plano de ação e monitoramento para o alcance e superação deles.

    Ao longo dos dez capítulos, você conhecerá a história de Luca, um menino que irá transformar-se num líder empreendedor, fazendo com que você, leitor, assuma a torcida e acompanhe sua evolução.

    No capítulo 1, você vai acompanhar o nascimento de Luca e conhecer sua família. Vai conhecer como funcionam as duas partes de nosso cérebro, o lado racional e o lado intuitivo/emocional, por meio do Elefante e do Condutor, uma metáfora da neurociência para nos fazer entender como esses dois sistemas tão complexos podem ser facilmente compreendidos.

    Liderar seu destino se tornará mais leve e mais divertido quando conhecer esses dois personagens que todos temos dentro de nós. Você vai compreender como conduzir com seu Elefante e sua manada, inclusive descobrindo por que seu Elefante vai relutar tanto em ler este livro.

    No capítulo 2, irei mostrar que você já nasceu proativo e que, por questões genéticas, traumas ou experiências inconscientes, ao longo de sua infância ou outros momentos de sua vida, pode ter se tornado reativo – e isso o está impedindo de avançar. A pessoa proativa é aquela que lidera seu destino, que sabe contornar e superar os desafios que a vida apresenta com liberdade de escolha e muito foco.

    No capítulo 3, você descobrirá que um Elefante solto incomoda muita gente, em especial a nós mesmos. Trabalharemos com 15 ferramentas para conduzir seu Elefante com tranquilidade em todos os aspectos da vida, sejam de alegria, sejam de euforia, tristeza ou dor. Ensinaremos como liderar e controlar suas emoções em momentos cruciais da vida, pelos quais todos passamos. Você dominará ferramentas para lidar desde uma pequena situação de trânsito que o irrita até uma situação-limite de doença terminal.

    No capítulo 4, você se dará conta de que viverá até os cem anos, portanto, tem uma vida inteira pela frente. Todos vivemos o limiar de uma nova era, na qual viveremos 30 ou mais anos além do que prevemos quando nascemos. E agora? O que fazer com toda uma nova vida adulta que ganhamos? Vamos explorar esse novo paradigma e como sair do piloto automático de continuar acreditando que viverá só até os 70 anos, além de ajudá-lo a compreender o impacto que isso terá em sua vida, demonstrando a importância de liderar seu Elefante para ter uma vida que valha a pena, mais longa e feliz.

    No capítulo 5, você poderá avaliar se está vivendo em seu propósito de vida ou se está fazendo mais do mesmo sem ir a lugar algum. Vamos ajudá-lo a refletir sobre o porquê de estar aqui neste planeta, quais os seus talentos, sua paixão, seus valores, e como conduzir seu Elefante para sair do piloto automático e ir em busca de sua voz interior, seu propósito de vida. Você descobrirá que sempre haverá tempo, se você assumir as rédeas de sua vida e decidir liderar seu destino.

    Você também descobrirá que podemos ter mais de uma voz interior, atuando ao mesmo tempo ou em épocas diferentes. Como vai viver até os cem anos, talvez queira mudar de profissão ao longo da vida, e por que não retomar aquele sonho de infância de ser médico ou ator?

    No capítulo 6, você conhecerá o líder próspero, ou seja, a pessoa que tem prosperidade nos oito papéis de nossa vida, compreendendo que dinheiro não é sinônimo de sucesso; sucesso é o equilíbrio entre o que ama e o que faz, alinhado com suas prioridades de vida. Vai poder fazer uma avaliação de quais são suas prioridades e também poderá fazer um Check-Up do Líder Próspero, para avaliar seu grau de liderança próspera e quais crenças e lacunas deverão ser superadas para tornar-se um.

    No capítulo 7, descobrirá do que foi feito. Verá que sua voz interior está associada a valores de sua infância, sua escola e o meio em que vive e viveu, e que caráter é fundamental para ter sucesso. Em nível mundial, o caráter e os valores cada vez mais estão permeando as relações e negociações, e você verá como isso está impactando nos negócios e na vida

    No capítulo 8, vou demonstrar que pior que ser cego é não ter visão, tanto para sua empresa quanto para sua vida pessoal. Vou ressaltar a importância de ter metas para liderar nosso Elefante interior, saber colocar foco e entusiasmo para alcançá-las e ter sucesso pessoal e profissional. Você conhecerá a fórmula ELEFANTE para realizar sua visão e liderar seu destino em direção a uma vida que vale a pena.

    No capítulo 9, você descobrirá ferramentas da neurociência sobre o poder do foco, a importância e as descobertas sobre o poder do pensamento positivo e como ter entusiasmo para realizar aquelas atividades fundamentais para uma vida valer a pena – aquelas que nosso Elefante resiste em fazer.

    No capítulo 10, você compreenderá que, dominando sua autoliderança, utilizando suas quatro inteligências, estará apto para liderar a sua manada de Elefantes, na sua família, comunidade, trabalho ou política.

    Lembre-se de que, quando estiver lendo este livro, estará adquirindo conhecimento. Quando estiver aplicando e praticando essas ferramentas, fazendo diferença na sua vida e nas das outras pessoas, estará definitivamente vivendo uma nova era, a era da sabedoria.

    Pedro Mello está na sala de cirurgia, prestes a assistir ao nascimento de seu segundo filho, Luca. Casado há 14 anos com Monique, eles têm uma filha, Júlia, de nove anos, uma linda e afetuosa menina de olhos verdes que está na recepção e espera ansiosamente notícias sobre o irmão e a mãe. A família chegou ao hospital às 6h da manhã, com Monique tendo contrações regulares desde lá.

    Pedro desafiou-se a assistir ao parto, motivado pelo pediatra das crianças. Embora sendo calmo, ele sabia que poderia desmaiar, pois desde que se conhece por gente, sempre que via sangue, tinha uma sensação incontrolável de perder os sentidos. Ele herdou essa fobia de sua mãe. Quando criança, sempre ouvia ela dizer que não podia ver sangue que desmaiava, e por isso ele também era assim.

    São 9h da manhã, e o pediatra chega com uma hora de atraso. Pedro pega na mão gelada de Monique para apoiá-la e observa o movimento da equipe médica ao redor da mesa de cirurgia. As contrações já estavam ocorrendo havia mais de três horas, e se tornaram ininterruptas.

    O parto será por cesariana, e o procedimento tem início. Pedro, percebendo toda aquela movimentação, deixa-se inebriar pelo cheiro de éter que penetra em suas narinas. Seu sangue parece descer completamente da cabeça para o estômago, deixando-o sem forças para ficar de pé.

    Quando acorda, está sendo atendido por um enfermeiro, e Luca já havia nascido, com o cordão umbilical enrolado ao pescoço. A essa altura, o bebê busca, com um ímpeto natural de quem chegou ao mundo, expelir o mecômio que aspirou durante o parto. O pediatra pega-o em seus braços como se fosse um boneco inflável sem ar, aplicando o procedimento que faz Luca alcançar sua primeira vitória e chegar ao mundo forte e saudável, tendo recebido nota dois e em seguida nota nove no teste de Apgar*.

    Pedro, agora recuperado, e sem entender muito o que havia ocorrido, é levado para a sala de parto para dar apoio a Monique, enquanto as enfermeiras dão o primeiro banho em Luca.

    Então apresentam-no aos pais, e está ali mais um ser humano, pronto para fazer diferença aqui na Terra.

    O pai vai à sala de espera do hospital para contar a Júlia, ansiosa que está para ver seu irmãozinho, que tanto pediu aos pais. Ela havia comido cinco pastéis pela ansiedade da espera, e agora tinha chegado a hora. Ela e o pai dirigem-se ao berçário e através de uma janela de vidro, observam Luca ainda chorando muito, como é comum a qualquer ser humano quando é repentinamente retirado do ventre materno para esta vida.

    Júlia sente uma sensação de amor e ternura encher seu coração com a visão de seu irmão, que a emociona e leva a rezar em voz alta, de felicidade. A pele alva e os olhos azuis de Luca faziam parte de seu sonho, que agora se realizava. Ela foi a maior incentivadora dos pais para ter um irmão, e a partir de agora, como que por uma força divina, passa a assumir e dar a seu irmão todo o amor e o afeto que uma irmã carinhosa pode dedicar e que uma mãe que sofre do transtorno de personalidade borderline não conseguirá.

    * Teste de Apgar: o teste de Apgar consiste na avaliação de cinco sinais: frequência cardíaca, respiração, musculatura, reflexos e cor da pele. Cada item vale dois pontos, e um bebê com nota máxima alcançará dez pontos. Na repetição do teste, cinco minutos depois, o bebê que atingir sete pontos é considerado em boas condições; quatro pontos ou menos indicam que sua adaptação deverá ser observada, com acompanhamento cuidadoso.

    4

    "Eu só posso controlar aquilo de que tenho consciência. (Condutor)

    Aquilo de que não tenho consciência me controla. (Elefante)

    A consciência me fortalece."Pensamento budista

    1.1 O Elefante, o Condutor e o caminho

    Você já se deu conta, ao final de um dia de expediente, de que trabalhou, trabalhou e não rendeu? Parece que não fez nada, embora estivesse o tempo todo ocupado? Nesse dia você estava no piloto automático, fazendo primeiro o que gosta, depois o que é mais fácil, deixando o que é mais importante para o final do dia, se houvesse tempo – e não houve.

    Durante essa jornada que vocês escolheram, de transformar o conhecimento em sabedoria, apresento dois personagens que irão permear todas as ferramentas e aprendizados aqui contidos: o Elefante e o Condutor, uma metáfora criada pelo neurocientista Jonathan Hardt em seu livro Uma vida que vale a pena para explicar que nosso cérebro é dividido em duas partes e como elas interagem para deixar a vida nos levar ou criar nosso próprio destino.

    Todos temos dentro de nós um Elefante e um Condutor. Esse Elefante tem em torno de sete toneladas, é pesado e muito preguiçoso. Adora ficar na zona de conforto, no piloto automático. Ele gosta do prazer imediato e que seja agora. Coisas importantes que não são urgentes, como fazer um check-up médico, uma previdência privada, exercícios físicos, não são com ele.

    Aquelas atividades profissionais mais desafiadoras ele costuma deixar para depois. Nosso Elefante fará diariamente sempre o que ele gosta primeiro, depois o que é mais fácil, e, se houver tempo, ao final do dia fará o que é mais importante.

    O Elefante aprende lentamente por repetição, e quando adestrado adequadamente tem grande parcela de responsabilidade pelos nossos sucessos. Ele também é responsável pelos nossos sentimentos mais profundos de amor, ódio, empatia, raiva, medo, compaixão e todas as emoções relacionadas.

    Ele é responsável por nossas decisões mais importantes, fazendo você levar para casa aquele gatinho abandonado que encontrou na rua ou se apaixonar por aquela colega de trabalho sem nem saber por quê. É ele que nos impede de embarcar no avião por medo e também de lançar aquele novo produto por falta de coragem. Ele representa o lado emocional e intuitivo que todos temos. O nosso coração.

    Pedro, ao desmaiar naquele momento tão importante do nascimento de seu filho, agiu no piloto automático de seu Elefante, que foi adestrado na infância por sua mãe, que desmaiava quando via sangue.

    1.2 Vivemos 95% de nosso tempo no piloto automático

    Já aconteceu de você dirigir até determinado lugar e, quando chegou lá, não lembrar por onde passou? Isso é Elefante no comando. É o piloto automático das nossas vidas. Pesquisas científicas apontam que vivemos entre 95% e 98% de nossa vida no piloto automático, ou seja, comandados por nosso Elefante. E mais, como nosso Elefante detesta sair da zona de conforto, ele tem comportamentos arredios, pessimistas, e é assustadiço.

    Experimente realizar qualquer atividade nova, mesmo que seja sair de casa e mudar o seu roteiro para o trabalho. Vai perceber o quanto seu Elefante irá resistir e, quando menos perceber, estará na empresa pelo mesmo caminho de sempre, liderado por seu Elefante.

    Um ser humano normal tem em torno de 60 mil pensamentos diários, 80% negativos, que são produzidos pelo piloto automático de nosso Elefante. O Elefante é a dor que procuramos evitar e o prazer que queremos sempre e agora.

    Desde a Pré-História até nossos dias, nosso cérebro não se alterou muito, segundo os neurocientistas. Quando o homem saía da caverna assustado com o que poderia encontrar pela frente e extremamente ansioso pela responsabilidade de trazer alimento para a família, já tínhamos esse software mental de sermos negativos, ansiosos e estressados. É semelhante a como agimos hoje, quando saímos de casa observando se não seremos assaltados, se fechamos a porta de casa, se estamos com a chave do carro, se nossos filhos estão bem, etc., etc. É o Elefante no seu mais alto grau de atividade automática e negativa.

    Diferentemente do que acontecia na Pré-História, em que o homem recebia descargas de estresse rápidas, como quando decidia lutar ou fugir de um predador, atualmente temos situações de estresse únicas que podem levar dias, semanas ou até uma vida para se resolverem – por exemplo, uma separação litigiosa ou uma ação judicial. Ocorre que nosso cérebro não foi concebido para ter estresse e pressão por longo tempo, e isso acaba resultando em doenças, muitas vezes crônicas, como as enxaquecas, e outras vezes fatais, como o câncer.

    1.3 Somos liderados pelo nosso Condutor durante 5% do nosso dia

    Por outro lado, temos também dentro de nós um Condutor de Elefantes. Ele tem o nosso peso físico – no meu caso, 90 kg – e pensa que pode conduzir meu Elefante de 7 toneladas. O condutor sabe racionalizar os pensamentos, é ponderado, analítico, gosta de planejar e adiar decisões. Ele toma decisões centradas em fatos e, por isso, é pragmático. O Condutor é responsável pelo nosso lado racional e analítico. As pesquisas científicas atribuem, em um dia de uma pessoa normal, somente entre 2% a 5% de atenção plena desse Condutor.

    O principal obstáculo para promover a autoliderança e a mudança duradoura para liderar nosso destino é o conflito de nosso cérebro, entre nosso lado racional/analítico (Condutor) e o lado emocional/intuitivo (Elefante), esses dois sistemas completamente diferentes, que ficam competindo pelo controle.

    Tudo o que queremos em nossas vidas, tal como um novo trabalho, um novo negócio, um relacionamento, um filho ou qualquer outro bem ou capacitação, está fora da nossa zona de conforto e, portanto, para ser alcançado, exige que o Condutor esteja no controle. Quando os esforços da mudança interior e exterior fracassam, normalmente a culpa é do Elefante e de sua visão de curto prazo.

    As mudanças que buscamos conquistar geralmente envolvem sair do piloto automático, para ampliá-las, preço que nosso Elefante não quer pagar. Ocorre que o Elefante tem grandes forças e crenças que podem boicotar as mudanças, e nosso Condutor tem grandes debilidades para lidar com esses boicotes. Quando superamos esse conflito entre nosso Elefante e o Condutor, as mudanças começam a aparecer.

    Sempre que tivermos que travar uma luta com nosso Elefante, é muito provável que, por sua força de 7 toneladas, ele irá vencer. Afinal, nossa condução é muito tênue, comparando o peso de cada um. Ao mesmo tempo, conduzi-lo cansa, e se tivermos que conduzir na força, ele sempre vencerá, pelo cansaço.

    1.4 Como nosso Elefante tira o Condutor do foco

    Nosso Elefante interior tem várias fórmulas para nos tirar do foco e levar nossa mente de volta ao piloto automático. No livro O Executivo e o Elefante, de Richard Daft, o autor destaca três meios de o nosso Elefante nos desviar de nosso foco.

    a. O Elefante juiz interior

    Quando estou viajando para uma conferência ou treinamento, muitas vezes pego meu Elefante juiz interior julgando pessoas que estão no avião. Às vezes, julgando sua aparência, seu notebook, sua roupa, seu celular. Esse é meu Elefante juiz interior, que se foca nos meus pontos fracos e nos das outras pessoas.

    A marca Dove criou uma campanha no YouTube – Você é mais bonita do que pensa – na qual os criadores conseguiram captar quão poderoso é nosso Elefante juiz interior. Eles contrataram um desenhista de retratos falados do FBI e convidaram algumas mulheres para conversar umas com as outras. Depois pediram para determinada mulher entrar em uma sala em que ela não enxergava o desenhista, e vice-versa. Ele apenas pedia para ela descrever seu próprio rosto e fazia o retrato dela.

    Logo após a mulher sair da sala, entrava outra que havia conversado com a mulher anterior. O desenhista passava a perguntar a essa segunda mulher como ela poderia descrever a mulher que ela havia conhecido e fazia o retrato falado novamente.

    Ao final, são mostrados, a cada uma das mulheres que tiveram seus desenhos retratados, os dois desenhos, o descrito por ela e o descrito pela nova conhecida. Em todos os desenhos feitos, a descrição feita pela outra pessoa era muito melhor que a descrição própria. Ou seja, nosso Elefante juiz interior nos julga negativamente, na grande maioria das vezes, muito diferentemente do que fazem as outras pessoas. Vale a pena olhar esse filme no YouTube e avaliar como funciona seu Elefante juiz interior.

    A maioria desses pensamentos negativos a respeito de nós mesmos é originada de nossa genética ou foi adestrada em nossa infância ou adolescência por nossos pais, familiares ou mesmo pelo bullying de amigos ou colegas de escola. Essas pessoas, que são ou foram tão importantes em nossas vidas, também são forjadas por juízes interiores que julgam e apontam os pontos negativos, afinal, os pensamentos delas também são 80% negativos. Um simples comentário a um filho de que ele tem o queixo grande pode levar a graves consequências emocionais ao longo de sua vida.

    Se você é ou vai ser pai ou mãe, tome muito cuidado com o que diz a respeito de seu filho já dentro da barriga da mãe, durante a gestação e durante toda a sua formação, até a idade adulta. Foque o tempo todo em palavras positivas, pois são elas que formarão a personalidade e a autoconfiança do Elefante dos seus filhos.

    Carla foi mãe solteira com 15 anos de idade. Sua filha, nascida em um ambiente de caos, com pouquíssimas condições financeiras, absorveu todas as angústias e medos de sua mãe, que, sem o apoio da família, teve de se virar como pôde para criá-la. Sua filha cresceu muito independente e ativa, o que levou os familiares a apelidarem-na de Bin Laden. O leitor já pode imaginar o que significa para uma criança, aos 4 ou 5 anos, descobrir o que significa seu apelido. Ela tornou-se a terrorista da escolinha e da casa. Tudo o que fazia tinha um tom de agressividade e destruição. Ao pegar um brinquedo, quebrava-o; ao conviver com outras crianças, brigava; e assim a vida foi se passando. Tão somente quando a criança chegou aos 9 anos, quando nos encontramos para desenvolver seu Elefante, é que a mãe se deu conta do absurdo que estava fazendo com a filha.

    Tão logo ela chegou em casa, orientou sua família – sim, agora ela já está casada e tem outra filha – para abandonar tal apelido e tratar a criança pelo seu nome, Letícia, além de observar qualquer pequena atitude positiva nela e elogiar, apreciar sinceramente. Ao longo do primeiro mês dessa mudança, Letícia já começou a responder com novas atitudes, tanto na escola quanto em casa, demonstrando o que pode acontecer quando nos focamos nos pontos fortes das outras pessoas, em especial em uma criança, cuja personalidade ainda está em formação.

    Gosto muito de uma frase de Peter Drucker, o pai da administração moderna, que diz que Uma pessoa jamais deve ser elevada à condição de líder, se ela foca nos pontos fracos, ao invés dos pontos fortes, das outras pessoas.

    Quando nosso Elefante juiz interior se destaca em nosso Elefante, ele nos critica e nos põe para baixo o tempo todo, diminuindo nossa autoestima e autoconfiança e colocando barreiras que nos impedem de liderar nosso destino. Ao mesmo tempo, nosso Elefante juiz interior, se muito proeminente, só consegue ver pontos negativos nas outras pessoas, desperdiçando talentos e oportunidades de inspirar pessoas a desenvolver-se e evoluir.

    Saber escutar seu Elefante e liderar a mudança, devolvendo palavras positivas, alimentando-o com entusiasmo, elogios e foco no que você e os outros têm de melhor, é uma das melhores formas de superar essa situação. Falarei disso mais adiante.

    Desirê é uma líder que participou do nosso programa S.P.A. (Saia do Piloto Automático e Lidere seu Destino) e conseguiu dominar seu Elefante juiz interior muito acentuado. Ela havia sido adestrada, em sua infância, com críticas de seus pais de que ela era feia e burra, e isso fez com que, ao longo de grande parte de sua vida até aqui, ela se visse com seu Elefante juiz interior julgando-a dessa forma e, consequentemente, julgando todos ao seu redor negativamente.

    Quando ela percebeu a força de seu Elefante juiz interior e começou a alimentar seu Elefante com suas qualidades e foco nos seus aspectos positivos, aos poucos passou a encontrar pontos fortes nas outras pessoas também. Como veremos adiante, alimentar nosso Elefante com palavras positivas, focando nas qualidades e nas ações positivas, significa ter um diálogo em voz alta entre nosso Condutor e nosso Elefante, mostrando nossas virtudes e aspectos positivos e também os das outras pessoas, e isso se faz com muita proatividade.

    Havia muitos anos que Desirê batia de frente com seu pai, que é alcoólatra. Ela repetia no piloto automático a mesma forma de se relacionar que aprendeu com ele próprio, ou seja, criticando e focando-se nos pontos fracos. Quando ele estava embriagado, o Elefante juiz interior dela o julgava impiedosamente, gerando atritos, brigas e distanciamento.

    Quando, proativamente, ela aprendeu a agir diferentemente, focando-se nos pontos positivos seus e de seu pai, começou a inverter o jogo a seu favor e a obter a atenção dele para a situação do alcoolismo. Agora ela já tem diálogo, já tem pontos fortes a valorizar nele e consegue ver esse desafio como uma doença que pode ser tratada, e não mais como um defeito de conduta de alguém que está errado o tempo todo.

    b. O Elefante advogado interior

    Temos também um Elefante advogado interior, que atua nos defendendo das causas mais perdidas. Quando erramos feio e não assumimos nossos erros, eles ficam fazendo parte do futuro, e se nosso Elefante interior for um forte advogado, é provável que não reconheça esse erro, às vezes por toda uma vida, embora isso afete profundamente nossa saúde e nossa felicidade.

    Fábio é um consultor de muito boa reputação em sua cidade. Participa ativamente nos clubes de serviços e igreja e tem uma família exemplar, esposa e quatro filhos, todos já adultos. Ele tinha um segredo não revelado: teve um filho fora do casamento, que assumiu com a mãe da criança, mas nunca contou para sua família.

    Fábio visitou essa criança anualmente por 13 anos, e, na última visita, seu filho pediu para conhecer sua outra família. E agora, o que fazer? Ele teve que reunir seus quatro filhos, esposa e netos e reconhecer seu erro. Envergonhado, quis sair de casa, embora sua esposa estivesse disposta a perdoá-lo e a receber a criança como um membro da família. Enfim, chegou o dia da visita do jovem, que foi recebido por todos com muita alegria e empatia.

    Tudo passou e foi assimilado pelos familiares, e então, Fábio, agora de consciência tranquila, teve um enfarte, como que uma descarga de todo o emocional que seu Elefante conteve por 13 anos. E quem estava ao lado dele no hospital? Sua esposa, a quem ele magoou com tamanha situação. Imagine que Elefante advogado interior precisamos ter para segurar tamanha defesa por tanto tempo, causando uma grande guerra interna entre Condutor e Elefante e gerando doenças e sofrimento para todos.

    Saber reconhecer quando estamos errados é uma das atribuições do Condutor, que, com muito caráter e foco, poderá liderar seu Elefante advogado interior e ter uma vida mais tranquila e feliz.

    Esse Elefante advogado interior pode ter sido forjado em nossa infância, especialmente se fomos educados pela dor, sendo punidos por nossos pais, muitas vezes com castigo físico, pelos erros cometidos. Como tínhamos que esconder tais erros, aprendemos rapidamente a desenvolver defesas interiores, criando desculpas e mentiras para evitar assumir o que devia ser assumido e, assim, escapar do castigo.

    c. O Elefante mágico interior

    Muitas pessoas têm um Elefante mágico interior acentuado, que cria e se ilude com situações impossíveis de serem realizadas. Esse é um dos maiores desafios nossos, e me vi em várias situações mágicas antes de conhecer melhor meu Elefante.

    O megaempreendedor brasileiro Eike Batista tem um Elefante mágico interior de muitas toneladas. Todos conhecem sua história, sua sagacidade e capacidade de empreender. A pergunta é: como um empreendedor tão inteligente e então já bilionário deixou seu Elefante mágico iludi-lo de que ele seria o homem mais rico do mundo em tão pouco tempo? Pelas contas dele, em entrevista à revista Exame de 2011, até 2015 ele seria o número um na lista dos homens mais ricos do mundo da revista Forbes. Seu mágico foi tão convincente que convenceu investidores de todo o mundo, brasileiros, americanos, árabes, europeus. O resultado todos já conhecem. O mercado perdeu, ele perdeu, todos perderam.

    Para avaliar se nosso Elefante ou o de outra pessoa está agindo como um mágico, faça-o responder à pergunta-chave para pôr os pés do Elefante no chão: como você vai fazer para realizar isso?

    Jonathan é líder em uma rede hoteleira que tem um Elefante mágico aguçado e criativo. Ele tem uma renda mensal de R$ 3.500 e queria comprar um automóvel Fusion 2012 no valor de R$ 70 mil. Ele tinha, para dar de entrada, um carro no valor de R$ 10 mil. Perguntei a ele como iria pagar o restante. E ele disparou: Vou dar um jeito. Nosso Elefante mágico adora quando o Condutor assume que vai dar um jeito, porque, na prática, nesse momento ele está sendo conduzido pelo Elefante, e lá na frente vai perceber o tamanho da dor de cabeça ao assumir um financiamento maior que seu próprio salário. Ou ainda, como foi o caso, ele ficou fantasiando aquele automóvel novo por dois anos, sem adquiri-lo e sem iniciar qualquer poupança que o levasse a alcançar sua meta num futuro próximo.

    Portanto, conhecer nosso Elefante e nosso Condutor, descobrir seus pontos fortes e pontos a melhorar nos ajuda a compreender nossas atitudes e nossos comportamentos e permite ao nosso Condutor realizar as ações necessárias para colocar o Elefante de volta ao chão e conduzi-lo com rédeas e foco.

    Nosso Elefante mágico interior muitas vezes nos faz correr determinados riscos desnecessários, acreditando em fantasias e em outros mágicos que nos rodeiam, às vezes nossos líderes, às vezes nossos liderados.

    1.5 Converse com seu Elefante interior e seja amigo dele

    Uma forma de lidar com o conflito entre o Condutor e o Elefante é utilizar o método de simulação de casos desenvolvido pela Universidade de Harvard. Esse método consiste em você conversar frequentemente com seu Elefante, em voz alta, em especial quando houver conflitos ou seu Condutor precisar liderá-lo em algum desafio novo e importante.

    Gilmar Roza é profissional da área de saúde e compreendeu perfeitamente o valor de

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