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Testemunhas da Esperança
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E-book236 páginas3 horas

Testemunhas da Esperança

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Sobre este e-book

Fim da Guerra do Vietnã, 1976. O novo governo, marxista, prende as pessoas consideradas perigosas para o povo. Entre elas, o arcebispo católico François Van Thuan. Ele passa treze anos no cárcere, nove incomunicáveis; depois vai para um "campo de reeducação" ... Só lhe restam duas possibilidades: amar a Deus, no segredo de sua cela, e amae cada próximo que encontra. Virada de Milênio, Ano Jubilar de 2000.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento13 de out. de 2015
ISBN9788578210960
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    Pré-visualização do livro

    Testemunhas da Esperança - François X. N. Van Thuan

    Título original:

    Testimoni della Speranza

    © Città Nuova Editrice – Roma – 2000

    Tradução:

    João Batista Florentino

    © Editora Cidade Nova – São Paulo – 2002

    Revisão:

    Ignez Maria Bordin, Euclides Lins, Irami B. Silva

    Capa:

    André Mucheroni

    Conversão para Epub:

    Cláritas Comunicação

    ISBN 978-85-7821-096-0

    (Original: 88-311-4238-0)

    1ª edição — maio 2002

    2ª edição — novembro 2002

    3ª edição — setembro 2004

    4ª edição revista — novembro 2007

    Sumário

    A DOM FRANÇOIS XAVIER NGUYEN VAN THUAN PRESIDENTE DO PONTIFÍCIO CONSELHO DE JUSTIÇA E PAZ

    COM A FORÇA DA GRAÇA DE DEUS

    1. Livro da genealogia de Jesus Cristo

    ESPERA EM DEUS!

    2. E vós, quem dizes que eu sou?

    3. Presta conta de tua administração

    4. Deus amou tanto o mundo

    5. Uma só coisa é necessária…

    A AVENTURA DA ESPERANÇA

    6. Quer comamos, quer bebamos…

    7. Minhas palavras são espírito e vida

    8. Vínculo da perfeição

    9. Fora dos muros — tudo para todos

    ESPERAR CONTRA TODA ESPERANÇA

    10. Eloi, Eloi, Lamá Sabachthámi?

    11. Pode um corpo estar dividido?

    12. Semente de cristãos

    13. Na oração divina

    O POVO DA ESPERANÇA

    14. A minha carne para a vida do mundo

    15. Jesus vive na sua Igreja

    16. Imagem da Trindade

    17. Como Tú és em mim e eu em Ti…

    Renovar em nós a esperança

    18. Pequeno rebanho

    19. Recebi o Espírito Santo

    20. Eis a tua mãe

    21. Agora e na hora da nossa morte

    22. Vossa tristeza se transformará em alegria

    PALAVRAS DO SANTO PADRE

    NOTA PARA A 2ª EDIÇÃO

    O sucesso da obra-prima do cardeal Van Thuan, Testemunhas da esperança, cuja primeira edição brasileira esgotou-se poucos meses após seu lançamento, somente vem confirmar o elevado conteúdo espiritual e vivencial de suas meditações, com repercussões muito positivas num leque de leitores que vai do homem simples ao dignitário eclesiástico.

    Trabalhávamos na (imprescindível) revisão da obra, em vista de sua segunda edição, quando fomos colhidos pela notícia da morte do Autor, que há meses sofria de uma grave doença.

    Num artigo, dom Luciano Mendes de Almeida, amigo do cardeal e prefaciador desta edição brasileira, declarou: Há homens e mulheres que, pelo testemunho de sua fé em Deus, anunciam a beleza de uma existência em que seremos para sempre felizes. São profetas da esperança. No dia 16 de setembro de 2002, morreu em Roma, aos setenta e quatro anos, um santo de nossos dias.

    Seu parecer é compartilhado por João Paulo II que, no funeral de Van Thuan, destacou ter o presidente do Pontifício Conselho de Justiça e Paz conduzido uma vida vivida na adesão coerente e heróica à própria vocação, de coragem exemplar nos anos de prisão, como convicto defensor da reconciliação, da justiça e da paz entre os homens e povos. O Papa se perguntava de onde viriam a paciência e a coragem que sempre o caracterizaram, para lembrar que Van Thuan dizia não se tratar de heroísmo, mas de fidelidade amadurecida, voltando o olhar para Jesus, modelo de cada testemunha e de todos os mártires. Ele podia, então, dizer: No abismo dos meus sofrimentos, jamais cessei de amar a todos, sem excluir ninguém do meu coração.

    É por isso que as meditações escritas pelo bispo vietnamita para o Jubileu do Ano 2000 não perdem sua atualidade nem seu vigor.

    Fazemos votos de que Testemunhas da esperança continue a produzir o bem em todos os seus leitores.

    O Editor

    PREFÁCIO

    Muitas vezes louvamos a Deus pelos mártires e santos do passado. Sua fé anima e fortalece nossa vida pessoal e comunitária. No entanto, o papa João Paulo II demonstrou, com numerosas beatificações, que, também nesses últimos tempos e em nossos dias, Deus continua santificando homens e mulheres que vivem a configuração heróica a Jesus Cristo.

    François Xavier Nguyen Van Thuan nasceu em 1928, em Hue, no Vietnã. Ordenado sacerdote em 1953, laureou-se em Direito Canônico, em Roma, em 1959. Foi bispo de Nhu Trang, de 1967 a 1975. Nomeado por Paulo VI arcebispo coadjutor de Saigon, recebeu ordem de prisão com a chegada do regime comunista. Permaneceu no cárcere de 1975 a 1988, tendo durante nove anos enfrentado o sofrimento da mais rigorosa solidão. Nesses anos de isolamento na prisão deu-nos o exemplo de fé viva e de amor total a Jesus Cristo e à sua Igreja, e de intensa vida de oração, rezando por seu povo e, em especial, por aqueles que o tinham aprisionado.

    É difícil sequer imaginar o que significa o testemunho de vida e santidade deste Pastor exemplar. Libertado da prisão, foi chamado a Roma pelo Santo Padre João Paulo II, e vem atuando no Pontifício Conselho de Justiça e Paz como vice-presidente e, depois, como presidente. Desde 21 de fevereiro de 2001 faz parte do Colégio Cardinalício. Sua vida tem se tornado cada vez mais conhecida, especialmente pelos seus escritos que recordam os sofrimentos e as graças da prisão e abrem perspectivas de santidade para nossos dias.

    A leitura de suas páginas comove profundamente o coração pelo testemunho de coragem, confiança em Deus, amor a Jesus Cristo e à sua Mãe, Maria, a quem atribui sua perseverança e a incondicional dedicação ao ministério episcopal. As páginas foram escritas durante a noite, na cela, em pequenos pedaços de papel, entregues a quem pudesse conservá-los. Seu pensamento encontra-se no livro No caminho da esperança, traduzido em diversas línguas. Em 1980, publicou Peregrinos no caminho da esperança que contém trinta e oito capítulos para alimento e conforto de nossa fé. Recolheu ainda um belo texto com noventa orações sobre o tema preferido da confiança em Deus. No ano 2000, foi convidado para pregar os Exercícios Espirituais na presença do papa João Paulo II. As meditações, com o título Testemunhas da esperança, são agora lançados no Brasil pela Editora Cidade Nova. Escreveu Cinco pães e dois peixes, comunicando aos jovens a alegria das várias formas de união com Cristo, no sofrimento da prisão.

    Agradeço a Deus a edição brasileira da obra deste discípulo fiel a Jesus Cristo. Tive a graça de conhecer pessoalmente o autor e a consolação de receber, dele, sinais de profunda amizade.

    Minha vida mudou depois de tê-lo encontrado. Estou certo de que o mesmo acontecerá com os leitores, entrando em contato com o seu abandono total nas mãos de Deus, o desapego dos bens materiais, o zelo pela justiça e a paz, o perdão aos que o perseguiram, a paciência na doença e nos sofrimentos e a entrega ardorosa a Jesus Cristo e à sua Mãe, a serviço do Reino.

    Deus recompense o prezado cardeal Van Thuan pelo imenso bem que faz a todos nós com sua vida e seus escritos.

    Mariana, Páscoa de 2002

    Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida

    Arcebispo de Mariana (MG)

    (*1930 - =2006)

    CARTA DE JOÃO PAULO II A VAN THUAN

    A DOM FRANÇOIS XAVIER NGUYEN VAN THUAN

    PRESIDENTE DO PONTIFÍCIO CONSELHO DE JUSTIÇA E PAZ

    Ao término do retiro espiritual, ao qual tive a alegria de participar, juntamente com os meus mais diretos colaboradores da Cúria Romana, durante esta última semana da Quaresma, dirijo a V. Exª., caro irmão no episcopado, os mais cordiais agradecimentos pelo seu testemunho de ardente fé em Deus, demonstrado vigorosamente por meio de suas meditações sobre um tema tão atual para a vida da Igreja: Testemunhas da Esperança.

    Era desejo meu que, no decorrer do grande Jubileu, fosse dado um lugar especial ao testemunho de pessoas que sofreram por causa de sua fé e pagaram com o próprio sangue a sua adesão a Cristo e à Igreja, ou enfrentaram com coragem longos anos de prisão e de privações de todo tipo (Incarnationis mysterium, n. 13). E foi este o testemunho que V. Exª. partilhou conosco, com emoção e vigor, demonstrando que, em todas as circunstâncias da vida humana, o amor misericordioso de Deus — que transcende toda e qualquer lógica humana — é incomensurável, especialmente nos momentos de maior angústia. V. Exª. nos uniu, desse modo, a todos aqueles que, em várias partes do mundo, continuam a pagar um pesado tributo em nome da própria fé em Cristo.

    Com base nas Escrituras e nos ensinamentos dos Santos Padres da Igreja, como também na sua experiência pessoal, especialmente a do período que, por Cristo, transcorreu na prisão, V. Exª. evidenciou o poder da Palavra de Deus que, para os discípulos de Cristo, é firmeza da fé, alimento da alma, pura e perene fonte da vida espiritual (Dei Verbum, n. 21).

    Por meio de sua palavra fraterna e estimulante, V. Exª. conduziu-nos pelos caminhos da esperança que nos foram abertos por Cristo, renovando a nossa humanidade para tornar-nos cria-turas novas e convidando-nos a uma contínua renovação pessoal e eclesial. A todos aqueles que ainda hoje sofrem para que Cristo seja conhecido e amado, possa o Verbo Encarnado doar a força e a coragem para anunciarem a verdade do amor cristão em todas as circunstâncias da vida!

    Caro irmão no episcopado, confio à intercessão materna da Virgem Maria, Mãe da Esperança, a sua pessoa e também o seu ministério, por meio do qual V. Exª. contribui de maneira específica, em nome da Igreja, para que se instaure a justiça e a paz entre os homens. Que ela lhe obtenha a abundância das graças de seu Filho, o Verbo Encarnado!

    Concedo-lhe, de todo coração, uma afetuosa bênção apostólica, que estendo de bom grado a todas as pessoas que lhe são caras.

    Vaticano, 18 de março de 2000

    João Paulo II

    À minha mãe Elisabeth, que me educou desde o seio materno. Ensinava-me todas as noites as histórias da Bíblia, narrava-me a memória dos nossos mártires, especialmente de nossos antepassados, ensinava-me o amor à pátria, apresentava-me santa Teresa do Menino Jesus como modelo das virtudes cristãs.

    É a mulier fortis que sepultou seus irmãos massacrados pelos traidores, aos quais depois perdoou sinceramente, acolhendo-os sempre, como se nada tivesse acontecido. Enquanto eu estava preso, ela era o meu grande conforto. Dizia a todos: Rezem para que meu filho seja fiel à Igreja e permaneça onde for do agrado de Deus.

    Com a força da graça de Deus

    1

    LIVRO DA GENEALOGIA DE JESUS CRISTO

    DIANTE DO MISTÉRIO DE DEUS

    Eu, Francisco, servo de Jesus Cristo, o menor entre os sucessores dos Apóstolos, não acredito que conheça muitas coisas em comparação aos senhores, exceto Jesus Cristo crucificado. Obediente ao mandato do Santo Padre e com a sua bênção, saúdo a todos, caríssimos irmãos, in osculo sancto, convidando-os: em nome do Senhor, iniciemos juntos este retiro espiritual do ano 2000 com a meditação introdutória.

    A genealogia de Cristo

    O evangelista Mateus inicia seu testemunho sobre Jesus, Filho de Deus, com as seguintes palavras:

    Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão… (Mt 1,1).

    Poderá surpreendê-los a escolha deste texto como tema da nossa primeira meditação.

    Quando se trata de proclamar este trecho do Evangelho na liturgia [da missa], não é raro sentir um certo embaraço. Alguns consideram a leitura de tal texto como um exercício sem significado, quase uma repetição enfadonha. Outros o lêem velozmente, tornando-o incompreensível aos fiéis; outros ainda o abreviam, pulando alguns trechos.

    Para nós, asiáticos, e em particular para mim que sou vietnamita, a recordação dos nossos antepassados tem um grande valor. Segundo a nossa cultura, conservamos com piedade e devoção o livro de nossa genealogia familiar em cima do altar que existe em cada lar. Eu mesmo sei os nomes de quinze gerações de meus antepassados, desde 1698, quando a minha família recebeu o santo Batismo.

    Por meio da genealogia damo-nos conta de que pertencemos a uma história que é maior do que nós. E colhemos o sentido de nossa própria história com maior certeza da verdade.

    Por isso agradeço à Igreja, nossa Mãe, que, pelo menos duas vezes por ano, no tempo do Advento e na festa da Natividade de Maria, faz ressoar em nossas assembleias, espalhadas por todo o mundo católico, os nomes de muitos personagens significativos que tiveram — segundo um misterioso desígnio divino — uma importante missão na história da salvação e na vida do Povo de Israel.

    Estou convencido de que as palavras do Livro da origem de Jesus Cristo contêm o anúncio essencial da Antiga e da Nova Aliança, o núcleo do mistério da salvação que une todos nós católicos, ortodoxos e evangélicos.

    No contexto do santo Jubileu da Encarnação, durante o qual a Igreja canta a alegria de sua esperança em Cristo, nosso único Salvador, esse trecho da Sagrada Escritura revela-nos o mistério da história como mistério de misericórdia. Este nos recorda o que a Virgem Maria proclamou no seu cântico profético, o Magnificat, que a Igreja faz próprio todos os dias na oração das Vésperas: o desígnio misericordioso e fiel de Deus realizou-se segundo a promessa feita a Abraão e a sua descendência para sempre (cf. Lc 1,55). Realmente, a misericórdia de Deus estende-se e estender-se-á de geração em geração, porque eterna é a sua misericórdia (cf. Sl 100,5; 136).

    O mistério de nosso chamado

    O Livro da origem de Jesus Cristo articula-se em três partes. Na primeira, são nomeados os patriarcas; na segunda, os reis antes do exílio da Babilônia; na terceira, os reis posteriores ao exílio.

    O que chama a nossa atenção, em primeiro lugar, na leitura do texto é o mistério da vocação, da escolha por parte de Deus, totalmente gratuita e amorosa, que é incompreensível aos parâmetros da razão, ou melhor, às vezes, escandalosa. Tanto é que no Livro da origem de Jesus Cristo vemos que Abraão, em vez de escolher o primogênito Ismael, filho de Agar, escolheu Isaac, o segundo filho, filho da promessa, filho de sua esposa Sara.

    Por sua vez, Isaac queria abençoar o primogênito Esaú, mas acabou abençoando Jacó, segundo um misterioso desígnio divino.

    Jacó não transmite a continuidade familiar — que avança historicamente em direção ao Messias — nem a Rubens, primogênito, nem a José, o mais querido e melhor de todos, que perdoou seus irmãos e salvou-os da fome no Egito. O escolhido foi Judas, o quarto filho, responsável — juntamente com os demais irmãos — pela venda de José aos mercadores que o conduziram ao Egito.

    O desconcertante mistério da escolha, por parte de Deus, dos antepassados do Messias começa a solicitar a nossa atenção.

    Essa página ilumina o mistério da nossa vocação.

    Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi (Jo 15,16). Não fomos escolhidos por causa de nossos méritos, mas unicamente por causa da misericórdia de Deus. Eu te amei com um amor eterno (Jr 31,3). Esta é a nossa segurança. Desde o seio materno Iahweh me chamou (Is 49,1). É esta a nossa vantagem: saber que fomos chamados e escolhidos por amor.

    Estes dias de retiro são um tempo propício para cantarmos a nossa infinita gratidão a Deus, porque eterna é a sua misericórdia (cf. Sl 100,5). E devemos fazê-lo do íntimo de nosso coração, com grande humildade e reconhecimento. Ele ergue o fraco da poeira e tira o indigente do lixo, fazendo-o sentar-se com os nobres, ao lado dos nobres do seu povo (Sl 113,7-8).

    O mistério do pecado e da graça

    Se considerarmos os nomes dos reis citados no Livro da Origem de Jesus Cristo, constataremos que, antes do exílio, apenas dois deles foram fiéis a Deus: Ezequias e Josias. Os demais foram idólatras, corruptos, assassinos…

    Mesmo no período do pós-exílio, entre os inúmeros reis citados, encontraremos apenas dois personagens que permaneceram fiéis ao Senhor: Salatiel e Zorobabel. Os outros ou são pecadores ou são desconhecidos.

    Em Davi — o mais famoso entre os reis da estirpe do Messias —, santidade e pecado se entrelaçam: ele confessa nos seus salmos, com amargas lágrimas, os pecados de adultério e de assassinato, especialmente no Salmo 50, que se tornou oração penitencial na liturgia da Igreja.

    Também as mulheres que Mateus cita no

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