O Trabalho com Grupos em Contextos Comunitários
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Sobre este e-book
A obra apresenta algumas características e posturas essenciais ao facilitador ou mediador de grupos, bem como questões importantes ao cotidiano desses mediadores, alertando sobre desafios e riscos. Busca promover um exercício profissional comprometido com o fortalecimento do poder das comunidades.
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O Trabalho com Grupos em Contextos Comunitários - Camila Lisboa
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2018 dos autores
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
A todos aqueles que renovam em mim essa profunda crença no ser humano, em toda a sua potencialidade.
AGRADECIMENTOS
Um agradecimento especial à Prof.ª Roberta Vasconcelos Leite, por sua revisão cuidadosa e pelas palavras que muito agregaram à composição deste livro.
APRESENTAÇÃO
Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos.
(Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia)
Este livro nasceu do desejo de compartilhar uma experiência. Envolvida, há mais de dez anos, com a pesquisa e a promoção de grupos comunitários, vivenciei, na prática, a necessidade de encontrar referências que me auxiliassem nesse tipo de trabalho. Mais do que me aprofundar na teoria sobre o que são grupos e comunidades, precisava entender um pouco melhor sobre como atuar diante dos desafios que surgiam no meu cotidiano. Depois de algumas reuniões com grupos em diferentes contextos, resolvi dividir aqui as minhas próprias impressões. Não são absolutamente minhas, é claro. Elas são o fruto de tantas referências teóricas, que a memória não seria justa em citar. Surgiram ainda dos diálogos com meus professores do período e com colegas imbuídos do mesmo desafio. Essas impressões brotaram, acima de tudo, da interlocução com os próprios participantes dos grupos, de seus feedbacks e dos resultados, efetivamente, obtidos (exitosos ou não) com os encontros.
Penso que meu interesse pelo trabalho com grupos surgiu ainda na infância, quando brincava de ser professora. Rabiscava as paredes e simulava mil e uma discussões com alunos imaginários. Sonhava com aquilo que eu queria que acontecesse na minha sala de aula da vida real, onde teoria e a prática se fundiriam em atividades atrativas, grupais, dialógicas e cheias de sentido.
Fui ser psicóloga. Ainda na faculdade, ingressei num grupo de pesquisa que estudava trabalhadores da fruticultura irrigada do Nordeste. Um contato marcante para mim, por todas as histórias vistas e ouvidas. Aquelas pessoas narravam seus muitos exemplos de luta, descrevendo seus contextos de vida e trabalho, ora com otimismo, ora por meio de narrativas bastante sofridas, algo difícil de esquecer. Essa experiência me ensinou muito sobre vínculos comunitários, em sua relação com o contexto produtivo de um lugar.
O dia em que facilitei meu primeiro grupo foi um acaso, também no período da faculdade. Era estagiária de um centro de saúde. A técnica responsável pelas oficinas faltara – o que fazer com aquelas mais de 30 pessoas que se deslocaram para estar ali? Seriam dispensadas. Mesmo não sendo minha atribuição direta, eu observara todas as oficinas desde o primeiro dia do estágio. Estudara a fundo os temas que eram debatidos. Queria muito trabalhar na área. Com as pernas tremendo, me ofereci para assumir aquele grupo. Depois daquele dia, nunca mais parei.
Já formada, migrei para a área social, que descobrira ser realmente uma paixão. Iniciei um mestrado nessa área, no mesmo ano em que iniciei minha vida de funcionária pública. Queria estudar a dinâmica comunitária, suas relações e tradições. Foi um tempo de grande aprendizado – devo muito à comunidade de Morro Vermelho (MG) por isso!
Em todos os contextos, existem inúmeros desafios. Porém, depois de atuar nos âmbitos público e privado, posso dizer que, ao menos para mim, não existe lugar mais desafiador de trabalhar do que na área pública. Nela, as diretrizes das políticas públicas se misturam à diversidade de pessoas atendidas, limitações materiais, diversidade de perfis de profissionais que ofertam os serviços, interesses políticos envolvidos etc. Isso tudo exige atos quase heroicos de alguns funcionários públicos, que desejam apenas fazer bem o seu trabalho. O serviço público precisa estar aberto a acolher as solicitações que lhe chegam. Precisa também ir atrás delas, nas comunidades e em seus estilos próprios de organizar a vida.
Conto toda essa história porque, inevitavelmente, a minha escrita é recheada de elementos que se originaram dela. Minha experiência profissional e minhas impressões pessoais estarão presentes em cada página deste livro, de um modo nada imparcial. Desejo, sinceramente, que a minha narrativa possa agregar alguma coisa a você, leitor. Para mim, é uma oportunidade de revisitar algumas memórias e de aperfeiçoar o meu trabalho por meio de uma reflexão crítica sobre ele. Vejo também como uma chance preciosa de estar perto de você, um interessado no assunto, que também, quem sabe, desejará compartilhar as suas próprias impressões sobre ele. Espero sinceramente que sim.
Este não é um livro acadêmico ou que pretende fornecer uma fundamentação teórica exaustiva sobre o que é o trabalho com grupos comunitários. Antes disso, almejo chegar o mais perto possível do que representou a experiência prática para mim nesse tema. O objetivo é dividir algumas impressões e desafios que permeiam essa prática, na busca da tão almejada interlocução. Caminhemos juntos e construamos!
A autora
PREFÁCIO
Acreditar e apostar no potencial de mudança, em nível comunitário e pessoal. Lançar-se no trabalho com grupos aliando o conhecimento técnico à abertura e complexidade própria de cada contexto, com particular atenção à vitalidade humana que os constitui. Voltar-se para a experiência acumulada com os olhos da profissional e pesquisadora exigente, que busca sedimentar o saber construído na prática por meio de diálogos fecundos com teóricos do campo. Oferecer, com generosidade, o fruto de seus esforços, apostando, mais uma vez, no potencial de mudança que a interlocução com seus leitores pode engendrar.
É esse percurso que entrevejo inscrito nas páginas deste