As desventuras de Sabrine
De Erica Bosi
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Sobre este e-book
A menina que foi criada entre livros e contos de fadas agora tinha que lidar com o seu caos interior, aceitar a reaproximação de sua mãe e encarar o seu maior medo de frente. Sob a ótica infantil e confusa desta pré-adolescente, você conhecerá um drama comovente e encantador.
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As desventuras de Sabrine - Erica Bosi
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Dedicatória
À menina que foi luz nos meus dias de escuridão, que me salvou com o seu olhar e suas pequenas mãos. Dedico este livro à Nicole, minha filha, minha fortaleza! Que foi quem me inspirou a escrever uma nova história.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus que me deu a vida, o dom da escrita, a arte da sensibilidade, a motivação para escrever e sua benção para concretização deste livro.
Sou grata também à minha mãe, Maria Aparecida, que sempre acreditou na minha habilidade na escrita, me incentivou, me corrigiu e me apoiou.
A todos os amigos que colaboraram comigo de alguma forma, expresso a minha sincera gratidão.
Prólogo
Há pessoas tão puras e doces, que merecem viver em um castelo cercado de magia, esperando o dia de conhecer o príncipe encantado. Tia Christine poderia ser a princesa com o sorriso mais lindo e encantador de todo o reino e viver Feliz Para Sempre
, mas não foi assim que a sua história terminou.
— Ainda não consigo entender como alguém pôde ser tão cruel com uma pessoa tão boa como a minha irmã! - resmungou mamãe, com os olhos inchados e um lenço na mão, ainda amargurada e incrédula com o crime que havia acontecido dentro de sua própria casa. Ao lado dela estava o seu mais novo namorado. Um negro alto e cabeçudo, com braços grandes e fortes, e uma fisionomia entristecida, como se estivesse sofrendo com a morte de titia, sem nem mesmo a ter conhecido.
Uma nova onda de soluços incontrolados de parentes e amigos de minha tia recomeçou em volta de seu caixão. As três Marias, nossas vizinhas, fungavam ao lado esquerdo e logo atrás delas estavam as professoras da escola em que titia trabalhava. Entre cochichos, tentavam desvendar o crime e buscar justificativas para o acontecido. Eu abraçava vovó com força, porque seus braços morenos e macios aqueciam a dor fria e cruel que eu estava sentindo.
— Venha, querida! Vamos embora! – Disse ela, logo após o caixão ter sido coberto por terra.
Um vento forte trouxe o cheiro do outono e sacudiu as árvores ao seu derredor, fazendo com que flores brancas e amarelas caíssem em cima de nós, como se quisessem colorir a terra onde a bela princesa
adormecia para sempre.
Os pássaros cantavam, mas a minha alma estava em silêncio. Minha cabeça estava vazia... nem sei como cheguei em casa naquele dia.
Seis meses depois...
— S abrine, sei que passou por momentos difíceis neste ano, mas você precisa reagir. Sua tia não gostaria de ver suas notas tão baixas – pressionou-me a professora Líbia.
Droga! Nunca fui boa em matemática, sempre precisei me esforçar para decorar as fórmulas e atingir a média, mas nos últimos meses não tenho conseguido me concentrar em absolutamente nada.
— Estou falando com você, Sabrine! Está me ouvindo? Você precisa de ajuda? Quer conversar?
Neguei balançando a cabeça.
— O gato comeu a sua língua?
— Não. Eu só... Não consigo decorar essas fórmulas... mas eu vou estudar para as próximas provas – respondi meio constrangida.
— Acho bom mesmo, porque sua tia ficaria muito decepcionada com você se visse as suas notas. Trate de melhorá-las, mocinha! E ah, você não precisa decorar as fórmulas, é necessário que as entenda.
Fiz que sim com a cabeça e saí para o recreio. Sentei em um banco de cimento que ficava debaixo da mangueira, atrás da escola. O lugar mais isolado possível. Abri o livro A culpa é das estrelas
que estava lendo pela quarta vez.
— Você não enjoa deste livro? Já saiu o filme há muito tempo, sabia?
Hermione é uma aluna repetente, que estava estudando comigo pela primeira vez neste ano. Nunca havia conversado com ela, apesar de vê-la exibindo os dentes perfeitos em minha direção com certa simpatia. Hermione parecia legal, mas eu não queria conversar com ninguém. Gostava de me sentar sozinha no banco de cimento para ler.
— É claro que sei, mas o livro é muito melhor do que o filme.
— Sempre acho os filmes muito melhores. Ler é um saco! – ela pronunciou a palavra ler
como se fosse um instrumento de tortura e fez